07 a Aposta escrita por Sereny Kyle


Capítulo 1
Capítulo 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/13486/chapter/1

A Aposta


 Ban levava a Joaninha mal humorado.
 -- Uma semana aqui e eu já invento qualquer desculpa pra ficar longe daquela mulher!
 Ele ensaboava com violência o carro, descontando nele toda a sua raiva.
 -- Ah, me perdoe, minha pequena Joaninha, você não tem culpa nenhuma, não é, meu amor?
 Tay apareceu a tempo de ver Ban beijando o carro. Ela deu risada.
 -- Nunca vi um amor tão grande quanto o que você tem por esse carro.
 -- Esse não é um simples carro! E o que você quer? – ele perguntou em tom agressivo.
 -- Oh, não é um simples carro! E o que ele faz? Voa?
 -- Não te interessa, além do mais, você não entende nada sobre carros, não compreenderia.
 -- Ah, eu não compreenderia, não – Tay abriu a porta da Joaninha e destravou o capô do carro, foi até a frente e ficou olhando com interesse, e um sorriso provocador no rosto.
 -- O que pensa que está fazendo? – Ban disse furioso.
 -- Viela dupla? Ela faz o quê? Uns 20 km/h?
 -- É... É. Como sabe? – Ban perguntou, surpreso.
 -- V - Max de 1200 cilindradas, nitro sintonizado? Como faz pro motor não explodir?
 -- É só não soltar muito a nitro... Como sabe de tudo isso?
 -- Meu pai me ensinou. É, é realmente um bom carro – ela disse, fechando o capô. – Pena que você não sabe cuidar dele.
 -- O que quer dizer com isso? Ninguém dirige esse carro melhor que eu! – Ban disse, voltando a ficar furioso.
 -- Aposto o que quiser que eu dirijo melhor que você! Estou acostumada a dirigir o trailer, não pode me superar!
 -- Pois então, vamos apostar. Sabe dar cavalinho de pau?
 -- Acha que está falando com uma principiante? É claro que sei, idiota!
 -- Que seja. Vamos ver quem faz melhor! Se eu fizer melhor, o que vai acontecer, nós terminaremos aquela luta que começamos! – pela primeira vez, ele viu Tay hesitar.
 -- Por que quer lutar comigo? Quer ter certeza se suas técnicas de combate não foram superadas?
 Ban olhou cínico e arrogante pra ela.
 -- Tá certo. Sabe fazer bolos? – ela perguntou a ele.
 -- Ficaria impressionada com o que sei fazer!
 -- Ótimo. Se eu for melhor, o que vai acontecer, você fará os bolos que eu ia fazer!
 -- Pensei que gostava de cozinhar.
 -- Às vezes, também gosto de descansar.
 -- Como quiser. Damas primeiro? – ele disse, oferecendo a chave da Joaninha.
 Tay pegou as chaves e ligou o carro, ela correu pelo mato aberto, sempre acelerando, até chegar bem longe do trailer, desacelerou um pouco e virou o carro com perfeição e facilidade, deixando Ban espantado.
 -- Ela nem precisou... Da nitro. Que isso? – disse impressionado.
 Tay dirigiu de volta e parou do lado de Ban.
 -- Sua vez, recuperador. Vejamos do que é capaz.
 Ban entrou na Joaninha, ainda zonzo com a demonstração de Tay, suas mãos escorregaram no volante, ele desacelerou muito cedo e acionou a nitro além do que devia, quase explodindo o carro e perdendo o controle no final, quase capotando.
 Tay riu divertida, assistindo.
 -- Isso é o que sabe fazer? Não sei como ainda tem esse carro, Ban Midou! Há, há, há! Agora terá de pagar a aposta, recuperador!
 Tay entrou no trailer dando gargalhadas. Ban ficou encostado na Joaninha, desolado e confuso. Seu carro era seu bem mais precioso, seu companheiro leal, sua pequena Joaninha que nunca o tinha abandonado. Ele não entendia o que tinha acontecido, que feitiço Tay lançara que bloqueara sua sintonia com o carro.
 Quando entrou no trailer, Ban estava cansado e faminto. Encontrou Tay contentíssima sentada na mesa e ela apontou os ingredientes separados na pia. Ban puxou Ginji e começou a fazer os bolos. Faria um de chocolate e um de fubá. Mandou Ginji fazer apenas o básico, onde não poderia falhar.
 -- Ban? Por que estamos fazendo isso? – Ginji perguntou, cortando a goiabada.
 -- Fiz uma aposta com Tay! – ele disse, furioso.
 -- E você perdeu?
 -- Não, apostei que faria os bolos... O que acha?
 -- Ah, e o que apostou com a senhorita Tay?
 Ban ficou em silêncio, mexendo o bolo.
 -- Deixa pra lá. Aquela bruxa ainda vai lutar a sério comigo, a vai!
 -- Você apostou numa luta? Por quê?
 -- Porque eu tô com ela engasgada, Ginji. Mas parece que a senhorita Kamurato está com medo de lutar comigo.
 -- Vai ver ela só não quer confusão, Ban.
 -- Não é isso, Ginji. Eu sei que não é.
 Com os bolos assando, Ban e Ginji foram descansar em suas poltronas.
 -- O cheiro está ótimo, não está, Tatá? – Kay se aproximou da irmã, que ainda sorria.
 -- É, está!
 -- Eu só não entendi porque o senhor Ban que fez. Aconteceu alguma coisa que eu perdi?
 -- É o preço por ele ser metido e arrogante, só isso.
 Kay não entendeu o que a irmã quis dizer e, quando Ban se levantou pra tirar os bolos do forno, ela foi se sentar no colo de Ginji e perguntar-lhe se ele sabia o que tinha acontecido, mas nenhum dos dois tinha respostas concretas.
 Tay experimentou maravilhada os bolos de Ban, eram tão bons quanto os seus e era irresistível comer só um pedaço. Ela foi pra fora admirar a noite.
 Ela sentou-se na espreguiçadeira e ficou brincando de criar labaredas com os dedos. Por alguma razão, ela estava com um enorme peso em seu peito, um medo crescente e inexplicável. Quando Tay avançara para Ban da primeira vez, ele não pareceu ter lutado a sério e ela não entendia o motivo, isso a assustava ainda mais, porque agora ele usaria todo o poder dentro dele contra ela. Tay não poderia lutar contra aquele homem, ela já tinha derrotado mais adversários do que podia lembrar, mas Ban Midou com certeza a mataria. Aquele homem amaldiçoado com o olhar demoníaco e sede por sangue, o recuperador carcereiro do inferno que cobraria com juros seus pecados, que inflamava seu peito de terror, que congelava sua alma e fazia todo o seu corpo tremer ao se aproximar dela. Não, ela evitaria esse confronto o máximo possível até que ele desistisse da idéia ou avançasse impaciente em sua direção com a mordida de cobra em uma mão e a morte de Tay na outra.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

mereço reviews??



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "07 a Aposta" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.