A Lenda de Jamie Carter escrita por Live Gabriela


Capítulo 59
Jamie versus Hammel


Notas iniciais do capítulo

Capítulo escrito por: Live Gabriela Woiciekoski ^^ e narrado por Jamie Carter



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Uma pessoa não sabe realmente suas capacidades até estar em uma situação de perigo e usá-las. E foi o que houve comigo quando a espada de Hammel estava a ponto de acabar com a minha vida.

Em um instante ele estava postado de pé ao meu lado erguendo a espada com as duas mãos para dar um golpe fatal, em outro eu estava em sua frente com minha adaga cravada em seu peito.

Seus olhos castanhos e vermelhos fitavam-me surpresos enquanto eu pressionava a adaga contra ele. Vi seu braço se mexendo junto com sua enorme espada e vindo à minha direção. Puxei minha adaga de volta e me joguei rapidamente para trás, mas não consegui escapar do golpe.

Ele segurou novamente sua arma com as duas mãos e veio na minha direção, desviei. Meu coração continuava batendo, tão rápido como nunca. Hammel se preparara para me atacar novamente. Eu havia treinado com ele, havia o visto lutar, eu sabia seus movimentos e sabia que quando estava com raiva ele ia pra cima do inimigo sem medo e sem hesitar. Ele era focado, forte e assustador, mas se descuidou por um instante e isso era tudo o que eu precisava.

Apenas um golpe no mesmo lugar, dessa vez com mais força e um soco no queixo. Eu não sentia mais dor alguma e Hammel estava caído em meio à neve enquanto sua armadura se sujava cada vez mais de sangue. Eu nunca poderia imaginar que o derrubaria algum dia, mas não fiquei ali refletindo, sai correndo assim que pude.

Cheguei ao acampamento e fui direto para minha tenda. Limpei minha adaga e a guardei. Parei por um minuto e as dores começaram a voltar. Meu coração começou a voltar ao normal e minha respiração também. Comecei a limpar meus machucados e percebi que o corte que havia levado de Hammel parecia mais grave do que eu achei que fosse. Vinha desde as costas passando por baixo do peito e indo em direção ao umbigo, mas sem alcançá-lo. Lembrei-me da pasta que Sebastian havia me dado e comecei a passá-la no lugar do machucado que além de roxo dos chutes e socos que havia tomado estava sangrando sem parar por causa do corte de espada.

Deitei-me e fechei os olhos para descansar. Não consegui dormir, primeiramente porque ficava me lembrando da cena que acabara de ocorrer. “Será que ele estava vivo? Será que estava a minha procura?”. Além dessas questões que me preocupavam muito, ainda algo muito ruim estava para acontecer. Cornetas tocaram e significavam guerra. Levantei-me com alguma dificuldade e vi homens correndo para o norte do acampamento. Encontrei um conhecido ali no meio.

– Robert! O que está havendo?

– Rápido, se prepare! William Randall esta aqui

– O que?

– Ele mandou um de seus homens para falar ao General que tínhamos dez minutos para deixarmos o acampamento e voltarmos pra Inglaterra.

– Como assim? Nós estamos voltando?

– Não mesmo. Agora se prepare, nós vamos à luta.

Disse o soldado que saiu correndo. Entrei em minha tenda e coloquei minha armadura. Parei um instante para olhar em volta, Hammel sabia onde era minha barraca... Peguei meus equipamentos rapidamente e comecei a ir em direção à frente do acampamento. O General Brown estava em seu cavalo e gritava ordens aos Capitães, que por sua vez se espalhavam e davam ordens aos seus subordinados.

Instantes depois todos ainda estavam tentando se preparar para a chegada dos escoceses. O acampamento havia sido tomado pelo caos. Soldados corriam por todos os lados com suas armas em mãos. Enquanto caminhava sem saber direito o que estava acontecendo senti meu corte me atrapalhando, doía muito e minhas ataduras de disfarce o apertavam ainda mais. Estava escuro e frio. Steve juntamente de outros homens de sua graduação tentava organizar todos os outros. General Brown estava à frente de todos em seu cavalo esperando os inimigos aparecerem. Ele estava com seu escudo e sabia que iriam sair da floresta.

Lanceiros estavam apontados para a floresta, alguns arqueiros estavam ali no meio assim como membros da cavalaria e outros combatentes. Não tínhamos tempo o suficiente para uma formação ideal. Tentei seguir com as ordens dos capitães e me juntei a alguns arqueiros. Procuramos um lugar mais afastado e alto para atirar. Enquanto procurava uma boa posição fiquei observando a movimentação. A batalha ia começar e eu ainda não havia visto Hammel. Eu estava assustada, sabia que aquela confusão toda seria uma ótima oportunidade para ele me matar e incriminar o inimigo. Comecei a me afastar ainda mais de onde eu sabia que havíamos brigado. Um arqueiro acabou esbarrando em mim, apontei a flecha para a cabeça dele, mas logo vi que não representava perigo e me posicionei em cima de uma pedra.

Não esperamos muito até finalmente ver os escoceses. De onde eu estava consegui enxergar um pequeno grupo de pessoas dentro da floresta. Eles pareciam em desvantagem quanto aos números.

Todos estavam confusos, assustados, mas determinados. O clima estava tenso. Eu estava atenta para qualquer movimento suspeito, mas não estava preparada ainda. Ao pegar no arco notei que o corte estava atrapalhando e foi exatamente nesse instante que as primeiras flechas voaram na direção do General Brown.

Gritos e urros ecoaram no local e ordens foram dadas e foi quando eu ouvi um soldado gritar “atacar” que eu notei a dimensão da situação. Eu estava ali na guerra. Eu realmente estava ali. Um frio estranho tomou conta dentro de mim, olhei em volta e percebi que não havia como parar agora.

Há alguns meses eu não queria estar metida nisso. O que havia mudado? Porque eu estava lá? Seria meu patriotismo? Algum senso de dever? Ou seria apenas aquela farpa de esperança de encontrar Ryan Campbell ali no meio? Eu realmente não sabia a resposta. Não sabia. De início não achei que chegaria tão longe, tinha a ingênua impressão de que encontraria Ryan por ali. De que ele poderia me tirar daquela situação e que poderíamos ir para outro lugar, treinar, como antes fazíamos. A verdade é que e gostava de Campbell, mas não como eu achava que gostava. Eu o amava... Como a única família que me restava. Ele cuidou de mim, descobriu quem eu realmente era e não me condenou por isso. Eu havia me apegado e agora estava ali por nada.

Meu mestre não estava lá, eu não tinha ninguém. Eu não era ninguém. Apenas mais um arqueiro no meio de milhares de homens que estavam ali não por um motivo mesquinho como o meu, mas sim para defender sua pátria.

Nunca fui do tipo que pede atenção ou que se importa muito com guerras e o estado do meu país, mas ali, naquele momento, quando eu ouvi meu comandante dizer “Preparar e apontar” eu decidi que não iria mais correr atrás de um fantasma. Eu decidi que estava ali no meio não mais para encontrar alguém para me apoiar, para chamar de família. Eu decidi que estava ali porque eu era boa o suficiente. Mesmo sozinha, mesmo sem ninguém. Eu decidi que iria virar lenda.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem e comentem ^^



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