Hoje esta um dia espetacular. Qualquer um pode confirmar isso. O sol esta brilhando, a temperatura esta agradável, o ceu sem nuvens, os passarinhos cantando... O dia tipicamente perfeito.

Mas por dentro eu me sinto como se estivesse num dia cinza, frio e solitário. Eu olhava pela janela do meu quarto para fora, e via sem realmente ver algo. Tudo o que eu via eram pessoas apressadas passando com seus carros em alta velocidade, pessoas preocupadas demais com suas aparências, pessoas com sorrisos falsos... Tudo muito... Natural. Essa era a palavra correta. Parece que todos já se acostumaram a ser assim e ver outras pessoas agindo desse modo.

Eu não queria ser assim. A minha maior vontade é de ser diferente. Eu não quero repetir os mesmos erros que meus pais cometeram e agora descontam em mim – o resultado desse erro.

"I still remember the world
From the eyes of a child                                 
Slowly those feelings
Were clouded by what I know

Where has my heart gone?
An uneven trade for the real world
oh I, I want to go back to
Believing in everything and knowing nothing at all"

Cansada de pensar, de existir; fiz algo que nunca tinha tido coragem de realmente fazê-lo. Peguei os malditos comprimidos que o psiquiatra havia me indicado para que eu conseguisse dormir, o anti-psicótico e a garrafa clandestina que havia em meu quarto e fui para a cama.

"I still remember the sun
Always warm on my back
Somehow it seems colder now

Where has my heart gone?
An uneven trade for the real world
Trapped in the eyes of a stranger
Oh I, I want to go back to
Believing in everything…"

Enquanto minha mente se desligava do mundo, minhas mãos ganharam vida ao soltar lentamente um por um dos comprimidos. Peguei os comprimidos – eram quatorze ao total – e fiquei olhando-os em minha mão enquanto tomava um gole da garrafa clandestina. O líquido desceu queimando minha garganta. Isso não irá durar muito tempo... logo estará acabado...

Coloquei um comprimido de cada vez em minha boca, enquanto silenciosas lágrimas escorriam por meu rosto. Depois que eu havia tomado todos, peguei uma folha de papel e comecei a escrever uma carta. Minha ultima carta.

"Iesu, Rex admirabilis
El triumphator nobilis
Dulcu innefabilis
Tatus desiderabilis

An the years pass by me
before my face
As war rage before me
I forced it out
In darkness of the storm
Lies an evil
But its me"

Nela, eu pedi desculpas por todo o infortunio que eu fiz com que todos passassem, por todas as lagrimas que eu fiz cair, por ter machucado as pessoas que eu amo. Pedi desculpas por ser fraca.

Uma agradável sensação de sonolência tomou conta de meu corpo. Finalmente eu senti o que era estar feliz. Sim! Era isso que eu estava sentindo naquele momento. Uma felicidade indescritivel.

- Filha? – alguem sacudia meu corpo largado na cama. – Filha!?

- Mãe? – minha voz não passava de um sussurro.

- Eu estou aqui querida. – sua voz era preocupada. – Pelo amor de Deus, que susto você me deu!

- Me desculpa… - a cada segundo que passava, meu corpo estava sendo sugado para um lugar lindo… - Me desculpa…

- Pelo que querida? Você não fez nada…

- Descul… pa… - meus olhos se fecharam mais um pouco, enquanto eu deixava que a força que atraia meu corpo ganhasse mais força.

- Filha? Filha!?

Meu corpo já não estava mais aqui. Deixei de ouvir as palavras, conseguindo apenas ouvir murmúrios. Sim, finalmente eu estava livre.

Foi o que pensei pela ultima vez antes de apagar completamente.

"Where has my heart gone?
An uneven trade for the real world
Oh I, I want to go back to                                                                
Believing in everything…
oh, where, where has gone?
Trapped in the eyes of a stranger
Oh I, I want to go back to
Believing in everything

I still remember…"