Quando Voa a Borboleta escrita por Aki Nara


Capítulo 11
Capítulo 11 - Destino Traçado




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Quando Natsuki chegou, a confusão já estava armada. Haruki consolava Yuki, que chorava copiosamente e um garoto todo arranhado havia trazido o irmão mais velho para acertar as contas.

_ Quero saber quem bateu no meu irmão por que vai apanhar também – o garoto maior metido a valente socava o punho na mão.

_ Eu te respondo essa pergunta, mas primeiro me diz uma coisa... Quando alguém bate numa menina, o cara é covarde ou maricas? – Natsuki se interpôs na frente de Haruki, mas por sorte ele era mais alto.

_ É as duas coisas por quê? – o garoto respondeu desconfiado.

_ Por que esse garoto atrás de você machucou a Yuki e ela é uma menina. Haruki só estava defendendo a irmã, ele não tem culpa se o seu irmão é um fraco. Se for entrar na briga por causa dele vai ter que se ver comigo, mas antes disso acho melhor dar uma surra no seu irmão por te fazer passar vergonha. Pelo menos meu irmão se vira e não fica me chamando à toa.

_ Vamos pra casa, idiota! – o metido a valente deu um safanão na cabeça do irmão e se afastou puxando-o pela camisa.

_ E agora, o que a gente vai inventar pro papai? A roupa rasgada vá lá, mas essa mordida no ouvido... Eu já não falei que não é pra entrar numa briga se não for capaz de sair ileso?

_ Não fala difícil. O garoto lutava que nem uma mulher e me pegou de surpresa.

_ Tá bom – Natsuki gargalhou abraçando os dois irmãos para levá-los pra casa.

O destino foi caprichoso, dentre todos os hotéis em Milão, ela tinha escolhido se hospedar justamente no hotel onde Haruki trouxera uma mulher espetacular para jantar. Seria tarde demais para fugir do restaurante sem ser vista por ele? 

Yuki resolveu que seria melhor jantar, ademais o pedido já havia sido feito. Então, para relaxar tomou um gole de vinho enquanto olhava a maravilhosa vista da cidade iluminada. Não havia percebido, mas talvez tivesse olhado com insistência para Haruki.

A mulher que o acompanhava comentou algo que o fez se virar para vê-la. A atração foi imediata, o coração dela parou um momento antes de disparar, pega de surpresa levantou a taça e sorriu enviesada, com a garganta seca a bebida aos lábios tomando um grande gole.

Yuki abriu a boca e quase se engasgou ao observar a mulher levantando-se de súbito e indignada jogar água no rosto de Haruki. Ele limpou o rosto com o guardanapo e se levantou vindo em sua direção. 

_ Espero não ter sido a causa desta cena – ela disse constrangida.

_ Na verdade... Você me fez um favor – ele se sentou na cadeira a sua frente e a olhou demoradamente. 

_ É sua namorada? – Yuki não conseguiu refrear a curiosidade. 

_ Não é mais – Haruki balançou os ombros em sinal de descaso. 

_ Senhor, o que faço com os pedidos da outra mesa? – o garçom postou-se solicitamente ao lado deles. 

_ Portalo qui, per favore – Yuki falou fluentemente em italiano fazendo o garçom sorrir ao se afastar. 

_ Se o acaso não tivesse nos colocado frente a frente você teria me ligado, Yuki? 

_ Eu poderia fazer a mesma pergunta – ela optou por uma resposta evasiva. 

_ Perguntei primeiro, concorda? – Haruki sobrepôs sua mão na dela tornando um contato simples em algo mais perigoso.

_ Nos mantivemos afastados. Não foi essa intenção? – ela retirou a mão para a segurança de seu colo. 

_ Como eles estão? – taticamente ele mudou de assunto. 

_ Eles vão bem – Yuki foi sucinta. 

_ Você costumava ser uma pouco mais... – Haruki pareceu procurar uma palavra para descrevê-la – Tagarela. 

_ Falante! – eles dois disseram ao mesmo tempo. 

_ Você falava pelos cotovelos. 

_ É verdade. – Yuki concordou a contragosto – agora preciso ser discreta, o sigilo é a base na minha profissão. 

_ Quem diria... Você mudou. – Haruki olhou para ela como se estivesse vendo-a pela primeira vez.

Eles foram interrompidos novamente para serem servidos. O aroma delicioso abriu o apetite de Yuki fazendo-a atacar a comida. 

_ Ah! Mas não tudo. Pelo menos continua não dispensando uma boa comida. 

_ Passaram-se dez anos. Não há como não ter mudado. 

Mais tarde, Haruki acompanhava-a até o quarto. 

_ Dê-me o cartão. 

_ Para quê? – Yuki questionou embora tenha entregado-o. 

_ Para entrar e verificar se está tudo em ordem – ele passou o cartão de acesso e acendeu a luz ao entrar. – É um quarto luxuoso. 

_ Não pago por isso – ela deixou a bolsa e o xale sobre o sofá. 

Haruki andou por todo quarto e voltou até onde ela se encontrava, debruçada sobre a sacada olhando para os carros na rua. 

_ Parece que não há ninguém. Olhei debaixo da cama e dentro do guarda-roupa. 

_ Quem esperava encontrar, Haru? Um ladrão? 

_ Um namorado escondido... Alguns hábitos não mudam apesar do tempo. 

_ Ah! Deve estar se referindo ao hábito de espantar todos os garotos interessados em mim. Não se preocupe! Não tenho mais tempo para relacionamentos dessa natureza – Yuki estremeceu involuntariamente ao receber o olhar intenso de Haruki e entrou deixando-o para trás. 

Ele a alcançou logo, fazendo-a voltar-se, mas ela não conseguiu encará-lo e manteve a cabeça baixa, os olhos fixavam-se no peito, atenta para a respiração dele. Haruki segurou-lhe ambas as mãos beijando cada palma. 

_ Pare! – ela suplicou. 

_ Não quero! – Haruki trouxe-a para mais perto.

_ Haru, por favor... 

_ Seus lábios suplicam para parar, mas os olhos me pedem outra coisa, Yuki... – ele segurou-lhe a nuca inclinando sua cabeça para trás – acho que preciso silenciá-la.

Ele tomou posse de sua boca trazendo um dejavú de sentimentos à tona, mas as recordações que ela havia guardado a sete chaves ficaram esmaecidas diante do prazer que sentia naquele exato momento. Não era de todo experiente, mas Haruki tornava-a consciente da mulher ardente que existia nela. 

Yuki entregou-se as sensações cálidas que as carícias produziam em seu íntimo, a razão foi descartada completamente deixando-a exposta e vulnerável, ela soube então, que nenhuma barreira era bastante resistente, ela o amava e era definitivo. 

_ Descul... – Haruki se afastou abruptamente, mas antes que ele se desculpasse Yuki o esbofeteou. 

Seu mundo acabava de ruir novamente e ela se odiou por ser tão suscetível ao amor, a raiva, ao humor, tudo nele a afeta para mais ou para menos. O sabor amargo de desilusão era familiar, ela precisava de privacidade para lamber as feridas.   

_ Saia! – Yuki correu para abrir a porta e esperou.

Haruki olhou para ela uma vez mais, pareceu querer lhe falar algo, mas desistiu. Após sua passagem, ela se trancou como se isso fosse crucial para mantê-la longe dele, pois se o orgulho falhasse, ela ainda correria atrás dele.


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