Not Like The Movies escrita por MCarolline


Capítulo 2
Capítulo 2




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- Alô ? - atendi indecisa.

- Oi, é a Jhenny, como vai ? - Jhenny era minha prima, uma das minhas melhores e únicas amigas.

- O mesmo de sempre, não aguento mais, acho que cansei. - disse desabafando.

- Cansou de que ? - perguntou ela. -De tudo, de viver, de respirar, de acordar e abrir os olhos e-e-e ... – não consegui concluir, desabando no choro. - Venha para minha casa agora, você precisa me explicar essa história, passe a noite aqui e teremos tempo para isso. – disse ela decidida. - Ok, vou arrumar minhas coisas. - tentei falar em meio ao choro. Peguei uma bolsa grande, nela coloquei tudo que pude e lembrei. Desci as escadas correndo enquanto meus pais jantavam, enxuguei as lágrimas e tentei me recompor para dar uma explicação. - Estou indo para casa da Jhenny, talvez eu durma por lá. - disse tentando não alongar o assunto - Tudo bem, cuide-se. - disse minha mãe.

A casa de Jhenny era no final da rua em que eu morava, mesmo dando passos lentos não demorou muito para que eu chegasse lá. Toquei a campanhia e minha tia logo veio atender.
__ Olá Kath como vai ? – perguntou.
- Estou bem tia, onde está Jhenny ? – menti, pois bem era algo que eu não estava.
- Está lá em cima te esperando. – disse indicando as escadas, por mais que eu conhecesse aquela casa como a palma da minha mão.

Subi as escadas, sentindo minha cabeça pesar, devia ser de tanto chorar. Já havia parado de derramar lágrimas, o estoque devia ter esgotado. Atravessei o enorme corredor, batendo na porta do quarto da Jhenny.
- Pode entrar. – disse ela, provavelmente sabendo que era eu.
- Oi. - murmurrei entrando no cômodo.
- Me conte t-u-d-o.- disse Jhenny direta, para que eu me abrisse.

- Vou resumir para ficar menos doloroso, saí com Justin depois da aula, fomos para um lugar barra pesada, chegando lá, um cara tentou arrumar confusão, pedi para Justin me levar embora, consegui convencer ele mas ele pediu que eu fosse para sua casa. – disse tomando fôlego para continuar – então fomos para lá, Pattie não estava em casa, Justin se aproveitou para tentar me fazer transar com ele, e- e-e. – acabei desabando no choro.
- Ele te feriu, oh meu Deus, vamos na delegacia. - disse ela desesperada.
- Não, ele não me feriu, não fisicamente, oh Jhenny, foi horrível. - me deitei em seu colo enquanto terminava de contar tudo.

Adormeci no colo de Jhenn, mas meu sono fora atrapalhado por um barulho na janela. Levantei e me deparei com Jhenny deitada ao meu lado, provavelmente devia ter pego no sono logo depois te mim. Fui até a janela para ver o que era e me deparei com um garoto, sentado no gramado, jogando pedras, logo que ele me viu gritou meu nome, estava escuro e eu não podia ver seu rosto direito. Até que ele começou a murmurar coisas, e eu pude reconhecê-lo.
- Me desculpe, eu estava em outro l-u-ugar, mas não sei como pude, vamos comigo, eu te levo. - era Justin, e eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar.
- Shhh ! Faça silêncio, vá embora, não quero falar com você. - disse tentando fazer com que ele me obedecesse.
- Não vou embora, não posso, não sei o caminho, estou sem rumo, Julieta volte para mim. - assim como eu reconhecera a voz, reconhecera também o quão bêbado ele estava, tropeçando nas palavras e dizendo coisas sem nexo.
- Fique aí, quietinho, não faça barulho, já vou. - disse, mais uma vez me dando por vencida.
Fui até minha prima, pois precisava acordá-la para que ela me ajudasse com o que fazer. Fiquei com pena de tirá-la do sono, mas era preciso.

