Lágrimas de Uma Sucessora do Estilo Shinmei escrita por Lexas


Capítulo 2
Capítulo 2




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- Urashima, – Motoko se aproxima de onde Keitarô e Naru estavam - posso falar com você agor...?

- Oi Motoko – A ruiva a cumprimentava - o que foi?

- Descobriu alguma arma nova? – Motoko virava o olho diante do comentário de Keitarô.

- Hã... bem...

- Acho que já vou indo, Keitarô. Não vá farrear até tarde, senão vai acordar "casado", hein!
Ambos vão caminhando, seguindo na direção contrária a de Naru.

- Tudo bem, Motoko-chan ?

- Bem, eu...

- Não se preocupe. As chances podem ser pequenas... mas vamos ganhar amanhã. Daí nós três voltaremos para a pensão Hinata. Certo, Motoko-chan?

- .....

- Está tudo certo?

- ...Urashima.... você...

- ....?

- .... acha mesmo ruim perder e se casar comigo...?

- Heim? N... não estou entendendo, Motoko-chan!

- Heim ? NÃO... ESQUEÇA!

- Motoko-chan...

- JÁ DISSE PARA ESQUECER ! - ela joga a s bombas de Kaolla nele, fazendo-o voar para longe.Em seguida, ela corre.

"O que estou fazendo? Fiquei maluca de vez? O duelo final é amanhã!!!"

Ela continua correndo, até que para diante de uma árvore e sobe nela, deitando-se em um galho bem grosso.

"Mas... quando olho para os dois... sinto uma dor em meu peito... por quê...?

Ela olha para o céu azul e estrelado, tentando relaxar enquanto observava a lua.

"...mas bem... o Urashima...?"

"Huh."

"Impossível."

Exaustos pelo esforço continuo da ultima semana, seus olhos desabam, derrotados pelo cansaço, entregando-se por completo ao sono.

"Calma, Motoko-chan."

"Não se esforce."

"Você vai conseguir."

"Confio em você, Motoko."

Ela balança a cabeça, tentando esquecer aqueles pensamentos. Mas... o que ela pensava que estava fazendo? No que estava pensando?

Ela abre os olhos novamente, contemplando a lua, e o reflexo dele vindo em seu rosto...

Não!

Não podia pensar nisso! Ele já era comprometido!

Já era? De onde ela tirou isso?

Bem, não importava. Tinha coisas mais importantes para fazer.

Como impedir um casamento, por exemplo.

Mas... como? Sua irmã era invencível!

Certo, sua irmã não era invencível... mas ela não podia com ela.

"Não se preocupe, Motoko-chan. – ela se lembrava das palavras dele - Mesmo que a chance seja mínima, tenho certeza de que podemos vencer."

Vencer? Como vencer? Era impossível! Não, ela estava errada, sua irmã era realmente invencível!

Inatingivel!

Inalcançável!

Inigualável e... e...

Mas afinal, o que deu nela?

Estava praticamente sendo derrotada por antecipação! E isso era algo que ela não podia admitir! Ainda tinha seu orgulho, e isso seria a última coisa sua que seria destruída!!!

Pelo menos, por ele.

Urashima...

Era um tarado. Sempre seria.

Mas tinha algo que aprendeu, algo que ela percebeu observando-o nos últimos dias.

Ele era um homem.

Não um homem apenas no sentido de espécie, mas um homem no sentido da formação, das atitudes, do caráter.

Um homem muito atrapalhado, era verdade... mas ainda assim, um homem.

Algo mais do que o tonto que ela sempre havia enxergado.

Motoko dá um tapa em sua testa, privando-se daquele momento de reflexão. Mas no que estava pensando? Desde quando havia começado a dedicar tanto tempo pensando naquele tarado?

Era um idiota, um pateta, um palhaço, um lerdo, um tarado, um... um...

Novamente ela dá um tapa em sua testa. Mas o que estava fazendo? Humilhá-lo, mesmo que mentalmente, não iria dar em nada.

