Sisters Valentine escrita por MewKouhii


Capítulo 10
Afeto


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora para postar..
O nyah estava em manutenção e estava dificil postar alguma coisa nesse bagaço!
Mas enfim... Leiam! :D



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- Agora, Ciel-kun, me conte tudo.

Era a conhecida voz de Lohanny, voz irônica e sarcástica. Ela estava sentada em seu escritório sem a companhia de seu mordomo-pai, apenas Ciel estava em sua frente, o coitado a olhava como um assassino de frente a policia.

            - Ciel, não torne as coisas mais difíceis. Eu sei que você sabe que eu sei que você sabe que você não pretende casar com a sua antiga esposa.

Ciel engoliu em seco.

            - Hum? Estou certa não estou?

            - Lady, é muito exagero seu...

            - “Exagero” meu? – Interrompeu – Por quê?

            - Ora... Primeiro de tudo... Por que estamos no seu escritório? – Gota.

            - Para dar mais ênfase no drama. Só me diz logo o que eu quero ouvir.

            - Eu gosto do meu...

            - Do seu...?

            - Do meu mordomo.

Lohanny deu um sorrisinho demoníaco de canto e logo chamou pela sua costureira. Em menos de cinco minutos Heiny já estava materializada do seu lado com um sorrisinho maroto.

            - Heiny~~ Você estava espiando atrás da porta?

            - Ora, ora~~ Como me descobriu?

Ambas sorriam de forma sarcástica. Ciel sentiu as faces arderem e fitou os olhos roxos da Lady.

            - Não! Vocês entenderam tudo errado!
            - Eu não ouvi nada, mas supondo que eu tivesse ouvido alguma coisa, eu diria que está mentindo~~ - Falou Heiny com o sorrisinho.

            - Pelo amor de Deus. É pecado amar?

            - Awnnn!!! – Disseram ambas em uníssono e com os olhos brilhando de amores.

            - Hunf. Garotas...

Lohanny deu um tapa em sua mesa e olhou determinada para Ciel.

            - Hoje será o dia em que você declarara isso! – Aponta corajosamente para a face do conde enquanto esse sente um misto de vergonha e ódio.

Ciel resolveu nem comentar. Bufou de raiva e saiu do escritório da Valentine com as bochechas tingidas de um vermelho quase discreto, mas ainda sim se conseguia ver o nervosismo do conde.

            - Lady – Chamou Heiny.

            - Hum.

            - Por que está ajudando o conde... Desta forma?

            - Se refere ao amor dele por um demônio? Oras. É porque isso é o que me fez nascer.

            - Oh, sim. Kurt-san é seu pai... Entendi agora.

            - Por ora.

            - Hã?

            - Por ora...TENHO QUE RESOLVER ESSE CASO AMOROSO! – Coloca óculos.

            - De onde saíram esses óculos?

            - De um livro de Sherlock Homes. Você precisa ler – Pisca.

            - ... – Facepalm.

            Enquanto no jardim da mansão, dois mordomos caminhavam entre as flores (isso soou gay, eu sei ‘’) conversando sobre alguns fatos do passado, coisas que destruíram, pessoas que já mataram, demônios que já encontraram, era um papo comum para demônios conhecidos.

Sebastian hesitou em perguntar se Faustus já estava voltando com as informações de novos exorcistas. Kurt pareceu entender o olhar vago do outro e respondeu como se lê-se sua mente.

            - Faustus é um bom mordomo. Ele chegará por volta das dez.

Eram ainda nove da manhã. Lohanny sempre acordava cedo, era um hábito seu já que não conseguia dormir, mas como era meio-humana tinha que dormir em média de três horas por dia sem exceções, caso contrário ficaria com sérios problemas de alucinações e olheiras horríveis.

            - Você por algum acaso sabe ler mentes? – Perguntou Sebastian curioso.

            - Não realmente. Eu só... Só leio a atmosfera.

            - Ler a atmosfera. Me desculpe, mas parece conversa de louco.

Kurt caiu na gargalhada e olhou para o outro.

            - Só são capazes os mais velhos.

Da forma mais direta, Kurt estava dizendo claramente que Sebastian era mais novo que ele e sendo assim, também era um “aprendiz” como Lohanny.

            - Quem me diz é Noel?

            - Bom humor ficou em casa? – Kurt se divertia com as piadinhas insanas.

            - Talvez na casa de sua mulher.

