O que mais Temia escrita por MiraftMaryFH


Capítulo 13
Noite Mais Que Perfeita




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Bem, as coisas têm continuado na mesma.

E agora vocês dizem: “Uauu, na mesma! Fiquei a perceber o mesmo!”.

Bem, quando digo na “mesma”, digo… nesta incrível monotonia sem fim. Ok, estou a ser muito dramática. Isto de monotonia não tem nada; todos os dias são diferentes; quer dizer… todos os dias, sempre que saio do autocarro, vejo-o com uma piriguete diferente. O rapaz é mesmo galinha! Ok Brea, chega de falar naquele traste que te usou e ainda te humilhou e… ok, também podes parar de te deitar abaixo.

Falando de coisas “não-tristes”, hoje vou sair com o Andrew… Pois, isto está estranho, não é? Eu devia estar do tipo…: “AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH, HOJE VOU SAIR COM O ANDREW!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! AQUELE DEUS GREGO, PERFEITO, LINDO, MARAVILHOSO, vocês já perceberam a ideia.” Enfim… Acabei de chegar da escola… acreditem, se me voltarem a falar daquela coisa de fluxos de electrões ao longo de uma cadeia de moléculas transportadoras, eu juro que me atiro da janela! Raios me partam o raio das plantas, deixem-nas lá a realizar a respiração e a fotossíntese em paz. Foco, Brea! Foco! Ninguém aqui está interessado em biologia! Ok… VOU SAIR COM O ANDREWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWWW!!!! Agora sim… estou histérica e tenho a pequena impressão de que mais de metade da minha vizinhança deve ter ouvido…

- Brea? O que foi? – Entrou o meu querido e maravilhoso irmão, sem bater à porta, como sempre… mas o pior: ELE ESTAVA CHEIO DE… TINTA? (esteve a jogar paintball, outra vez, no jardim -.-‘. Hoje vai ser lindo quando a mãe vir, de novo, o jardim às cores…)

- Adivinha! – Eu disse histérica.

- O quê? – Ele perguntou curioso.

- Acabou de entrar um troglodita sujo no meu precioso quarto, e se ele não correr agora EU VOU-LHE PARTIR ALGUMA COISA NAQUELA CABEÇA ATRASADA!

Sabem o que eu mais gosto no John? É que ele sabe perfeitamente do que eu sou capaz! Quando vi já se tinha ido.

Bem, agora o dilema mais complexo de uma rapariga quando vai sair…: “MAS O QUE RAIO É QUE VOU VESTIR?”. Ok, calma Brea… tem que haver alguma…

- Menina Brea!?

- Sim, Alex!?

- Está aqui o vestido que tinha encomendado…!

- Que vestido!?

- Ahh, bem… aquele… que mandou importar da…da… daquela loja….

- Eu importei alguma coisa da boutique e não me lembro? Uou… obrigada Alex, estava mesmo a precisar. - O Alex sempre aparece quando mais preciso… quando era pequena, chegava até a pensar que ele era uma espécie de Fada-Madrinha.

- De nada, menina. – E saiu.

Bem, vamos lá ver como isto me fica. Tomei um banho antes. O ar poluído que o meu caro irmão trouxe para o meu quarto pode-me afectar de alguma forma… Vesti o lindo vestido, pus uns sapatos de salto (UOUUU, vou arrasar… quer dizer, vou arrasar se não cair antes), pus uma maquilhagem leve e VOILÁ! Não pude nem me observar muito tempo no espelho, pois o Andrew (acho que é ele…) tocou à campainha, naquele instante.

Desci, muito calmamente, mas antes que pudesse fazer as “honras da casa” já o gorila a que eu sou OBRIGADA a chamar “irmão”, todos os dias da minha mártir vida, estava a falar com o Andrew.

- John, faz-me um favor; a mim, ao Andrew e a toda a comunidade que reside neste planeta… Toma um bom e LONGO, NOTA QUE EU DISSE “LONGO”, muito longo banho e depois disso, podes cogitar a ideia de voltar a falar connosco.

O Andrew começou-se a rir. – Vocês são sempre assim? – As gargalhadas dele ecoavam pela casa.

- Ela costuma ser pior – disse o John, sussurrando, mesmo sabendo que eu estava perto – da última vez, soltou um “chihuahua” raivoso e problemático no meu quarto, quando EU estava a dormir. Por favor, Andrew, tu tens noção do que é acordar com um mini-demónio a deitar espuma até pelas orelhas e a correr atrás de ti como se fosses um hambúrguer?

