15 só Uma escrita por Sereny Kyle


Capítulo 1
Capítulo 1




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No quarto escuro, Ban olhava Tay, Kay e Ginji dormindo, a tranquilidade que pairava sobre o sono deles era completamente estranha perto dos acontecimentos daquele dia.
 Ban e Ginji tinham saído pra cumprir uma tarefa, mas Ban pressentira que algo estava errado e abandonaram a missão para retornar ao trailer.
 Quando chegaram, Kay estava caída desacordada do lado de fora, a porta do trailer estava aberta e de dentro vinha um barulho estrondoso de coisas sendo atiradas e quebradas.
 Ginji pegou Kay no colo e sentou-a na espreguiçadeira, agarrado nela, olhando confuso para o trailer. Antes que Ban pudesse entrar, eles viram Tay saindo do trailer perseguida por um homem desconhecido.
 -- Eu vou matá-la, Tay Kamurato! Arrancarei de seu corpo a sua alma e jogarei seu gélido cadáver aos meus leões, sua víbora maldita! – o homem avançou rápido em direção a Tay e apertou seu pescoço.
 -- Você, seu fracassado, vagará pela eternidade sem ter o prazer de me ver morrer!
 Tay soltou-se com tanta facilidade das mãos de seu perseguidor como se ele não estivesse fazendo força. Ele, porém, continuava a avançar pra ela. Ban e Ginji nunca tinham visto Tay lutando com alguém com tanta fúria, ela pulava e corria, já não era dificuldade lidar com um oponente superior em força e altura.
 -- Vai pagar, sua desgraçada! Vou fazer gotejar seu sangue lentamente e fazê-la pagar pelo quê me fez, sua desprezível sanguinária!
 -- Você que vai pagar por ter vindo aqui e tentado tocar em minha irmã! É a mim que você quer! É o meu sangue que você deseja derramar! Se vier atrás de mim, eu lutarei até a morte, mas se se aproximar da minha irmã, vou fazê-lo sentir a dor máxima! – a mão de Tay se incendiou e seus olhos lembravam duas labaredas.
 -- Acha que vê-la morrer vai ser o suficiente? – ele avançou e golpeou Tay no ventre, atirando-a muito longe, arfante. Ele arrancou um punhal que tinha escondido na bota. – Eu vou fazê-la perder tudo, pra que viver seja tão penoso que você anseie com um desejo luxurioso pela morte, sua vadia!
 -- Eu jamais morreria por suas mãos, não sou tão estúpida assim! Pra me matar, primeiro tem que ter mais cérebro que músculos! Eu só conheço um homem que conseguiria me matar e não é você!
 -- Como vai se sentir com o peso de outra morte na suas costas? Como vai se sentir quando for levar flores para o túmulo da sua irmãzinha no mesmo dia que pros seus pais?
 O corpo inteiro de Tay se incendiou e só o que era visível dela era o rastro de luz que ela produzia enquanto golpeava seu oponente com fúria. Os espectadores prendiam a respiração, impressionados.
 Porém, o homem com quem Tay lutava atirou-se por cima dela e a manteve presa ao chão, com a duas mãos segurando seu pescoço, impedindo-a de respirar.
 -- Tá certo, mando sua irmãzinha em seguida. Dê lembranças aos seus pais, maldita!
 Ban correu e tirou o homem de cima de Tay, mas antes que pudesse golpeá-lo, Tay se pôs no meio dos dois e com uma expressão de horror, ela tombou pra trás caindo nos braços de Ban, com o punhal cravejado em seu ventre.
 -- Tay! – Ban sentou lentamente na grama, segurando Tay com um olhar penalizado e receoso. Tay segurou o punhal e arrancou-o a sangue frio, fazendo o sangue vazar de seu corpo e lágrimas brotarem de seus olhos. – Quem era aquele homem? – ele percebeu que o homem tinha fugido, mas Tay segurou firme a sua mão e ele voltou sua atenção pra ela.
 -- Ka-Katsu... – Tay sentia uma enorme dificuldade em falar, a dor dominava seu corpo, Ban percebeu o quanto ela sangrava e uma lágrima lhe cruzou o rosto quando ele a trouxe para mais perto.
 -- Não fale nada. Eu vou... Vou cuidar de você! – ele segurou-a junto ao corpo e carregou-a pra dentro, Ginji fizera o mesmo com Kay, que começava a recobrar os sentidos.
 Ban deitou Tay e ela ainda sangrava muito, ele rasgou a blusa dela e seu desespero não o permitiu de se excitar com a situação. Tay incendiou sua mão e aproximou do ferimento.
 -- O que vai fazer? Deixe-me limpar primeiro.
 Depois de limpo, Tay agarrou com força a mão de Ban e cauterizou seu ferimento, como tinha feito com o dele uma vez. A dor foi tanta, que ela desmaiou.
 Quando Tay acordou, Ban estava ao seu lado.
 -- Quanto tempo eu fiquei desacordada?
 -- Três horas. Como está se sentindo?
 -- Bem melhor. Eu só precisava... Ai! – Tay tentou se levantar, mas a dor voltou.
 -- Fique deitada. Eu vou trazer algo pra você comer aqui mesmo.
 -- Onde está Kay? Ela está bem?
 -- Ela está lá fora com Ginji, está bem e estava muito preocupada com você!
 -- Graças a Deus!
