O Continente das Trevas escrita por Narsha


Capítulo 9
Os Sagrados Cristais de Ashiva - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Depois de muito trabalho, mais um capítulo terminado.
E nele tive a honra de poder contar também com a colaboração de alguns leitores, que como eu havia proposto no episódio anterior, enviaram ideias de skills para as 5ªs Classes dos personagens. São eles: A leitora e colega escritora Darkfang, com a skill Equilíbrio Mortal (Sieghart); O leitor Sieg Kuzunari, com as skills: Corte Devastador e Lâmina Magna (Sieghart); e o leitor e colega escritor Talnatch, com a skill: Sequência das Sombras (Lass). Obrigada amigos!
Espero que gostem do episódio!
Boa leitura!
* Dedico este capítulo ao amigo André Erik, a quem agradeço pelo imenso incentivo!



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A umidade pelas paredes rochosas do túnel por onde caminhavam era tamanha, que pequenos filamentos de água desciam sutilmente contornando cada saliência da mesma. O ar abafado tinha um odor pesado e desagradável, e fazia com que se sentissem cada vez mais enjoados.

Estavam sob o território do Deus da Luz, à leste de Xênia, e, pelo cheiro, sabiam que não estavam longe de seu objetivo, e que o secreto cemitério subterrâneo encontrava-se muito perto. Lá, o primeiro dos sete Cristais de Ashiva permanecia protegido e, como tudo a seu redor, também dormia sono eterno.

Um suor estranhamente frio escorria por suas peles, e Sieghart esfregou o rosto com as mãos, a fim de livrar-se desse desconforto. Mari o fitou, e ele tornou a abrir o pergaminho pondo-se a observá-lo mais uma vez.

— Estamos perto Mari. Tenho certeza disso. — disse, fitando o local à sua volta. — Pelo que está aqui, passando aquele rochedo em forma de serpente adentraremos no cemitério, e ao fim dele está a Câmara onde o Cristal se encontra.

— Um cemitério onde jazem as maiores lendas de todos os tempos... Jamais pensei que existisse algo assim verdadeiramente, e aqui, nos subterrâneos de Xênia. — disse analítica.

— Também não, Mari. Mas o que menos me interessa são os mortos que dormem em paz neste local. Quero é esse Cristal, e penso no tipo de criatura que está a guardá-lo.

— Seja o que for, temos de passar por ela para obtê-lo. Disso depende o sucesso de nossa missão.

— Eu sei. – ele respondeu, sério.

Eles adentraram no cemitério, cujo ar lúgubre se fazia notar pelas imensas teias aderidas nas lápides e também a grande quantidade de aranhas e morcegos ali agrupados; os quais, ao aperceberem-lhes a presença, saíram em grande revoada.

Eles procuraram esquivar-se de sua investida, e Mari usou de magia para afugentá-los.

Caminharam em silêncio, até chegarem a um grande portal, cerrado por uma grade envelhecida, sendo que um largo cadeado o lacrava. Mari, sem menor dificuldade o abriu, e, após uma troca rápida de olhar, o casal seguiu pelo sombrio corredor que conduzia a Câmara, onde, sabiam, encontrava-se o Cristal e seu Guardião.

Com cuidado, e medindo os passos, adentraram na mesma, onde visualizaram por sobre uma pilastra, e reluzindo em tom violeta, o Sagrado Cristal de Ashiva.

O local estava escuro, e não viram a princípio ninguém ali além de uns poucos morcegos agrupados a um canto ao alto.

No entanto, ao se aproximarem um pouco mais do centro da câmara depararam com a figura de um homem, cuja aparência lembrava mais uma múmia saída de seu sarcófago. Era extremamente magro, e os ossos das costelas ficavam salientes sob a roupagem fina que o cobria. Seus olhos eram fundos e escuros, e a tez de sua pele era acinzentada. Em seu pescoço – pendurado por uma grande corrente de ouro – um medalhão com uma pedra sombria. E na sua mão direita, uma estranha foice feita de cobre. Ele os olhou, e seu ar era severo.

— Quem são vocês que se atreveram adentrar nos meus domínios?

— Somos a Grand Chase, e viemos em nome dos Deuses. Precisamos do Cristal de Ashiva, e viemos buscá-lo. — disse Sieghart, sério.

— O Cristal jamais sairá daqui!  O Deus Thanatos me confiou sua guarda! Seus miseráveis mentirosos! Ousam se dizer enviados dos Deuses! Preparem-se para sua punição por tamanha ousadia!

A voz dele era gutural e forte. Sieghart e Mari sentiram que lutar seria inevitável, ainda mais que todo pequeno ambiente da câmara foi, de repente, tornando-se ainda mais pesado. Algo realmente insuportável, e o suor frio se intensificou.

— Eu, Gomalick, irei acabar com vocês! — disse, erguendo sua foice ao alto, e depois a apontando na direção de Sieghart que estava mais à frente, em posição de combate.

— Gomalick... — repetiu Mari, pensativa, e então seu rosto adquiriu um ar tenso.

— Sieg cuidado! Não deixe ele tocar você com esta foice! Fique longe dele!!! — gritou.

— Hein? — disse o Imortal sentindo-se estranhamente tonto apenas pela proximidade da foice. E então afastou-se dando um salto pra trás.

