Festa dos Fundadores da Cidade escrita por Nana


Capítulo 1
Lutando consigo mesma




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Elena estava em seu quarto, sentada no banco perto da janela, com as pernas dobradas, trazendo os joelhos para perto do rosto. Neles apoiava seu diário, que sempre a acompanhava em momentos como esse, momentos em que ela sabia que qualquer decisão poderia ser fatal. Estava escrevendo rápido, parecia que despejava nas folhas em branco as palavras fortes e decididas que continham todos seus sentimentos. As lágrimas corriam por seu rosto, molhando as bochechas e caindo em pequenas gotas no caderno, amaciando o papel que cedia quando a caneta lhe atravessava as linhas furiosa. Com seu diário podia ser sincera, podia escrever tudo que lhe fechava a garganta e ela queria gritar para o mundo, mas não podia. E se alguém lesse suas confissões?

Quando este pensamento cruzou-lhe a cabeça, ela apertou os olhos com força e Stefan invadiu sua mente. Não... ele jamais poderia saber, ela não poderia nunca demonstrar e deveria ter todo cuidado possível para que ele nunca encontrasse aquele diário. Elena abaixou a cabeça e puxou o ar, soltando-o devagar e com ele o pensamento ruim se foi. Deixou o diário e a caneta num canto e notou o crepúsculo na janela. Era hora de se trocar, de ser a menina-mulher que todos esperavam que ela fosse, afinal era um dia importante na cidade e como parte das famílias fundadoras teria que prestar muitas homenagens e recebê-las também.

Tia Judith a ajudou. Enrolou os cabelos dourados e prendeu parte deles numa fita azul bordada em ouro, que harmonizava com seus novos cachos e que havia sido cuidadosamente escolhido para combinar com o lápis-lazúli de seu vestido, que realçava seus lindos olhos. Estava quase pronta quando se olhou no espelho, com o olhar vazio.

- Você está perfeita, querida. - disse tia Judith com ternura, lhe acariciando o rosto.

Em resposta ao afago ela sorriu, como num agradecimento, e viu a tia se retirando do quarto. Sim, ela estava perfeita. Aliás, ela era. Mas o que tanta perfeição trouxe a sua vida além de maldições? Se sentia condenada a viver presa em um mundo que ninguém podia fazer parte. Já tinha envolvido pessoas demais. Por que ela simplesmente não podia ser uma menina normal e chorar no colo da mãe por um relacionamento complicado?

Mas não tinha mãe e não tinha um relacionamento complicado. Naquele momento, complicado parecia ótimo para ela.

Estava terminando de pintar os olhos quando Stefan chegou para buscá-la. Largou a maquiagem e prontificou-se a guardar o diário em um lugar bem escondido, onde ninguém o encontraria.

Pegou sua bolsa, deu um beijo na cabeça de Margaret e desceu as escadas para encontrar seu principe. Mas não era seu principe encantado. Ou será que ela não era a princesa? Ela queria que fosse Damon ao pé da escada, mas sabia que era Stefan lhe esperando. Com os cabelos castanhos, ondulados e aqueles olhos verdes que lhe penetravam a alma. Ele era lindo, era como olhar para o paraíso. Mas a sensação de estar completa, aquela sensação de felicidade imensurável não acompanhava mais o coração de Elena quando ela estava com Stefan.

Damon estaria na festa acompanhando Bonnie, sua melhor amiga. Ela se perdeu em devaneios. Quem sabe se ela pudesse fugir por 10 minutos e então beijá-lo e sentir-se tomada. O que importaria? Ninguém jamais saberia e ela estaria tão satisfeita... importaria que ela era namorada de Stefan e Bonnie era apaixonada por Damon. Quem não seria, de qualquer forma?

Damon era inegavelmente lindo e criava uma esfera mágica ao seu redor que enfeitiçava a todos que por ali estavam. Era impossível não se sentir confortável com ele, não se envolver. Porém, Elena sabia que com ela era diferente. Não havia necessidade de criar nenhuma esfera. Eles tinham uma quimica que poderia ser notada até do outro lado do mundo se eles não colocassem todas as forças que tinham para escondê-la.

Sua garganta fechou outra vez. Ela só queria poder contar para Stefan e para todos os seres do planeta que ela deseja ser tomada por Damon, desejava que ele a fizesse Rainha das Trevas. Mas não podia... então abafou dentro de si toda a euforia que o momento lhe causou.

- Está tudo bem, minha querida? - a voz de Stefan subitamente entrou em sua mente e a trouxe de volta para a realidade.

- Claro, está sim. - ela respondeu evasiva, quase inaudivelmente.

- Parece que está com a cabeça em outro mundo. - agora ele parecia apreensivo, como se pudesse pressentir algo.

Elena abaixou a cabeça e sorriu. Percebeu que seu sorriso o livrou de todos os maus pressentimentos e o encheu de felicidade. - Estou apenas ansiosa para a festa. Vamos logo, senão chegamos atrasados.

Stefan abriu a porta da limousine e ela entrou. Parecia que estava sendo acorrentada e não podia se livrar da prisão que ela mesmo construiu. Se ela ao menos pudesse ter remediado tudo isso. Se ela não tivesse se deixado envolver. Mas agora era tarde demais. A maior dor era olhar dentro dos olhos de Stefan e enxergar todo amor do mundo, o amor mais puro, que pertencia apenas a ela. Podia se lembrar de quando ela retribuia cada gota deste sentimento incrivel e agora era como se houvesse um vazamento em seu coração. As gotas que antes eram apenas de Stefan, estão pingando e se esvaindo... pingando no coração de Damon.


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