Tinha que esquecê-lo por hora. Isso, esquecê-lo. Era a melhor coisa a se fazer. Tinha que se concentrar na luta, naquela que seria a grande luta da sua vida.

Por que não iria vencer. Não iria suceder o seu estilo.

Iria evitar um casamento forçado, o qual ela odiaria pelo fim dos seus dias, com todas as suas forças.

Correto?

***

"Sua lâmina corria selvagem pelo campo, mirando seu alvo como se fosse a última coisa que fosse capaz de fazer.

E, de certa forma, era.

Motoko saltou, mirando sua adversária e lembrando-se de cada ensinamento que teve, de cada momento de sua vida, de cada dia em que treinou ao longo dos últimos dois anos.

Ela não iria perder.

Sua espada corta os céus, canalizando toda a sua força vinda de seu corpo; unindo espada, corpo e espirito, gerando um devastador resultado: a técnica suprema do estilo Shinmei.

Simplesmente... belo.

Simplesmente... espantoso.

Simplesmente... inútil.

Motoko ficou absorta quando sua irmã energizava sua espada, gerando uma contra-carga que bloqueava o golpe e absorvia toda a energia excedente, livrando-a por completo de qualquer dano.

- Nada mal, Motoko. Nada mal, mesmo. É um ótimo, lindo e maravilhoso golpe... mas seu uso foi um total desperdicio. E sabe porque? - a expressão de desgosto nos olhos de sua irmã era evidente - por que você está hesitando muito, Motoko. AINDA está hesitando muito! - sua irmã se movia a uma velocidade sobrenatural, que a espantava. Motoko girou o corpo para o lado e tocou em uma pedra, tomando-a como impulso para subir ainda mais e cair em direção a sua irmã, a qual ergueu a sua espada e bloqueou o ataque. - E continua hesitando! - um rápido movimento, e a samurai tem sua espada arremessada para longe. A mesma se crava em uma pedra, bem próxima de Naru, a qual observava a tudo, atônita. - Isso é realmente decepcionante, Motoko. Decepcionante. Eu realmente esperava mais. Você tinha potencial, sabia? Tinha um grande potencial, mas vejo que este fora perdido. Não sei se foi seu descaso, sua preguiça, sua falta de esforço, seu desrespeito com as tradições... eu não sei . Só sei que você é uma vergonha como guerreira, e eu irei acabar com isso de uma vez por todas. Você vê? Imaginei que iria acabar assim, e já preparei a cerimônia de casamento. Do SEU casamento, querida irmã. Espero que esteja se dando bem com o senhor Urashima - ela ergue sua espada, olhando mortalmente para sua irmã.

- Motoko-chan! - Keitarô empurra a irmã de Motoko, abaixando a cabeça para escapar de um golpe de espada. Segurando Motoko pela cintura, ele olha para trás, percebendo que havia deixado uma furiosa caçadora de demônio para ainda mais furiosa. - Experimente as bombas da Su! - ele solta as bombas que sua amiga "indiana" havia lhe preparado, causando um verdadeiro bombadeio aonde estava sua talvez futura cunhada.

Ou não.

A fumaça se dissipa, revelando uma espadachim ilesa, sem o menor arranhão.

- Hohoho! Isso está ficando divertido!

- Não pode ser! Motoko-chan, ela é invencível, por acaso?

- Deve ter o mesmo problema que você, Urashima!

- Quê? Não é possível! Ela não pode ser invencível, não pode! Tem que ter um ponto fraco! Tem que ter!

- Ela não tem! É a mais poderosa guerreira de sua geração!

- Mas ela deve ter! Vamos Motoko-chan, tente se lembrar! Uma guarda baixa, um tornozelo deslocado, um pé dolorido, uma unha encravada... qualquer coisa!

Brandindo sua espada com uma fúria que Motoko só vira quando a mesma enfrentara demônios da classe S Superior, a irmã de Motoko fita ambos de maneira mortal.

- Urashima! Cuida...

O grito dura menos de um segundo, quando ela vê um raio seguir reto em sua direção.

Ela não podia acreditar. Simplesmente não podia! Sua irmã, ela... ela...

