Lee parou á porta da escola.

-Por que eu concordei em vir tão cedo pra escola? –Ele suspirou. Entrou sem fazer barulho e mesmo que fizesse algum barulho não haveria ninguém para ouvi-lo mesmo. Abriu o armário e guarda suas coisas.

-Lee! –Chloe irrompeu à porta. –Ainda bem! Pensei que não viria! –Ela fechou os olhos e sorriu. Um sorriso sincero. O seu sorriso distraído.

Ele corou ao vê-la e imediatamente virou o rosto para o outro lado.

-Vamos logo acabar com isso. –Ele falou.

-Sim! –Ela passou por ele e seguiu para o jardim.

-Anda! –Ela gritou ao longe.

-Já estou indo. –Ele fechou o armário e se deteve. Sentiu algo estranho. Uma presença que não deveria estar ali, mas ela sumiu tão rápido quanto apareceu.

Andou até o jardim onde Chloe estava sentada. O cabelo curto loiro e grandes olhos verdes. Sempre competia com ela nos esportes, fosse no basquete, no vôlei e até na ginástica. Ela dava boas acrobacias e eram onde competiam mais.

-O que tanto pensa ai? –Ela estava parada a sua frente.

-N-nada! Vamos logo. –Ele pegou o pulso dela e a arrastou até uma parte mais afastada. –Não quero que ninguém nos veja fazendo isso. È constrangedor!

-Eu não me oporia a ensaiar na frente de todos. Mas se você prefere assim tudo bem. –Ela deu o sorriso distraído. Ele corou de novo.

-T-trouxe seu script? –Ele parou e a soltou.

-Sim! –Ela puxou o caderninho branco. –Eu nunca havia pêgo um papel principal em uma peça do colégio antes. Não é legal nós dois termos pêgo os papeis principais da Bela Adormecida?

-Teria sido se EU NÃO TIVESSE QUE FAZER A PRINCESA E VOCÊ O PRINCIPE! –Desabafou Lee.

-Eu sei... Isso foi ruim... –Ela fez biquinho.

-Aaah! Vamos logo. –Ele cruzou os braços. –Maldito sorteio.

Ela deu um passo atrás ao ver "fogo" nos olhos castanhos avermelhados do rapaz.

-Lee. –Ela deu uma puxadinha de leve em uma mecha do cabelo dele.

-Que é? –Ele se virou para ver uma menina apreensiva e encolhida. E se surpreendeu.

-Você está com raiva de mim? Você sabe que é o meu melhor amigo.

-Chloe, eu sou seu único amigo aqui da escola. –Ele falou.

-Eu sei. É que... –Ela começou a soluçar.

-Chloe... Eu não quis... Não chora... Aaah! –Ele a abraçou. Ela ainda soluçava. –Eu não queria te magoar.

-Então você não está com raiva de mim? –Ele tirou um lenço do bolso e entregou a ela.

-Claro que não. Estou com raiva da maldita professora. –Ele se sentou na grama.

-Então vamos começar? Eu interpreto os outros personagens enquanto o príncipe não aparecer! –Ela falou pegando o script.

-Ta...

...

-Para acordá-la você tem que dar um beijo do verdadeiro amor! –Chloe leu a fala da fada madrinha.

Lee estava deitado no chão se fingido de morto.

Ela se aproximou dele. Ficando ajoelhada ao lado da cabeça dele. Agachou-se mais um pouco.

-E agora o beijo. –Ela sussurrou.

Ela se aproximava cada vez mais. Ele fechou os olhos com muita força e corou furiosamente. Ele simplesmente não entendia o porquê de estar se apaixonando por sua melhor amiga. Ele, quando a conheceu, só a tratou com desprezo e ódio. Ela era como ele e ele odiava a si mesmo e a pessoas como ele. Mas ai ela mostrou tanta força ao enfrentar aquelas coisas que ele achou que se ajudasse o mundo a tirar essas coisas estaria se redimindo. Ela foi tão corajosa e amigável que ele não conseguiu odiá-la mais.

