Última Chance, Judd. escrita por FrannieF


Capítulo 17
Capítulo XVI


Notas iniciais do capítulo

Ok, vocês podem me matar, eu deixo.
Arrrrgh, eu sinto muito pela demora extrema em atualizar isso aqui! Eu não estou tendo muito tempo para escrever nas férias e depois de ler várias e vááárias vezes tudo o que já tinha escrito da UCJ, eu decidi que não estava gostando muito para onde as coisas estavam indo. Então eu tive que escrever algumas partes de novo e fazer algumas mudanças nos capítulos seguintes. Eu espero que a paciência de vocês ainda não tenha se esgotado. D8



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Capítulo XVI: Caça, parte II.


Eu nunca odiei tanto elevadores quanto agora. A única coisa que eu consigo ver de positivo na situação toda é que eu estou sozinho dentro do cubículo, que parece demorar mais do que o normal para descer até o terceiro andar, seção do RH, só para me irritar de alguma maneira. Eu espero. E espero. E espero e espero e espero e espero. A minha paciência aos poucos começa a diminuir drasticamente.

Quando eu estou a ponto de socar algo ou alguém e sair por aí gritando todos os palavrões que conheço, as portas de aço se abrem e em um pulo eu saio de dentro do elevador, os meus pés parecendo ter vida própria pela velocidade com que eles se movem pelo terceiro andar. Eu passo por portas duplas de vidro e então caio em um corredor estreito, que pouco tempo depois me leva a uma sala moderadamente pequena, entulhada de coisas que eu nem faço ideia do que sejam. Eu mal consigo enxergar a cor das paredes da saleta pelo tanto de estantes que as cobrem, chegando a alcançar quase o teto do cômodo.

Eu não sei se fico agradecido por nunca ter metido os pés aqui ou se me sinto completamente azarado por ter que meter os pés agora, mas simplesmente ponho a sensação de sufocamento de lado enquanto caminho cuidadoso pela sala, desviando de uma ou outra mesa ou pessoa que me aparece pelo caminho. Um pouco frustrado, eu paro ao lado de uma mesa aleatória.

"Ei, você sabe quem é Keppler?", eu pergunto ao moleque que está sentado na mesa ao meu lado, digitando algo no seu computador e parecendo um tanto entediado com a ação. 

Ele logo sobe o olhar até o meu e pisca devagar, assimilando as minhas palavras, antes de abrir um sorriso amigável e grande demais, o que me faz me lembrar de alguém que eu simplesmente não consigo pôr meu dedo sobre. Essa pequena pausa entre nós dois, antes que o moleque responda, me dá algum tempo para analisá-lo. Os cabelos são de duas cores, loiro platinado e preto, e as mechas estão sobrepostas entre essas duas cores numa confusão tão absurda que eu quase nem consigo olhá-lo por muito tempo. Os seus olhos são igualmente amigáveis e há toda uma aura divertida sobre o moleque. O meu olhar desce pelo seu pescoço, instintivamente, e ali eu vejo o cordão vermelho que prende um crachá suspenso na altura do seu peito. Eu inconscientemente espremo os olhos para tentar ler o seu nome: James Bourne, juntamente com uma foto 3 x 4 do moleque sorrindo e fazendo joinha.

A linha dos meus pensamentos é quebrada quando um grito estridente invade a minha cabeça.

"Hey, Denise, o Keppler já foi embora?"

Denise (cabelo curto e loiro, olhos cinza), a mulher a quem eu suponho que James esteja perguntando, grita de volta do outro lado da sala.

"Eu acho que sim! O que tem ele?"

"Oh, nada! Obrigado!", ele grita mais uma vez antes de voltar para mim, coçando levemente o queixo. "Bom, eu sinto muito, mas acho que ele já foi embora..."

A minha vontade é a de dizer "Não diga, é mesmo?", mas eu, com toda a minha educação, me controlo para parecer ao mínimo gentil. Ou suportável, de qualquer maneira. 

Eu limpo a garganta antes de voltar a dizer.

"Então nós temos um problema aqui. Samantha Kilmore ligou a pouco pedindo uns documentos. Você faz alguma ideia de onde eles possam estar?"