— Ele é Gomalick, o Cruel, e no passado usou magia negra para criar dois itens mágicos: uma Foice capaz de absorver o espírito humano e um Medalhão que transformava a alma humana em vida para seu usuário. E ele carrega os dois, se formos presos por essa magia estaremos perdidos! — ela concluiu.

— Como sabe disso? — retrucou Sieghart, esquivando-se, mas, a conhecendo do modo que conhecia, desistiu de esperar por uma resposta que já sabia. Mari vivia lendo sobre tudo, e, com certeza, fora assim que soubera sobre Gomalick, pensou.

— Deixe pra lá. Temos de pegar esse Cristal a qualquer custo! Isso sim! — falou ele, de modo resoluto.

Gomalick investiu contra eles — que apenas defenderam-se. O poder sombrio em torno dele e de seus itens mágicos era grandioso demais. E apesar de seus esforços era praticamente inevitável não serem vítimas de seus golpes. Sieghart ergueu sua lâmina, e com ela evitou que a Foice sombria o atingisse, mesmo assim ele começou, repentinamente, a sentir-se fraco: embora não pudesse compreender como, pois sequer a Arma das Trevas o havia tocado.

Ele, com muito esforço, forçou a sua Lâmina para a frente, e com um coice afastou Gomalick, mas precisou apoiar-se para não cair. Suas pernas falseavam. Mari também começava a não sentir-se bem, e lançou sobre Gomalick sua magia congelante. Este porém apenas segurou seu Medalhão, e em torno dele uma aura de sombras fez neutralizar seu ataque.

— Sino da Morte! — gritou Sieghart, que fez um rápido movimento com a espada, a girou por duas vezes, desferindo dois golpes poderosos em chamas negras no Inimigo.

Surpreendentemente o poderoso ataque do Imortal não surtiu efeito algum em Gomalick, que, com um olhar gélido, concentrou grande poder, e apontou sua Foice para o casal fazendo com que esta começasse a emitir intensos feixes sombrios, os quais os envolveram. Uma dor forte os acometeu, e eles foram totalmente imobilizados por uma espécie de magia sombria.

— Se continuar assim vamos virar mais uma alma pra coleção desse maldito! — falou Sieghart com dificuldade, tentando desvencilhar-se e mexer os braços.

— É o fim de vocês, morram! — Sentenciou, Gomalick intensificando seu poder. Porém Dk-Mark III emitiu uma forte explosão energética que fez com que ele se desconcentrasse, e assim sessou seu ataque.

Os jovens caíram ao chão, e Sieghart levantou-se com a ajuda de sua espada. E, com muito esforço, ergueu-se, posicionando-se para voltar ao combate.

— Agora basta! — disse com voz firme e áspera, enquanto embainhava sua Lâmina e puxava Ashthanus de sua bainha, presa às suas costas Nos olhos prateados do Imortal haviam um intenso brilho.

Ele segurou forte o cabo de sua Sagrada Espada e a dividiu, e o forte brilho já existente em ambas as lâminas se tornaram mais intensos. Uma aura alvo negra começou a condensar-se em torno de si. Uma energia tão intensa que fez as paredes do local começarem a apresentarem pequenas fissuras. O Guardião sentiu a força da estranha energia, mas não recuou nem um passo, continuando a fitar o Guerreiro Imortal com certo desdém.

— Corte Devastador! — gritou, e parecendo cada vez mais absorto pela força do poder que provinha de ambas as lâminas de Ashthanus, Sieghart ergueu-as e saltou, caindo velozmente e cravando a ponta das mesmas ao solo. Destas, duas fortes rajadas de energia elevaram-se ao alto — uma oriunda da lâmina reluzente e a outra da lâmina sombria. Estas se misturaram num forte choque, despencando por sobre o inimigo com impressionante força, e sob a forma de um X, lhe desferiu um poderoso corte. Sob o impacto do ataque, o Guardião foi arremessado ao longe, e tombou após colidir com uma pilastra. Vendo-o caído, Sieghart deu-lhe as costas, tencionando apanhar o Cristal.

Mari continuava caída, e de onde estava, viu Gomalick erguendo-se, absolutamente inabalado, por entre os escombros da pilastra.

— Sieg cuidado!!!  — gritou, e este voltou-se rapidamente fitando o rosto cadavérico de seu adversário, cujas labaredas oriundas de tochas aderidas as paredes sombrias do local, lançavam estranhas sombras em sua mórbida face.

Num movimento rápido a jovem virou-se no chão e invocou seu “Onda Destruidora”, e sob o inimigo inúmeras mãos das trevas surgiram e começaram a envolvê-lo e sugá-lo.

Envolto por sua fúria, Sieghart fitou ao Guardião, enquanto tornava a unir sua Espada.

— Você já era! — gritou e deixou-se envolver pela energia que provinha também de Ashthanus. A qual, por sua incomensurável força, paralisou Gomalick e começou a lhe infringir terríveis danos. Este em vão tentou desvencilhar-se, realmente estarrecido com tamanho poder.

As rochas pesadas da câmara começavam a dar sinais de desmoronamento, mas Sieghart não diminuía a intensidade do ataque. E seu semblante parecia algo assustador, sendo que os olhos do Imortal emanavam feixes de energia sombria. De modo que até Mari parecia chocada com a intensidade da energia, que havia feito ofuscar o poder dos objetos mágicos do Guardião. Era a primeira vez que o via usando Ashthanus, e o poder da Sagrada Espada realmente parecia algo infinito.