Ela ia usar a TERCEIRA TALHADURA!!!!!

Ela seria desfeita, destruída, reduzida a partículas!

Há pouco conseguira dominar a SEGUNDA TALHADURA, e a sua sequer se comparava a da irmã.

Ela... ela não iria vencê-la... não iria matá-la...

Sua irmã... ela... ela iria fazer algo... algo que o Urashima havia dito que não era possível... algo que ela disse que ninguém iria destruir.

Seu orgulho.

Sua irmã iria destruir, de uma vez só, seu corpo, seu orgulho e sua alma. Tudo isso de uma só vez, e a mesma sequer teria chance de revidar. Nem mesmo se usasse seu ataque mais poderoso teria qualquer chance!

Era o fim. Desesperançosa, ela larga a espada, aceitando o fim inevitável.

Ou talvez não.

Por poucos centímetros, Motoko teria sido acertada. Poucos centímetros, coisa que não aconteceu.

O resultado fora algo inesperado, até.

Até mesmo para Naru . Ela simplesmente não acreditava que Keitarô e a irmã de Motoko estavam voando pelos céus do dojo.

Algo inesperado que viera do próprio Keitarô, que percebendo que a espadachim iria terminar de uma vez por todas com o combate, ativou todas as bombas de Su que estavam em seu corpo, gerando uma explosão. No entanto, ele as havia ativado e se atirado encima da atacante, de forma que quando elas explodiram, a propulsão arremessou os corpos de ambos para o alto, castigando-os com o fogo e a dor.

Motoko não prestara atenção em metade do que acontecera. Só vira sua irmã deter o ataque e ter seu corpo erguido em direção aos céus contra sua vontade.

Como, ela mal compreendia, embora ver Keitarô junto dela lhe gerasse suspeitas.

Urashima... ele... ele havia pensado em algo... havia feito algo que a salvara... algo que havia salvo seu corpo, sua alma e... e... seu orgulho.

Mesmo as custas de seu próprio sofrimento.

- MOTOKO-CHAN! É A SUA CHANCE!!!!

O grito de Keitarô e Naru a despertam, chamando-lhe a atenção para o que estava ocorrendo ali.

Sua irmã.

Desprotegida.

Vulnerável.

Era sua chance.

Motoko corre, corre como nunca e salta, caindo na pedra em que sua espada estava cravada, arrancando-a e saltando mais uma vez, girando o corpo como um parafuso e ganhando os céus, canalizando toda a sua essência para aquele que seria o grande golpe, o último golpe que limparia sua honra, lhe garantiria o direito de suceder seu estilo...

...e lhe impediria de experimentar algo novo com Urashima, algo que a mesma não tinha certeza se almejava ou não.

Não, no que estava pensando? No quê? Não era o momento para isso, definitivamente, não.

Sua arma brilha quando as luzes do Sol tocam nela, como se a carregassem do brilho supremo, elevando-a até a vitória.

E para tanto, bastava atingir sua irmã, o qual o corpo caia em sua direção, pronto para o golpe fin...

- Você ainda está hesitando muito, Motoko."

***

- Ahhh! Irmã, não faça iss... IAU!!! - ela abre os olhos, percebendo que quase caíra da árvore, sendo salva porque sua perna estava presa entre alguns galhos.

Surpresa, ela estica o corpo e segura no tronco da árvore, erguendo-se novamente.

Um sonho... apenas um sonho... UM MALDITO SONHO!!!

"Você ainda está hesitando muito, Motoko", as palavras de sua irmã.

"Você está hesitando", algo que ecoava pela sua alma.

"Você está hesitando", as palavras que a castigavam.

"Você esta hesitando", as odiosas últimas palavras que tinha ouvido.

Hesitando ... porque? E para que?

Por que ela hesitaria ? Sua irmã era uma guerreira. A mais poderosa . Por que hesitaria diante dela?

A resposta não veio, apenas o vento frio da noite.

- Motoko-chan?

Ela quase cai do galho, tomada pela surpresa, mas consegue se recompor bem há tempo.