James parece subitamente apreensivo por um instante ao som do nome de Sam. Aparentemente, a fama da fúria da mulher é tão grande que toda a H&M já tem conhecimento sobre. E, obviamente, ninguém em sã consciência parece querer enfrentá-la ou desafiá-la de qualquer modo. Assim sendo, James logo se levanta da sua cadeira e contorna sua mesa, me lançando um novo sorriso amigável antes de começar a se distanciar, um dedo em riste erguido no ar.

"Só um instante, eu vou checar para você!", o que me faz concordar com a cabeça vagamente, quase não prestando muita atenção naquilo que ele me diz.

Esse tempo sozinho, metaforicamente falando, já que a sala ainda se encontra abarrotada de gente, me dá algum tempo para analisar um pouco mais o local. Os meus olhos recaem sobre as milhares e milhares de estantes empurradas contra as paredes e logo eu me vejo tentando ler as etiquetas que rotulam cada gaveta, cada prateleira, tão naturalmente que eu nem percebo o que estou fazendo até encontrar algo que me chama a atenção. Ao lado da estante atrás da mesa de James, há uma série de ficheiros, cada um com cinco gavetas quadradas, etiquetadas com informações sobre funcionários. Aos poucos eu me arrasto para perto, vez ou outra olhando em volta apenas para constar que ninguém ali dentro presta atenção em mim.
Cada gaveta está organizada por andar – eu reparo nisso depois de abrir a seção do décimo quarto andar, do décimo terceiro e depois do décimo segundo. Felizmente, é na gaveta do 12° andar que eu me concentro, procurando arquivo após arquivo pelo de Dougie, sem ao menos assimilar o que diabos estou fazendo. E idiota é o meu ânimo ao finalmente encontrá-lo, puxando a pouca pilha de papéis da gaveta num único movimento, afastando rapidamente a ideia de caçar pelo meu próprio arquivo também antes que alguém note a besteira que estou fazendo.

A gaveta volta a se fechar com um ruído enferrujado e eu logo trato de enrolar os papéis ao notar James se aproximando novamente. Num ato de puro desespero, no entanto, eu apenas escondo os papéis atrás do meu corpo, esperando que o moleque seja tão distraído que não tenha nem ao menos notado a minha ação.

"Aparentemente, Keppler deu ordens para Denise entregar os documentos, ele teve que ir embora para casa", James comenta, ainda estranhamente num tom alegre. "Ela tinha se esquecido, mas tudo bem. Aqui, eu vou procurar para você, um momento!"

Antes que o moleque volte a sua atenção para os ficheiros que há pouco eu fuçava (e desarrumava), eu intervenho, soando um pouco mais desesperado do que eu gostaria:

"Ah, não tem problema algum! Na verdade... Ahm... Não precisa mais, eu mudei de ideia!"

"Você não quer mais os documentos?", ele pisca devagar, um pouco surpreso pelas minhas palavras. 

"Não, não, tudo bem! Eu volto outro dia para pegá-los, ok? Já está tarde mesmo!"

James parece me agradecer quietamente com outro sorriso brilhante, de orelha a orelha. Eu não me contenho em abrir um de volta, meio forçado e repuxado nos cantos da boca, apenas para parecer amigável também, recuando alguns passos da sua mesa, apertando os papéis de Dougie firmemente entre os dedos por trás das minhas costas. Quando o moleque me acena e me deseja boa noite, num tom simplesmente contente demais, algo dentro da minha cabeça parece se juntar num clique absurdo, finalmente reparando em quem James se parece tanto. Tentando refrear uma gargalhada de pular da minha garganta enquanto eu corro de volta para o elevador, eu me pergunto mentalmente se James Bourne tem algum, qualquer tipo de parentesco com Danny Jones.

xxx

A última vez que checo o horário, o relógio do saguão da H&M me diz que são mais de oito e meia da noite. Eu estou agora caminhando para o Sul, na direção da estação mais próxima de metrô, folheando os arquivos de Dougie cuidadosamente. Página após página, eles me dão uma nova informação, como data de nascimento, endereço, ocupação na empresa e até mesmo estado civil (como se isso eu já não soubesse). Na verdade, eu estou tão compenetrado nessas informações que quase passo reto pela escada que dá para a estação. Como esperado, tudo está lotado demais e logo os papéis voltam para dentro do meu casaco, o arquivo pardo apertado firmemente no vão de um dos meus braços.

