- Deixe de ser exagerada Elise! – Chelsea ria enquanto me observava.

Eu estava na frente da minha cama, arrumando todas as minhas malas possíveis. Ia me mudar para Arabia Saudita, ou para o lugar onde ninguém fosse atrás de mim o mais urgente o possível.

Colocava uma roupa atrás da outra, tudo jogando na mala de qualquer jeito. Minhas mãos tremiam. Eu estava super nervosa. Eu pensava que uma multidão de fãs de Justin Bieber iam descobrir de que Elise ele falava, depois iam descobrir meu endereço e por ultimo e não menos prazeroso: elas iam me degolar.

- É sério Lise, deixe de ser boba – Grace falou, segurando meus pulsos – Ninguém nem vai desconfiar de quem ele está falando. Viu que ele inventou uma desculpa rápida, dizendo que Elise é a nova empregada dele...

- Sim, mas... mas... – Prendi minha respiração – Ah Grace... eu não sei.

- Não sabe se criou um sentimento por um garoto que você conhece a menos de 24 horas – Chelsea falou meio emburrada – Amiga, isso é temporário. É só por que ele foi diferente dos outros caras que te pagaram para fazer sexo. Simples.

As palavras de Chelsea soaram forte e eu fiquei meio chateada com o seu tom de voz. Mas era a mais pura verdade. Infelizmente.

Me sentei na cama, do lado da minha mala e das minhas roupas bagunçadas.  Suspirei.

- Agora guarde essas suas roupas e deixe de ser idiota. Você nunca mais vai ver ele Lise! Só foi uma fase, agora vai passar... tem que passar – Ela saiu do quarto.

Olhei para Grace. Ela começou a pegar umas blusas jogadas na cama, e coloca-las no cabide dentro do meu armário.

- Sabe que Chelsea nunca quis ser grossa assim... é que sai amiga – Grace falou.

- Eu sei – Balancei a cabeça – Só fiquei chateada por que é verdade.

- Você queria saber o que ele está fazendo não  é? – Ela soltou um riso.

- Queria – Balancei os ombros – Mas deixa para lá.

Grace franziu o cenho. Ela provavelmente deve ter estranhado minha bipolaridade. Mas deixe. Afinal, eu tenho que esquecer Justin. Na verdade, não é que eu esteja sofrendo de amores, é por que... ele foi tão diferente. Vou para a faculdade. Eu preciso me concentrar. Se tudo for do jeito que eu quero, vou me formar em matemática, e virar professora. Sim, professora. Ai sim, eu ia ter uma vida como eu sempre desejei.

                                                                   ***

- ELISEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE! – Ouvi alguém berrando meu nome do outro lado da casa.

- JÁ VOU MARK! – Gritei de volta.

Terminei de lavar a louça que Chelsea tinha deixado em cima da pia antes de ir para algum cliente e corri para a sala.

Mark estava trancando a porta da sala, e ele estava com dois envelopes brancos imensos na a  mão esquerda. Meu coração parou, e eu coloquei as mãos sobre a minha boca.

- Você está branca – Mark gargalhou – Tenho certeza que passei no curso de direito!

- Me dê o meu envelope – Pulei em cima dele, e ele se esquivou rapidamente.

- Não. Chels mandou a gente esperar ela, esqueceu? – Mark falou parecendo um ditador – E espere.

- Ah, não, por favor – Estiquei minha mão para tirar o envelope das suas mãos de novo, mas ele botou seus braços pra cima – Ah não vale! – Afinal, ele era muito mais alto do que eu.

- Elise, deixe de ser curiosa – Ele continuava com a mão estendida – Chelsea faz sexo em quinze minutos e ganha quatrocentos reais por isso.

- ME DÁAAAAAAAA – Pulei em cima de Mark, e enrolei minhas pernas na cintura dele. Estava numa tentativa fracassada de escalá-lo – É SÉRIO MARK, EU TO FALANDO

- El, sai de cima do meu irmão. Acabei de chegar – Chelsea entrou no apartamento com uma cara emburrada. Pelo jeito não tinha sido tão bom – Abram logo! – Ela jogou a sua bolsa e o seu cardigã no chão ao mesmo tempo.

- GRACE – Gritei – RECEBEMOS OS ENVELOPES DE HARVARD, VENHA VER.

Em menos de cinco segundos, vi Grace escorregando pelo corredor com suas meias brancas. Ela veio até nós três um pouco ofegante, e caiu na gargalhada.

- Bati meu joelho na mesinha – Ela soltou  o riso -  Ta doendo.

- Ela ainda tem essa mania estranha de rir quando sente dor? – Mark riu – Ok, vamos nos sentar.

Sai de cima de Mark, e caminhamos até o sofá. Cada um se sentou em um mísero canto do sofá de apenas dois lugares. Mark me deu o envelope, e eu peguei lentamente de sua mão. O símbolo de Harvard me dava medo. Aquele envelope me dava medo.  Mark começou a rasgar o seu envelope e os seus olhos arregalaram quando ele procurava a sua pontuação na prova.

- Puts... – Ele prendeu a respiração – PASSEI! PASSEI EM DIREITO EM HARVARD!