- Urashima?

- O que faz aqui?

- Eu é que pergunto! Você devia estar todo arrebentado depois que eu te joguei longe e por causa das bombas da Su que explodiram!

- Pois é... mas já estou melhor!

- Como é possivel? Por acaso é imortal?

- Quem, eu ? Sei lá... acho que é o "meu poder" por viver ao lado de um monte de garotas que só querem saber de me matar!

- Isso foi uma indireta, Urashima?

- Imagina!

- Hunf! - ela se aconchega no galho, observando a lua. Aquela luta havia sido tão real... os golpes de sua irmã... a facilidade com que ela havia bloqueado seus ataques... a Terceira Talhadura... espere um pouco... Terceira Talhadura?

Mas... mas... mas NÃO existia a Terceira Talhadura!

Se não existia, o que foi aquilo que ela havia visto? Por que sonhara com aquilo? Desde que se conhece por guerreira, sempre esteve a par da história de seu clã, e do serviço que eles executavam, e nunca havia ouvido falar de uma Terceira Talhadura de seu estilo.

Seria um sinal? Será que sua irmã era tão poderosa, que era capaz de extrair o máximo de seu estilo a ponto de criar um novo nível do mesmo, ultrapassando o que fora criado há séculos por grandes mestres?

- Tudo bem, Motoko-chan?

- Hã? Urashima? Ainda está ai? - ela olha feio para ele, o qual estava encostado na árvore, bem embaixo do galho aonde ela estava - o que faz aí?

- Estou apenas apreciando a vista, Motoko-chan. Só isso.

- Não há nada para ser visto, Keitarô - havia uma certa melancolia em sua voz - nada, mesmo. O mesmo céu, a mesma lua... o mesmo brilho das estrelas que temos visto ao longo desta semana. Não há nada de novo... e amanhã também não haverá. Será igualzinho aos outros dias.

- Está enganada, Motoko-chan. Não é o fim.

- Não brinque! Encaremos os fatos, Urashima! Não temos como vencer minha irmã, nem dando o nosso melhor! Convenhamos, nós...

- Ainda temos chance. Motoko-chan - ele olha para o alto, e seus olhos se encontram - lembra-se do que eu havia dito para você, depois que havia te encontrado toda ensopada e chorando na chuva?

- Sim ... - ela respondia ao acaso, tentando achar algum sentido para aquele sonho, mas lembrando-se do que havia acontecido. Ele havia ido atrás dela, a acolhido. Ele... ele...

- Eu ainda torno a dizer, Motoko-chan... não cobre muito de si mesma. Olhe para mim. Perdi muito tempo, dediquei-me por completo para entrar na Toudai... e só consegui isso quando passei a levar a coisa na boa, sem exigir mais do que eu estava pronto para dar. E consegui.

- É diferente. Não estamos falando de estudos, Urashima, tampouco de provas escritas. Estamos falando de combate. De luta. De contato físico em um nível almejado por todas as mulheres!

- Como?

- Hã... de impacto!

- Mesmo?

- Sim, e você mal tem chance! Se é dificil para mim, tampouco é para você!

- E você acha que termos lutado com ela todos esses dias não adiantou de nada?

- Tenho certeza ! Somos vermes comparados a ela!

- Um verme pode evoluir. Não tenho chance? Já lutei contra você. Duas, três... já perdi a conta. Fora as vezes que consegui me esquivar de seus ataques, coisa que tenho ficado ótimo a cada dia. E os socos da Naru? Ela só tem me pego de surpresa, por que eu saio correndo antes dela ter chance. E que tal Seta-san ? Ou as invenções de Kaolla que ela insiste em testar em mim? Posso não ser nenhum guerreiro... mas se sou capaz de sobreviver a inquilinas como vocês, então posso sobreviver a sua irmã.

- Isso foi uma indireta?

- Pelo contrário, foi uma direitíssima!

- Ora, seu...

- Ahhhh!!! Por favor, não me mate!

- Não vou te matar... preciso de você para vencer minha irmã amanhã!