É somente quando eu me aproximo da linha dos metrôs que penso no que fazer. Duas opções claras pipocam na minha mente: eu posso voltar para casa e procurar por Dougie amanhã ou fazer isso agora, apesar do horário. Eu tento considerar e pesar as minhas opções, mas uma delas parece tomar pouco a pouco conta de todos os meus pensamentos, me convencendo do que é o certo a se fazer. Claro, o certo a se fazer é ir para casa, mas a minha mente, complicada e anormal como é, me diz o contrário. 

Pouco tempo depois, eu me vejo enfiado dentro de um vagão aleatório do metrô, continuando a ir para o Sul. É absurda a quantidade de pessoas que me faz companhia ali – são tantas que eu nem preciso me agarrar à barra de aço sobre a minha cabeça, já que as pessoas grudadas à minha volta me mantêm perfeitamente em pé. Eu posso sentir a minha mochila ser comprimida sobre as minhas costas, modelando as curvas dos ossos dos meus ombros de uma maneira dura e seca. Vagamente, alguém perto de mim parece escutar música no último volume; e é só quando eu giro o rosto para o lado que noto uma garota balançando a cabeça para cima e para baixo, repetidamente, os fones de ouvidos brancos enterrados nas suas orelhas. 

Por um instante, eu imagino se o meu azar é tanto que todas as malditas vezes que eu entro num metrô, alguém ao meu lado tem que estar escutando música no último volume.

Com um suspiro exasperado, eu me mantenho quieto, sacolejando levemente de um lado para o outro entre as pessoas à minha volta, enquanto o metrô continua o seu trajeto. Honestamente, eu não sei se passo dez minutos ou uma hora inteira dentro do vagão, mas agradeço em mente ao finalmente pular em segurança para a plataforma 4, desviando das ocasionais pessoas que me aparecem pela frente. Podendo sentir o arquivo de Dougie ainda bem compressado debaixo do meu braço – ele faz um ruído de papel contra papel toda vez que eu me movo –, eu calmamente me encaminho para o lance de escadarias que me leva para as ruas apressadas do Sul de Londres.

Calmamente demais.

Inconscientemente, eu me vejo a cada passo avançado querendo recuar dois para trás. Eu não sei exatamente de onde todo esse receio veio, mas à medida que eu me aproximo de onde suponho ser a casa de Dougie, a minha mente começa a me avisar, em sussurros divertidos, para eu me afastar, ir embora, sair correndo, o que for. E eu provavelmente iria embora se não tivesse feito todo esse esforço para conseguir encontrá-lo.

Um cigarro aceso está enfiado na minha boca entreaberta. A fumaça do tabaco logo se dissipa pelo vento da noite, gelado e seco, me causando um ou outro arrepio elétrico. Ele queima inteiro e eu acendo outro. Eu soco os arquivos de Dougie dentro da mochila antes de voltar a andar. A caminhada que duraria no máximo cinco minutos – nos meus cálculos, pelo menos, já que eu tenho o endereço de Dougie memorizado no fundo da minha mente – se prolonga para dez, quinze, vinte minutos. Nesse meio tempo, eu já fumei nove cigarros e tive dois pequenos ataques de pânico (mentalmente, é claro). 

É somente quando dobro uma esquina e caio numa rua estreita, iluminada por milhares de postes e luzes de neon, ocupada predominantemente pelo comércio, que a imagem de Andi surge pela minha mente nublada. Há vozes de todos os tipos à minha volta, de adolescentes num bar a adultos atravessando a rua, que a ação de me concentrar se torna quase que impossível. As várias vozes dos adolescentes começam a ressoar alto pela minha cabeça e eu aperto os olhos, dolorosamente.

Eu mal me escuto soltar um grunhido e parar no meio da calçada, vasculhando dentro da minha mochila pelo celular mal utilizado que ganhara de Andi há muito tempo. Com uma falta de prática absurda, digito uma mensagem curta, dizendo exatamente que estaria na casa de Dougie a trabalho e que talvez voltasse mais tarde para casa. O celular faz um beep quieto e então eu o desligo depois de confirmar que a mensagem foi enviada.

Ironicamente ou não, quando ergo os olhos do celular, é para a fachada iluminada de um prédio modesto que estou encarando. Eu não preciso checar duas vezes para saber que é ali onde Dougie mora.