Eu estranhei isto pelo simples facto de… não ter sido eu!

- Ei, John… que história é essa? Não me lembro de ter posto cão nenhum no teu quarto, apesar de ter sido uma ideia de génio.

- Se não foste tu, então quem… Eu juro que eu mato aquela…

- Aquela… - enfatizei o nome feio que ele ia dizer – é a tua insuportável namorada. Eu avisei-te John… Agora atura-a! Estamos a desperdiçar tempo, Andrew… vamos?

- Vamos. – E saímos, deixando um John muito perturbado mentalmente (não que ele já não fosse) a gritar com o telemóvel, cujo qual ele ainda não havia percebido que estava sem bateria. Enfim… “Há uns que morrem e outros que… pronto… estiveram lá perto e trouxeram de recordação: um dano mental irreversível e bastante extensivo.”

O cinema era bem perto da minha casa. Quando chegamos, tratamos de ir logo comprar os bilhetes. Íamos ver o melhor filme do século! Era simplesmente brilhante, de génio. O Andrew estava morto por ver esta estreia… talvez, mais do que eu… mas, também… isso não era muito difícil. Qualquer um estaria mais animado que eu; até um espantalho estaria mais animado. Até um cão… Ok, chega que comparações estúpidas e vamos logo curtir esta noite com o “gato” que está ao meu lado… Espera, esta menina do balcão está a olhar para o meu “gato”? Vai mas é olhar o palerma do teu colega que só falta babar em cima do balcão, porque a dormir já ele está.

Entramos na sala e logo nos acomodamos.

Aii… sabem quando tudo está perfeito? Quando um rapaz lindo, musculoso e etc de características que te fazem babar, está ao teu lado? Quando estamos a fazer um programa divertido e a ver um filme muito bom? Quando tudo está tudo, literalmente, perfeito e de repente TUDO FICA UM ENORME INFERNO? Sabem porquê? Vá lá… eu dou 1 euro a quem adivinhar o que vai acontecer!!! Pois é, de repente, quando olho para o lugar vazio ao meu lado, eis que surge a figura mais irritante, insuportável, perturbada, galinha, parva, estúpida, obtusa e aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, que raiva! E quê? Com quantas acompanhantes é que ele veio? 1; 2; 3; 4… e quê? Organizaram um clube de peregrinação? E sabem o que é pior? Sim, ele é o pior em pessoa, a prova de que o ser humano pode viver sem cérebro… mas aquelas piriguetes a olharem para mim com aquele olhar superior… ai, que eu hoje ainda dou um tiro em alguém. E POR QUE RAIO É QUE ELE TINHA DE ESTAR JUSTO AQUI? AO MEU LADO!? Não me digam… coincidência…

- Olá amor! – Ele disse malicioso. Esperem… ei! Será que neste cinema há alguém que tenha… sei lá… UM BASTÃO? Pode ser um pé de cabra… serve, desde que eu possa esmagar aquela coisa a que ele chama de cabeça, mas eu chamo de pedregulho que, muito provavelmente, deve estar a impedir a vista das pessoas que estão atrás…

- AMOR O ESCAMBAL DA TUA AVÓ E…

- Brea, acalma-te! O filme está a começar…

Acalmo-me? Eu? MAS QUEM É QUE DISSE QUE EU NÃO ESTOU CALMA? EU ESTOU CALMA; MUITO CALMA! CALMA ATÉ DEMAIS. ELE É QUE PROVOCA E EU É QUE ME ACALMO? COMO? Definitivamente, esqueçam o pé de cabra, eu mesma faço questão de ARRANCAR-LHE A CABEÇA! Calma Brea! Esta, supostamente, é uma noite perfeita, o teu primeiro encontro com o Andrew, não vais estragar tudo por causa de um idiota que só te quer provocar.

- É… vê se te acalmas, as pessoas querem ver o filme. Agora, se não tens capacidade ou… - Começou o Josh.

Sabem que mais!? QUE SE DANE A NOITE PERFEITA! EU VOU-ME A ELE!