Kurt olhou-o sério.

            - O quê disse?

            - TALVEZ NA CASA DE SUA MULHER – Disse dando ênfase.

            - Não. Em casa de seu conde mesmo.

            - Ora, maldito...!

E ambos já estavam lutando com socos e pontapés. Kurt tentava desviar enquanto Sebastian dava fortes chutes em seu braço. Em um movimento rápido Kurt desferiu um soco na barriga do outro mordomo, este se recuperou quase de imediato e segurou o braço do outro o girando no ar. Kurt se desprendeu de Sebastian e conseguiu sobrenaturalmente pousar em cima do ombro esquerdo do mordomo, Sebastian ficou estático por alguns segundos enquanto caia com violência para o chão, o outro se levantou vitorioso e se afastou alguns metros da pequena cratera no chão. 

Kurt verificou se o outro ainda reagia e não era de se assustar que Sebastian se levantara do chão com um salto de aproximadamente cinco metros e lançasse uma voadora em Kurt, porém este conseguiu desviar da perna de Sebastian que vinha em direção ao seu rosto e teve que se agachar violentamente, batendo de costas na terra do jardim.

            - Ainda quer lutar? – Falava com sarcasmo o mordomo do conde – Não está muito velho para isso? De qual década você pertence?

Kurt se levantou do chão cordialmente e limpou-se de maneira formal, se virou para o outro e lançou um sorriso largo, Sebastian sentiu um mau-pressentimento rondar sobre si. Kurt se aproximou um pouco do outro e abriu a boca para pronunciar algo, mas fora impedido com um grito agudo vindo da mansão.

            - O que foi isso? – Perguntou Kurt.

            - CIEL!

Ambos os mordomos saíram em disparada para dentro da mansão, obviamente que Sebastian saiu na frente como um raio.

Por instinto Sebastian foi direto para o escritório da Lady e tentou abrir a porta, esta por sua vez estava trancada.

            - Ciel? Está aí?

Em resposta foram ouvidos guinchos estranhos e femininos do outro lado.

            - Alguém abra a porta, por favor!

Ouviu-se alguns barulhos de passos e logo a porta fora aberta por Heiny.

            - Oh, minhas desculpas Sebastian-san! Estávamos tendo um pequeno debate com o conde e ele acabou caindo acidentalmente no chão~~ Nada de mais~~

O mordomo arqueou uma sobrancelha e esticou o pescoço para tentar enxergar o que estava ocorrendo dentro do escritório. Lohanny estava sentada normalmente em sua poltrona macia de veludo por trás de sua mesa e Ciel estava sentado em uma cadeira à sua frente com os cabelos sobre o rosto, impedindo assim que o mordomo conseguisse enxergar as reações do conde.

            - Ele está bem?

            - Claro, claro! – Sorriu a costureira – Eu já disse, só fora um pequeno tombo, nada de mais!

            - Mas...!

E a porta foi fechada violentamente na cara do coitado.

            - Essa foi por pouco...! – Sussurrou Heiny verificando se Sebastian não havia ouvido nada.

            - Foi mesmo – Concordou Lohanny e em seguida fitou Ciel – Não acredito que finalmente conseguiu se declarar! Bem... Quer dizer... Pelo menos conseguiu falar corretamente a declaração~~ Foi um bom ensaio!

            - Tsch... – Ciel virou a cabeça revelando seu rosto rubro.

            - O conde fica tão fofo quando vermelho! – Falou amigavelmente Heiny.

            - N-Não fico! E não estou v-vermelho!

            - Claro que não – Ironizou ambas as garotas.

            - Hunf...! S-Só porque disse algo tão i-inútil! Vocês garotas não precisavam fazer escândalos!

            - É a força do hábito – Piscou Lohanny.      

Ciel sentiu-se como um peixe sendo pescado em alto mar e teve muita vontade de gritar pelo nome de seu mordomo e mandar matar aquele semi-demônio vinda de Deus-Sabe-Onde, mas ele ainda precisava dela para ter sua alma demoníaca de volta... Bem... Ela era seu cupido pessoal também, não?

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                        O local era totalmente branco, no ambiente podia-se encontrar uma longa mesa branca acompanhada de mais de vinte cadeiras, cada uma sendo ocupada por seus respectivos donos.