— Lâmina Magna! — bradou Sieghart, e sua voz ecoou pelas paredes da câmara grave e forte, com solenidade.

Com força, empunhou a Sagrada Espada e partiu em velocidade para cima do Guardião, desferindo por sobre ele um forte corte lateral, e tocou com força a ponta de Ashthanus ao chão, de modo que, pela intensidade do poder da energia que provinha da mesma, fez com que o inimigo fosse erguido ao alto.

Sieghart saltou em grande velocidade, ficando muito acima do Guardião, e, em suas costas, longas asas surgiram, metade alvas, metade negras e o fizeram planar suave no ar antes de cair num mergulho profundo, e, com sua Sagrada Espada, traçar múltiplos golpes contra Gomalick — os quais culminaram com a elevação de uma energia arroxeada, sob a forma de altas chamas que condensaram-se e elevaram-se numa estrondosa explosão.

Sieghart desceu suave, e postou-se de costas para o Guardião que havia ficado em meio ao clarão das chamas oriundas da forte explosão, e as asas em suas costas — consumidas por chamas negras — foram desaparecendo rapidamente.

Aproveitando-se disso, a bela garota de Calnat correu até o pilar onde se encontrava o Cristal Sagrado de Ashiva e o pegou.

Rastejando-se, Gomalick — tendo o corpo totalmente carbonizado e repleto de cortes escuros profundos —, ao ver isso, numa tentativa desesperada de reaver ao Cristal, esforçou-se por tentar reerguer-se

— Devolvam o Cristal! — ele tentou gritar, mas sua voz saiu entrecortada e fraca.

A câmara começa a desmoronar, e o casal apressou-se em direção à saída, mas Gomalick, num último esforço, apontou sua foice emitindo uma rajada mágica que conseguiu reter Mari, deixando-a imobilizada.

Vendo isso, Sieghart avançou na direção de Gomalick, girou Ashthanus e a ergueu.

— Equilíbrio Mortal!  — gritou, e fincou metade da lâmina da mesma no piso úmido do local.

Imediatamente um círculo se formou sob o Guardião, constituído por dezenas de estranhos desenhos e por caracteres de uma linguagem muito antiga, há muito esquecida pela humanidade. Duas luzes, uma clara e outra escura de repente emanaram das estranhas gravuras, saindo em grande velocidade para cima e atingiram o corpo de Gomalick ferindo-o como se este houvesse sido golpeado por centenas de espadas afiadas.

Este gritou, acometido por uma dor indescritível e seu sangue banhou o piso onde o círculo foi criado, enquanto que as luzes, que pareciam ter vida própria, pois dançavam no ar, girando em torno de toda câmara, atingiram as paredes e o solo, destruindo tudo e tornando, realmente, iminente o desmoronamento.

Até que, repentinamente, uniram-se no centro do círculo, ficando em perfeita harmonia e tomaram a forma de Ashthanus — que permaneceu no círculo por poucos segundos e depois desapareceu — finalizando o ataque numa gigantesca explosão energética.

Sieghart, no entanto, completamente envolto pelo poder sombrio de sua Sagrada Espada permaneceu imune ao impacto resultante da explosão e, junto de Mari, fitou aos momentos finais do Guardião, enquanto a protegia.

Nesse momento tudo começou a desmoronar, e o casal deixou o local apressado. E, ao olharem por um segundo para trás, viram Gomalick ainda tentando erguer seu braço por entre as rochas, antes de seu corpo começar a virar uma poeira escura, que foi se espalhando assim que os dois se afastaram. Era como se a vida dele ou sua imortalidade estivesse relacionada à presença do Cristal naquela câmara, e com a retirada do mesmo dali tudo houvesse se findado.

Aliviados, eles observaram o Cristal que estava nas mãos de Mari.

— O primeiro Cristal, querida. — disse Sieghart sorrindo e tocando o mesmo.

— Sim. Mas ele representa apenas o começo, precisamos ir ao Território de Thanatos. Agora que o retiramos temos apenas duas horas.

— Sei disso Mari, e espero que os demais também estejam indo bem com suas missões. — ele agora tinha novamente uma expressão séria.

Os dois então, após Mari observar a bússola e de reverem minuciosamente ao pergaminho, seguiram por uma passagem bastante estreita que seguia por detrás de uma saliência numa rocha.

Enquanto isso, nos subterrâneos a nordeste de Xênia, ainda sob os domínios do território do Deus da Luz, Jin e Amy chegaram a uma escadaria que desembocou numa gigantesca porta, que, ao transpassarem, depararam com um grande reservatório de água escura e parada. Sem sequer imaginarem que este era um dos maiores reservatórios de água doce de toda Xênia. E que o único modo de seguir adiante seria indo a nado. Jin abriu o pergaminho e Amy, junto dele, observou o que continha ali escrito.

— Não tem jeito Amy, para chegarmos ao Cristal teremos de ir por aqui e chegar àquela fenda ali. Depois dela, indo pela esquerda, deveremos encontrar outra porta como esta que abrimos aqui, e depois dela estará a câmara onde está o Cristal.

— Entrar nessa água com cara de suja e.... horrivelmente fria... — disse ao colocar a ponta dos dedos nela. Tem certeza de que não tem outro jeito?

— Tenho. A menos que a gente saia voando por aqui ou você descubra algum portal, que nem no pergaminho foi mencionado, não há outro jeito. — Ele disse em tom pouco animador, e Amy bufou.

