A Lenda de Jamie Carter escrita por Live Gabriela


Capítulo 15
A Rosa


Notas iniciais do capítulo

Capítulo escrito por: Live Gabriela Woiciekoski ^^ (Eu te amo Mateus!) e narrado por Jamie Carter



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Provavelmente todos já tiveram vontade de ter algo que perdeu de volta. Eu, por exemplo, queria ter meus pais. Esse desejo já era antigo, mas se aflorou ali, naquela mesma tarde. Quando terminei de me enrolar nas ataduras, já ia descendo da carroça quando, por mim, passa uma camponesa com uma garotinha. Percebia-se que não tinham dinheiro sobrando, a camponesa usava um vestido bem cuidado, mas velho e com retalhos, a garotinha vestia uma espécie de blusa, que mais parecia um vestido, parecia ser de alguém mais velho.

A garotinha viu os cavalos brancos de Steve, Hammel e Campbell (o de Mark havia sido deixado para trás quando fugimos dos inimigos na luta). Ela se soltou da mão da mãe e se aproximou do cavalo, fiquei observando de dentro da carroça, sem elas me verem. A pequena menina tinha grandes olhos verdes, pele carinha, cabelos curtos e enrolados. Ela acariciou o cavalo de Steve. A mãe se aproximou e agachou perto da filha, as duas sorriam e cochichavam algo que não consegui ouvir.

Saí da carroça e a mãe logo notou minha presença, se levantou e puxou a filha consigo. A mulher saiu depressa e cabisbaixa, a menina ainda olhou para trás, diretamente em meus olhos, com aquelas coisas enormes e brilhantes que podem invadir sua mente e depositar toda inocência e culpa de uma vez só em sua alma.

Quando finalmente a menina já estava longe demais para ficar me fitando, comecei a ir em direção à estalagem. Logicamente depois de prender os cavalos e  disfarçar tudo o que tinha na carroça, para o caso de ladrões.

No caminho comecei a forçar minha memória para tentar lembrar de minha mãe, não consegui muita coisa, afinal só tinha sete anos quando ela faleceu. A única coisa da qual me recordo bem é seu cheiro de rosas, lembro-me que tinhamos um pequeno jardim, cheio delas, no qual ela passava a maior parte do tempo.

Passei por um arbusto com essas belas e cheirosas flores, peguei uma e guardei comigo. Era uma boa lembrança.

Cheguei e vi Hammel sentado em cima do enconsto do que acho que seria um sofá. Ele estava sério, com uma expressão zangada e assustadora, me seguiu com os olhos até o quarto de Steve. Lá dentro estava Campbell, os dois estavam conversando, mas pararam assim que notaram que eu estava ali.

- Han... Eu vim ver como o líder do grupo está. - disse.

- Estou bem, obrigado por se preocupar James. - respondeu Steve.

Fiz que sim com a cabeça.

- É, o que faremos agora? - perguntei.

Campbell e Steve se entreolharam.

- Ainda vamos ver o que faremos. Logo darei notícias, não se preocupe. Mas me diga, você sabe como está Mark? - disse o líder.

- Não senhor.

- Acho que seria apropriado você visitar seu colega ferido.

- Sim, senhor. - disse e me retirei.

Já ia entrar no quarto de Mark quando o médico saiu de lá:

- Senhores, tenho uma má notícia.

Nos juntamos no quarto de Steve para receber a tal notícia, que realmente não era boa.

- Bom, como sabem eu estava encarregado de cuidar de seu colega Mark Powell. Consegui retirar duas das flechas, a do braço e a da barriga. Mas a que acertou nas costelas não temos o que fazer.

- O que quer dizer doutor? - disse Steve preocupado.

Olhei para os outros. Hammel estava de braços cruzados, impaciente, mas prestava atenção, assim como Campbell. Smith estava encostado na parede concentrado nas palavras do médico e Jhonson estava sentado em uma das camas do quarto apoiado nos braços ouvindo, se com atenção, já não sei.

