Hetaoni: The Very Last Moment escrita por Kyra_Spring


Capítulo 3
III - Inglaterra, América, Canadá


Notas iniciais do capítulo

Nota da autora: dessa vez, diferentemente do capítulo anterior, não haverá trechos em primeira pessoa de todos. O capítulo será todo narrado pelo América, com uma parte em terceira pessoa. Como eu disse, experimentando e testando coisas novas! xDDD
(*btw, esse é meu capítulo favorito até agora. Sei lá... de repente eu percebi que provavelmente, entre todos, América foi quem mais sofreu com tudo aquilo... Ç_Ç*)
Enfim, espero que gostem. Até mais! ;D



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            Quando as coisas atingiram aquele ponto?

            Naquele momento, eu sentia meu corpo formigar devido à perda de sangue. Eu estava tão exausto que sentia que, a qualquer momento, desabaria no chão e não conseguiria mais me levantar. Mas aquilo era algo que eu tinha que fazer. Eu... devia isso a eles. Por tudo.

            Canadá era mais leve do que parecia. O rosto dele estava tão sereno, tão... tranquilo. Ele parecia estar dormindo o sono dos justos, como nos dias em que ele ia passar a noite na minha casa. Ficávamos fazendo qualquer coisa até tarde, e então, sem mais nem menos, eu o pegava dormindo no tapete, ainda de óculos, com Kumajirou aninhado ao seu lado. Ele havia sido o primeiro a cair. Havia sido tão rápido que ele provavelmente nem havia sentido dor.

            Eu não sabia se era grato por isso, ou se aquilo me fazia odiar ainda mais aquele monstro.

            Eu o peguei no colo, e o coloquei sobre uma das camas daquele quarto. Sobre ele, coloquei também o corpo de Kumajirou. Mesmo que um não soubesse direito o nome do outro, eles eram amigos. E, como amigos, tinham que permanecer juntos. Toquei o rosto dele, afastando uma mecha de cabelo ensanguentado do rosto, e tirei seus óculos. Ele sempre teimava em dormir de óculos, mesmo que soubesse que isso acabava entortando-os sempre...

            Droga... droga...

            A dor que eu sentia em meu corpo não era nada em comparação à que rasgava meu coração naquele momento. E eu sabia que também não iria durar muito tempo. Em breve, eu o encontraria outra vez. Quer dizer, pelo menos era nisso que eu acreditava. Eu precisava acreditar que haveria outro mundo, alguma espécie de paraíso onde eu pudesse encontrá-lo outra vez.

            E ele não era o único.

            Inglaterra ainda estava vivo, mas por pouco tempo. O peito dele subia e descia com dificuldade. Havia uma perfuração em seu estômago, e uma série de escoriações espalhadas pelo seu corpo. Mas, naquele momento, ele, sentado no chão com as costas apoiadas na parede, exibia um daqueles sorrisos amargos e cheios de sarcasmo nos quais ele era especialista.

- Ah, qual é? - ele murmurou, a voz áspera – Eu não criei você pra ser um maricas chorão. Recomponha-se, homem, isso não é o fim do mundo.

- Ah, cale a boca! - retruquei, irritado, enquanto virava o rosto para esconder os olhos. Ele não podia me ver chorando... não agora... - Do que é que você sabe, hein?

- Eu acho que vivi um pouquinho mais do que você, e posso entender como você se sente agora, América - ele respondeu, no mesmo tom de antes - Ele está melhor do que nós dois e você sabe disso. Você sabe... - então, ele tossiu, e um filete de sangue escorreu pelo canto da sua boca - Você sabe que não vamos sair daqui...

            É claro que eu sabia. Eu não era tão ingênuo assim.

            Mas isso não fazia tudo ser mais fácil, fazia?

- A culpa é minha... - aquela frase escapou dos meus lábios sem que eu pudesse contê-la - Se eu... se eu tivesse sido mais rápido... se eu fosse... mais forte... ele estaria... ele estaria...

- Não teria mudado nada - ele me cortou. Ele estava tão... diferente do habitual... - Você estaria deitado naquela cama com um urso morto ao seu lado, e ele estaria de pé na minha frente se culpando. Se tem alguém pra culpar aqui, sou eu... eu não fui forte o bastante para protegê-los.