Ele resolveu espiar e abriu um olho. Os lábios dela já estavam a centímetros dos dele. E fechou esperando a cena. Esperou e nada.

-LEE! –Gritou Chloe. Ele abriu os olhos e lá estava ela sendo arrastada pelos pés. –LEE!

Ele correu até ela e agarrou seus braços.

-Segure-se em mim! –Ela agarrou a cintura dele. Ele caiu no chão e agarrou um pé de arvore.

-Lee! Começa! –Gritou Chloe. –Eu não agüento mais.

- Pater noster, Qui es in caelis, sanctificetur nomem tuum. Adveniat regnum tuum. Fiat voluntas tua, sicut in caelo et in terra. Panen nostrum quotidianum da nobis hodie. Et dimitte nobis debita nostra, sicut et nos dimittimus debitoribus nostri. Et ne nos inducas in tentationem: sed libera nos a malo. Amen.

Lee fez o sinal da cruz.

-Ave María, grátia plena,Dóminus tecum,benedícta tu in muliéribus,et benedíctus fructus ventris tui Jesus. Sancta María, Mater Dei,ora pro nobis peccatóribus,nunc et in hora mortis nostrae. Amem - Rezou Chloe.

Um vento se formou acima da cabeça deles e virou fogo e então tudo parou enquanto uma cartinha queimada caia ao chão.

Eles ficaram naquela posição por um tempo.

-Chloe? –Falou Lee corando furiosamente.

-Sim?

-Poderia soltar minha cintura?

-Ah! Desculpa Lee. -Ela se ajoelhou. –Que carta foi aquela que caiu?

-Vamos ver. –Eles se levantaram e leram.

"Falta pouco tempo. Se preparem. Sensei."

...

-Obrigado por ter permitido que eu viesse jantar novamente com você. Eu moro sozinho com o meu empregado e hoje a noite ele tirou férias. –Falou Lee.

-Tudo bem. Eu sei como é sentir a falta de um ente querido. Como vai a sua família na Europa? –Ela perguntou.

-Vai bem eu acho.

Ela abriu a porta e entrou.

-Cheguei! –Gritou Chloe. –Lee vai dormir aqui hoje mãe!

Eles foram direto para o quarto dela.

-Chloe, em o que sua mãe trabalha? –Falou Lee sentando na cama.

-Ela é detetive. Detetive da polícia.

-E o seu pai?

-Eu não o conheço. Eu só tenho minha mãe e minha tia/madrinha que trabalha onde minha mãe trabalha.

-Ah, sim... Ela. -Ele olhou para o lado ressentido.

-Eu não sei o porquê de vocês se odiarem tanto. Os dois são incrivelmente legais.

-Ela têm é ciumes de você...

Chloe riu.

-Então quer dizer que você tambem têm ciumes?

Lee ia responder quando ouviram o tocar da campainha.

-Quem será a essa hora? Já são 7 da noite! –Exclamou Chloe.

E então eles ouviram o som de vários vasos quebrando na sala. Correram escada abaixo e pararam perto da porta.

Dorcas arremessava vasos contra dois rapazes e havia uma mulher só de camiseta xadrez ao fundo.

-Dorcas! –Exclamou a mulher.

-Tia Lily? –Falou a menina.

Lily se virou para encontrar sua querida sobrinha. As duas deram um sorriso escandaloso e se abraçaram.

-Tia Lily! –Gritava a menina abraçada com a ruiva. Elas giravam.

-Por onde esteve? –Falou Chloe.

-Eu estava na casa de um amigo com o meu irmão .-Falou a ruiva com a garota no colo. –Como você está grande!

-Tia, você veio aqui na semana passada. E eu tenho 10 anos! –A loira riu.

-Pois é!

-Quer dizer que seu irmão é meu tio também?

-NÃO! –Gritou Dorcas. –ESSE BASTARDO AI É  O SEU PAI!