- Ao que pude ver, a flecha acertou seu fígado, por um milagre divino ele não teve hemorragia. Parece que a flecha, ao mesmo tempo que é o motivo para que ele sangre até morrer, também impede que isso aconteça. Então não podemos tirá-la de lá. O que podemos fazer é cortar a parte de madeira da flecha e não mexer mais nela.

- Desculpe, mas ele é um cavaleiro. Um golpe que o acertem podem mover a flecha. Deve haver algo para que possa previnir isso. - disse Smith.

- Podemos construir um tipo de proteção, como se fosse uma caixa em volta da ponta exposta da flecha. Assim se o atingirem, acertarão na caixa, mas não encostarão na flecha. - disse o médico, que se mostrava mais inteligente do que parecia.

- Faça isso então. - disse Steve. 

O médico se foi e logo Hammel se manifestou:

- Isso realmente é boa idéia?! Acho que Mark irá nos atrasar.

- Hammel, nós não deixamos nossos amigos para trás. - disse Campbell.

Hammel levantou os braços como se estivesse se mostrando sem culpa. - É só minha opnião.

- Guarde-a para você então. - me intrometi.

- Como é que é?! - indgnou-se ele.

- Hey, pessoal, foco, temos que resolver o que faremos daqui pra frente. - disse Smith.

Ficamos todos quietos e olhamos para Steve.

- Acho melhor passarmos mais uma noite aqui, para Mark se recuperar melhor. Além disso, a próxima cidade é longe, o que torna o caminho bem mais perigoso. E agora que sabemos com quem estamos lidando temos que nos previnir.

- Disperdício de tempo. - sussurrrou Hammel, mas nós todos ouvimos.

- Disperdício de tempo? - disse Campbell sem entender.

- Mas é claro. Acho que devemos deixar Mark, e ir atrás daqueles malditos agora, conseguiríamos alcançá-los. Depois de matá-los é só voltar e buscar o marica aqui do lado.

- Você é louco! - disse Smith. - Não viu o que acabou de acontecer?!

- Vi, e olhem para mim! Nenhuma flecha me acertou! É só vocês deixarem o marica da flecha pra mim e pegarem o resto.

Minha cara de indgnação ficou exposta para quem quisesse olhar e concordar com minha reação.

- Hammel, não acho que isso seja o melhor, estamos falando de Daimmem Blase, não vamos subestimá-lo. Todos nós já ouvimos suas histórias e já presenciamos do que ele é capaz. - concluiu sabiamente Steve.

- Bem, ele não é capaz de me acertar. - disse Hammel convencido.

- Obviamente porque não quis. - disse Smith.

Hammel o encarou e ficou esperando a aprovação de sua idéia por Steve, mas isso não aconteceu. Então ele soltou um suspiro incrédulo e saiu do quarto. 

- E agora? - perguntou Smith à Steve.

- Agora... Agora vamos esperar. - repondeu ele.

Smith coçou a cabeça e se retirou do quarto, Jhonson foi junto. O que não fazia muita diferença já que ele não falava muito.

Um minuto em silêncio e logo Campbell se retirou, fui atrás. Esperei ficarmos num corredor vazio para perguntar:

- Ryan, o que foi? O que está acontecendo?

Ele andava de um lado para o outro.

- Fale com sua voz masculina.

Engrossei a voz e repiti a pergunta, mas ele não respondeu. Então perguntei algo mais específico.

- Quem é Daimmen Blase?

Ele parou e me olhou não sei exatamente se com pena ou com desdém.

- Você não sabe quem é Daimmen Blase?

Fiz que não com a cabeça. Ele soltou um grande suspiro e começou a me contar o que sabia sobre o tal arqueiro. E as únicas dúvidas que eu tinha logo foram respondidas por Campbell.

- Mas se ele e tão bom assim porque não nos matou? Porque não atirou em mim quando estávamos batendo em retirada?

- Provavelmente para nos pegar depois. Não pense que ele teve piedade. Daimmen não vê cara nem coração. Ele vê a flecha e vê o alvo. A única variante é quando ele vai querer acertá-lo.

Peguei a rosa do meu bolso. Ela cheirava bem.


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Notas finais do capítulo

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