- Jhenny, acorde, preciso de você. – disse tentando parecer o mais gentil possível.
- O que? Aconteceu algo ? – disse ela atordoada.
- Desculpa te acordar, mas para falar verdade aconteceu sim, Justin está lá embaixo, está bêbado, estou com medo de que ele faça algum escândalo . – disse olhando receiosa para ela.
- O que você quer que eu faça Kath? Me diga realmente, pois eu não lhe entendo, mesmo depois de tudo, vai perdoá-lo? – disse ela irritada, mas ela tinha razão, eu era uma idiota.
- Não posso deixá-lo lá, pode acontecer algo, vamos até lá em baixo, me ajude a levá-lo para casa. – disse quase implorando.
- Se você não o amasse, eu juro que o colocava para fora daqui a chutes, mas eu não faria isso, porque querendo ou não, você o ama. Vamos logo antes que eu desista. – disse minha prima, eu realmente amava aquela garota.
- Obrigada, não sei como agradecer. - disse abraçando-a.

Descemos as escadas em silencio para não acordarmos os pais de Jhenny, peguei a chave do carro para que pudéssemos levar Justin embora e evitar problemas. Abrimos a porta e me deparei com Justin jogado na varanda, e o cheiro forte de álcool que vinha dele. Era comovente o jeito de como ele parecia frágil, tão frágil quanto estava meu coração após nossa briga.

- Venha Justin, vamos, vou te levar para casa.- disse segurando em seu braço para ajudá-lo a levantar, ele estava mais do que bêbado, com os olhos abertos, olheiras e murmurrava algumas coisas que eu não conseguia entender.
- Vai me perdoar, não é ? Por favor. – disse manhoso.
- Não lhe prometo nada, apenas colabore, está pesado. – disse levando-o até o caro.

Sentei ele no banco de trás e dei a volta pelo carro para sentar no banco da frente ao lado da minha prima.
- Vamos rápido para que ninguém acorde. – disse agitada.
- Kath, vamos largar esse garoto lá e tentar não nos meter em problemas, certo?
- Certo. – assenti.

Chegamos na casa de Justin e eu desci do carro para tirá-lo do banco de trás, já que provavelmente ele não conseguiria sair soizinho.
- Vamos Justin, me ajude a tirar você daí. – murmurrei tomando força para ajudá-lo a levantar.
- Ok, estou com sono e vejo tudo embaçado. – disse ele com a voz embolada.
- Kath, espero você aqui embaixo, não demore. – disse minha prima.
- Jhenny, você não vai me ajudar a levá-lo lá para dentro? - perguntei.
- Não peça demais, já não chega ter que trazê-lo até aqui, nessa casa eu não entro.
- Tudo bem, eu vou sozinha. Vamos Justin! - disse e apoiei seu braço em meu ombro.

Chegando lá dentro, a casa estava vazia, ascendi a luz para que pudesse levá-lo para o quarto. Como sempre Pattie deveria estar na casa dos avós de Justin, o pai de Justin era como um fardo para ela, bebia, era agressivo, mexia com drogas, boa coisa não era, eu sabia o quanto Justin já devia ter sofrido, as vezes eu sentia pena. Por isso Pattie passava a maior parte do tempo na casa de seus pais, Justin por sua vez acabava ficando sozinho, procurando apoio em coisas erradas. Subi as escadas com muito esforço carregando praticamente todo o peso de justin. Chegando em seu quarto, o coloquei sentado na cama.
- Pronto Justin, meu trabalho termina aqui, estou indo. - disse me encaminhando para a saída.
- Não, por favor fique e me ajude, preciso tirar essa roupa tomar um banho. – disse ele levantando-se e logo caindo no chão.
- Eu sempre me rendo mesmo, não é ? Sou mesmo uma idiota. - disse farta.
- Anh?-disse ele sem entender.
- Esqueça, venha, você precisa de um banho.- levantei-o do chão e o levei para o banheiro, ajudei para que ele tirasse sua camisa, o resto deixei por conta dele para não tornar a situação mais constrangedora do que era.

