8°  capitulo

Sim, era ele. Disso ela não tinha duvidas. Alto e magro como o Jonne, mas com o rosto mais infantil, e os cabelos pretos espetados que vira na revista agora moldavam o seu rosto, rosto que parecia cansado e abatido, com profundas olheiras marcando seus olhos castanhos. E ele também estava mais magro do que na foto, apesar de isso parecer impossível. A única coisa que não lembrava era seu nome.

_ Barbie Punk... - sussurrou assim que o reconheceu.

_ Hã? Você ta bem, Aliisa? - Jonne perguntou, não estendendo o que a garota falara.

_ Que...? -  a garota respondera, ainda olhando para o garoto do quarto à frente - Há, eu to bem, sim... - disse olhando agora para o amigo.

_ Então, vamos? - Jonne perguntou pegando na mão de Aliisa e olhando para o garoto estranho que Aliisa tanto olhava.

_ Vamos... - a menina respondeu acompanhando a tia e o amigo

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Bill, que até então ria, ficou sério e parou, olhando à sua frente. Aquela garota... os longos cabelos louros escuros contrastando com seus olhos azuis, a pele branca em perfeita harmonia com sua boca cor-de-rosa. Parecia ter saído de um sonho. Ela o encarou, e nesse momento Bill teve a nítida impressão de que conhecia aqueles olhos. Mas de onde???

            _ Bill, você esta bem? - Georg perguntou ao amigo que parecia simplesmente ter congelado.

            _ Sim... - Bill respondeu, não prestando atenção no amigo. A garota disse alguma coisa em uma língua que ele não conhecia, e depois se afastou pelo corredor, seguida de uma mulher e outro rapaz.

_ Bi-il, você ta aqui? Terra chamando lua. - Georg disse, passando a mão na frente dos olhos do moreno.

_ Olha Bill, a gente também achou ela linda, mas não precisa ficar assim, ok? - Gustav brincou.

_ Alguém conhece ela? - Bill perguntou depois que a garota virou à direita e sumiu de sua vista.

_ Ela não me é estranha... mas eu me lembraria se já a tivesse visto. - Georg respondeu Bill, sem muito interesse. - Mas é melhor irmos indo.

_ Isso ai. Vem, Bill. Vamos pra casa.

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Aliisa ainda olhou para trás uma última vez, antes de virar no corredor. Ele, o ídolo de sua irmã, que agora estava morta. Pensou no que Johanna teria feito se tivesse visto o garoto tão de perto, como ela tinha visto agora. Seus olhos se encheram de lágrimas, mas que não chegaram a cair, já que o orgulho de Aliisa as impediram. Algumas pessoas demoram a dar valor ao que tem, e só descobrem isso quando já é tarde demais. Agora ela sabia o quanto sua irmã e sua mãe eram importantes para ela.

A viajem de volta a Finlândia foi longa e cansativa. Durante o percurso falou pouco e deu respostas curtas. Chegaram em Tempere a noite, e Aliisa dormiu na casa de sua tia, não sem antes discutir com a mesma porque queria dormir na casa do Jonne.

No outro dia pela manhã, foi realizada a missa de despedida, e logo depois Aliisa soltou as cinzas da mãe e irmã em um rio. Apesar de Aliisa não ser muito bem vista pelos vizinhos, todos compareceram na cerimônia no final do verão. Sua mãe Emma era conhecida e querida por todos, que ficaram chocados com a morte precoce da mãe e filha.

Um a um, os conhecidos desejavam os pêsames e se despediam de Aliisa. Logo restaram apenas ela, Jonne, sua tia e Likka, sua única amiga naquele lugar esquecido pelo mundo.

Aliisa ainda olhava para o rio, que já levara as cinzas correnteza abaixo.

_ Você ta legal, Ali? - Likka perguntou, preocupada com a falta de reação da amiga. Desde que ela voltara, não soltara uma única lágrima e falava pouco.

_ To sim, Lii, valeu a força. - disse, forçando um sorriso amarelo.

_ Olha, eu tenho que ir indo, meus pais estão me esperando.

_ Tudo bem, você já fez bastante por mim, obrigada mesmo. - Aliisa disse olhando a amiga.

_ Se precisar pode me chamar, você já sabe disso. - Likka disse, e deu um abraço apertado na amiga - Fica em paz. - falou depois que se separaram, com um sorriso fraco e foi indo em direção ao carro preto que a esperava. Despediu-se de Tarja e Jonne e foi embora.

_ Vem, vamos embora, está esfriando. - Jonne disse abraçando Aliisa.

_ Espera... só mais um pouco. - ela respondeu, encarando os olhos azuis do garoto e depois o azul do rio. Ficou assim durante um tempo e depois deu as costas aquele lugar, ao qual pretendia nunca mais voltar.

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