Brian já tinha ido buscar as roupas dele. Papai tinha concordado, contanto que ele dormisse na cama debaixo.

  Chad foi quem não gostou muito, mas eu quero mais é que ele se foda.

  Avril e June também vão dormir aqui em casa, no meu quarto. Quanto mais pessoa melhor, vou me recusar a chorar na frente deles.

  Agora, Avril fazia a cama de June, que estava sentada do meu lado.

-Vamos jogar...

-Não venha com os seus jogos, June.

  Avril a repreendeu, sentando-se em sua cama. Clark invadiu o quarto, fazendo Avril dar um pulo e subir na minha cama.

-AI, ISSO É UM DINOSSAURO OU UM CACHORRO?

  Perguntou, alarmada. Syn apareceu na porta, rindo, colocando Clark pra fora. Sorri pequeno pra ele, tentando não ser antipática. Afinal, ele estava fazendo muito por mim.

-Vocês vão ficar aí também, é?

  Ele perguntou, colocando as mãos na cintura, encarando June e Avril.

-Olha aqui, Sr. Esnobe, é melhor ficar quietinho por que eu e a June vamos acobertá-los.

  Ergui uma sobrancelha. June sorriu, se pronunciando:

-Contanto que não fiquem se agarrando, você pode dormir na cama da Lisa. Qualquer coisa nós acordamos e te empurramos da cama, e Avril se deita com a Lisa.

  Ri, meio grogue.

-De quem foi a idéia?

-Minha, obvio. Idéias para qualquer momento da vida.

  Avril falou, apontando para sua cabeça.

-Isso vai me custar caro.

  Syn falou, encarando Avril, que deu a língua pra ele.

-Suponho que a Bela Adormecida não esteja com sono. O que vamos fazer?

-Nada disso, eu não estou, mas você está. Eu sei que ficou acordado.

  Respondi a Brian, encarando-o.

-Eu estou bem. De novo: o que vamos fazer?

-Eu conheço um jogo...

-Cala a boca, June. Em fim, está dando The Vampire Diaries, e como eu sei que a maioria vence...

  Avril falou, ligando a TV e colocando na Warner.

-Ah, seriado de adolescente idiota não! Quem é esse maluco, jesus?

  Brian arregalou os olhos para o Damon que acabara de morder o pescoço da guria do carro.

-Vai nessa, Lisa mata quem fala mal do Damon.

  June se deitou na cama, encarando vidrada o seriado.

  Logo as duas estavam tão ligadas no seriado que nem se quer piscavam. Se duvidar estavam ate babando.

  Eu estava deitada encostada no peito de Syn, olhando para a TV.

-Fala sério, sou bem mais bonito que esse cara.

  Ri.

-É, mais bonito que o Stefan todo mundo é.

-Me desculpa por não ter cuidado de você.

  Ele falou, se abaixando, ficando a minha altura, fitando os meus olhos.

-Não foi sua culpa.

-Eu deveria ter ficado ali com você, mas quando o babacão chegou, eu fiquei louco de ciúmes e fui embora.

-Sente ciúmes de mim?

  Perguntei, sorrindo torto.

-Lisa, eu sinto ciúme até do meu sabonete. Que dirá de você.

  Ri, encarando seus olhos pretos, no silencio.

-Eu poderia muito bem beijá-la agora. Mas eu sei que você vai ficar mal.

-Eu vou.

-E seria muito novela das 6.

  Ri, voltando a encarar a tevê.

 POV. Avril.

-Lisa, já acordou?

  Acordei com alguém batendo na porta.

  IHH, FUDEU!
  me levantei correndo, parando em frente a cama da Lisa e balancei Brian, que não acordava por nada. Dei um tapa na sua cabeça.

-MEU DEUS, GAROTA!
  ele reclamou.

-SHHHH! O pai da Lisa esta na porta, seu lesado!

  Ele arregalou os olhos, girando e caindo no colchão. Me joguei na cama com a Lisa, e fingi estar dormindo. Tio Henrique entrou uns cinco minutos depois, o suficiente para eu normalizar a minha respiração.

  Ele entrou e pareceu ficar encarando tudo; desde o Syn jogado até a Lisa encolhida no canto. Depois, fechou a porta.

  Brian levantou a cabeça, me encarando.

-Um dia eu te mato.

 Falou, jogando um travesseiro em mim.

-Me matar por eu ter salvado a sua vida?

-Ahá.

-Isso vai lhe custar muito, Brian.

  Lisa resolveu acordar ás uma e meia da tarde. Isso não é incomum, se quer saber. É ate cedo.

  Brian tinha ido pra casa por que tinham ligado pra ele.

  June tinha ido alugar o banheiro da Lisa.

  Eu estava pensando em mais alguma idéia brilhante para fazê-la se sentir bem o dia todo, mesmo eu não estando lá essas coisas.

  Lisa voltou para o quarto, coçando a cabeça, com um bigode de vitamina de banana.

-Brian iria adorar lamber isso.

-Que horror, Avril.

  Ela falou, franzindo a testa, se deitando novamente.

-Bom, como você precisa ficar de repouso, atrapalha os meus planos, mas nada que eu não possa resolver.

-Não, nem vem, nada de diversão. Vou estudar um pouco e depois dormir.

  Ela olhou para cada canto empoeirado de seu quarto, por que ela não toma vergonha na cara para passar um vassoura nessa porra, e falou:

-Onde está o Brian?

-Precisou ir pra casa dele. Por que ele tem casa. Ao contrario de mim, uma filha bastarda da sociedade impune.

-Vai a merda, Avril.

  Falou, me tacando um travesseiro. A segunda hoje, na próxima eu dou uma voadora.

-Ok, então; vou dialogar com a minha sombra, só ela me escuta e me dá carinho. Mentira, só vou escovar os dentes mesmo.

  Ela saiu do quarto, e foi apenas os minutinhos que se passaram foram necessários para me fazer chorar novamente.

  Papai entrou no meu quarto assim que eu comecei a soluçar.

-Oh, meu anjo, não chore...

  Falou, subindo na cama, me abraçando.

-Vai ficar tudo bem, não precisa chorar, ok?

-Ah, pai, aquela vagabunda, vagabunda, vagabunda!

-Tão falando o que de mim, aí?

  Avril falou, entrando no quarto, sua expressão gélida quando me viu.

  Eu não suportava aquilo. Pessoas me olhando, sentindo pena de mim... Era como se estivessem lamentando a sua morte. Era lamentável o que aconteceu comigo, mas eu nunca gostei de ser tratada assim. E eu sei que eu fazia por merecer.

  Isso iria terminar. Agora.