“E se eu lhe ofecerecesse uma chance de voltar no tempo?” Sua voz era calma, controlada e profunda. A tranqüilidade dela parecia ser contagiante, o controle e a profundidade pareciam sobrenaturais para um rapaz de dezesseis anos e pareciam pertencer a alguém muito mais velho.  “O que você faria, Ginevra? Para onde iria?”

A menina virou o rosto e o olhou por detrás dos cabelos ruivos bagunçados. Do que ele estava falando?

“Por que está perguntando isso?”

“Vamos lá, pequena.” A risada dele era jovial, combinando com a sua aparência.

Encarou o rapaz por um tempo, sentindo o frio espalhar-se ainda mais pelo seu corpo e o cheiro nojento daquele lugar infestar as suas narinas. Fechou os olhos, tentando esquecer que estava naquela câmara, tentando esquecer de que estava morrendo, enquanto pensava na pergunta que o outro lhe fizera. Para onde ela iria? Se aquela pergunta lhe tivesse sido feita quando era mais nova, talvez ela responderia que gostaria de viajar para a época antes dos bruxos terem começado a se esconder, ou, talvez, para quando seus tios, Fabian e Gideon Prewett, ainda estivessem vivos, já que sua mãe falava tanto deles... Mas, naquela hora, só um momento de sua vida vinha à sua cabeça.

“Quando o seu diário me respondeu pela primeira vez.” O rapaz inclinou a cabeça para o lado, franzindo as sobrancelhas.

“Quando eu te respondi.” Um sorriso sutil apareceu em seus lábios. “Continue.”

“É isso... Queria voltar para esse dia,” a menina murmurou, olhando para o diário caído ao seu lado, antes de voltar a encarar o outro. “E dizer para mim mesma fechar aquele livro, antes que outra palavra aparecesse nele.”

A risada que saiu da boca do rapaz soou fria e sombria dessa vez. Ele balançou a cabeça enquanto se aproximava dela, ajoelhando-se ao seu lado.

“Muito inteligente da sua parte,” ele sussurrou, levando uma mão até os cabelos vermelhos da outra e sorrindo. “Mas é realmente uma pena que eu não possa lhe oferecer essa chance, Ginevra.”