            Ele parou de falar, e começou a tossir. A mão que levara à boca estava tingida de vermelho.

- Eles vão chegar logo aqui – eu disse, tentando fingir um mínimo de confiança – As bandagens que fiz não são boas, mas vão manter você bem até o China chegar com um daqueles chás milagrosos dele. E você provavelmente vai ficar com uma cicatriz, mas aí pode usá-la para contar alguma história e tudo o mais. Sabe, cicatrizes fazem você parecer um cara mais durão...

- Ei, América – ele resmungou, a voz subitamente mais forte. Meu coração deu um pulo, será que aquilo significava que, afinal, ele realmente iria ficar bem?

- O que foi?

- Cale a boca, eu não sou idiota a esse ponto – sério, eu quis socá-lo naquela hora. Mas é claro que não fiz isso. Limitei-me a encará-lo: os olhos verdes dele reluziam de uma forma estranha. A mão dele estava posada sobre o seu ferimento.

            Era aquela a expressão de... alguém que sabia que estava na hora de partir?

- Eu já sofri todo tipo de ferimento que você puder imaginar – ele começou a dizer, um olhar distante e reminiscente – Cortes, perfurações, balas... minha casa já foi bombardeada mais de uma vez, já fui atacado por metade do mundo... mas nada doeu tanto... nada foi tão... tão frustrante...

            A expressão dele era uma mistura de raiva e decepção. E aquilo me entristeceu.

- Mas acho que, no fim, não pude fazer muito – ele sorriu outra vez, com amargura – Mesmo assim... acho que não errei tanto assim com vocês dois quanto eu pensava...

- Ingla... terra... – a minha voz morreu. Eu não esperava por aquilo. Em algum lugar da minha cabeça, percebi que meu peito doía muito. Mas a expressão dele era mais dolorosa do que isso. Era tão resignada e tranqüila... tão diferente da habitual...

- Tente não se mexer muito – ele disse – A coisa jogou você com muita força, talvez você tenha quebrado algum osso ou algo assim.

            Provavelmente sim. Costelas, pelo visto. Isso explicaria a dor. Mas o que ele pensava que estava fazendo, se preocupando comigo?

            E então, ele começou a tossir sangue sem parar. Estava ficando cada vez mais pálido.

- Aquele cretino do França iria adorar me ouvir dizendo isso – outro sorriso falso, que rapidamente desapareceu. No lugar dele, porém, surgiu uma lágrima que abria um trilho claro sobre a poeira em seu rosto – Mas... eu me... orgulho de você e do seu irmão. Muito. Mesmo que eu não concordasse com você em muita coisa, mesmo que... a gente só brigasse...

            Eu quis gritar para que ele calasse a boca. Não queria ouvir aquilo, porque sabia que aquela seria a última coisa que eu o ouviria dizer. Ele não diria aquilo em outro momento. Senti meus olhos se turvarem de novo. Idiota. Idiota. Eu não queria saber daquilo!

- Hahaha... – ele deu uma risadinha cansada – Nossa, tá tudo borrado... Então é essa... a sensação... Acho que não tenho reclamações quanto a isso. De certa forma, é bom... ser humano...

            Bom? Bom?! No que poderia ser bom morrer daquele jeito?

            A dor em meu peito aumentava, e algo parecia pressionar meus pulmões e dificultar a minha respiração. Definitivamente, costelas quebradas. Perfurariam meus pulmões, se eu continuasse daquele jeito. Mas isso não parecia importar tanto assim.

            Ele voltou a tossir, com mais intensidade do que antes. Fui até ele tão rápido quanto possível, me ajoelhando ao seu lado e amparando-o. As roupas estavam completamente encharcadas de sangue. Sua cabeça pendia suavemente, como se ele já não conseguisse mais mantê-la erguida. Com dificuldade, ele voltou seu olhar na minha direção. E sorriu mais uma vez. Dessa vez, porém, não era um sorriso amargo ou cínico. Não. Era um sorriso... genuíno.

- Você se tornou mesmo um grande homem, América – as pálpebras subiam e desciam – Acho que só por isso tudo já valeu a pena... Agora... tente sair daqui... vá ser... o herói... por favor...