Esta situação até me deu uma sensação de dejá vu… Quando vi, estava em cima dele e a bater-lhe…

- EI BREA! CHEGA! Calma. Deixa-o e aproveita a noite. – O Andrew disse quase sem tirar os olhos do ecrã, enquanto eu recebia reclamações dos restantes espectadores. Tentei acalmar-me e fingir que nada aconteceu… no entanto, foi como eu disse… EU TENTEI, mas tive que lhe dar um murro. Oh, que porcaria, este não vai dar cor nos olhos! O Josh afastou-me com um simples e delicado?... que seja… empurrão, também… com aqueles músculos perfeitos… BREA!!!! TU TENS A MÍNIMA NOÇÃO DE QUEM É QUE ESTAVAS A FALAR? O RAPAZ QUE TE USOU! QUE TE HUMILHOU! E EM QUEM TU ESTAVAS A BATER HÁ DOIS SEGUNDOS ATRÁS! HELLO!!

- Calma Brea… - O Josh sussurou, com os lábios próximos aos meus ouvidos. Este acto fez-me arrepiar por completo.

- Eu estou muito bem como estou. – Disse irritada.

- Com saudades minhas, eu suponho.

- Ainda bem que supões mal. – Estávamos a discutir, mas mantínhamos os olhos fixados no ecrã, como se não déssemos a mínima para o que estávamos a dizer um ao outro.

- As minhas suposições são sempre correctas.

- Cala-te, seu palerma. – Eu falei, agressiva.

- Eiii, a educação mandou lembranças. – Ele falou, zombando.

- É… ela sim, devia estar desesperada de saudades para te mandar lembranças.

- Tu és mesmo… insuportável. – Ele disse irritado e virando-se para mim.

- Eu? – Perguntei incrédula e olhando para ele.

- Não… a Katy Perry – Ele disse, enfatizando.

- Aii, sabes que mais… odeio-te! – Gritei.

- Óptimo, porque eu também! – Ele gritou de volta e numa pequena fracção de segundo em que todo o público do cinema já direccionava a sua atenção na nossa 2º discussão (naquele espaço), ele puxou-me para si, e antes que eu pudesse-me arrepiar mais uma vez pela proximidade do rapaz que me derretia, os nossos lábios já se tocavam ferozmente, num beijo cheio de ódio e…

- Vocês os dois! – Um funcionário do cinema chamou-nos fazendo com que eu e o Josh separássemos, automaticamente – Lá para fora! Já é a segunda vez que interrompem a sessão. Vamos!

Por mais impressionante que seja, levantamo-nos sem nem sequer reclamar ou tentar argumentar, como se nós mesmos quiséssemos sair dali. Murmurei algumas palavras a desculpar-me com o Andrew pela “cena”e para ele ficar, apesar de ele querer acompanhar-me.

Ok… então… qual o desfecho de uma noite, supostamente, perfeita? Eu e uma galinha que me odeia, mas beija-me, expulsos do cinema e… PROIBIDOS DE VOLTAR LÁ NO PRÓXIMO SÉCULO!

- A sério… não… falando mesmo a sério… tu precisas de estragar sempre tudo? – Perguntei irritada.

- EU? Quem começou a bater-me foste tu!

- EU? Quem me provocou foste tu!

- Tu estavas sentada ao meu lado… tinha que provocar!

- Tu é que te vieste sentar ao meu lado! – Esta discussão estava de tal modo parva, que já nem tinha nexo algum.

- Desculpa se as meninas se atrasaram. – Ele disse gabando-se.

- Desculpa se o meu namorado foi pontual. – Eu disse.

- Tu é que… Espera, namorado? – Ele perguntou surpreso.

- É… namorado! Não entendeste? Ou queres que te faça um desenho com lápis-de-cor. Para quem tem inteligência limitada, é assim… - Eu disse como se explicasse um raciocínio complicado a uma criança de 5 anos. (e, sinceramente… Josh… 5 anos… acho que isso pode ter lógica…)

- Até parece… Eu sou muito inteligente…

- Ok, não digas mais essa frase… “muito” “Josh” e “inteligente” são palavras que não se conseguem dizer na mesma frase.

- Beijem-se logo! – Gritou um homem que devia ter uns… 25 anos!?

Foi então que…

- Papá, é agora que eles vão dar um beijo? – Perguntou uma menina inocente de, aparentemente… 4 anos…

… Reparamos que estávamos no centro de um círculo de… ah… nada demais… só umas… vá… 20 PESSOAS! … que nos olhavam curiosamente.

- Ok, estamos a ter um público consideravelmente grande nas nossas discussões, hoje… - Falei surpresa.

- Bem, então não os vamos deixar decepcionados. Vamos logo… eles estão à espera de um final… - E como se eu tivesse sofrido um choque com as palavras, senti a minha boca a ser invadida por ele, outra vez.


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