Joguei-me na cama de costas, fechando os olhos com força e bufando. Se não fosse por Yao, eu já teria saído de meu país e mudado para algum lugar na Europa, no meio de muita água e onde passaria um frio fora do normal.

            Um lugar chamado Islândia.

            Abri os olhos e respirei fundo, ainda sentindo o perfume de Emil no ar. Se não tivesse ficado na janela, observando Arthur e Emil naquela guerra pelo direito de pesca no Atlântico Norte – dá pra acreditar que eles brigaram por peixes?! –, eu não teria ficado com a imagem dele na cabeça durante alguns dias.

           E não teria saído da casa de Arthur numa bela noite para tentar fazer contato com Emil por pura curiosidade.

            E também não teríamos nos tornado amigos em segredo.

            E eu não teria levado uma bronca tão incrível de Arthur quando ele descobrisse.

            E também não teria beijado Emil logo após a guerra-peixeira acabar como um simples ato de comemoração.

            E, conseqüentemente, não teria me apaixonado de uma forma tão cinematográfica – e idiota, convenhamos.

            Mas, na verdade, o que me deixou irritado é que acabei de deixar Emil no aeroporto. Ele teve que voltar para seu país – entenda que os seus irmãos nórdicos são muito ciumentos, digamos assim, principalmente Lukas. Sem falar que todos, tanto minha família quanto a dele, acham que estamos indo rápido demais.

           Por favor, somos adolescentes, o que esperavam?!

           De qualquer forma, agora vem a pior parte de tudo. Se você já analisou um mapa mundi, Hong Kong e Islândia ficam longe até demais. E como nossos parentes não querem nos ajudar muito, o máximo que conseguimos foi o Acordo de Uma Semana – título auto-explicativo. Uma vez por mês eu passo uma semana em seu país, e vice-versa. Já estamos acostumados, mas toda vez que ele vai embora é a mesma coisa de sempre.

           Vem o vazio. O tempo não passa. Então começo a sentir saudades. Aí eu consigo dar uma escapada de Yao e fico algumas horas no telefone com Emil. Então o fim do mês começa a chegar e a ansiedade volta.

           Então o tempo passa de uma forma ainda mais lenta – se é que é possível – e a saudade piora. E a minha insegurança torna tudo ainda pior. Não consigo deixar de pensar que ele pode conhecer alguém mais interessante em seu país, ou até se apaixonar por outra nação.

           Eu queria tê-lo mais perto. Queria que ficássemos um do lado do outro, que ele não ficasse quase que do outro lado do mundo. Em alguns momentos, eu ainda me sinto sozinho. E, por incrível que pareça, esses pormenores só fazem com que meu amor por Emil cresça ainda mais. A dor é incrível, mas quando encontro Emil me esperando no aeroporto, percebo que tudo valeu a pena.

           É, talvez namoro á distância não seja tão ruim assim.

The distance is quite simply
Much too far for me to row
It seems farther than ever before, oh no.
I need you so much closer