A História de Uma Fria Noite de Inverno escrita por StrawberryDream


Capítulo 1
A história de uma fria noite de inverno.


Notas iniciais do capítulo

Já me desculpo com antecedência por qualquer OOCness que possa ter acontecido.



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[A história de uma fria noite de inverno.]

Era tarde, já passava da meia-noite. Na rua não havia mais ninguém, ou pelo menos parecia não haver. Tudo ali era diferente daquela metrópole que não parava nunca, que não dormia. Alfred respirou o ar frio que o envolvia; ar este que fazia cândido vapor ao encontrar o meio externo novamente. O americano esfregou as mãos e então voltou a cruzar os braços com força, como se tentasse segurar o calor dentro de si. Sem mais precioso tempo perder, voltou a andar. Ouvira de Francis, dias antes, que seu irmão estava doente. Quando Alfred notara, já havia comprado a primeira passagem de avião, chamado um taxi e rumado para a casa de Matthew. O taxi, no entanto, acabara preso em um congestionamento e o americano pagara ali mesmo e se pusera a correr pela neve. Sabia que não devia fazer isso, mas algo o obrigara a ignorar este fato. Agora ele caminhava pelo gelo à procura daquele simples lugar onde morava aquele simples rapaz com seu precioso sorriso. Não era nada grave, explicara Francis naquele mesmo telefonema, era apenas uma gripe passageira. Mesmo assim, Alfred não conseguia tirar da cabeça a imagem de Matthew sozinho naquela casa. Ele sentia que alguém deveria fazer-lhe companhia, e que este alguém precisava ser ele, Alfred F. Jones.

Pausou novamente. Já não aguentava mais caminhar. Nenhum de seus treinamentos militares havia se mostrado muito útil quando envolvia caminhar quilômetros na neve. E era justamente isso que ele estava fazendo no momento, sua pouca bagagem pendurada em um dos ombros. A casa de Matthew não devia estar muito longe. Mesmo assim, Alfred sentiu como se estivesse no limite. Atirando a bagagem no chão, apoiou-se em um poste de luz que o iluminava timidamente. Estava muito frio. Alfred tremia da cabeça aos pés. A atmosfera parecia estar em guerra com sua pele. Sua consciência começou a se esvair...

...Mas ele não podia deixar isso acontecer. Colocou a bagagem no ombro novamente e, forçando as pernas doloridas a se moverem, voltou a andar. Após minutos que pareciam uma eternidade para o já exausto americano, a casa de seu irmão finalmente aparecera em seu campo de visão. Ela continuava simples, sem graça e aparentemente frágil. Era parecida com o dono. Ou pelo menos fora isso que dissera Alfred quando o visitara pela primeira e única vez anos atrás. O americano foi então até a delicada porta branca e nela bateu com uma das falanges do dedo indicador. Não demorou muito para a gentil figura de seu irmão aparecer, fitando-o em confusão. Alfred simplesmente tomou a liberdade de entrar e fechar a porta atrás dele.

-Estou salvo... – Anunciou com uma expressão estranha. O canadense fitou-o de cima a baixo, limpando um pouco da neve dos ombros do irmão logo depois. Matthew então perguntou algo, mas o convidado (ou seria intruso?) foi incapaz de ouvir e, portanto, de responder. – E então, como se sente?

-Huh?

-Não se faça de bobo, o Francis me contou tudo. – O tom de Alfred permanecia anormalmente sério e em seu rosto não havia o habitual sorriso (retardadamente) bobo e alegre.

-M-Mas eu disse que não era nada... – Respondeu, hesitante, com seu tom de voz habitual.

-Hein?!

-M-Mas eu disse que não era nada...!

-Desculpe, acho que ouvi errado?!

-A-Alfred! – Sentiu algo em sua cabeça e corou levemente. Era a mão do americano que a afagava, bagunçado os cabelos do canadense.

-Eu ouvi, Matt, eu ouvi. – E sorriu. Era um sorriso mais maduro e mais doce do que aquele que sempre enfeitava seus lábios; um que só Matthew conhecia. – Agora, onde é meu quarto?

-...Eh?!

-Vou cuidar de você. Então preciso de um quarto.

-Mas você sabe que essa casa só tem um quarto...

-Então, onde é o quarto? – O americano perguntou, dando ênfase no “o”. Matthew suspirou levemente, finalmente decidindo que era melhor guiá-lo até lá de uma vez. Alfred sempre significara problemas e aquela pergunta parecia enfatizar isso. Mesmo assim, no rosto de Matthew brilhava um tímido sorriso.

