Sentada no chão de meu quarto, eu tentava inútilmente esquecer essa maldita dor em meu peito. Tentando inútilmente esquecer o quão tola sou. Tola por acreditar cegamente que as coisas iam melhorar... Que tudo ia ser diferente...

Disposta a esquecer de tudo, fui até o aparelho de som e o liguei...

"I can't run anymore,
I fall before you,
Here I am,
I have nothing left,
Though I've tried to forget,
You're all that I am,
Take me home,
I'm through fighting it,
Broken,
Lifeless,
I give up,
You're my only strength,
Without you,
I can't go on,
Anymore,
Ever again."

Essa era a música que havia me acompanhado nesses últimos dias... era a musica que me acompanhava nos meus últimos dias.

"My only hope,
(All the times I've tried)
My only peace,
(To walk away from you)
My only joy,
My only strength,
(I fall into your abounding grace)
My only power,
My only life,
(And love is where I am)
My only love."

Eu havia acabado de tomar uma decisão que mudaria tudo.

Levantei-me e peguei uma folha de papel em branco, sentei-me no chão e comecei a escrever a letra dessa musica - que mais parecia o meu proprio desabafo.

"I can't run anymore,
I give myself to you,
I'm sorry,
I'm sorry,
In all my bitterness,
I ignored,
All that's real and true,
All I need is you,
When night falls on me,
I'll not close my eyes,
I'm too alive,
And you're too strong,
I can't lie anymore,
I fall down before you,
I'm sorry,
I'm sorry."

Sim! Eu realmente me sintia triste por ter que fazer isso, mas eu não tinha outra escolha! Eu havia ignorado tudo o que era importante para mim a troco de que? De nada? Do que adiantou ter ignorado tudo o que eu acreditava ser verdadeiro, real?

"My only hope,
(All the times I've tried)
My only peace,
(To walk away from you)
My only joy,
My only strength,
(I fall into your abounding grace)
My only power,
My only life,
(And love is where I am)
My only love."

Estava chegando a hora e eu sabia disso.

"Constantly ignoring,
The pain consuming me,
But this time it's cut too deep,
I'll never stray again."

Quase que inconscientemente, essas palavras foram se gravando em meu ser. Tamanha era a veracidade delas.

"My only hope,
(All the times I've tried)
My only peace,
(To walk away from you)
My only joy,
My only strength,
(I fall into your abounding grace)
My only power,
My only life,
(And love is where I am)
My only love,
My only hope,
(All the times I've tried)
My only peace,
(To walk away from you)
My only joy,
My only strength,
(I fall into your abounding grace)
My only power,
My only life,
(And love is where I am)
My only love."

"Constantly ignoring,
The pain consuming me,
But this time it's cut too deep,
I'll never stray again."

Definitivamente, a hora havia chego. Meus pais estavam na sala de estar com o volume da tv alta, ocupados gargalhando como hienas com meus irmãos... Ocupados demais para mim.

Eles não tinham motivos para se preocupar. Afinal, a filha de 17 anos deles não estaria mais ali amanha para trazer-lhes mais problemas.

Cedendo aos instintos que eu havia lutado tanto e por tanto tempo contra, peguei aquele pequeno pedaço de aço, pasma com a paz que eu sentia. Coloquei o cd para repetir enquanto me deitava na cama.

Cuidadosamente coloquei o bilhete dobrado na mesinha de cabeceira e olhei pela ultima vez a foto de minha familia, meu quarto...

Deixei que o pequeno pedaço de aço fizesse seu trabalho.

Lentamente, o sangue começou a fluir, liberando assim toda a angustia que havia em meu ser.

Logo, meus olhos começaram a ficar pesados demais para mante-los abertos. Apenas murmurei pela última vez, antes que meus olhos se fechassem completamente...

I'm sorry.