11 A Busca pela Verdade e pela Reparação escrita por Sereny Kyle


Capítulo 1
Capítulo 1




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A Busca pela Verdade e pela Reparação

 Era um sábado perfeito de sol e calor quando Ginji e Kay decidiram sair para um piquenique, deixando Ban e Tay de novo sozinhos no trailer.
 Ele tinha saído do trailer pra fumar, pois, por mais que detestasse, tinha se acostumado a obedecer a essa ordem de Tay. Com o cigarro na boca, ele andava de um lado para o outro impaciente e ansioso. Decidira-se que precisava de respostas e o momento parecia oportuno, senão, assustador.
 Tay estava no quarto, sentada na poltrona lendo. Ban entrou sem fazer estrondo, mas mesmo assim, ela se assustou com a presença dele.
 -- Eu posso falar com você? – ele perguntou meio hesitante. Ela ergueu as sobrancelhas espantada, mas consentiu com a cabeça, fechou o livro e tirou os óculos de leitura.
 Ban parecia pesar as palavras e, percebendo o receio dele, Tay se levantou, pendurou os óculos na blusa e se aproximou da porta.
 -- Vem, vamos tomar um chá, Midou.
 Os dois se sentaram em frente suas xícaras e ele tomou coragem.
 -- Conheceu Yamato Kudou? – quando ouviu o nome de Yamato, Tay pareceu se assustar terrivelmente.
 -- Y – Yamato Kudou? Por quê? – Ban apenas olhou-a sem responder. – Conheci há muito tempo. Ele é famoso entre os recuperadores?
 -- Não, eu o conheci.
 -- Entendo. E você ficou... Bom, você soube...
 -- Ele me contou.
 -- Ah, e o que ele lhe contou?
 -- Se não se importa, eu gostaria de ouvir essa história pela sua boca.
 Tay tomou seu chá e inspirou profundamente.
 -- Foi um dos meus primeiros trabalhos. Meus pais tinham acabado de morrer, eu tinha que colocar dinheiro em casa e não conseguia controlar Kay, ela saia todas as noites, eu não sabia aonde ela ia e... Ela nem sabe que eu sei.
 Ela tomou outro gole de seu chá e parecia perturbada.
 -- No começo, tive que aceitar os serviços que me davam e naquela noite...
 -- Foi contratada pra eliminar o cara? – Ban não conseguiu se conter, a pergunta e o tom agressivo escaparam por sua boca. Tay inspirou profundamente e parecia a beira das lágrimas, apesar de demonstrar calma e controle.
 -- Não, fiz isso por conta própria! – seu tom calmo e casual assustou Ban. – Aquele homem maldito! Todo imponente na sua enorme mansão. Eu só precisava coletar dados sobre a gangue dele e seus próximos alvos, mas eu devia isso a ele, tratando aquela porcaria como um tesouro...
 -- Do que está falando?
 -- Daquela maldita relíquia! Acho que era disso que Yamato estava atrás, porque estava extremamente protegida, seguranças por todo lado... Deviam ter sido alertados contra o serviço de recuperação de Yamato... Todos estavam armados, se ele tivesse entrado e conseguisse sair, estaria com uma cara pior do que ficou!
 -- Eles... Sabiam sobre a recuperação da relíquia?
 -- Sabiam. Eu nunca vi uma emboscada tão bem preparada em toda a minha vida!
 -- Mas, você tinha dito que tinha sido um de seus primeiros trabalhos...
 -- Eu quis dizer desde então. Por causa daquela coisa maldita! Eu não pensei, por um lado tinha minha consciência, me dizendo que não devia fazer... Mas pelo outro, o sabor da vingança, de não permitir que a emboscada dele desse certo... A verdade é que eu quis explodir tudo, com aquela coisa demoníaca dentro!
 -- Por que tem tanto ódio daquela relíquia?
 -- Ele roubou aquela coisa amaldiçoada do museu que meu pai era curador... Ele morreu com o remorso amargo da culpa de não ter impedido! Por causa daquilo, eu vi meu pai sofrendo os últimos meses de sua vida! Yamato tinha falado de alguém... Talvez fosse importante... Mas acho que eu não fiz algo errado. E... Então... Quando eu tentei explicar...
 Uma lágrima teimosa escorreu pelo rosto de Tay. Ban olhou atento para ela, ainda forte mesmo em seu momento de fraqueza e ainda arrogante mesmo vulnerável.
 -- Eu nunca tinha ouvido palavras tão ásperas... Ele me atacou sem saber que eu tinha lhe salvado a vida e disse que esperava que eu fosse a última da...
 -- Escória dos espiões que ele queria ver. É, eu sei.
 -- Desde então, fugi de cada trabalho que cruzasse com qualquer serviço de recuperação. Eu temia que, se o encontrasse de novo, ele não hesitaria em me matar!
 -- E nós fugimos de você. Não tem mais com o que se preocupar, Yamato está morto!
 -- Morto? – a surpresa de Tay com a notícia confirmou as suspeitas de Ban. Ela já não controlava mais suas lágrimas e chorou silenciosamente.
 -- Obrigado por me contar e desculpe por fazê-la lembrar.
 Ban se levantou da mesa e levou sua xícara até a pia.
 -- Eu nunca me esqueço daquela noite, Ban!
 -- Nem eu.
 Os dois trocaram um olhar de mútua compreensão de que o assunto estava encerrado. Ban saiu do trailer pra fumar mais um cigarro e Tay voltou para o quarto e seu livro recolocando seus óculos.
 -- Eu acho que nos enganamos, Yamato! Ela não é só uma garota, sabe? Mas se que saber, agora eu não me sinto mais tão culpado por estar aqui, eu sei que é a versão dela, mas não me pareceu mentira e eu não fui querendo acreditar nela. Talvez Ginji tenha razão... O que se vê nos olhos dela não é nada além de dor e foi realmente o que me pareceu enquanto ela me contava uma pessoa criada e fortalecida pela dor. Talvez nós não sejamos tão diferentes assim, Yamato, talvez ela seja exatamente o que você descreveu pra mim uma vez... Perdoe-me, Yamato, mas eu confio nela agora!
 Ban sentou-se na cadeira que ficava do lado de fora, cruzou os braços atrás da cabeça e admirou o céu sem nuvens.
 Tay, sentada na poltrona, com o livro aberto no colo, parada na mesma página, refletia calmamente, os olhos ainda molhados de lágrimas.
 -- Eu espero que não tenha partido com rancor de mim. Eu... Eu quero dizer... Sei que na época você não entendeu, mas... Sei que não quis dizer aquilo... Espero que possa me perdoar. Se eu pudesse fazer algo... Se eu lembrasse do nome daquela pessoa... Eu espero poder encontrá-la, Yamato, e reparar o meu erro.

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