— Que droga isso!

— Ande, de nada adianta ficarmos reclamando.

— Fazer o quê? — disse, dando-se por vencida. E, junto do Guerreiro da Terra de Prata, adentrou na gélida e escura água.

— Tenha cuidado, não sabemos se é fundo demais e se não há criaturas nele. — disse Jin, cauteloso.

— Você acha mesmo que alguma criatura pode viver numa água parada e turva como essa?

— Nunca se sabe. Esse continente é um mistério. Quem dirá seus subterrâneos.

— Tem razão.... — concordou ela, apoiando-se em Jin, e procurando ficar perto dele.

Mal adentraram, e em poucos minutos a água já cobria-lhes quase a cabeça. O reservatório era de fato profundo e tiveram de começar a nadar. E quando, por fim, se aproximavam da margem oposta, e preparavam-se para deixar a fria água, foram surpreendidos pelo bote rápido de uma grande serpente aquática, a qual enroscou-se ao corpo da jovem de cabelos cor-de-rosa, e começou a emitir intensas descargas elétricas. Amy gritou sentindo a pressão do animal comprimindo seu corpo, junto do forte choque que este provocava na emissão dos choques.

Vendo-a gritar, Jin concentrou seu poder, tendo ambos Nunchakus esticados à sua frente.

— Ira do Tigre! — gritou e, com movimentos rápidos, girou os Nunchakus, dos quais feixes luminosos irradiaram-se parecendo cortar o próprio ar. E à medida que seu poder ia intensificando-se, a energia em torno de si começou a tomar forma e, elevou-se por detrás do Guerreiro da Terra de Prata, até adquirir o formato de um grandioso tigre branco; o qual saltou para cima da serpente que envolvia Amy rasgando-a com a força de suas garras e presas afiadas. Amy libertou-se, e abraçou-se ao rapaz, que a tomou em seus braços, levando-a para fora da água.

— Você está bem Amy? — disse, com evidente preocupação em sua voz.

— Estou Jin. Eu fui descuidada... aquele bicho me surpreendeu...

— Fomos dois descuidados então. Mas o importante é que estamos juntos e que está tudo bem agora. — falou, animando-a.

— É sim. — ela disse, lhe lançando um sorriso que o deixou feliz.

— Bem vamos. Estamos muito perto agora. — disse o jovem guerreiro com o rosto um tanto corado.

— Uhum.

Os dois, a partir daquele momento, seguiram mais cautelosos e adentraram na fenda olhando para todos os lados. Quando depararam com uma bifurcação em meio ao caminho pouco iluminado, seguiram pela esquerda tal qual o era indicado no pergaminho; e assim, em menos de dez minutos de caminhada, chegaram a uma grande porta feita de pedra, com estranhos símbolos esculpidos em relevo em vários pontos da mesma.

Transcrições que lembravam remotamente ao élfico e que eles não conseguiram decifrar. Mas o principal e mais importante já sabiam: o Cristal Sagrado de Ashiva encontrava-se por detrás daquela porta, bem como o Guardião que o vigiava. E, depois de se olharem e respirarem fundo, eles começaram a empurrar a mesma até que esta se abriu, dando vazão a uma sala ampla, esculpida por entre a rocha, e que mais parecia um templo.

Vários pilares se erguiam alto e findavam-se no topo da caverna, além de duas estátuas feitas de mármore que chamaram-lhes a atenção — uma que lembrava muito Venese e a outra, de uma criança próxima a ela, cujos traços lhe pareceram de algum modo extremamente familiares.

Havia também, ao fundo do misterioso santuário, uma grande pintura do Deus Samsara, bem ao alto, como a visualizar e vigiar àquele recinto sagrado. Não obstante, o rosto do Deus da Luz estava diferente naquela imagem. A armadura era a mesma, porém não usava o elmo. E ali não parecia ser o gigantesco Deus que conheciam. Sua forma lembrava a humana, assim como seu rosto: a pele alva, os cabelos alaranjados e longos, os olhos castanho claros e intensamente vívidos. E seu corpo mediano, com os braços esticados e punhos cerrados, não parecia aquele Deus em cuja grandiosidade fazia-o tão atemorizador.

Aos pés da pintura, na rocha, estava uma espécie de pequeno altar, e sobre ele o Cristal — cujo brilho esverdeado reluzia suave em meio à penumbra.

Amy, que fitava a pintura um tanto surpresa, fez menção de dizer algo sobre isso, porém silenciou-se ao deparar com a figura de uma jovem de pele muito alva, cabelos negros, lisos e compridos. Bela, porém estranhamente mórbida, trajando um vestido negro e longo, esfiapado em suas bordas. Seus olhos eram profundos e de um negror sombrio. E seus pés não tocavam o chão, ela se mantinha em suspenso flutuando a um metro, mais ou menos, do piso. Em torno dela, uma energia estranha e translúcida causava-lhes certo desconforto.

— Quem são vocês?

— Somos a Grand Chase, e viemos por causa do Cristal de Ashiva. Precisamos dele para libertarmos aos Deuses que caíram sob o domínio das trevas. — disse, Jin, de modo firme.

— Grand Chase... — repetiu a moça. — Sim, sei quem são.

—— Sabe? — disse Amy surpresa.

— Para Luna Victory nada é surpresa... Nenhuma criatura ou mistério me são indiferentes.