O canadense entrou no grande e único quarto da casa, tirando alguns bichinhos de pelúcia do caminho e segurando-os com o auxílio de seu corpo e braço direito. Alfred seguiu-o logo em seguida, fitando o quarto como se este fosse alguma espécie de planetário. As paredes azul-claro estavam cheias de prateleiras; a estante enfeitada por pequenas esculturas das mais variadas, cheia de livros. Na escrivaninha branca havia uma pequena escultura transparente em forma de fusca adornada por pedrinhas coloridas presas em seu interior. Na cama branca estavam dois cobertores. Um era de ursos e lembrava uma manta de bebê; o outro era de nuvenzinhas e lembrava o de uma criança um pouco maior. Até mesmo o piso exibia cores pastéis e enfeites de certo modo infantis, como o tapete combinando com o segundo cobertor. Tudo tão comum, porém tão incrível... Cada uma daquelas coisas brilhava de um jeito especial, revelando um pouco sobre a vida de Matthew. Eram como um diamante cintilando nas paredes de um vulcão; eram belas e intocáveis como as estrelas.

-V-Você pode dormir na cama... – Disse Matthew em um tom aparentemente desanimado. Alfred fitou-o e piscou duas vezes. – E eu durmo aqui... – Continuou enquanto encarava a cadeira sem demonstrar interesse.

-Não me lembro de ser o doente aqui.

-Mas...

-Oh, que cadeira confortável! – Anunciou Alfred para o mundo inteiro após se atirar nela. Desta vez, foi o canadense quem piscou. – Posso ficar aqui para sempre!

-P-Por favor, não diga uma coisa dessas...

-Ah, não seja assim comigo! – O americano sorriu e voltou a olhar o quarto. Já ia fazer algum comentário sem graça sobre os milhares e milhares de bichos de pelúcia quando algo chamou sua atenção. Era um grande e familiar livro de poucas páginas que descansava sobre uma alta mesa branca. Esta se encontrava no meio dos brinquedos, longe da cama. A capa do livro, adornada por desenhos de coelhinhos vestidos como pessoas, deixava claro que se tratava de um livro infantil. As bordas eram adornadas por nuvenzinhas sorridentes que pareciam combinar perfeitamente com o quarto.– Caramba, você ainda tem essa velharia? - Como se do livro fazendo pouco caso, Alfred perguntou.

-É o meu favorito... – Contou Matthew após abraçar o livro como se para protegê-lo. Em sua expressão não havia qualquer sinal de que o tom do irmão o tivesse ofendido; apenas uma expressão séria e de certo modo sombria. Não tinha ânimo para sorrir.

Alfred abraçou qualquer pelúcia que se encontrava encostada na cadeira, fitando Matthew que largava o livro na mesa novamente. Aquela pelúcia por um acaso era um unicórnio branco que o canadense ganhara de Arthur e que Alfred cismava em roubar do irmão e chamar de “meu pônei”. Um leve e melancólico sorriso apareceu nos lábios do americano enquanto este focava seus olhos no bichinho que segurava nos braços como uma criança pequena. O resto aconteceu muito rápido.

No chão caiu, já inconsciente, o rapaz de longos cabelos loiros. Alfred não tardou em ampará-lo, coração a mil. Em todos os anos que vivera, já havia visto muitas pessoas repetirem esta mesma cena e em seguida encontrando sua paz em um descanso eterno o qual humano algum pode entender. Matthew ainda respirava e sua expressão não tinha qualquer traço de que estivesse meramente dormindo para alcançar as nuvens que tanto amava. Egoísta, Alfred preferia vê-lo assim a presenciar a partida daquele frágil, porém bravo rapaz. Deitou-o na cama e começou a revirar a casa à procura de alguma coisa que não conseguia, em seu desespero, definir o que era. Talvez fosse um termômetro, afinal o rosto de seu irmão estava anormalmente quente. Sentira isso enquanto tentava ampará-lo. Talvez procurasse o telefone para pedir ajuda a alguém, qualquer um. Antes que notasse, já estava ajoelhado ao lado da cama, sem nada em mãos. Não sabia mais o que fazer e nem para quem ligar. Respirou. Uma, duas vezes. Sentiu seu coração desacelerando aos poucos. Evitou fitar Matthew por medo de se desesperar novamente. Desespero não o levaria a lugar algum.

Poucos minutos se passaram desde então. Alfred já se acalmara; e na fronte do canadense se encontrava um pano úmido. Não era muito, mas era o bastante. Pelo menos fora isso que dissera Arthur após ouvir toda a história. Agora, só restava esperar. Passou-se, então, uma eternidade e finalmente amanheceu. Não havia pássaros para cumprimentar a manhã, estava frio demais. Desnorteado e um pouco dolorido, o tímido canadense abriu os olhos. Piscou algumas vezes, tentando entender a situação. Ao seu lado dormia seu amado irmão Alfred com a cabeça apoiada nos braços, e estes apoiados na cama. Sua expressão era plácida como a neve que dormia no jardim, abençoada pelo sol. Em sua mão direita, algo que do canadense chamou atenção. Era a sua mão – dele mesmo, Matthew – presa com firmeza à do irmão.

Alfred havia, naquela fria noite, impedido um anjinho de voltar para o céu.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado da fic... E que o final não tenha sido muito rápido e idiota “OTL

Enfim, não há muito a dizer. Só que estou feliz por (finalmente) ter conseguido finalizar essa história ♥
Ah, e que reviews cairiam bem~! –tapa-

~Até a próxima!~



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