My Darkness escrita por Lúcia Hill
Notas iniciais do capítulo
Um sabor adocicado.
Assim que colocou os pés no bar naquela noite gelada e chuvosa, percebeu que Robert estava com uma feição nada amistosa.
– Olá! – sorriu, colocando sua jaqueta atrás da porta.
Não houve resposta. Ele a estava ignorando?
Lise soltou um suspiro, foi até o balcão, debruçando-se sobre ele e novamente insistiu na saudação.
– Olá, senhor Robert Casey, será que o gato comeu sua língua?! – sua voz era risonha.
Robert levantou-se e a encarou por um instante, sorriu.
– Desculpe, não a vi entrar. Olá, senhorita Eloise. – mentiu descaradamente, continuando a forçar o sorriso.
Robert ainda estava pensando no que Damon havia dito para ele, não podia deixar um vampiro dizer o que ele estava sentindo, estava tão evidente assim? Mesmo sendo fruto da imaginação de Damon?
Tédio e mais tédio – pensava Lise escorada no balcão, a noite estava fraca, pois nem uma alma viva entrou no bar. Sua mente estava longe, como sempre distraída, nem sequer percebeu a presença de Damon.
– Ai! – berrou ao perceber os olhos azuis vibrantes sobre ela. – Está maluco, é? Ou quer me matar do coração? – resmungou.
Damon riu.
– Desculpe, doçura. Não quis te assustar, é que estava tão linda com esse olhar de perdido. – sua voz era penetrante, deu uma piscada para ela e reforçou o sorriso.
– Tanto faz. – por fim, encarou-o. – Vai querer o quê?
– Você.
Eloise quase engasgou com a resposta dele.
– Engraçadinho você. – sorriu sem graça, podia sentir suas bochechas arderem.
– O de sempre, doçura, mas...
Damon segurou a mão dela antes que pudesse sair para pegar a garrafa de uísque, rapidamente Eloise puxou a mão e encarou-o.
– Saiba que não é brincadeira. – sorriu sedutoramente.
Lise acabou perdendo a paciência.
– Por favor, não brinque com algo tão sério, mal me conhece e esta ai... – não conseguiu terminar a frase, segurava as lágrimas.
Damon encarou-a seriamente.
– Não estou brincando, falo sério. Desde que cheguei não consegui tirar meus olhos de você. – da forma que ele falava, parecia que estava hipnotizando-a.
Aquelas palavras a deixaram sem reação. Poderia um estranho se apaixonar por ela? Logo ela que nunca foi atraente, sempre o patinho feio?
Sua boca secou naquele instante, seu estranho salvador estava apaixonado por ela?
– O que me diz? – mantinha seus olhos azuis sobre ela.
Antes que Lise pudesse responder, ambos ouviram a porta se abrir bruscamente. Damon se virou e viu Bryan e seus amiguinhos adentrarem o bar, juntamente com eles, estava Noah.
– Droga! – Lise resmungou baixinho.
Damon continuou encarando o grupinho, Lise pegou o bloquinho para anotar os pedidos, mas antes de sair, sentiu a mão de Robert a impedir.
– Pode deixar que eu atendo eles. – sua voz era seca, rapidamente retirou o bloquinho da mão dela e foi até a mesa.
Os rapazes estavam conversando bem distraídos. Noah parecia que não estava tão feliz, embora não era só ele que estava com um espinho entalado na garganta, Bryan cutucou-o.
– Está vendo sua amiguinha? Agora anda com o chupador de sangue. – sua voz era debochada e arrogante.
Noah virou-se para encarar Lise e o sujeito que o deixava fora de si, novamente Bryan atiçou-o com sua voz.
– Está perdendo a namoradinha pra ele. – a forma que ele disse, fez com que todos os presentes na mesa caíssem na risada.
Maldito! – pensou Noah.
– Não ligo. – praticamente rosnou.
Robert se aproximou deles, e antes de anotar o pedido disse:
– Não quero brigas no meu estabelecimento, ouviram? – sorriu secamente. – Agora, o que vão querer?
Bryan cerrou os dentes, não podia ir contra as ordens dos mais velhos do clã, principalmente se tratando de Robert Casey, ele era o único a dominar com soberania a mais de três décadas.