- Não – minha voz estava trêmula demais – Não, eu vou te tirar daqui. Eu juro!

- Se encontrar o France em algum lugar, dê um soco nele por mim... – ele não parecia nem mais me ouvir, naquele momento – E... e tente pegar leve com os outros, tá? Às vezes é difícil... acompanhar... o seu... ritmo...

            Silêncio. Os olhos dele, abertos, refletiam a fraca luz do sótão. Sua respiração parou.

            Eu não consigo descrever o que sentia, enquanto fechava os olhos dele e o levava para a outra cama do cômodo. Acho que era uma espécie de... vazio. As pessoas mais importantes para mim... minha família... havia sido retirada de mim.

            E eu estava sozinho.

            Isso não estava certo. Um herói não vê aqueles que ama morrerem. Um herói morre antes deles. Exatamente para salvá-los. E eu não pude fazer isso. Eu só pude... assistir.

            Eu não era um herói. E essa era a minha punição por um dia ter pensado que era.

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- DROGA! CHEGAMOS A UM BECO SEM SAÍDA!

            Já fazia algum tempo que Inglaterra, América e Canadá estavam correndo a esmo pelos corredores do casarão. O monstro permanecia no encalço deles, e estava ficando cada vez mais difícil despistá-lo. Subindo escadas e entrando em corredores, acabaram chegando ao último quarto do sótão. Um fundo cego.

- Shit... – rosnou Inglaterra, enquanto trancava a porta e arrastava uma cômoda para travá-la – Isso não vai segurar a coisa lá fora por muito tempo! – voltou sua atenção para Canadá, que naquele momento rasgava um pedaço da própria camisa e tentava fazer uma bandagem para um enorme ferimento em Kumajirou – Espere aí, eu vou te ajudar! Deve ter algo aqui... qualquer coisa...

            Ele folheava seu grimório, tentando achar uma pista. Mas, quando viu o mais novo colocando o mascote no chão com delicadeza e abaixando os olhos, parou, sabendo que não poderia fazer mais nada por ele.

- Kuma... jirou... – ele murmurou, a voz fraca e chorosa – NÃO!!!

- Canadá... – América abraçou o irmão, que agora chorava abertamente em seu ombro – Calma, calma... ele lutou bem, e você fez o que podia...

            Inglaterra apenas assistia em silêncio. Parte de si sentia o pesar do outro, mas a outra parte estava atenta para qualquer som de aproximação. Em pouco tempo, os três escutaram aquele som odioso e familiar. Prenderam a respiração, apenas esperando.

            E, então, batidas na porta. Uma. Duas. Três. A cômoda usada como escora balançava furiosamente a cada batida. América e Inglaterra se colocaram na frente de Canadá, armas a postos, e, quando a porta finalmente cedeu, eles foram os primeiros alvos.

            Não houve tempo para nada. O primeiro atingido foi América. O monstro o agarrou com força, pressionando-o contra uma das paredes e depois jogando-o brutalmente na parede oposta. Inglaterra veio depois. Ele não conseguia conjurar os seus feitiços tão rapidamente quanto necessário, e num momento de descuido acabou sendo atingido no estômago e também jogado contra a parede. Agora, Canadá estava frente a frente com ele, desarmado e indefeso.

            Mas seus olhos queimavam com o ódio provocado pela perda.

- CORRA!!! – América tentava berrar, sem conseguir se mexer – POR FAVOR, SAIA DAÍ!

- O QUE ESTÁ ESPERANDO, SEU CRETINO? FUJA DE UMA VEZ! – Inglaterra tentava se levantar, sem conseguir.

- Inglaterra, você precisa de três segundos, não é? – ele perguntou, a voz vazia – Eu vou conseguir três segundos para você, então prepare-se.

            Ele abriu o seu grimório, engolindo em seco e começando a perceber os planos do outro. Então, Canadá apanhou um pedaço mais longo de madeira e partiu para cima do monstro. Os outros dois só puderam observar, em choque, enquanto ele golpeava a criatura com o porrete.

- O QUE ESTÁ ESPERANDO, INGLATERRA? – ele berrou – ANDE LOGO!