Todos prestavam atenção em uma única pessoa que não estava vestindo túnicas brancas como os outros, por outro lado esta pessoa estava vestindo um smoking preto totalmente formal, este era Jonathan.

            - Como resolveremos isto, senhor?

            - Hum... – Refletiu o chefe daqueles seres – Não tenho ideias prontas ainda.

            - Como assim “ainda”? Não usaremos Victória? – Perguntou o homem da décima cadeira.

            - Usaremos sim, porém em um evento mais importante do que este – Respondeu frio Jonathan.

            - MAS SENHOR E OS EXORCISTAS? IRÃO MORRER TODOS!
            - Acalmem-se! Não irão morrer todos coisa alguma. Major Thrus?

            - Sim – Respondeu um homem com um uniforme militar abaixo da capa branca.

            - Quantas colônias nos restam?

            - Apenas duas, senhor.

            -  M-Mas o quê...? “Duas”? – Espantou-se Jonathan.

            - Agora entende nossa situação, senhor?? – Falou sarcástica uma mulher da décima quinta cadeira.

            - Sem gracinhas Madeleine. Não temos tempo a perder...

            - Senhor – Chamou o major Thrus.

            - Hun.

            - Haverá o festival da vila Indir, isso importa ao senhor?

Silêncio. Todos os que estavam conversando sobre assuntos paralelos notaram o profundo silêncio e fitaram Jonathan com um grande sorriso no rosto.

            - Perfeito.

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                        Ciel já havia saído do interrogatório entre dois seres do sexo feminino com interesses amorosos entre casais. O conde estava na biblioteca da mansão procurando por livros atuais, procurou por mais algum tempo até achar um livro de capa dura e vermelha com as iniciais “V.V” na frente.

Ciel refletiu por alguns longos minutos se deveria abrir o livro ou não, virou-o e procurou por alguma sinopse ou imagem na parte de trás em vão. Abriu-o por fim e tentou ler algo do que estava escrito, logo reconheceu que aquilo não era inglês, mas sim latim.

            - Hunf. Se o objetivo do autor era não fazer um inglês entender latim, ele estava redondamente enganado! – Sorriu cruel enquanto pensava de como fora bom ter aprendido latim com Sebastian – Bem... Vejamos...

Em um trecho do livro dizia o seguinte:

'Sentio amo me amare omnia circa me sunt omnia ... moriens expiravit. Colores mesunt, omnia videntur in hoc mundo ita obscuras, ut egrederetur de his periculumvectes tenentes me?
O, me iterum cadere"

Traduziu o seguinte:

"Sinto como se tudo ao meu redor fosse falecer... Tudo o que eu mais amava morreu. As cores se foram de mim, tudo parece tão escuro nesse mundo, devo arriscar ir para fora dessas grades que me prendem?

Oh, estou caindo novamente"

Ciel ficou estático tentando entender o que aquele trecho significava para o enredo de um livro tão misterioso. Talvez fosse algum livro de amor?

Procurou por algum indicio de informações, mas nada parecia ser em inglês, até mesmo o nome do autor estava em siglas.

            - “V.V”... O que diabos quer dizer com isto? – Pensou em possiveis nomes que teriam semelhança com as siglas – Vila, não... Valentine, mas Valentine do quê? V... AH! Será possível que...?

            - Sim.

Ciel virou-se e passou os olhos da estante para uma pequena figurinha que estava parada na porta com um sorrisinho de canto.

            - I-Isabel...?

            - Victória Valentine.

            - Hã?

            - A autora do livro.

            - Oh, sim... S-Sua mãe escreveu este livro aqui?

            - Quando ela tinha treze anos!

            - T-Treze? Como uma criança de treze vai aprender algo tão desenvolvido em latim...

            - Minha mãe era um prodigio! – Isabel sorriu tristemente e abaixou um pouco a cabeça em seguida sendo tomada por um olhar manhoso – Ela gostava de livros.

            - Sinto muito.

            - Hm! Não tem nada do que se entristecer, eu nem me lembro do rosto de minha mãe.

            - Entendo você.

            - Entende?

Ciel suspirou consigo mesmo e chamou Isabel para mais perto de si. A pequena Lady pulou para o colo do conde e este sentou na poltrona para contá-la o que havia acontecido consigo até o ponto em que fora convidado por Kurt a ser um hóspede de Lohanny. Contou tudo em minimos detalhes, Isabel parecia fissurada na história trágica de Ciel, talvez fosse pelo fato de herdar a crueldade do pai ou por ser uma criança e não entender o verdadeiro significado de morte, mesmo que sua mãe tenha morrido.