- O que houve com todo aquele desânimo?

- Pediu licença para dormir - ela sorria para keitarô, fitando os olhos do mesmo ao passo que seu coração tornava a bater mais e mais forte.

- Urashima?

- Sim?

- Você ainda não me respondeu.

- Responder o que?

- Esqueça.

***

Motoko abre os olhos, ainda sonolenta. De alguma maneira, sabia que o dia havia surgido há muito tempo, e que os minutos para seu confronto com sua irmã estavam contados.

Estranho ... havia ficado até tarde da noite ali, no galho, conversando com Urashima, de forma que nem se dera conta do tempo passando, até que acabou adormecendo. Seu corpo deveria estar todo dolorido, sua coluna devia estar um horror, o que era algo muito ruim, levando-se em conta o que teria que enfrentar. Era apenas uma questão dela se espreguiçar para que o tributo fosse cobrado de seu corpo.

Mas... curiosamente, tal coisa não aconteceu.

Seus músculos não doíam, sua coluna não parecia que iria se partir. Pelo contrário, sentia-se totalmente amolecida, como se um colchão tivesse amortecido seu corpo durante a noite.

E o mais estranho era que não estava sentindo a brisa costumeira da manhã, muito comum naquela época, pelo contrário, estava aquecida, como se um cobertor estivesse cobrindo seu corpo.

Urashima a carregou até seu quarto, pensava.

Mas... se era assim... o que era aquilo enlaçando sua cintura?

Ela abre os olhos, surpresa. Havia um par de braços rodeando-a, assim como algo em sua face que lembrava um peito. Não algo definido, mas mesmo assim, bonito.

Ela ergue um pouco o pescoço, reprimindo uma vontade enorme de gritar, quando percebe o que era, ou melhor, quem era.

Urashima.

Eram as mãos dele que a enlaçavam, que mantinham o corpo dela bem próximo do corpo dele. Próximo demais, na verdade, pois estavam abraçados.

Ou melhor, ela o estava abraçando.

Ao se dar conta, percebe que não estava no seu quarto, pelo contrário, estava ao relento, bem debaixo da mesma árvore em que ficaram conversando até tarde.

Deveriam ter ficado até adormecerem lá, pensava. E pelo visto, ela devia ter caído da árvore no meio da noite, encima dele.

Mas... ele enlaçava sua cintura, aquecendo-a com seu calor... e ela o abraçava, como se não quisesse que ele escapasse...

Será que ele acordou quando ela caiu encima dele, e a abraçou para que a mesma não sentisse frio?

Não. Improvável. Se fosse assim, ele a teria carregado até o quarto, onde teria uma noite de sono bem melhor, correto?

Era a explicação mais lógica. Era algo que fazia sentido. Bem, hora de acordá-lo.

Ela o olha, percebendo que a cabeça dele estava bem próxima da árvore, usando seus óculos.

- Baka... - sua voz escapava quase que inaudível, ao passo que ela retira os óculos dele, observando seu rosto, o qual era atingido pelos primeiros raios matinais. Qualquer um que o olhasse daquela forma, não acreditaria que ele era um tarado. Um tarado especial, lembrava-se. - você ainda não me respondeu... se é tão ruim assim perder a luta e se casar comigo...

"Não se desespere, Motoko! Você é jovem e linda! Pode ser feliz como uma garota comum! É tão bonita que até eu me casaria com você! Ops, desculpe, não me bata!"

"Mesmo ?"

Ela ergue seu rosto, aproximando-o do rosto de Keitarô, ao passo que esfrega seu nariz no nariz dele de forma bem carinhosa.

É... já havia recebido sua resposta, e só agora havia se tocado disso.