Ele pulou do sofá, e logo depois todos nós estávamos pulando em volta dele, e dando gritinhos.  Do nada, os três pararam e me olharam.

- Elise, abra o seu! – Grace pediu – Você talvez tenha sido aceita.

- Ou não – Fiz um bico e olhei o envelope que ainda estava em minhas mãos.

- Pelo menos você já passou em uma faculdade... E é ótima a faculdade de New York – Mark suavizou.

- Ah Ellie, me dê logo isso – Chelsea puxou o envelope branco das minhas mãos, o rasgou, e pegou o papel dentro dele.

A face de Chelsea ficou séria quando viu o papel. Ela franziu o cenho, e começou a apertar o seu lábio inferior com o dedo indicador. Fiquei pálida de novo. Ia ter um troço.

- Eu não passei, não é? – Meus olhos lacrimejaram – Eu estudei tanto... puta que pariu... – Uma lagrima saiu – Ah...

Grace colocou seu braço sobre os meus ombros. Chelsea me deu o papel cuidadosamente.

- Olhe você mesma – Ela sussurrou.

Observei o papel procurando minha pontuação. A média é sessenta para passar, de cem.  Estava procurando um cinqüenta, quarenta. Invés disso, achei o improvável: um setenta.

- Eu... – Recuperei meu fôlego, e sequei minhas lágrimas – SUA FILHA DA PUTA, EU PASSEI! – Comecei a bater em Chelsea. Ela segurou meus braços, e me abraçou forte.

- PARABÉEEEEEEEEENS SUA LINDA – Ela riu, e eu retribui seu abraço.

- Vamos para Harvard, vamos para Harvard, somos os melhores. Por que? Por que vamos para Harvard – Mark começou a cantarolar rebolando. Rimos.

- Que lindo vocês! – Grace juntou as mãos.

- É amiga, agora é só eu e você no mundo – Chelsea foi na direção de Grace – Esses dois vão ser alguém na vida.

Nós quatro abrimos um sorriso imenso. Começamos a dar saltinhos pela sala. Recomecei a chorar, mas dessa vez, de felicidade. Mas a TV chamou a atenção:

‘ Justin Bieber embarca para Japão. Sua namorada, Selena Gomez continua em New York’

- Chels me contou de você e Justin, hein, Elise – Mark riu alto – Ele é bom?

- Melhor do que todos vocês pensam, sério – Sequei minhas lágrimas de novo.

-Aposto que o pau dele é isso daqui – Grace falou, fazendo um gesto com os dedos. O que indicava... bem, minúsculo.

- Não é – Sacudi a cabeça – Ele é bem dotado – Ri.

- Hm... – Mark parecia pensar em algo – E como foi? Foi igual á aquele caso que você me contou á um tempão atrás, que o cara usou camisinha de menta, e ardeu e...

Me perdi enquanto Mark falava. Uma palavra dele me chamou a atenção mais que tudo: camisinha. Camisinha. Camisinha. Camisinha. Camisinha. Camisinha. Camisinha.

Essa palavra rodava pela minha cabeça. Não, não! Como eu pude me esquecer de uma coisa dessas?

- Mark, pare de falar, Elise está perdida – Chelsea pediu – El, o que aconteceu?

- Eu... não... – Engoli a seco – Esqueci de usar camisinha.

A expressão dos três foi de pura decepção e desespero. Grace comprimiu os lábios.

- Calma amiga, não vai dar nada – Ela reconfortou – Já transei sem camisinha, e nem deu nada.

- Sem contar que tem o aborto – Mark falou.

- Aborto? – Chelsea tossiu – Isso é desumano. Tantas formas para se prevenir. Aborto é uma forma de tirar uma vida Mark. Só serve para quem foi estuprado, ou sei lá... se o filho tem uma doença terminal.

- Não sei... – Balancei a cabeça – Não tenho ainda sintomas de gravidez.

- Amiga, os sintomas não aparecem assim – Chelsea estalou os dedos – Demora.

- Quanto tempo mais ou menos? Já fiz sexo com ele á... cinco dias.

- Dê uma semana – Grace falou – Qualquer coisa, vou com você no médico.

- Obrigada – Sorri.  

Do nada, no silêncio que deu entre mim e os meus amigos, a campanhia tocou. Me levantei, afinal, estava esperando um cliente para daqui á pouco. Talvez ele tivesse chegado mais cedo. Destranquei a porta e quando a abri, vi um vulto de cabelos pretos entrando rapidamente na minha casa. Quando olhei quem era, quase vomitei de nervosismo: Selena Gomez. Na minha casa.

- Se-selena? – Comecei a gaguejar – Como... você me achou?

- Isso não importa – Ela falou brutalmente – Agora, vamos ter uma conversa só minha, e sua. Você fez alguma coisa com Justin, não fez?

Olhei  para os meus amigos no sofá. Estava todo mundo em choque naquela hora.

- Selena... – Chelsea levantou do sofá.

- Se sente Chelsea – Selena continuava bruta – Essa conversa é entre mim, e Elise. MAS NÃO FOI ELISE? – Ela levantou o tom de voz – VOCÊ FEZ ALGO COM MEU NAMORADO. ELE ME TRAIU COM VOCÊ!