A passos apressados, subo o pequeno lance de degraus que me leva a uma entrada de portas duplas, de cobre desgastado. Sem prestar muita atenção, eu meto o indicador no interfone do painel e espero Dougie me atender.

Quando o outro lado da linha faz um barulho vago, parando de ressoar a campainha estridente, sinalizando obviamente que alguém me atendeu, eu nem espero ao menos que ele diga algo antes que eu comece a tagarelar inconscientemente.

"Dougie! Eu sinto muito pelo horário, sinto muito, muito, muito, mas eu realmente preciso falar com você! Eu quero dizer, o que diabos aconteceu? Por que você não foi trabalhar hoje e por que anda me evitando a todo custo? Eu realmente não faço a mínima ideia do que eu te fiz nesse meio tempo, mas se eu fiz algo, por favor, simplesmente converse comigo! Eu não aguento mais essa babaquice toda! Agora você pode por favor abrir essa droga de porta e me deixar entrar para que a gente possa ter uma conversa adulta, ao invés de eu ficar ralhando com um maldito interfone?"

Eu não sei realmente de onde todo esse vômito de palavras surge. Talvez seja pelo frio absurdo que faz aqui fora, ou pela quantidade absurda de nicotina que eu ainda tenho no meu organismo, ou simplesmente porque eu preciso saber o que aconteceu de fato, mas eu não me esforço para me acalmar. Na verdade, o silêncio do outro lado da linha que se prolonga por tempo demais só me faz ficar mais inquieto ainda.

"Poynter?", eu arrisco incerto.

"Ahn...", uma voz feminina, cansada e surpresa ao mesmo tempo, tão incerta quando a minha própria voz começa. "O apartamento dele é número 03."

Eu paro. Inspiro trêmulo – uma onda de pânico me lambe o corpo. Então afasto o rosto do interfone e espremo os olhos. O meu dedo ainda está pressionado contra um dos botões do painel. Do botão de número 04. 

A minha vontade é de rir. Surpreendentemente, eu apenas gaguejo sem muito sentido, num pedido embaraçado de desculpas, antes de cortar a linha com o apartamento 04. As minhas mãos voam para o meu rosto e eu escuto vagamente mais uma onda de risadas e vozes absurdamente altas do outro lado da rua, onde os adolescentes ainda se divertem no bar. Uma risadinha abafada escapa por entre os meus dedos. 

"Harry?", a risada morre na minha garganta instantaneamente. Sem retirar as mãos do meu rosto, o ergo na direção da voz confusa que me chama. "O que você está fazendo aqui a essa hora?"

A pouco menos de alguns metros de distância, posso ver Dougie caminhar retesado para perto de mim, uma sacola de plástico sacudindo na altura das suas pernas à medida que ele se aproxima e a sua expressão facial puramente surpresa – as sobrancelhas juntas em confusão. Eu, ainda agitado, parto os lábios para dizer algo, mas não consigo respondê-lo de nenhuma forma minimamente produtiva.

"Aconteceu algo?", ele soa surpreendentemente preocupado, suavizando as expressões – não é essa a reação que eu esperava dele. Eu noto que o seu olhar instintivamente corre e se concentra na região do meu nariz. Eu me empertigo em pé, incomodado. "Seu nariz está... Hum... Melhor."

A minha única reação é desviar o olhar e balançar a cabeça, concordando quietamente. Ele prossegue.

"Ainda está um pouco inchado, na verdade...", Dougie tomba a cabeça para o lado, me analisando fixamente, os seus olhos transmitindo uma sensação clara de culpa. "Mas melhor, pelo menos", ele admite, numa vozinha quase inaudível.

Eu volto meu olhar ao seu rosto a tempo que conseguir notá-lo abrir a boca mais uma vez (e até mesmo já prevendo o pedido de desculpa que logo cairá dos seus lábios), então eu simplesmente o corto, não me importando muito se vou acabar soando mal educado.

"Está tudo bem", começo, o tom de voz quase azedo. "Você não precisa se preocupar."

A minha mente talvez acrescenta à minha fala algo sobre Dougie realmente não se importar comigo, já que anda tão distante esses últimos dias, mas eu me forço a ignorá-la por completo, não querendo ficar mais mal humorado do que o normal.