— Luna Victory... — falou Amy para si mesma. Onde foi que eu ouvi falar esse nome antes? ...

— Se sabe quem somos, sabe que viemos em paz — prosseguiu Jin. — E sendo assim espero que nos ajude e deixe-nos levar o Cristal para ajudar aos Deuses.

— Ele é de vocês. Não vou impedi-los. — disse ela, com voz pausada.

O casal se entreolhou rapidamente, e em seus rostos havia um misto de alívio e incredulidade. Afinal, estava sendo mais fácil do que supunham seria. E teriam o Cristal sem a necessidade de um embate.

— Obrigado. — disse Jin, e ele e Amy caminharam em direção de onde este estava. Amy pouco mais à frente.

Porém, quando aproximaram-se do local onde o Cristal se encontrava disposto, uma energia estranhamente densa tomou conta do local e a atmosfera ficou muito pesada. Jin, sentindo isso, voltou-se para trás rapidamente e viu Luna Victory totalmente transformada. Sua expressão pacífica dera lugar a um olhar diabólico, seus cabelos estavam esvoaçados, e em torno dela inúmeros espectros disformes voavam de um lado a outro. Ele voltou-se rapidamente e olhou na direção de Amy e quis segurá-la impedindo-a de prosseguir, mas já era tarde: uma imensa teia prateada a envolvia e a havia erguido, deixando-a suspensa.

— Jiiiiin!!!! — ela gritou.

— Amy calma! Eu vou tirar você daí!

— Isso se você tiver como... — ironizou Luna.  E erguendo sua mão, com um movimento circular, formou uma esfera azul sombria a qual lançou contra o Guerreiro da Terra de Prata.

Este, puxou rapidamente seu Rosário Sagrado e bloqueou a esfera pronunciando um mantra.  Rapidamente saltou e com sua energia tentou libertar Amy. Porém, nessa hora, os espectros que rodeavam a misteriosa Luna Victory partiram em velocidade para cima dele e o paralisaram, deixando-o retido numa turva energia, que começou a sugar-lhe as forças.

— Pensou mesmo que poderia fugir de mim? O fim de vocês dois está bem próximo. E seus corpos irão alimentar as criaturas que habitam famintas entre o mundo dos vivos e dos mortos.

— Mas isso não mesmo! — retrucou o rapaz, tentando desesperadamente lutar contra o poder que o consumia.

Mas era inglório seu esforço, e quanto mais se debatia mais fraco ia sentindo-se. O mesmo ocorrendo com Amy, pois a teia começava a absorver-lhe as energias. Mas a jovem não se deu por vencida, e puxou sua Lira e, mesmo com dificuldade, tocou um acorde. De modo que da Lira uma luz emanou e seguiu até onde estava Luna envolvendo-a e prendendo-a em pequenos fios de chama roseada. E enquanto a poderosa bruxa ardia sob o efeito da poderosa técnica de Amy, Jin caiu ao chão liberto do malévolo encanto dos espectros a serviço da mesma — os quais haviam desaparecido diante da forte luz que provinha do poder da jovem. Retirando de uma pequena bolsa uma espécie de punhal, a jovem de cabelos cor-de-rosa desvencilhou-se da teia e saltou para o chão. Posicionou a Lira e, fitou Luna Victory com determinação.

— Acorde Divino! — gritou, e começou a tocar sua Lira fazendo com que pétalas de rosas surgissem por toda câmara e caíssem como chuva por sobre Luna, as quais, ao tocá-la, explodiam, causando-lhe profundos ferimentos. Aturdida, a feiticeira tentou invocar um escudo sombrio, mas a luz que provinha de Amy, cujas translúcidas asas reluziam às suas costas, neutralizou seu poder momentaneamente, e a feiticeira foi coberta pelas pétalas que, assim, provocaram uma poderosa explosão que arremessou Luna Victory de encontro a parede fria da câmara.

Aproveitando-se disso, ela foi até Jin e ajudou-o a erguer-se.

— Você está bem Jin?

— Estou... Só um pouco tonto. Mas não se preocupe comigo Pegue o Cristal!

 Amy olhou-o, e, assentindo com um movimento leve de cabeça, correu até o altar e arrancou o Cristal de onde ele estava disposto, colocando-o em sua pequena bolsa.

Luna, que havia se recomposto do ataque que a surpreendera, estava agora totalmente envolta pelas sombras, e, flutuando, veio — cabelos esvoaçados e repletos de minúsculas serpentes nele enroscados — com todo seu ódio na direção dos jovens.

 Jin, apesar de sentir-se fraco pelo efeito do poder que o atacara, concentrou-se e começou a buscar forças através de seus conhecimentos. E assim, em torno dele, uma energia de cor dourada, combinada ao brilho prateado de pequenos dragões que se formavam na mesma, foi se aglutinando e condensando-se de forma rápida e surpreendente. Num poder que o envolveu e a seus Nunchakus de modo intenso.

Amy, por sua vez, com o braço direito recostou a Lira ao peito, e desta feixes de luz prateada começaram a se espalhar, indo por várias direções no enigmático templo. Para depois, rodearem a feiticeira, em forma de espirais luminosos que imobilizaram-na.

Jin, totalmente concentrado, olhou com sagacidade para a Guardiã, e não hesitou em aproveitar-se da situação para iniciar seu ataque.

Abriu seus Nunchakus, e girou-os velozmente criando círculos de energia em torno de seu corpo, os quais fundiram-se tão logo o guerreiro parou de movimentar suas armas.