– Cerveja. – Noah foi o que pediu.
Mas a mente dele estava sobre Damon, não podia deixá-lo se aproveitar da inocência de Lise. Seus pensamentos se desfizeram quando sentiu a mão de Robert sobre seu ombro, reparou que tinha um olhar meio desaprovador.
– Nossa! Seu amiguinho pelo jeito comeu carne podre. – Damon arriscou um palpite nada agradável.
– Tanto faz, ele não é mais meu amigo. – respondeu com a cabeça baixa.
Damon a encarou por alguns instantes, permanecendo em silêncio. Lise foi até o deposito onde ficavam as bebidas, sentou-se na velha cadeira e ficou ali por alguns minutos, de cabeça baixa, Robert a questionou da porta.
– Se quiser ir, está liberada. – encarava-a.
Ela mostrou um sorriso fraco, não queria ficar nem mais um instante ali. Sem o questionar, levantou-se e saiu pela portinha de trás, esfregou uma mão contra a outra para aplacar o frio congelante.
Merda de vida! – pensou, encarando o breu, rapidamente alcançou à velha Cherb que estava estacionada no quarteirão de cima, assim que entrou no veículo, colocou a chave no contato, sentindo um calafrio lhe percorrer a espinha de forma estranha. Para se distrair, ligou o rádio em sua estação favorita, estava angustiada e cansada.
– Vai querer o quê?
– Você.
Sua mente a traía a todo instante, podia sentir os olhos dele percorrendo seu corpo, sem dizer ainda o gosto daquele beijo...
– Por que estou fazendo sentindo isso? – grunhiu com raiva.
Assim que ela bateu as duas mãos sobre o volante, o carro parou bruscamente, fazendo-a ir para frente de forma rápida e brusca. Encostou a cabeça sobre o volante e respirou fundo, não estava nenhum pouco a fim de descer para ver o que tinha acontecido.
– Droga! Cherb, de novo? – bateu uma mão no volante e resmungou como se o carro fosse responder.
Estava escuro e frio lá fora, sem dizer na sensação de medo que a estava dominando, mas o jeito era encarar o vento gelado. Assim que abriu a tampa do motor, um monte de fumaça subiu passando pelo seu rosto, fazendo-a recuar e tossir muito.
– Merda! – berrou, chutando o carro.
– Não é assim que vai dar um jeito. – aquela voz sedutora era irreconhecível.
Sentiu seu coração gelar, e a pulsação aumentar, só podia ser ele, virou-se para encará-lo, fez uma carreta e bufou.
– E você sabe como arrumar? – questionou-o.
– Não.
– Droga! – voltou-se para o veículo.
– Mas posso lhe fazer companhia até a pensão. – soou tentadora a proposta.
Eloise virou-se para novamente encará-lo. NNão podia negar que sentia algo por ele, ou melhor, que sentia coisas estranhas quando estava perto dele, coçou a cabeça e por fim disse:
– Aceito.
Ambos começaram a caminhar, mas nem uma palavra foi dita. Estavam quase chegando na frente da pensão Bouchard, até que por fim, Damon segurou-a pelo braço, puxando-a contra seu corpo, consumindo-a em um beijo longo e ardente. Lise meio que se assustou, mas acabou cedendo sobre o efeito hipnotizante que ele tinha. Ele enlaçou-a pela cintura, aproximando-a ainda mais. Lise sentiu as pernas amolecerem rapidamente, não queria mais sair dali, como adoraria passar a eternidade nos braços dele, mas ele afastou-a.
– Tenho que ir. – sua voz soou rouca.
Lise mal conseguia controlar a respiração, Damon desapareceu como um raio no meio da escuridão. Com passos lentos e ainda trêmula, Eloise atravessou a rua rumo à pensão, tinha um sorriso no rosto.
Droga, droga! – pensou Damon enquanto se afastava. Não podia negar que a jovem tinha o deixado perdido novamente. Seus olhos estavam à procura de uma refeição para saciar sua sede voraz, porém, sua mente ainda permanecia em Eloise.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Boa Leitura!