***- Ahhh! Irmã, não faça iss... IAU!!! - ela abre os olhos, percebendo que quase caíra da árvore, sendo salva porque sua perna estava presa entre alguns galhos.Surpresa, ela estica o corpo e segura no tronco da árvore, erguendo-se novamente.Um sonho... apenas um sonho... UM MALDITO SONHO!!!"Você ainda está hesitando muito, Motoko", as palavras de sua irmã."Você está hesitando", algo que ecoava pela sua alma."Você está hesitando", as palavras que a castigavam."Você esta hesitando", as odiosas últimas palavras que tinha ouvido.Hesitando ... porque? E para que?Por que ela hesitaria ? Sua irmã era uma guerreira. A mais poderosa . Por que hesitaria diante dela?A resposta não veio, apenas o vento frio da noite.- Motoko-chan?Ela quase cai do galho, tomada pela surpresa, mas consegue se recompor bem há tempo.- Urashima?- O que faz aqui?- Eu é que pergunto! Você devia estar todo arrebentado depois que eu te joguei longe e por causa das bombas da Su que explodiram!- Pois é... mas já estou melhor!- Como é possivel? Por acaso é imortal?- Quem, eu ? Sei lá... acho que é o "meu poder" por viver ao lado de um monte de garotas que só querem saber de me matar!- Isso foi uma indireta, Urashima?- Imagina!- Hunf! - ela se aconchega no galho, observando a lua. Aquela luta havia sido tão real... os golpes de sua irmã... a facilidade com que ela havia bloqueado seus ataques... a Terceira Talhadura... espere um pouco... Terceira Talhadura?Mas... mas... mas NÃO existia a Terceira Talhadura!Se não existia, o que foi aquilo que ela havia visto? Por que sonhara com aquilo? Desde que se conhece por guerreira, sempre esteve a par da história de seu clã, e do serviço que eles executavam, e nunca havia ouvido falar de uma Terceira Talhadura de seu estilo.Seria um sinal? Será que sua irmã era tão poderosa, que era capaz de extrair o máximo de seu estilo a ponto de criar um novo nível do mesmo, ultrapassando o que fora criado há séculos por grandes mestres?- Tudo bem, Motoko-chan?- Hã? Urashima? Ainda está ai? - ela olha feio para ele, o qual estava encostado na árvore, bem embaixo do galho aonde ela estava - o que faz aí?- Estou apenas apreciando a vista, Motoko-chan. Só isso.- Não há nada para ser visto, Keitarô - havia uma certa melancolia em sua voz - nada, mesmo. O mesmo céu, a mesma lua... o mesmo brilho das estrelas que temos visto ao longo desta semana. Não há nada de novo... e amanhã também não haverá. Será igualzinho aos outros dias.- Está enganada, Motoko-chan. Não é o fim.- Não brinque! Encaremos os fatos, Urashima! Não temos como vencer minha irmã, nem dando o nosso melhor! Convenhamos, nós...- Ainda temos chance. Motoko-chan - ele olha para o alto, e seus olhos se encontram - lembra-se do que eu havia dito para você, depois que havia te encontrado toda ensopada e chorando na chuva?- Sim ... - ela respondia ao acaso, tentando achar algum sentido para aquele sonho, mas lembrando-se do que havia acontecido. Ele havia ido atrás dela, a acolhido. Ele... ele...- Eu ainda torno a dizer, Motoko-chan... não cobre muito de si mesma. Olhe para mim. Perdi muito tempo, dediquei-me por completo para entrar na Toudai... e só consegui isso quando passei a levar a coisa na boa, sem exigir mais do que eu estava pronto para dar. E consegui.- É diferente. Não estamos falando de estudos, Urashima, tampouco de provas escritas. Estamos falando de combate. De luta. De contato físico em um nível almejado por todas as mulheres!- Como?- Hã... de impacto!- Mesmo?- Sim, e você mal tem chance! Se é dificil para mim, tampouco é para você!- E você acha que termos lutado com ela todos esses dias não adiantou de nada?- Tenho certeza ! Somos vermes comparados a ela!