Enfim a chuva chegara naquela manhã fria de Janeiro, aos poucos as ruas ao redor da velha pensão ia ficando movimentada. A velha Julie Bouchard estranhou o silêncio e ainda não tinha visto a jovem sair para passear como de costume, deduziu que Lise deveria estar exausta mentalmente depois dos dias tortuosos que passara na companhia de Sebastian Vacher.

Mas um grito agudo chamou lhe a atenção, sem delongas largou as fichas que estava terminando de organizar em ordem alfabética. Era Dolores uma das camareiras da velha pensão Bouchard. Com rapidez subira os degraus da imensa escadaria, assim que chegou à frente do quarto que era de Eloise Johansson, franziu o cenho confusa.

–O que aconteceu, Dolores. Por que da gritaria e onde esta Eloise? - questionou a.

A pobre camareira não tinha palavras para a cena que se deparou, Julie caminhou na direção de onde estava a camareira inerte com uma expressão de terror, a mulher apontara para uma pilha de lençóis sujos de sangue.

– Santo Deus. - murmurou Julie.

Sabia o que tinha se passado naquele quarto, balançou a cabeça tentando desfazer seus pensamentos.

–Limpe tudo, deve ter sido um pequeno acidente com menstruação coisas de mulher. Ora por Deus, não é necessária a gritaria. - repreendeu a.

A camareira balançou a cabeça e começou a pegar os lençóis sujos, ao passar na frente de Julie deixou uma carta cair sobre os pés da velha senhora Bouchard, que por sua vez esperou a sair do quarto para ver o que era.

Pegou o pedaço de papel que estava um pouco amassado, caminhou na direção da cama e sentou se na beirada. Desdobrou o e começou a ler.

Sra. Bouchard

Não tenho como agradecer por todos esses anos, mas enfim descobri meu lugar.

beijos, Eloise.

Julie cobriu o rosto, não havia nada que pudesse impedir a decisão da jovem, pois já estava feita. Ela apenas concordou não tinha outra decisão a não ser aceitar e respeitar a atitude de Eloise.

"Não confundas o amor com o delírio da posse, que acarreta os piores sofrimentos. Porque, contrariamente à opinião comum, o amor não faz sofrer. O instinto de propriedade, que é o contrário do amor, esse é que faz sofrer. (...) Eu sei assim reconhecer aquele que ama verdadeiramente: é que ele não pode ser prejudicado. O amor verdadeiro começa lá onde não se espera mais nada em troca." Antoine de Saint-Exupéry