Fechei a porta do banheiro e o deixei lá para que ele tomasse banho, mesmo com o forte cheiro de álcool no lugar, eu conseguia sentir o cheiro do perfume de Justin, que era maravilhoso de enlouquecer qualquer um. Sentei em sua cama, e fiquei observando o quarto, cada detalhe, era um quarto bagunçado, mas sem exageros, típico de um garoto, paredes brancas, com alguns detalhes em azul. Prateleiras, fotos da infância, que não eram um assunto favorito de Justin, ele parecia guardar mágoas, mas eu o entendia, deveria ter sido muito difícil para ele ter um pai alcólatra e agressivo. Fui interrompida de meus pensamentos com o toque do meu celular. Era Jhenny, eu havia esquecido completamente de que ela estava lá embaixo me esperando.
- Oi, Jhenny, desculpa, perdi a noção do tempo. - disse tentando me justificar.
- Kath, quando você tomará juízo nessa cabeça de vento? - disse ela brava.
- Olha Jhenny, Justin precisa de mim agora, vou passar a noite aqui, mas não se preocupe, vai ficar tudo bem. – disse mordendo os lábios torcendo para que ela concordasse em me deixar lá.
- Vai ficar tudo bem? Como assim ficará tudo bem? Ele está bêbado Kath, b-ê-b-a-d-o! – disse ela alterando a voz.
- Jhenny, eu conheço Justin, ele não faria nada para me machucar, não fisicamente. Sei que o odeia, mas por favor... faça isso por mim. – quase implorei.
- Tudo bem Kath, mas não sei como faremos para que ninguém descubra que você fugiu para passar a noite cuidando de seu namorado bêbado. - disse ela severa.

- Já pensei em tudo, se minha mãe ligar, diga que estou dormindo, já que são 3:00 da manhã. Se sua mãe acordar e me procurar, diga que... hm... diga que eu voltei para casa porque esqueci algo e resolvi ficar por lá. – disse tentando ser prática.
- E amanhã de manhã, quando todos acordarem e você não estiver aqui comigo em meu quarto? – disse ela.
- Não sei, me deixe pensar, droga, não havia pensado nisso! –exclamei.
- Ótimo, está encrencada.
- Já sei, se sua mãe acordar e procurar por mim, diga que eu fui mais cedo para a escola porque tinha que passar na biblioteca para fazer um trabalho escolar. - disse enfim, satisfeita por arrumar uma mentira para cada imprevisto.
- Ok, torça para que ninguém descubra nada.
- Vou torcer, obrigada, de novo, amo você, tenho que desligar, vou resgatar Justin do banho.
- Amo você também, se não fosse por isso, não estaria te ajudando agora, vai lá, juízo. - disse ela e desligou, dando ênfase ao ‘juízo’.

Me levantei da cama, segui para a porta do banheiro, bati antes para ter certeza de que ele havia acabado, nada respondeu, pensei que ele não me ouvira, bati mais uma vez, ele nao disse nada.
- Justin? - chamei preocupada, sem ouvir nada além do som do chuveiro.
- Tudo bem por aí ? - disse de novo, mas dessa vez tomei a decisão de entrar lá e saber o que estava havendo.
Entrei com a mão nos olhos, para não me deparar com nada que não devesse ver, mas uma hora eu teria que tirá-la para saber o que acontecera. Tirei a mão que cobria meus olhos lentamente e fiquei de olhos fechados, tomando coragem para que pudesse abri-los. Finalmente abri meus olhos, receosa pelo que encontraria. Foi então que vi, Justin sentado dentro do box do banheiro, o chuveiro aberto derramando água, ele apenas de cueca, com os olhos fechados. Fiquei apavorada, achei que ele havia caído e batido com a cabeça, ou algo pior.
- Meu Deus Justin, o que aconteceu? - disse surtando. Entrei dentro do box, fechei o chuveiro e me abaixei para tentar acordá-lo.

- Justin, fale comigo, por favor. – disse choramingando lhe dando um leve tapa no rosto para que ele abrisse os olhos.
__ Aw, isso doeu, o que estou fazendo aqui? – disse ele abrindo os olhos.
- Oh, que susto Justin, te chamei do lado de fora e você não respondeu, achei que você estivesse morto. – disse tropeçando nas palavras por causa do nervoso. – Vamos, levante daí. – disse e só quando ele se levantou fui perceber que ele ainda estava de roupa íntima, corei ao me deparar com aquela cena.
- Como você pode ver, não estou morto e acho que você está se aproveitando bem da minha vitalidade dentro desse banheiro, já que estou usando roupa íntima. – disse ele soltando uma gargalhada.
- O que? Me apr-o-o-o-veitando? Eu não faria isso, você sabe... - disse gaguejando, corada de vergonha podia sentir meu rosto esquentar. Peguei uma toalha próxima e escondi meu rosto. – Não vou olhar mais, satisfeito agora? – perguntei com vergonha.
- Não me importo que você olhe. - disse ele com sua voz rouca ao pé de meu ouvido, me fazendo arrepiar, seu corpo molhado se colou ao meu me deixando com a roupa molhada também. Tive que me lembrar de como respirar. - se você não tirar a toalha do rosto, não terei com o que me enxugar. - disse ele com uma gargalhada abafada.
- Oh sim, tome aqui, desculpa. - disse dando a toalha a ele e me virando para sair do banheiro, sentindo vontade de me enterrar no chão de tanta vergonha.