— Fúria Suprema! — Exclamou, erguendo seu braço direito, e a silhueta de um enorme dragão oriental surgiu elevando-se atrás de si. E Jin fez um rápido movimento com o braço, de modo que o Dragão incandescente, formado por magnânima energia, voou alto e mergulhou num rasante sobre a feiticeira, enquanto com as mandíbulas abertas, caiu sobre ela engolindo-a. Uma enorme explosão então ocorreu, espalhando chamas e feixes luminosos por toda câmara.

As estátuas de Venese e da misteriosa criança, sob a força do ataque, tombaram, assim como dois pilares e parte do teto do local, de modo que a passagem por onde vieram ficou totalmente bloqueada. Vendo isso os dois entreolharam-se, e seus semblantes espelharam nervosismo.

Ao chão, Luna Victory, surpreendentemente, se erguia, e sabiam que ela tentaria reaver o Cristal a qualquer preço. As pedras e restos dos escombros começavam a erguer-se pelo poder maligno que dela emanava.

— Por ali! — disse Amy, com certo alívio e ansiedade, ao ver uma brecha por detrás do altar onde antes estava o Cristal. Parecia um tanto estreita, mas, a seu ver, era o único meio de deixarem a câmara.

Os casal então saiu às pressas e contornou o pequeno altar onde, por tantos séculos, o Sagrado Cristal de Ashiva esteve protegido e, com dificuldade, começaram a adentrar na estreita fenda.

Luna tentou segui-los, mas Jin com seu “Fúria da tempestade” fez com que a feiticeira recua-se sob o impacto da energia de seu golpe, ao mesmo tempo em que, com os Nunchakus provocou a queda de algumas rochas fechando parcialmente a estreita passagem.

A qual, depois de alguns minutos — que mais pareceram horas devido a ansiedade que os dominava—, transpuseram, e colocou-os à beira de um profundo abismo, com pedras flutuantes, que serviam como uma espécie de “ponte de ligação” para a outra extremidade. Porém, cada rocha estava posicionada com certo distanciamento, e, vendo isso, eles sabiam com o que haviam deparado. Teriam de saltá-las se quisessem atravessar e deixar àquele local tenebroso, mas um erro, por menor que fosse, poderia custar-lhes a vida dentro daquele abismo, a cuja profundidade nem sequer conseguiam vislumbrar.

— Maravilha, mais essa agora, um abismo! — disse Jin, olhando desanimado para o precipício e a estranha “ponte”.

— Isso não é novidade pra nós, Jin. Ande, vamos logo antes que aquela bruxa alcance a gente! – retrucou Amy, com certo nervosismo.

— Vamos! — concordou ele, sem mais lamúrias.

Os dois caminharam até a beirada do precipício, e, com cuidado, saltaram rumo à primeira rocha flutuante. Amy, com grande agilidade, em poucos minutos alcançou a metade da estranha ponte flutuante, e Jin a seguiu com bastante desenvoltura. No entanto, uma das rochas ao centro estava fragmentando-se e Amy, ao pisar nela, por pouco não foi junto com a mesma para dentro do abismo. O que a salvou foi que tornou a se impulsionar para cima com rapidez, e, dessa forma, conseguiu cair por sobre a pedra seguinte. Jin, porém ficou em situação adversa, e sem a rocha intermediária seu salto seria muito mais arriscado.  Se falhasse seria seu fim e ele tinha ciência disso.

Fechou os olhos e procurou concentrar-se, e libertando-se de qualquer dúvida ou hesitação, correu e impulsionou seu corpo no ar lançando-se na direção da base seguinte. Um forte impacto em suas costas, contudo, o desestabilizou, e não fosse por Amy segurar sua mão, teria mergulhado um voo cego ao fundo do precipício. Ela, com esforço, puxou-o para cima da rocha, e os dois olharam para trás rapidamente, ouvindo as gargalhadas sarcásticas que ecoavam pelas paredes rochosas.

— Vocês jamais sairão vivos daqui!! Devolvam o Cristal!! — vociferou Luna Victory, agora totalmente envolta pelas trevas. E que, à beira do penhasco, tinha ambas mãos dispostas para a frente.

— Vamos Jin. Temos de chegar até o outro lado!!!

Ele então ergueu-se, e, com Amy, fez menção de saltar rumo ao próximo rochedo flutuante, no entanto, uma energia os envolveu e parecia querer paralisá-los. Com muito esforço, ele reuniu suas forças e concentrou-se, desferindo seu “Onda Energética” — uma espécie de esfera a base de poderosa energia — na direção de Luna, e, assim, fez com que a mesma recua-se um pouco, e dessa forma diminuísse a força do ataque sombrio que os envolvia.

Com rapidez e superação, o casal alçou o ar e saltou rumo ao próximo apoio, o qual impulsionou-os ainda mais alto, fazendo com que caíssem numa superfície mais larga.

Luna ao ver isso desesperou-se e, com pavor, começou a desferir poderosos raios formados com energia sombria, os quais começaram a fazer ruir as paredes rochosas do local.

De onde estavam e, à medida em que se aproximavam da extremidade oposta, eles viram que Luna Victory parecia estar a fragmentar-se, pouco a pouco, numa espécie de poeira cinzenta. Na mesma intensidade e rapidez que diminuía a sensação de mal-estar que os havia acometido.