            E, nos segundos seguintes, tudo aconteceu muito rápido. O movimento de uma garra. Um jorro de sangue voando e respigando na parede. Um clarão que empurrou o monstro para longe e o fez ir embora. O som de um corpo caindo no chão. Dois gritos de pavor congelados em olhares mudos de pânico, enquanto eles se davam conta do que realmente havia acontecido.

- Ele... ele... – a voz de América se recusava a sair – Por quê?

            Inglaterra não respondeu. Seu próprio ferimento protestava. Ele o tocou. Era grande e profundo, e sangrava muito. Além disso, não conseguia se levantar. Então, tudo o que pôde fazer foi observar enquanto o outro cambaleava, apoiando-se nas paredes, até o corpo do terceiro, erguê-lo e colocá-lo sobre uma das camas, colocando depois Kumajirou a seu lado e caindo de joelhos aos pés da cama.

- Isso não está acontecendo... – foi tudo o que Inglaterra pôde dizer, em meio ao desespero.

            Mas essa era a pior parte.

            Aquilo estava acontecendo. Tudo aquilo era real. Assustadoramente real.

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            Eu não soube quanto tempo passou, depois disso.

            O silêncio, agora, era sepulcral. A dor e a pressão no meu peito dificultavam a minha respiração cada vez mais. Agora, o cansaço me derrubava, e eu sabia que também não tinha muito mais tempo. Eu estava sentado ao lado da cabeceira da cama onde estava Inglaterra. E ficava olhando os rostos dele e de Canadá. Eu não conseguia mais chorar. Na verdade, era como se algo em mim tivesse entrado em curto-circuito. Minha mente estava vazia, eu não conseguia sentir mais nada...

            Foi então que ouvi algo se aproximar. Minha mão pousou instintivamente sobre o coldre da minha arma, mas eu não pretendia atacar o que quer que fosse. Se eu tivesse três balas, seria muito. E eu não tinha mais forças para me levantar, de qualquer forma. Se fosse o monstro... whatever.

- A-américa?

            Aquela vozinha esganiçada e chorosa definitivamente não era do monstro. Olhei na direção da porta destruída e quase não acreditei no que vi ali. Não era possível. Entre todos os que estavam na casa, o primeiro a me alcançar havia sido justamente...

            Itália. Logo ele. Eu não soube dizer se aquilo me deixava aliviado ou com raiva.

            Não... estava tudo bem... era bom que fosse ele, afinal.

            Então, me limitei a fingir um sorriso. Um sorriso de herói que, mesmo com a dor, está feliz por ter cumprido sua missão. Eu poderia interpretar aquele teatrinho por mais alguns minutos.

- Aah, Itália, é bom ver você – minha voz soou tão patética que eu quis me dar um soco – Você está bem? Não está ferido, está?

- Não, e-eu estou bem – ele gaguejou, se aproximando. Pude ver que ele chorava, que estava pálido e que suas roupas estavam manchadas de sangue. Um sangue que provavelmente não era dele. Engoli em seco, imaginando o que diabos aconteceu com os outros.

            Então, ele se ajoelhou perto de mim. Seus olhos mostravam um cansaço e uma dor além do que eu era capaz de imaginar. E eu não podia fazê-lo sofrer mais. Ele murmurou um “você está bem?” quase inaudível, e eu respondi, tentando rir:

- Sim, ficaremos bem... então apenas saia daqui e vá buscar reforço ou algo do tipo.

- Do que está falando? – então, ele berrou, perdendo a paciência – Você precisa de ajuda!

- Está tudo bem... – insisti – Eu quero fazer um favor a esses dois ficando com eles...

- América...

            O tom dele deixou claro que ele não acreditava em mim.

            E com isso, dizia que eu não tinha mais porque mentir ou bancar o forte.

            As lágrimas começaram a surgir outra vez, embaçando as lentes dos meus óculos, já sujas e riscadas. E foram ficando mais e mais intensas, e antes que eu pudesse perceber, comecei a soluçar como uma criança perdida.

- Não... – minha voz também soava como a de uma criança – Eles não podem mais me ouvir... então direi isto com toda a sinceridade.

