Timeless escrita por Nyuu D


Capítulo 1
único




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– Ei! – Nami gritou para todos do meio do deque, com os pés descalços sobre a grama. Luffy pulou da carranca do Sunny, parando direto na frente dela, enquanto os outros se aproximavam para se reunir em volta da navegadora quando ela chamou a todos novamente. – Chegou um negócio. Alguém pediu algo?

– É comida?! – Luffy esticou o pescoço para olhar, mas Nami afastou a embalagem.

– Eu não, Nami-san – Sanji foi logo se defendendo. – Eu sempre compro as coisas na ilha, não peço nada por correio.

– Então quem foi? Se andam gastando dinheiro à toa, vou matar vocês.

– Calma, Nami – Robin cruzou os braços, tombando a cabeça de leve para o lado. A ruiva segurava o envelope forrado em papel de pão, com uma corda trançada amarrando-o. Não era muito grande, logo, provavelmente não era nenhuma encomenda muito importante. – Isso não é uma carta?

– Mas não tem destinatário.

– Pode ser que esteja dentro. Vamos abrir, pra ver.

Zoro bocejou enquanto Nami puxava o laço para abrir a tal carta. Os demais olharam curiosos, esperando para ver o que era. Eles quase nunca recebiam cartas, ou encomendas. A parte das encomendas era muito porque Nami os proibia de gastar dinheiro com essas coisas, porque entregas por correio eram muito caras. Sanji conseguia às vezes, quando a convencia de que precisava um tempero especial, coisas assim.

– Hum – Nami correu os olhos pelo papel que havia em cima de todos os outros. – Usopp, é pra você.

– Pra mim! – O atirador pegou a carta e começou a revirar seu conteúdo. Quem iria mandar uma carta para ele, afinal? O rapaz distraiu-se com o correio enquanto Luffy choramingava que não era nada comestível, e os outros se dispersavam de volta aos seus afazeres, ou apenas para ficarem sem fazer nada. Como Zoro, por exemplo, que voltou a dormir.

Usopp caminhou pelo deque e foi até a árvore onde o balanço se encontrava. Sentou-se ali e procurou olhar o que havia na carta. Estava muito curioso para saber o que lá continha, e até achou estranho seus nakama não terem a mesma reação. Talvez tivesse um bom motivo para isso.

A primeira coisa que ele viu foi uma foto em cima do papel de carta. Kaya estava de pé, com mais outras quatro pessoas. Mas, os olhos de Usopp bateram primeiramente nela, sem nem perceber. Ela estava usando um jaleco por cima da roupa, e sorria docemente para a câmera, com uma das mãos apoiadas no braço de Tamanegi.

Merry estava parado ao lado dela, e os piratas de Usopp logo embaixo. Todos sorriam. Ninjin fazia um gesto com o punho fechado, transmitindo força, enquanto Piiman segurava a bandeira dos piratas de Usopp, e Tamanegi ajeitava os óculos.

Usopp franziu a sobrancelha, sentindo uma grande onda de nostalgia lhe invadir. Pensou um pouco; Kaya ainda não podia ter se tornado uma médica. Mesmo depois de dois anos, porque ele sabia que isso exigia muito estudo, até para alguém com muita vontade como ela.

Ele abriu o outro papel e na primeira corrida dos olhos, viu vários desenhos em volta, provavelmente feitos pelos garotos. Sorriu e começou a ler.

Kaya contava diversas coisas na carta, com sua letra fina e bem desenhada. Primeiro, explicava como o viu no cartaz de procurado, e ficou feliz. Achou engraçado o personagem que ele criou, Sogeking, e gostaria de saber o porquê disso. Contou que havia começado a estudar medicina e logo iria se formar. Depois de uma risada, ela disse que Tamanegi vinha escrevendo histórias curtinhas e engraçadas. Havia enviado uma para que ele lesse.

Usopp sorriu novamente, lembrando que Tamanegi disse que queria ser escritor. Kaya disse na carta que Ninjin estava lavando pratos num bar da vila, e Piiman ajudava nos acabamentos de alguns trabalhos de carpintaria feitos pelos habitantes.

Ficou feliz por saber que todos estavam seguindo seus sonhos. Esse sempre foi o mais importante. Acreditar. E ele sabia disso muito bem agora, talvez melhor do que antes, tendo Luffy como capitão.

Ao final da carta e de contar mais alguns casos interessantes que aconteceram nesses últimos anos, Kaya desejava a Usopp um feliz aniversário, mesmo que atrasado. E pedia para que ele retornasse à vila Syrup para que eles se encontrassem e tomassem um chá. Assim poderiam conversar, porque ela estava com saudade.