Saltaram então, de mãos dadas, rumo à última base rochosa à beira do penhasco, e, com alegria, viram que a poucos metros dela existia um portal mágico. Não faziam sequer ideia de onde o mesmo os conduziria, mas era a saída que se apresentava, e não se fizeram de rogados. Com rapidez, correram até ele e nele adentraram; enquanto a poderosa Guardiã se transformava num monturo de areia escura que se dissolveu caindo abismo a dentro.

— Mas aqui é.... — disse Jin, olhando as inúmeras entradas, sob a forma de túneis, onde foram parar após poucos segundos, depois de haverem adentrado no Portal Mágico à beira do penhasco onde haviam estado.

— Sim, é a Câmara Inicial a que chegamos logo que descemos para os Subterrâneos de Xênia. Veja, a escadaria está ali Jin.

— Então, o portal nos conduziu de volta até aqui. Menos mal, melhor do que se tivesse nos deixado em um lugar totalmente desconhecido e novo. Daqui ficará muito mais fácil rumar para a direção certa.

— É mesmo. — ela concordou. — Mas e aquela bruxa será mesmo que morreu?

— Acredito que sim, você mesma viu, ela estava se tornando pó.

— Agora lembrei de onde ouvi falar sobre ela. Foi quando eu era menina ainda. Acho que foi sem querer que ouvi um oráculo falando sobre a primeira feiticeira a desenvolver o uso da magia negra em Vérmécia, e a praticar muita maldade....

— Quer dizer então?

— Sim, foi Luna Victory. Não entendo como alguém que foi tão má pode ter se tornado uma Guardiã Sagrada... — disse pensativa.

— Bem, também não faço ideia, mas não temos tempo pra pensarmos nisso agora. Deixe-me ver o pergaminho, preciso descobrir como fazemos para seguir rumo ao Altar da Destruição. Temos menos de duas horas, não se esqueça. — havia preocupação na voz do rapaz.

— Eu sei.

Não tão longe dali, porém ao Norte de Xênia, Elesis Sieghart e Lass seguiam por entre fissuras vulcânicas, nas quais haviam desembocado após deixarem o túnel por onde haviam partido. E agora se aproximavam de uma caverna esculpida por milênios pelos jatos de gás vulcânico e pelo magma fervente, o qual em muitos pontos se fazia visível e corria fluente exalando grande calor. Eles suavam muito e respiravam arfantes — afinal, o ar estava rarefeito, e era forte a emissão de gases tóxicos ali. Elesis apoiou-se na rocha quente, respirando com dificuldade.

— Elesis você está bem? — ele inquiriu preocupado, mas também sentindo-se sufocando.

— Não... Estou sem ar. Abre aqui minha mochila, Lass, pega pra gente as máscaras neutralizadoras de gases. Não poderemos seguir sem elas.

— Claro. Que bom que você as trouxe, na pressa, me esqueci totalmente disso. — disse ele, enquanto abria a mochila da moça e apanhava as máscaras. Ele então colocou uma em Elesis, primeiramente, e só depois pôs a sua.

A jovem guerreira recostou-se um pouco, tentando retomar o fôlego. Ele postou-se ao seu lado, e a fitou.

— Está melhor?

— Está passando. Vamos, todos contam conosco. Não podemos falhar aqui! — ela se afastou da parede rochosa, e, segurando firme seus Sabres, adiantou o passo.

O suor descia-lhe pelo rosto, e Lass a acompanhou admirando-a por sua fibra. Ele tinha suas adagas em mãos e, nos bolsos, as “Shuriken” estavam preparadas. Enquanto na bainha suas Daisho mantinham-se à espera do combate.

Os dois apressaram o passo e adentraram na caverna vulcânica, com olhos atentos. E surpreenderam-se com a grandiosidade da mesma, assim como com sua opulência — repleta de objetos de bronze e ouro: cálices e estátuas de grandes grifos e esfinges. O calor ali era ainda mais escaldante, e fios de magma envolviam as paredes como afluentes incandescentes cor de sangue. Ao centro do grande saguão formado pela rocha milenar um altar onde o Sagrado Cristal de Ashiva reluzia, em tom rubro, parecendo refletir em si a força do magma do qual tudo ali provinha.

E perto dele, ao lado direito do altar, uma criatura monstruosa e gigantesca formada por rochas incandescentes de magma, com longos chifres escuros e com abdômen curvado para trás — tal qual o corpo de um aracnídeo —, do qual seis patas o davam sustentação, estava parada. Seu semblante, dorso acima, porém, apesar da estrutura rochosa e vulcânica, lembrava a forma humana, e uma estranha e opulenta coroa, ornada com valiosas pedras preciosas, estava disposta por entre seus imensos chifres.

Em suas mãos, um Pique feito de bronze trabalhado, e com talhos sob a forma de serpentes, o qual parecia envolto pelo magma fervente. Os olhos eram penetrantes e soturnos, e sua voz alta e gutural ecoou pelo local quando a eles dirigiu-se.

— Quem são vocês que atreveram-se a adentrar nos domínios de Rei Seralong?!

— Rei Seralong?! O Rei Maldito que no passado, por seu desejo insano de imortalidade, reuniu suas tropas em Aton e invadiu os continentes de Vermécia e Prata, numa guerra que durou cinquenta anos, e que acabou com a metade da população existente? — disse Elesis com voz dura.