 -- Você é muito maluca, sabia? Ele estava avançando pra mim, você não devia ter se colocado no meio!
 -- Devia sim! Katsumi Itaki quer a minha vida e não vou permitir que ele machuque mais uma pessoa por minha causa! – Tay olhava para a parede do quarto distraída em seus pensamentos, quando passou a mão direita pela esquerda e exclamou: – Onde estão meus anéis?
 -- Eu os guardei quando você desmaiou. Estão aqui – Ban devolveu-os a Tay, que colocou de volta. – São muito importantes?
 -- São as alianças de meus pais, eu as uso desde o dia em que morreram. Faz com que eu os sinta sempre comigo! Não me deixa desistir de viver!
 -- Mas e quando você tiver a sua própria aliança? O que fará com a de seus pais?
 -- Isso não me preocupa, não existe a possibilidade!
 Ban ficou em silêncio por um tempo, enquanto Tay comia. Depois ele falou:
 -- Nunca tinha visto você lutar tão a sério, nem comigo!
 -- Aquele é meu algoz, o carcereiro do inferno que não vai descansar enquanto não me fizer escrava dele.
 -- Mas o que você fez a ele?
 -- Entrei no caminho dele – Tay continuou a comer como se ser perseguida por um louco não fosse nada demais.
 -- O que você fez foi incrível!
 -- O quê? Não imaginou que eu era uma princesinha indefesa, imaginou?
 -- Claro que não, mas é surpreendente ver esse seu outro lado, quando se convive com você, até esquece-se de quem você é!
 -- Quando se é uma garota, precisa saber se defender! Principalmente quando não se quer depender de um homem forte pra te salvar!
 -- De onde conhece aquele homem?
 -- Ele era do serviço de eliminação. Era, porque agora a única coisa que o deixa vivo é o prazer de me perseguir, seu desejo de me matar!
 -- Eu entendo o que quer dizer! Você disse que apenas um homem conseguiria matá-la. De quem estava falando?
 -- De você, é claro!
 -- Mas quando lutamos, eu não consegui vencê-la!
 -- Você não estava querendo me matar, não estava lutando a sério. Se o fizesse, eu não tenho dúvidas de que conseguiria!
 Tay encarou Ban com um olhar tão profundo que ele não agüentou e desviou o rosto.
 -- Quando você diz que não há a possibilidade de ter uma aliança sua, o que quer dizer?
 -- Que eu não vou me apaixonar por alguém. Por que a pergunta? Ban Midou é um romântico por acaso?
 -- É só estranho, uma garota pensar assim.
 -- A idéia me dá arrepios. Por acaso você tem alguém por quem você sinta algo assim?
 -- Que me dê arrepios?
 -- Não. Por quem você morreria.
 -- Yamato dizia que eu estava fadado a viver sozinho, porque a mulher certa pra mim não existia.
 -- A mulher certa? Por quê?
 -- Porque eu gostaria... Não. Eu preciso de uma mulher que tenha... Características específicas. Muito raras quando juntas.
 -- E que características são essas?
 -- Eu não quero falar!
 -- Vai, fala! Você me deixou curiosa. Quem sabe eu não conheça alguém que condiz com as suas exigências?
 -- Yamato estava errado. Eu encontrei alguém...
 Kay e Ginji entraram no quarto estrondosamente, interrompendo a fala de Ban.
 -- Tay! Que bom que você acordou, maninha! Eu não acredito que aquele desgraçado nos encontrou aqui! E parece que ele já vinha observando a gente fazia tempo, porque ele esperou Ginji e Ban saírem pra nos atacar. Quando Gin disse que ele tinha te machucado, eu fiquei desesperada! Como você ta se sentindo?
 -- Só dói quando eu me mexo!
 -- Que bom que você está bem, Tay! – Ginji deu um beijo na mão dela.
 -- Obrigada, Ginji!
 Com toda a algazarra que os dois fizeram, Ban pegou o prato de Tay e saiu do quarto.
 -- Yamato disse que eu só poderia amar uma mulher forte e determinada, que estaria ao meu lado e não temeria o perigo, que soubesse se defender e defenderia tudo o que ela ama, mas eu ainda assim tentaria protegê-la. Uma mulher que nunca seria previsível e que soubesse me impor limites, que fosse sensível e delicada, sem ser sonsa e frágil!
 Ban saiu do trailer, já estava anoitecendo.
 -- Alguém que soubesse lidar comigo como recuperador e como homem, que faria meu corpo inteiro se arrepiar com um toque e que conseguisse me fazer esquecer da minha maldição, alguém que pudesse me libertar da solidão e me fazer acreditar na vida outra vez, que não me aprisionaria e que seria minha sem medo. Uma mulher que fosse páreo pra mim e que tivesse a minhas habilidades de combate, mas eu jamais poderia vencê-la, eu jamais lutaria com ela. Uma mulher que não teria medo de se sacrificar pelo quê acredita ou por amor, sem perder a própria essência. Só há uma mulher no mundo assim, e é você, Tay!

 

 

 


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Notas finais do capítulo

mereço reviews???



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