Subimos para o apartamento do Steve em um elevador privativo. Gente rica é foda. Fomos recepcionados por uma empregada simpática e sorridente. E aí veio a surpresa.

            Steve Walker era exatamente igual à Kylie Steele.

            Chapter 7 (fold -q) - Lost It All

            - MEU DEUS! - foi a primeira coisa que nós pronunciamos. Kylie olhava atônita pro seu gêmeo 10 anos mais velho. The Rev teve a magnifica ideia de descontrair o clima tenso que havia se formado.

            - Olha, é a Kay de cuecas! - Jimmy comentou, fazendo todos rirem e o clima se amenizar.

            Começamos a nos apresentar informalmente, Steve parecia ser muito gente boa e tranquilo. Mas Kylie estava diferente, com os olhos perdidos.

            - Amber Steele - disse Amm, se apresentando ao anfitrião.

            - Steele? - Steve exclamou, parecendo surpreso - É londrina?

            - Somos - Kylie respondeu, saindo do transe. Que ótimo, 3 londrinos em um único jantar. - Conhece alguém da minha família?

            - Você também é uma Steele? - Steve perguntou, parecendo preocupado e surpreso.

            - Sou - Kylie disse fria.

            - Conheci uma Steele quando tinha meus 16 anos, mas já fazem quase 26 anos - ele disse, parecendo saudoso e com magoas.

            - 25 anos - ouvi Kylie sussurrar.

            O jantar transcorreu tranquilo, apesar de uma certa ruiva ainda estar perdida em pensamentos.  Steve era um cara muito legal, apreciador de musica e rock. Demos muito bem com ele, e marcamos de nos encontrarmos mais vezes. Apesar de ser um cara rico e nosso investidor00, ele parecia mais um garotinho. Um tempo depois, resolvemos ir embora. Todos nós havíamos aproveitado muito o jantar, com exceção da ruiva, que continuava calada e pensativa.

            - Senhor Walker, eu poderia conversar com o senhor um segundo? - Kylie perguntou, meio vacilante.

            - Claro. - e os dois seguiram pra um escritório. Algo deveria estar acontecendo com a Kay, mas deixei pra lá. Ela me contaria os motivos.

            Kylie POV

            Eu estava assustada com tamanha semelhança entre mim e Steve Walker. Assustada e desconfiada. E com fundamento. Ele conhecia uma Steele, mas há quase 26 anos não a vê. Eu tenho 25 anos, sou londrina e sou uma Steele. Mesmos olhos, cabelo, tom da pele...

            - Sobre o que quer conversar comigo, exatamente, senhorita Steele? - Steve perguntou, sentando-se numa confortável poltrona, me indicando outra para sentar-me.

            - Sobre mim, senhor. E me chame de Kylie somente - disse, sentando-me na frente dele.

            - Então me chame só de Steve. Esse "senhor" na frente faz eu me sentir velho. Quando eu era mais novo meu sonho era ter uma filha que se chamasse Kylie. Acho um nome muito bonito. - ele comentou vagamente. Mais uma coisa pra lista. - Mas me fale o porquê desse momento particular, Kylie.

            - Steve, você conhece Joanne Steele? - perguntei. Vi a cópia exata dos meus olhos azuis se arregalarem. Ele conhecia minha mãe, e isso me deixou mais desconfiada, se é que era possível.

            - Conheci ela sim. Ela era minha... Amiga. - Steve disse. Algo me dizia que ele mentia.

            - Sua amiga? - perguntei, arqueando a sobrancelha.

            - Qual é o problema, Kylie? - Steve perguntou, se alterando. Levantou da cadeira e ficou de costas pra mim - Você pede pra conversar sobre você e me vem falar de Joanne Steele!

            - É que Joanne é minha mãe - eu disse. Steve se virou para mim com os olhos arregalados. Ele começou a me examinar de cima a baixo, tentando formular uma pergunta coerente.

            - E o que isso tem a ver, criança? - ele perguntou com um sussurro. Me levantei da poltrona e fiquei de frente a ele. Mesmo usando meus saltos, ainda era menor que Steve, e tive que olha-lo de baixo.

            - Deixa eu me apresentar de novo. - disse, sem desgrudar os olhos - Meu nome é Kylie Marie Steele, nasci no dia 7 de outubro de 1984. Sou filha de Joanne e Daniel Steele, apesar de não ter nada de parecido com eles.

            - Não é possível! - Steve exclamou. Finalmente tinha catado minha isca.

            - O que não é possível, Steve? - perguntei.

            - Nós precisamos conversar melhor Kylie, mas não acho que vai ser bom conversarmos agora. - Steve disse, tirando uma caneta da mesa de escritório e escrevendo um telefone num cartão. De um lado havia os contatos empresariais, do outro um número aparentemente particular escrito com números parecidos com os meus. Tombados e bem juntos.

            - Sua letra parece com a minha - comentei.

            - Não precisa de mais indiretas, querida. - Steve disse.

            - Indiretas? - perguntei.

            - É, sobre... Isso. Eu e você. - Walker disse, sentando-se e coçando a cabeça. Ele me lançou um olhar completamente furioso e ressentido.

            - Não há nada a ser falado, senhor Walker. Fique tranquilo. - disse igualmente ressentida - Tudo esta bem exatamente como esta.

            Saí do escritório e busquei um par de olhos verdes, pedindo por socorro. Matt estava sentado na sala com o resto do pessoal. Quando seu olhar apreendeu o meu ele entendeu. Ele vinha me entendendo apenas por olhares, gestos e coisas insignificantes.

            Tão meu.

            - Galera, eu vou indo. - Shadows disse se levantando e vindo em minha direção. Nesse momento Steve voltava para sala - Foi um prazer enorme conhecer você, Steve.

            - Vocês já vão? - ele disse, olhando para mim - Está cedo.

            - Não podemos, mas obrigado pelo jantar e por tudo - Matt encerrou o assunto.

            - Adeus senhor Walker - disse friamente.

            Matt e eu descemos no elevador em silêncio, enquanto eu sentia uma dor de cabeça forte me abater aos poucos. Seguimos para o carro e ele deu partida, continuando em silêncio.

            - Vai me contar o que rolou? - Matt disse, me observando tirar os saltos.

            - Eu acho melhor não. Me deixa na minha casa, por favor. - disse fechando os olhos e me encostando no banco, sentindo meu cérebro ser espremido.

            - Você não tá legal, vamos pra minha casa e amanhã cedo eu te deixo lá. - disse - Minha cópia das chaves tá com a Amber, não se preocupa.

            Chegamos à casa do Matt e ele praticamente me arrastou pra dentro da casa, visto que eu estava mole e pálida. Matt me levou direto pro quarto, puxou o cobertor e me colocou sobre a cama, me cobrindo em seguida.

            - Outra dor de cabeça? - ele perguntou baixinho.

            - É - sussurrei em resposta.

            - Depois nós conversamos sobre hoje - ele disse, saindo do quarto.

            - Matt - chamei-o de volta. Ele se sentou ao meu lado enquanto eu me levantava para sentar também - vou te contar o que aconteceu.

            Dito isso, contei sobre a breve conversa que eu e Steve Walker tivemos, e a cada palavra o olhar de compreensão e susto se tornavam mais claros. Ele havia entendido aonde eu queria chegar.

            - Então o que você tá me dizendo é que ele pode ser o seu... - Matt sussurrou, surpreso.

            - Isso mesmo. Steve Walker pode ser meu pai.