A Lenda de Jamie Carter escrita por Live Gabriela


Capítulo 27
O Queridinho


Notas iniciais do capítulo

Capítulo escrito por: Live Gabriela Woiciekoski ^^ e narrado por Jamie Carter



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Uma semana se passou desde nossa primeira missão e aqui no acampamento está cada vez mais difícil para mim. E não me refiro ao treinamento militar, pois já não participo dele desde que Ryan me arranjou uma dispensa do mesmo. Agora ele é meu mestre. Os treinamentos são duros, mas isso não é o pior de ter aulas separadas do resto do grupo. O pior é o que sofro dos caras do acampamento por ser "o queridinho". Voltarei cinco dias atrás e mostrarei como isso começou...

Havia acordado cedo, Ryan tinha me dito para entregar a dispensa ao treinador do acampamento, o senhor James Webb.

- Carter. Está atrasado. Pro chão agora. - olhei em volta, todos estavam fazendo flexões.

- Desculpe senhor, mas fui dispensado de seus treinos. - disse baixo, para que só Webb ouvisse, mas ele fez questão de que todos ficassem cientes da novidade.

- Dispensado de meus treinamentos? - gritou ele. Todos pararam e olharam para mim. - Mas de que diabos está falando?

- Sinto muito senhor. Só vim lhe entregar a dispensa, meu novo mestre Ryan Campbell me espera para começarmos o treinamento.

- Dê-me isso aqui. - disse ele arrancando o papel de minha mão. - O general assinou isso...

- Sim senhor.

- Não foi uma pergunta, idiota. Quer saber Carter, vou eu mesmo falar com ele. E agora, que você me deixou irritado, todos vão ter que correr até o mercado principal de Westminster e me trazer uma fruta antes de eu voltar. Quem não estiver aqui vai dormir com os lobos na floresta! - Webb se virou e foi em direção à cabine de Brown. 

Os novatos ficaram olhando-o partir e depois se viraram para mim, me encarando com muita raiva. Smith e Jhonson que estavam no meio também me encararam, mas ao contrário de alguns de seus colegas, não vieram me castigar por aquilo, apenas saíram correndo para cumprir a tarefa designada.

Enquanto a maior parte dos novatos cansava os pés, cinco homens raivosos me pegavam e me amarravam de cabeça para baixo em uma árvore perto do rio. Mas não onde eu treinava com Campbell, e sim num lugar mais isolado. Bem mais isolado.

- É isso o que ganha por ser um marica! - gritou Thomas Green dando um soco em meu estômago.

Ele era mais popular dos novatos, um espadachim excelente. Porém seu comportamento agressivo e desrespeitoso fez com que ele não subisse do cargo de aprendiz para cavaleiro.

- Odeio queridinhos. - murmurou outro homem depois de cuspir na minha cara.

O grupo dos cinco foi embora correndo, para fazer o que Webb tinha mandado. Enquanto isso, fiquei presa na árvore por um bom tempo. Como haviam prendido meus braços bem firmes ao corpo não tive espaço para movimentá-los e pegar meu punhal para cortar as grossas cordas que me prendiam à árvore.

Sendo assim, só fui solta quando Mark, por glória de Deus, passou por ali. Ele perguntou o que tinha acontecido e eu expliquei. Após sua pausa para reflexão sobre aquilo, ele me acompanhou até onde Campbell me esperava. Chegando lá me alertou para ter cuidado, pois as provocações poderiam ficar piores.

Infelizmente, ele estava certo. Os dias seguintes foram de puro treino e provocação. Campbell com seus métodos de "defenda-se de meus ataques surpresas" me cansavam, mas não eram irritantes como as “brincadeirinhas” de Green e seus amigos.

Eu não podia passar por eles durante o treinamento de arco e flecha, do contrário seria o alvo. Quando eu estava à espera de Ryan e eles estavam em corrida com peso nas costas, Green fazia-me carregar os sacos de pedras para ele. Eu até recusaria, se ele não fosse louco e tivesse quatro capachos armados.

Eu chegava aos treinamentos de Ryan já esgotada. E ele notava isso, mas não fazia nada. Provavelmente achava que assim eu aprenderia a me defender, ou algo do tipo.

Hoje, uma semana depois de nossa primeira missão, eu acordara cedo. Fui ao encontro de Campbell. Este, desta vez não me cumprimentou com um ataque repentino, desta vez ele deixou um bilhete para mim. E sabendo que eu não sabia ler fez uns desenhos. Ao que entendi, era para eu encontrá-lo aos pés da pequena montanha que havia ali perto.

Fui já com meu quite de treinamento: minha aljava, meu arco, algumas bandagens, o punhal e uma espada que Campbell havia me dado, pois disse que apesar de eu ser uma arqueira, é bom saber um pouco de tudo.

Cheguei aos pés da montanha, e depois de andar muito encontro Ryan. Ele me vê e já me ataca com seu bastão. Defendo-me apenas me esquivando. Quando acho uma brecha pego a espada, mas ainda sou muito sem jeito com ela. É muito grande e pesada. 

Campbell, após me derrubar e facilmente vencer diz:

- Você é realmente uma negação com a espada.

- Ora, o que você quer? Sou boa no arco e além disso a espada é muito pesada.

- Numa luta de perto, dificilmente se ganha se um espadachim com um arco e uma flecha.

Abaixei a cabeça e concordei com ele.

- Entendo que essa espada não seja adequada para você. Por isso pedi a um colega que estava perto de sua cidade para passar em sua antiga casa e ver o que arranjava lá. - ele desamarrou de seu cavalo um arco com uma aljava cheia de flechas e me entregou - Parece que seu pai fez isso para você.

Peguei o arco. Era pouco menor e mais pesado do que o que eu tinha. Seu cabo de madeira e centro de aço era todo trabalhado com detalhes assim como as pontas das flechas de ferro que acompanhavam a aljava de couro negro.

- Está escrito Jamie. - disse Ryan ao perceber que eu tentava ler as escrituras do arco e do cabo das flechas sem sucesso.

Fiz que sim com a cabeça sem olhar para ele. Ainda encarava as belas armas.

- Sabe Jamie... Numa luta de perto, dificilmente se ganha se um espadachim com um arco e uma flecha. Mas tenho certeza de que você consegue fazer isso. E quando conseguir seu pai ficará orgulhoso de você.

- Ele não era meu pai. – não consegui segurar as lágrimas.

Campbell me olhou surpreso, mas não disse nada.

- Ele era bem melhor do que um pai. - soltei um suspiro meio risonho.

Meu pai verdadeiro eu nunca conheci. Minha mãe dizia que ele era um covarde, pois teve dois filhos e agüentou, mas quando teve uma menina não quis assumir. Por isso foi embora com meus irmãos. Diz ela que ele foi embora do país e nunca mais deu notícias... Um traidor com certeza.

- Sinto muito pelo que aconteceu. Mas com certeza você era muito querido por ele. - disse Campbell passando a mão pelo meu ombro.

- Tudo bem, ele deve estar num lugar melhor agora. Junto com minha mãe. - soltei um meio sorriso. Ficamos em silêncio por um minuto.

- Então... Vamos?

- Para onde?

- Você verá. - disse meu mestre subindo a montanha fazendo sinal para eu segui-lo.

O que está aprontando Campbell?


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