- Um verme pode evoluir. Não tenho chance? Já lutei contra você. Duas, três... já perdi a conta. Fora as vezes que consegui me esquivar de seus ataques, coisa que tenho ficado ótimo a cada dia. E os socos da Naru? Ela só tem me pego de surpresa, por que eu saio correndo antes dela ter chance. E que tal Seta-san ? Ou as invenções de Kaolla que ela insiste em testar em mim? Posso não ser nenhum guerreiro... mas se sou capaz de sobreviver a inquilinas como vocês, então posso sobreviver a sua irmã.- Isso foi uma indireta?- Pelo contrário, foi uma direitíssima!- Ora, seu...- Ahhhh!!! Por favor, não me mate!- Não vou te matar... preciso de você para vencer minha irmã amanhã!- O que houve com todo aquele desânimo?- Pediu licença para dormir - ela sorria para keitarô, fitando os olhos do mesmo ao passo que seu coração tornava a bater mais e mais forte.- Urashima?- Sim?- Você ainda não me respondeu.- Responder o que?- Esqueça.***Motoko abre os olhos, ainda sonolenta. De alguma maneira, sabia que o dia havia surgido há muito tempo, e que os minutos para seu confronto com sua irmã estavam contados.Estranho ... havia ficado até tarde da noite ali, no galho, conversando com Urashima, de forma que nem se dera conta do tempo passando, até que acabou adormecendo. Seu corpo deveria estar todo dolorido, sua coluna devia estar um horror, o que era algo muito ruim, levando-se em conta o que teria que enfrentar. Era apenas uma questão dela se espreguiçar para que o tributo fosse cobrado de seu corpo.Mas... curiosamente, tal coisa não aconteceu.Seus músculos não doíam, sua coluna não parecia que iria se partir. Pelo contrário, sentia-se totalmente amolecida, como se um colchão tivesse amortecido seu corpo durante a noite.E o mais estranho era que não estava sentindo a brisa costumeira da manhã, muito comum naquela época, pelo contrário, estava aquecida, como se um cobertor estivesse cobrindo seu corpo.Urashima a carregou até seu quarto, pensava.Mas... se era assim... o que era aquilo enlaçando sua cintura?Ela abre os olhos, surpresa. Havia um par de braços rodeando-a, assim como algo em sua face que lembrava um peito. Não algo definido, mas mesmo assim, bonito.Ela ergue um pouco o pescoço, reprimindo uma vontade enorme de gritar, quando percebe o que era, ou melhor, quem era.Urashima.Eram as mãos dele que a enlaçavam, que mantinham o corpo dela bem próximo do corpo dele. Próximo demais, na verdade, pois estavam abraçados.Ou melhor, ela o estava abraçando.Ao se dar conta, percebe que não estava no seu quarto, pelo contrário, estava ao relento, bem debaixo da mesma árvore em que ficaram conversando até tarde.Deveriam ter ficado até adormecerem lá, pensava. E pelo visto, ela devia ter caído da árvore no meio da noite, encima dele.Mas... ele enlaçava sua cintura, aquecendo-a com seu calor... e ela o abraçava, como se não quisesse que ele escapasse...Será que ele acordou quando ela caiu encima dele, e a abraçou para que a mesma não sentisse frio?Não. Improvável. Se fosse assim, ele a teria carregado até o quarto, onde teria uma noite de sono bem melhor, correto?Era a explicação mais lógica. Era algo que fazia sentido. Bem, hora de acordá-lo.Ela o olha, percebendo que a cabeça dele estava bem próxima da árvore, usando seus óculos.- Baka... - sua voz escapava quase que inaudível, ao passo que ela retira os óculos dele, observando seu rosto, o qual era atingido pelos primeiros raios matinais. Qualquer um que o olhasse daquela forma, não acreditaria que ele era um tarado. Um tarado especial, lembrava-se. - você ainda não me respondeu... se é tão ruim assim perder a luta e se casar comigo..."Não se desespere, Motoko! Você é jovem e linda! Pode ser feliz como uma garota comum! É tão bonita que até eu me casaria com você! Ops, desculpe, não me bata!""Mesmo ?"Ela ergue seu rosto, aproximando-o do rosto de Keitarô, ao passo que esfrega seu nariz no nariz dele de forma bem carinhosa.É... já havia recebido sua resposta, e só agora havia se tocado disso.

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