            Me virei um pouco. Aquele movimento simples foi inacreditavelmente doloroso, como se ganchos estivessem sendo fincados em meu peito. Mas eu precisava ver os rostos dos dois. Meus irmãos, o mais velho e o mais novo. Minha família, que eu não fui capaz de proteger.

- Eu quero ficar aqui com eles... até meu último momento... – os soluços pouco a pouco cessavam, mas as lágrimas não paravam de correr – Porque são importantes para mim...

- Porque você vai... me proteger? – o olhar que Itália me lançou foi também o de uma criança. Como eu. Uma criança mais nova que eu, que precisava de mim. Aquilo me fez sorrir, sem querer.

            Quem diria...

            No fim das contas, ainda protegeria alguém. De certa forma.

            Eu poderia ser o herói. De verdade, desta vez.

            E, quando eu reencontrasse meus irmãos, poderia dizer a eles que não foi tudo em vão.

- Yeah – respondi por fim – Mesmo que eu não possa mais me mover... não estou cometendo um erro. Não me arrependo de nada.

            Isso não era totalmente verdade. Eu tinha, sim, muitos arrependimentos. Até mais do que eu gostaria. E a imensa maioria deles dizia respeito aos dois que eu velava, naquele momento.

            Mas eu não me arrependia daquele momento. Não me arrependia de ajudá-lo.

- Eu... – Itália ainda tentou protestar, mas eu não deixei. Tentando reforçar um pouco a voz, disse:

- Vá embora. Eu desejo sorte...

            Ele me encarou, enquanto se levantava e se afastava. E, quando achei que ele estava longe, me permiti enfim cair no desespero. Tirei os óculos e os joguei longe. Não enxergava quase nada sem eles, mas já não conseguia ver com muita clareza com eles mesmo. Toquei a mão de Inglaterra, minha cabeça descansando sobre o colchão. Estava gelada.

            Vocês me esperariam, do outro lado? Para seguirmos em frente juntos?

            Haveria mesmo um outro lado pelo qual esperar?

            Vocês estariam em paz? Vocês me perdoariam? Vocês ainda... iriam gostar de mim?

            Ainda seríamos uma família?

            E os outros, ainda seriam nossos amigos?

            As coisas poderiam ter acontecido de outra forma?

            As perguntas me torturavam. E eu já estava tão cansado... tão cansado...

            Tão cansado que decidi que não iria esperar até me afogar em meu próprio sangue graças a meus pulmões perfurados. Não.

            Minhas mãos já tremiam, provavelmente por causa da perda de sangue que estava me enfraquecendo. E o revólver, agora, parecia mais pesado que antes. Mesmo assim, tirei-o do coldre, devagar, enquanto uma série de lembranças desconexas passava em fast-forward pela minha cabeça.

            Aquilo me tornava um covarde? Um fraco?

            Eu estaria errado em querer deixar a dor e a solidão para trás?

            Não. Eu não era fraco. Mas também não era um herói. Não era um super-homem.

            Eu era apenas humano. Como o próprio Inglaterra havia dito. E isso me permitia não querer mais suportar tanta dor assim.

            E uma das minhas mãos ainda estava pousada sobre a mão dele, enquanto a outra guiava o revólver até a minha têmpora. Fechei os olhos, sentindo o toque frio do metal contra a minha pele. Três balas, se eu tivesse sorte. Eu precisava apenas de uma.

            Então, fechei os olhos, respirando tão profundamente quanto possível.

            E vi os dois, Inglaterra e Canadá, sorrindo para mim. Eles ainda eram minha família. Eles me perdoaram. E, agora, me esperavam para ir com eles para onde quer que fôssemos.

            Depois disso, tudo desapareceu em meio a um clarão e ao som de um disparo.

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Notas finais do capítulo

Nota da autora: ...tá, eu acho que pisei na bola aqui com esse final. xD O próximo capítulo vai demorar um pouco. E ainda estou decidindo se a fic terá quatro ou SEIS capítulos. Seis? Sim, seis. Porque, se eu incluir um capítulo 5 (baseado no capítulo 10 da fic original - e todos sabem QUEM morre nesse capítulo, o que quer dizer que eu não preciso dizer aqui), terei que colocar um epílogo, e eu não sei se conseguiria fazer um epílogo decente. De qualquer forma, espero que gostem, e até mais! ^^



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