"Certo...", ele murmura, soando tão incômodo com a situação quanto eu. Então logo as suas sobrancelhas se juntam em curiosidade. "E como você conseguiu me encontrar?"

"Pelo RH da H&M, Sam quebrou um galho para mim. Sem querer soar mal educado, mas a gente pode conversar lá dentro?", aponto o polegar para as portas duplas do prédio, deixando por um instante que o meu mau humor me ataque a fala. "Está um frio desgraçado aqui fora. Como você aguenta?"

Surpreendentemente, ele deixa escapar um riso, quieto. A sacola volta a sacudir levemente, tanto pelos passos de Dougie quando pelo vento congelante que atravessa os nossos corpos, enquanto ele se aproxima ainda mais de mim e me mete então a sacola nas mãos. Eu estremeço ao sentir os meus dedos subitamente ainda mais gelados do que o normal.

"Costume", ele dá de ombros, procurando por algo nos bolsos do seu casaco. "Está gelado, aliás."

"É mesmo? Não tinha notado", eu me escuto retorquindo, mal humorado. Tomado pela minha curiosidade, no entanto, espio dentro da sacola, podendo facilmente distinguir o selo da Häagen-Dazs estampado em dois potes moderadamente grandes. "Você deve estar com alguma concussão muito grave."

"Hum?"

Dougie me lança um olhar rápido por cima dos ombros. Ele então retira um molho de chaves tilintantes de dentro dos bolsos do casaco e enfia uma delas no trinco das portas duplas, fazendo alguma força para que elas cedam e ele possa finalmente empurrá-las abertas. 

"Você está doente, não pode tomar essas coisas", respondo simplesmente. É nesse momento em que eu tenho a fantástica ideia de analisá-lo pela primeira vez desde que nós começamos a conversar.

E então é tudo bem óbvio: Dougie não está doente. Não está nem minimamente doente, com o nariz congestionado ou simplesmente tendo uma crise de espirros. Nada. Na verdade, ele parece estar perfeitamente bem e saudável.

"Ah! Sobre isso–", ele tenta começar, estupidamente atrapalhado. Eu devidamente o corto.

"O que aconteceu?", a minha voz sai num tom tão baixo que me pego praticamente sussurrando. Eu tento me recompor logo em seguida, limpando a garganta e dizendo mais claro, dessa vez. "Por que você está me evitando dessa maneira estúpida, Poynter?"

Ele continua parado ao lado das portas, simplesmente me olhando sem reação. Eu continuo a retribuí-lo o olhar, algo doloroso dentro do meu peito aos poucos se expandindo pelo meu sistema inteiro. Eu não faço a mínima ideia do que isso seja, no entanto.

"Entre", ele faz um gesto mínimo com a cabeça na direção das portas ainda abertas, quietamente. "Entre e nós conversamos, ok?"

Há algo na sonoridade da voz dele que eu não consigo identificar. Eu penso ver uma nova onda de culpa correr pelos seus olhos baixos, nublados, mas logo afasto o pensamento. Estranhamente, eu não consigo sustentar o meu olhar por muito tempo.

Desviando o olhar para o lado, focalizo dois dos adolescentes de antes caminharem pela outra calçada da rua. Eles parecem contentes e ligeiramente embriagados, mas não o suficiente para saírem por aí fazendo algo estúpido. Os dois garotos, um de touca laranja e o outro de cabelos curtos, escuros, não param de andar enquanto se despedem dos amigos ainda no bar, acenando, assobiando, rindo. Quando os dois chegam quase ao final da rua, prontos para curvarem a esquina, eu consigo notar as suas mãos juntas, os dedos entrelaçados. Eles se olham mútuo uma única vez e sorriem, contornando a esquina e saindo completamente do meu campo de visão.

Aquilo faz com que o meu estômago se revire.

"Harry?", Dougie me chama, levemente confuso. "Venha."

Ao girar o rosto de volta para Dougie, já o vejo dentro do prédio, segurando uma das portas, aberta, para mim. Sem palavra alguma, eu o sigo, um turbilhão de dúvidas e vontades loucas voando pela minha mente.


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Notas finais do capítulo

E a formatação continua um lixo. Desisto. x_x
Mas enfim, obrigada a todos que puxaram minha orelha e mandaram review's, vocês são demais! ♥



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