Usopp esfregou os olhos com veemência enquanto lia as palavras de Kaya, sentindo uma saudade tão grande de sua vila, que o coração balançou todo no peito. Achou que ela havia esquecido. Ou melhor, que eles todos haviam se esquecido de seu aniversário. Não que fosse surpreendente, fazia muito tempo. E eles não eram obrigados a falar nada todos os anos. Ele mesmo não havia se manifestado a respeito disso nos anos anteriores.

Olhou a foto novamente e suspirou. Não queria voltar para a vila Syrup sem ter feito um avanço. Não que não tivesse evoluído, e muito, como um guerreiro dos mares. Apenas sentia que sua missão não estava cumprida. Ele queria reencontrar seus amigos para contar a verdade dessa vez, sobre suas aventuras incríveis no mar com o bando do Chapéu de Palha.

Levantou do balanço enquanto esfregava os olhos lacrimejantes e fungava pelo nariz. Não estava chorando porque estava triste, mas sim, porque estava feliz. E isso era mais do que óbvio, visto que tinha um sorriso enorme em seus lábios.

Ele caminhou pelo Sunny e encontrou Franky no caminho, cuja reação exagerada apareceu imediatamente. O sacudiu, perguntando o que havia acontecido? Por que ele estava chorando?

– Calma, Franky! – Usopp gritou para que ele se acalmasse. – Eu recebi uma carta de aniversário dos meus amigos, foi isso. Chegou atrasada, mas chegou, né? Isso que conta.

– Ah! Verdade? – O cyborg ergueu as sobrancelhas com uma ternura extrema. Usopp podia ver as lágrimas escorrendo debaixo dos óculos escuros. Como ele exagerava. – Não me olhe com essa cara, não estou chorando – defendeu-se. – Eu tenho uns papéis de planta lá embaixo, na minha sala. Você não quer usar pra escrever uma carta pra eles, também?

– Acho legal, obrigado, Franky. – Usopp deu um tapinha no braço dele e tratou de sair de perto de uma vez, antes que o homem resolvesse fazer mais drama. Desceu as escadas para a sala do cyborg, pisando devagar no chão de metal, que ecoava demais com qualquer ruído. Por isso que, quando Franky resolvia fazer algo novo, Nami ficava enlouquecida com os barulhos. Então, ele tinha que se trancar lá dentro.

Parou diante da mesa de Franky, que estava bem organizada. Havia um projeto nela, mas Usopp o afastou, deixando-o de lado para não correr o risco de borrar. Fungou mais uma vez. Seus braços estavam com um vazio, de repente, sentindo vontade de abraçar Kaya e todos os outros.

Coçou os olhos e arrumou um papel no suporte, pegando a pena no tinteiro em seguida.

“Kaya,

Você lembrou. Digo, de me mandar uma carta. Eu fiquei até sem graça depois de receber, porque nunca pensei em enviar nada. Mesmo que meus pensamentos estivessem sempre por aí! Todo esse tempo eu pensei em contar mil histórias pra te divertir.

Que eu lutei contra um tritão enorme, e ele fazia uns barulhos esquisitos com a boca... Entrei no estômago de uma baleia e encontrei um cara morando lá dentro. Fui perseguido por marinheiros, ajudei a conter uma rebelião num país, e salvar a princesa. Lutei contra monstros do mar enormes, e fui para uma ilha no céu. No céu, Kaya! Encontrei gigantes. Encontrei zumbis. Ateei fogo na bandeira do governo mundial. Até lutei contra meu próprio capitão. Fui parar numa ilha com insetos monstruosos, e plantas de comida. E outras coisas mais.

Só que, dessa vez, eu não vou estar mentindo.

Mas, não vale eu contar mais nada do que isso por carta, senão quando eu for me encontrar com vocês, não vai mais ter graça. Se bem que, se eu conheço o Luffy, ainda vamos ter muitas aventuras. História é o que não vai faltar!

Mesmo assim, eu quero poder ver sua reação quando contar os detalhes. Toda vez que eu relaxava depois de alguma confusão dessas, eu pensava no que você ia dizer quando ouvisse. Quero ver você sorrir, e pensar que não tenho que inventar uma história divertida pra isso acontecer. Não que isso importe na hora de arrancar um sorriso seu, mas! Sabe... Né? Você sabe.

Vou ser um guerreiro de verdade quando eu chegar aí, Kaya. Aí você vai ter orgulho de mim!

Continue estudando bastante, e se torne uma ótima médica! O pessoal da vila precisa de você. E talvez eu também precise.

Não se esqueça disso, assim, podemos compartilhar nossos sonhos, juntos.

Usopp”


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