Duplo Sentido! escrita por nana_hachisuka


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

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            As pessoas dizem que minhas falas sempre têm duplo sentido! Como assim??? Atualmente as pessoas maldam tudo! Esse povo está muito malicioso, cruz credo! Chegam até a procurar cruelmente qualquer palavra que tenha algum sentido maldoso, e nem sequer prestam mais atenção ao conteúdo real da sua conversa! Uma escorregada e lá estão essas pessoas bestas a rirem de você, interrompendo seu discurso totalmente inocente e sem más tendências, para apontar uma simples palavra que, de acordo com esses seres (dignos de vingança), fica ambígua na frase colocada por mim na minha conversa. Quanto a isso meu caro amigo, QUE ME IMPORTA QUE A COLOCAÇÃO DA PALAVRA NA FRASE CAUSOU DUPLO SENTIDO! PRESTA ATENÇÃO AO QUE ESTOU FALANDO QUE VOCÊ VAI ENTENDER O REAL SENTIDO DA PALAVRA, PORRA!

            Outro dia mesmo aconteceu essa situação revoltante! Estava eu na educação física, descansando no banco do reserva depois de ter jogado bastante. Nesse momento, minhas amigas estavam jogando.  Eu podia ter ficado quieta, relaxando nesse pequeno intervalo, mas não (Por que não fiz isso???). Eu gosto muito de apoiar minhas amigas nos jogos, incitá-las a jogar! Então eu, ingenuamente, gritei frases de estímulo para elas que fizeram as pessoas ao redor olharem para minha pessoa e começarem a segurar risos ou simplesmente rirem alto mesmo, olhando pra mim na “cara dura”, com ar de deboche! Além disso, as ditas minhas amigas ficaram morrendo de vergonha e fingiram que nem era com elas, me ignoraram total! Bom, antes de falar o que eu disse, terei de explicar o jogo rapidamente.      

            Era uma espécie de brincadeira que incluía várias bolas de vôlei, que eram utilizados para queimar as pessoinhas. As regras basicamente eram sair correndo pra não ser queimado ou queimar alguém com essas bolas (DE VOLEI). O time que tivesse queimado mais os adversários do grupo rival ganhava.

            Assim, procurei incentivar minhas amigas a se movimentarem mais, dizendo:

            - Michele e Laís (nome delas)! Vocês estão muito frouxas, quero ver as duas pegando firme nessas bolas!

            Eu não notei que o que eu tinha falado fosse estranho ou anormal. Então eu continuei gritando:

            - Não deixem que os adversários peguem essas bolas, só vocês podem pegar elas! Se estiverem perto mas não conseguirem agarrá-las lembrem de chutar elas com toda a força para mostrarem para eles que não estão pra brincadeira!

            - Ei, estou falando com vocês duas! Laís, Michele! Peguem todos que vocês conseguirem! Meninos ou meninas, sem preconceitos! E surpreendam! Pegar a pessoa por trás é sempre melhor!

            Eu sempre amei esportes! Eu nem prestava atenção as minhas palavras no primeiro momento, só queria saber do jogo. Porém, alguns segundos depois caiu a ficha do que eu tinha dito! Por isso a Michele e a Laís me ignoravam e as pessoas me olhavam e riam de mim. Alguns até apontavam! Foi tão humilhante e vergonhoso!

            O fato é que, a partir daquele dia comecei a prestar bastante atenção ao que eu dizia. Porém, era e ainda é bem complicado. Palavras como FICAR e DAR são difíceis de serem usadas! Como o povo presta          MUITA atenção ao sentido negativo delas, inventadas nesses tempos modernos. Antes, em outros tempos, essas palavras detinham apenas boas colocações. Hoje em dia se eu falar “eu passei na casa de fulano ontem e dei pra ele o que há muito tempo ele queria de mim”, vai-se privilegiar com certeza o “sentido ruim” dessa expressão! É um saco isso, não posso nem simplificar a frase, eu tenho sempre que ficar complementando: “eu passei na casa de fulano e dei AQUELE MEU JOGO DE VIDEO GAME DE TERROR PARA PLAYSTATION 2, que ele tanto queria de mim.”

            E pior que não são só essas palavras e expressões “caçadas” nos diálogos. As ações também. Hoje mesmo eu fui inventar de comer banana inocentemente enquanto andava por aí com um amigo (imaginem se não fosse!). Assim que comecei a descascar lentamente, ele já ficou olhando maliciosamente para mim. Eu nada notei inicialmente e tirei a casca inteira e joguei fora, como sempre faço de costume. E o garoto só olhando para mim...

            Foi quando eu inclinei a banana na horizontal e a coloquei na boca que ele soltou aquela piada!

            - ETA, já tá treinando é? E publicamente ainda por cima... Que coisa feia, nessa idade já tá pensando nisso! Uuuuuuiiiiiiiiii! Hahahahahahaha!

            No momento que ele disse isso, cuspi imediatamente a banana que eu estava comendo tão feliz (Isso mesmo, é minha fruta preferida e tava mesmo muito feliz!)! Vi minha fruta preferida jogada no chão! Naquele exato momento deu vontade de matar o meu amiguinho!

            Sinto muito, mas eu como essa fruta como eu quiser! A banana (FRUTA) é minha e a boca também! Agora eu preciso vigiar as minhas ações também?! Ah, faça-me um favor!

            E é assim mesmo o mundo atual, infelizmente. Muitas palavras passaram a ser gírias, palavrões e passaram a ter os mais diversos significados, sendo o mais exaltado o significado maldoso (assim como algumas frases, que seguiram esse mesmo padrão). Fico meio indignada com isso pois antigamente o vocabulário era muito mais bonito, agradável aos ouvidos. Eu admito que adoro a palavra “gozar”, mas eu não posso mais usá-la pois ela é muito utilizada para fins sexuais vulgares. Entretanto, ela tem também outros significados (vou dar um exemplo: O indivíduo goza então de extrema liberdade conquistada depois de anos de repressão. Uma frase imponente e bela. E não: Ela goza muito gostoso pelo cu. Isso é uma frase nojenta e baixa).

            Sei que parece que eu sou uma pessoa chata e antiquada, que quer tudo estagnado e velho. Porém, é bom ressaltar que não sou contra mudanças, acho que elas devem acontecer mesmo. O problema é quando essas mudanças são negativas e empobrecem a nós mesmos. Faz-nos regredir em espírito, intelectualmente e privilegiar o bobo, o idiota, o que é retardado. Isso é muito triste...

           


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Notas finais do capítulo

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