Sentei-me na cama de novo, batendo os pés no chão impaciente. Até que um tempo depois Bieber saiu do banheiro, perfumando o ambiente com seu cheiro delicioso. Ele vestia uma blusa branca e shorts preto.
- Desse jeito, vai acabar furando o chão batendo com os pés. – disse ele sorrindo.
- Está melhor? - perguntei receosa.
- Como assim ‘melhor’? - disse ele fazendo aspas com as mãos.
- Quero dizer... Não está mais bêbado? - perguntei ansiando pela sua resposta.
- Acho que depois de quase me afogar no chuveiro, posso dizer que estou em meu estado normal.
- Você está diferente, são 4:30 da manhã, estamos juntos a uma hora e meia, até agora não brigamos, é um grande avanço. – disse desconfiada.
- Eu percebi, que sou um idiota, não sei porque eu faço isso, mas eu desconto meus problemas em você,mesmo você não tendo culpa de nada,sinto muito. – disse ele com ternura em sua voz.
- Justin, você está me assustando.
- Assustando? Por que? - perguntou ele franzindo o cenho.

- Nunca te imaginei dizendo isso, ou pedindo desculpas. - confessei.
- Você sabe o quanto é difícil admitir isso, minha família está em crise, você não tem nada haver com isso, pelo contrário, está sempre ao meu lado, mesmo eu sendo um estúpido que só te faz chorar, eu realmente sinto muito por cada lágrima que eu te fiz derramar, gostaria de poder recolher todas, ou que elas nunca tivessem saído de seus olhos. – disse ele me fitando, provavelmente esperando minha reação.
- Justin, estou sem palavras, eu aceito suas desculpas, sabe muito bem que apesar de tudo... não consigo viver na sua ausência, amo você, ande logo, me dá um abraço. - disse em meio a lágrimas. Ele me abraçou, um abraço calmo e afundando o rosto em meus cabelos.
- Está chorando de novo. - comentou ele.
- Eu sei, mas não estou triste agora. - disse me separando de seu abraço e selando nossos lábios em um beijo calmo que logo foi se aprofundando. Ele separou nossos lábios e deu um sorriso, eu havia esquecido de como seu sorriso era lindo e inocente.
- Você pode dormir comigo na minha cama se quiser, eu prometo me comportar, mas se você não quiser, eu entendo, posso dormir no chão. - Oh Deus, minhas preces estavam sendo atendidas, o cavalheirismo não havia morrido e meu namorado se comportava realmente como um namorado descente, mais do que nunca eu o amava com todas as minhas forças.
- Vai se comportar mesmo? - disse levantando uma de minhas sobrancelhas.
- Prometo. - disse ele com um sorriso.

- Ótimo, vamos dormir então, estou cansada. – disse bocejando.
- Eu também, boa noite, amo você, nunca deixei de amar. - disse ele sussurando enquanto nos deitávamos em sua cama. Deitei minha cabeça sobre seu peito e dormi ao som das batidas calmas de seu coração, o meu batia feliz e entregue ao amor da minha vida.
Acordei, atordoada mas com boas lembranças da noite passada. Finalmente estava dando tudo certo, estava soltando foguetes por dentro, enfim eu e meu namorado estávamos bem, e ele me amava, isso era tudo que importava. Um tempo depois de minhas reflexões me dei conta de que estava deitada no chão, em meio a algumas roupas, pensei que havia caído da cama, mas olhei ao meu redor e eu estava em uma espécie de closet. Fiquei assustada, tentei procurar uma saída, mas estava trancado, levantei-me do chão e comecei a bater na porta para que alguém abrisse.
- Justin, abra a porta! Por que me colocou aqui? - chamava enquanto batia na porta.E ele não me respondia.
- Não tem graça, abra logo! - disse estressada. Sem ouvir nada do lado de fora.
- Chega! Abra logo isso, pare de brincadeira! – disse gritando e socando a porta, já farta.


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