— Criatura petulante! Quem pensa que é para me dirigir a palavra desse modo?!

— Elesis, então esse cara? ... — indagou Lass, enquanto olhava com repulsa para o Guardião.

— Meu pai costumava me falar sobre essa história quando eu era apenas uma menina, Lass... E agora, por ironia ou capricho do destino, estamos diante de Seralong, um dos piores reis que nosso mundo já teve. O mais perverso e desonroso dentre todos! — havia um brilho ávido nos olhos da guerreira de cabelos ruivos.

— Se é você que está detendo o Cristal de Ashiva trate de nos dar passagem, pois ele é nosso!!! — bradou de modo áspero e com determinação, voltando a olhar diretamente para o Guardião.

Enfurecido, Seralong os fitou com um olhar repleto de crueldade. E posicionou ambas partes do Pique sob a intenção de iminente combate. Elesis, no entanto, não demonstrou menor sinal de intimidar-se com isso, e apontou, provocativa, os Sabres na direção do Guardião.

Lass segurou suas adagas, e fitou-o com seriedade.  Foi quando Seralong aproximou-se deles, e utilizando seu Pique lançou por sobre os mesmos uma enorme rajada de energia, sob a forma de magma fervente, de modo que precisaram ser muito ágeis para esquivarem-se e não caírem vítimas da violência e impacto daquele golpe. Mas ao mesmo tempo em que o evitaram, eles aproveitaram o movimento evasivo para também partirem para o ataque.

Lass saltou alto atirando suas Kunais por sobre a criatura — combinadas a suas Shurikens envoltas em chamas —, enquanto Elesis, por sua vez, concentrou seu poder e atacou o antigo Rei tirano com seu “Caos Final” — inicialmente girando em torno de si mesma, para depois lançar por sobre este uma forte rajada de energia incandescente, que caiu por sobre o mesmo, violentamente, em diagonal.

Aturdido com a velocidade com que os dois revidaram ao ataque, Seralong não conseguiu sequer se movimentar e foi atingido em cheio pelos golpes.

Lass sacou suas Daisho, e correu em direção ao Guardião, tendo em torno de si uma pequena aura escura.

Refeito da investida dos Guerreiros da Grand Chase, Seralong, empunhou hostilmente seu Pique, unindo-o. Mas ao tentar atacar Lass, este desapareceu diante de seus grotescos olhos, em uma espécie de poeira negra; reaparecendo atrás do Guardião, e segurando-o com força.

— Mas o quê? — rosnou, surpreso, Seralong; e Lass, apenas sorriu de modo irônico, enquanto, junto do Guardião mergulhou no solo vulcânico do local, desaparecendo.

Estava usando seu poderoso Golpe: “Sequência das Sombras”, e Elesis, vendo a cena, fitou o solo atentamente, observando as inúmeras rachaduras que se apresentavam no mesmo, e que evidenciavam que um forte embate estava ocorrendo, no chão sob seus pés.

Guardou rapidamente seus Sabres e, com rapidez, puxou sua Alabarda Naginata Saikoukyu que estava guardada na bainha e presa em suas costas, ficando atenta aos movimentos no solo.

Um forte estrondo ocorreu, e uma imensa cratera abriu-se, enquanto, em alta velocidade, viu o Guardião sendo arremessado de encontro ao teto repleto de rochas pontiagudas e escuras da caverna. Para depois cair ao chão, com o monstruoso corpo, repleto de cortes profundos, e envolto por vários filetes de chamas negras.

Foi quando Lass surgiu no ar, caindo com velocidade por sobre o inimigo, atacando-o com uma espécie de espada de energia escura, com a qual desferiu poderosos cortes, finalizando seu ataque.

Bastante ferido, o Guardião fazia esforço para novamente tentar erguer-se.

Apercebendo-se disso, Elesis, com fibra, e num movimento rápido, girou sua Alabarda no ar, e depois raspou a lâmina de sua arma no solo rochoso, erguendo faíscas e formando um círculo em torno de si, do qual uma intensa energia no formato de labaredas rubras se elevou ao alto.

— Seu fim chegou!! Golpe Corte das Chamas!!! — gritou a Guerreira de Canaban, com olhos ávidos.

E, apontando sua Alabarda na direção de Seralong, num movimento preciso, fez com que a lâmina acertasse em cheio e, verticalmente, o tórax do Guardião, desferindo sobre ele, junto do corte, toda força da energia que concentrara em chamas, as quais em extrema velocidade absorveram sua energia vital; do mesmo modo que o sangue em seu ferimento vertia abundante acumulando-se no solo. O antigo rei tombou ao chão, agonizante, subjugado ante o grandioso poder da Guerreira.

Enquanto Lass, usando de sua invisibilidade, deslocou-se e retirou o Cristal de seu altar, reaparecendo próximo à entrada da caverna. Elesis, no entanto, ainda fitava ao guardião caído que começava a fragmentar-se.

— Isso foi pelos povos que você massacrou. — disse, olhando-o com desdém.

— Elesis, vamos! — apressou-a, Lass.  Sem nada dizer, a moça então deu as costas ao guardião, e junto do rapaz deixou o local apressadamente.

Continua....




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Notas finais do capítulo

Quem curtiu as skills e ficou com vontade de ver seu nome aqui, ainda tem tempo – tirando Lass e Sieg, para os demais chars podem fazer sugestões.
Obrigada por acompanharem a fic!



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