07 a Aposta escrita por Sereny Kyle
A Aposta
Ban levava a Joaninha mal humorado.
-- Uma semana aqui e eu já invento qualquer desculpa pra ficar longe daquela mulher!
Ele ensaboava com violência o carro, descontando nele toda a sua raiva.
-- Ah, me perdoe, minha pequena Joaninha, você não tem culpa nenhuma, não é, meu amor?
Tay apareceu a tempo de ver Ban beijando o carro. Ela deu risada.
-- Nunca vi um amor tão grande quanto o que você tem por esse carro.
-- Esse não é um simples carro! E o que você quer? – ele perguntou em tom agressivo.
-- Oh, não é um simples carro! E o que ele faz? Voa?
-- Não te interessa, além do mais, você não entende nada sobre carros, não compreenderia.
-- Ah, eu não compreenderia, não – Tay abriu a porta da Joaninha e destravou o capô do carro, foi até a frente e ficou olhando com interesse, e um sorriso provocador no rosto.
-- O que pensa que está fazendo? – Ban disse furioso.
-- Viela dupla? Ela faz o quê? Uns 20 km/h?
-- É... É. Como sabe? – Ban perguntou, surpreso.
-- V - Max de 1200 cilindradas, nitro sintonizado? Como faz pro motor não explodir?
-- É só não soltar muito a nitro... Como sabe de tudo isso?
-- Meu pai me ensinou. É, é realmente um bom carro – ela disse, fechando o capô. – Pena que você não sabe cuidar dele.
-- O que quer dizer com isso? Ninguém dirige esse carro melhor que eu! – Ban disse, voltando a ficar furioso.
-- Aposto o que quiser que eu dirijo melhor que você! Estou acostumada a dirigir o trailer, não pode me superar!
-- Pois então, vamos apostar. Sabe dar cavalinho de pau?
-- Acha que está falando com uma principiante? É claro que sei, idiota!
-- Que seja. Vamos ver quem faz melhor! Se eu fizer melhor, o que vai acontecer, nós terminaremos aquela luta que começamos! – pela primeira vez, ele viu Tay hesitar.
-- Por que quer lutar comigo? Quer ter certeza se suas técnicas de combate não foram superadas?
Ban olhou cínico e arrogante pra ela.
-- Tá certo. Sabe fazer bolos? – ela perguntou a ele.
-- Ficaria impressionada com o que sei fazer!
-- Ótimo. Se eu for melhor, o que vai acontecer, você fará os bolos que eu ia fazer!
-- Pensei que gostava de cozinhar.
-- Às vezes, também gosto de descansar.
-- Como quiser. Damas primeiro? – ele disse, oferecendo a chave da Joaninha.
Tay pegou as chaves e ligou o carro, ela correu pelo mato aberto, sempre acelerando, até chegar bem longe do trailer, desacelerou um pouco e virou o carro com perfeição e facilidade, deixando Ban espantado.
-- Ela nem precisou... Da nitro. Que isso? – disse impressionado.
Tay dirigiu de volta e parou do lado de Ban.
-- Sua vez, recuperador. Vejamos do que é capaz.
Ban entrou na Joaninha, ainda zonzo com a demonstração de Tay, suas mãos escorregaram no volante, ele desacelerou muito cedo e acionou a nitro além do que devia, quase explodindo o carro e perdendo o controle no final, quase capotando.
Tay riu divertida, assistindo.
-- Isso é o que sabe fazer? Não sei como ainda tem esse carro, Ban Midou! Há, há, há! Agora terá de pagar a aposta, recuperador!
Tay entrou no trailer dando gargalhadas. Ban ficou encostado na Joaninha, desolado e confuso. Seu carro era seu bem mais precioso, seu companheiro leal, sua pequena Joaninha que nunca o tinha abandonado. Ele não entendia o que tinha acontecido, que feitiço Tay lançara que bloqueara sua sintonia com o carro.
Quando entrou no trailer, Ban estava cansado e faminto. Encontrou Tay contentíssima sentada na mesa e ela apontou os ingredientes separados na pia. Ban puxou Ginji e começou a fazer os bolos. Faria um de chocolate e um de fubá. Mandou Ginji fazer apenas o básico, onde não poderia falhar.
-- Ban? Por que estamos fazendo isso? – Ginji perguntou, cortando a goiabada.
-- Fiz uma aposta com Tay! – ele disse, furioso.
-- E você perdeu?
-- Não, apostei que faria os bolos... O que acha?
-- Ah, e o que apostou com a senhorita Tay?
Ban ficou em silêncio, mexendo o bolo.
-- Deixa pra lá. Aquela bruxa ainda vai lutar a sério comigo, a vai!
-- Você apostou numa luta? Por quê?
-- Porque eu tô com ela engasgada, Ginji. Mas parece que a senhorita Kamurato está com medo de lutar comigo.
-- Vai ver ela só não quer confusão, Ban.
-- Não é isso, Ginji. Eu sei que não é.
Com os bolos assando, Ban e Ginji foram descansar em suas poltronas.
-- O cheiro está ótimo, não está, Tatá? – Kay se aproximou da irmã, que ainda sorria.
-- É, está!
-- Eu só não entendi porque o senhor Ban que fez. Aconteceu alguma coisa que eu perdi?
-- É o preço por ele ser metido e arrogante, só isso.
Kay não entendeu o que a irmã quis dizer e, quando Ban se levantou pra tirar os bolos do forno, ela foi se sentar no colo de Ginji e perguntar-lhe se ele sabia o que tinha acontecido, mas nenhum dos dois tinha respostas concretas.
Tay experimentou maravilhada os bolos de Ban, eram tão bons quanto os seus e era irresistível comer só um pedaço. Ela foi pra fora admirar a noite.
Ela sentou-se na espreguiçadeira e ficou brincando de criar labaredas com os dedos. Por alguma razão, ela estava com um enorme peso em seu peito, um medo crescente e inexplicável. Quando Tay avançara para Ban da primeira vez, ele não pareceu ter lutado a sério e ela não entendia o motivo, isso a assustava ainda mais, porque agora ele usaria todo o poder dentro dele contra ela. Tay não poderia lutar contra aquele homem, ela já tinha derrotado mais adversários do que podia lembrar, mas Ban Midou com certeza a mataria. Aquele homem amaldiçoado com o olhar demoníaco e sede por sangue, o recuperador carcereiro do inferno que cobraria com juros seus pecados, que inflamava seu peito de terror, que congelava sua alma e fazia todo o seu corpo tremer ao se aproximar dela. Não, ela evitaria esse confronto o máximo possível até que ele desistisse da idéia ou avançasse impaciente em sua direção com a mordida de cobra em uma mão e a morte de Tay na outra.
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mereço reviews??