            - ...

            - O que foi Isabel?

            - É uma história muito triste Ciel-kun!

            - Ah... – Suspiro – Claro que é, acho que nada na minha vida vai ser mais do que tragédias.

            - Não diga isso Ciel-chi!

            - “Ciel-chi”?

            - Sim!!! Não deve dizer isso nunca! Olhe pelo lado bom, você ainda tem o nosso apoio, sabe disso né?

            - ...

            - ...

            - Sei.

Isabel sorriu, um sorriso verdadeiro e doce, chegava à ser um sorriso calmo que contagiava quem quer que estivesse por perto. Abraçou o conde com uma força extrema que o pobre coitado pensou por um instante que aquela pessoinha era Lohanny em miniatura.

            - Já pode soltar...

            - Ah!! – Para de abraçá-lo – Ciel... Você sabe quem é meu pai, certo?

Ciel congelou da cabeça aos pés, mas é claro que ele sabia quem era! Mas falar isso para Isabel era doloroso para ambos os lados! Como ele teria coragem de tirar aquele sorriso juvenil dos lábios da garotinha?

            - Minha irmã falou para você sobre ele não é? – Perguntou Isabel curiosa.

            - Desculpe-me, mas ela não me disse nada.

            - ... Jura?

            - Juro!

Isabel soltou um forte suspiro e foi se dirigindo até a porta da biblioteca, deu uma última olhada para o conde e com um aceno de cabeça em sinal de despedida, saiu do local.

Ciel se reenconstou na poltrona que antes estava junto de Isabel, apenas ficou refletindo, será que era o certo falar para a pequena Lady sobre a verdade? Não!! Ele iria quebrar o contrato que existia entre ele e a Valentine... Mas era tão doloroso ver uma criança como aquela passando por coisas piores que o próprio conde poderia imaginar passar!

Pela primeira vez na vida, ele viu alguém pior do que ele.

            No escritório o clima já havia se acalmado depois que a Lady tentou “seqüestrar” Ciel. Por outro lado ela mantinha seus olhos vidrados em um envelope de cor amarelada e com pequenas letras brancas talhadas nele.

            - O que foi Lady? – Perguntou Kurt surgindo atrás de sua mestra.

            - Este convite.

            - Hum?

Kurt tomou o envelope das mãos da garota com cuidado e abriu até ler o que estava escrito com rapidez.

            - Um convite para um festival?

            - O festival da vila.

            - Huhu... Por que não vai Lady? Sempre gostou de festivais, não? – Perguntou Kurt com um sorriso maroto nos lábios.

            - O que disse? – Indignou-se Lohanny.

            - Há um tempo atrás, me lembro que adorava brincar com sua irmã dentro dos festivais, ainda se lembra?

            - Hunf... – Suspiro forte – Eu não estou com cabeça para recordar fatos da infância!

            - Diz isso como se fosse alguma adulta.

            - Para mim eu sou! Tenho que ser! Se eu não cuidar da minha irmã... Ninguém mais cuidará. Kurt – Fita-o – Você mesmo sabe, que não pode lutar contra Victória.

Kurt silenciou-se, olhou para o piso de mármore e depois guiou os olhos para a janela do recinto, sem se quer esbarrar os olhares da Lady.

            - Sei perfeitamente – Respondeu Kurt com frieza.

            - Então deve saber que deve me obedecer – Os olhos de Lohanny ganharam um forte brilho avermelhado, não muito resplandecente, mas forte o suficiente para chamar a atenção de uma pessoa que estivesse passando no jardim e visse o rosto de Lohanny.

            - Qual seu pedido?

Lohanny pegou a carta das mãos do mordomo e a fitou por cinco segundos, em seguida a carta se queimou no ar em um passe de mágica e a Lady sorriu para Kurt.

            - Eles estão nesse festival, eu sei! Avise nossos convidados que iremos a um festival da vila em menos de um dia.

            - Yes, my lady – E antes que Lohanny pudesse pedir mais alguma coisa ou acrescentar algo, o mordomo desapareceu.


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Notas finais do capítulo

Novamente peço desculpas pela demora para postar o caps!
Esse caps foi mais centralizado no afeto que Ciel desenvolveu dentro da mansão.
Reviews??? :D