-Nenhum sinal ainda?

-Não. – respondeu Percy aflito. –Eu a procurei em todos os lugares.

Já fazia três horas desde que ele tinha saído em busca dela. Foi ai que eu percebi que era mais que aflição, o rosto dele era de puro desespero, de alguém está prestes a chorar.

-Está tudo bem...- disse tentando acalma-lo.

-Não está tudo bem... Annie..

Ele passou as mãos no cabelo do jeito que se faz quando se está extremamente inquieto e preocupado com algo. Tipo quando voce está morrendo para comer um brigadeiro mais na padaria so tem um sobrando e a fila a sua frente está enorme e voce está rezando para ninguém ter a mesma idéia que a tua. É. Mais ou menos.

-Calma, a gente vai encontra-la...

-Não é isso. Annie, eu voltei pra casa para conferir se estava tudo certo para a ultima entrega de hoje a noite, mas...sumiu.

-O que sumiu, criatura?

-A entrega sumiu. Boa parte dela, pelo menos. Ai meu Deus, eles vão me matar!

-Calma, voce vai recuperar! Não pode ter sumido! Voce não deve ter procurado direito!

-Impossivel! Eu guardo aquilo a sete chaves! E eu não ia ter posto em qualquer outro lugar...

-Qual foi a ultima vez que voce conferiu?

-Sei lá, faz uma semana acho.

-Nós vamos resolver isso, vamos volt...

Uma nova mensagem.

SOS

-Estranho. É do Anúbis.

Mostrei o visor para o Percy, que por sua vez empalideceu.

Ele me olhou tremulo.

-Annie o que a Silena falou sobre voce ter pego o que era dela e ela ir cobrar o preço?

-Essa não.

-Liga pra policia!- Gritei pro Percy enquanto dirigia o carro em direção a casa do Anúbis.

Meu, não acredito que tudo isso esteja acontecendo. São problemas demais  pra um dia só, sem falar que eu ainda não tinha tido coragem de contar ao Percy da minha mudança de planos quanto hoje a noite.

As luzes da casa principal estavam apagadas os Castellan provavelmente tinham saído, pulamos o muro e fomos direito a casinha nos fundos, onde Anúbis morava. Lá a luz estava acessa.

Percy fez sinal de silencio enquanto nos aproximávamos.

Fiquei paralisada com a cena que me deparei ao abrir a porta.

Silena estava lá. Assim como Anúbis. Assim como a arma na mão dela. Assim como a relativa proximidade do corpo dos dois.

-Silena, não! – Eu gritei.

Ela se virou, um pouquinho apenas, o suficiente para me ver sem descuidar do Anúbis.

-Veio assistir o show, é Anniezinha? Bem na hora.

-Silena, se afasta dele. Seu problema é comigo e não com ele.

Ela riu.

-Vai dizer que a sabe-tudo Annabeth Chase nunca ouviu falar em olho por olho, dente por dente? – Ela se virou para Anúbis de novo.- Voce pegou o que é meu, e eu pego o que é seu.

-Silena – falou Percy – deixe eles em paz. Desconte em mim. Se tem algum culpado por aqui sou eu.

Fiquei impressionada com a capacidade dele de manter a voz casual.

-E-eu- amo voce Percy...Mas voce não entende! – ela disse chorando.

-Eu gosto de ti, Silena. Voce é incrível. Não jogue isso fora fazendo uma besteira.

Ele estava jogando com ela. Fazendo-a se acalmar.

-V-voce Gosta? – ela disse chorosa ainda.

-Claro que sim. Voce era uma ótima amiga, si...

Enquanto ele falava, eu fiz sinal pro Anúbis pra sair da posição que ele estava em silencio.

-Não! Isso não basta!

Aconteceu tudo muito rápido. As sirenes chegando, Silena disparando a arma na direção de Anúbis, e Percy correndo em direção a ela.

Poucos segundos depois a policia já estava lá dentro, levando Silena embora. Por sorte Percy se atirou nela bem a tempo de faze-la errar a pontaria fazendo com que o tiro passasse raspando no Anúbis.

-O que vai acontecer com ela? – perguntei para o Percy que estava conversando com um dos  policiais.

-Não sei ao certo. Provavelmente vai ser acusada de tentativa de homicídio e daí vão levá-la para uma clinica psiquiátrica.

Depois de já ter dado meu depoimento, enquanto Percy ainda dava o dele, fui em direção ao Anúbis que estava sentado numa ambulância sendo cuidado pelos paramédicos.

-Voce está bem?

-Sim. Por sorte o tiro não pegou em mim, foi só um susto. – disse ele.

-Anúbis, eu...

-Voce devia ir com seu namorado. Ele me parece encrencado . – Disse ele com um sorriso malicioso.

Quando me virei uma policial loira estava conversando com alguém por um rádio e olhando para o Percy. Fui até onde ele estava.

-Está tudo bem? – perguntei para ele.

Antes que ele pudesse responder uma mulher loira se aproximou dele, algemando-o.

-Percy Jackson, voce está preso sob acusação de posse de drogas. Voce tem o direito de permanecer calado, qualquer coisa que disser poderá ser usada contra voce.

Paralisei.

É melhor voce arrumar aquela toca de crochê vermelha logo...

Cala a boca, consciência.