Algumas lagrimas insistiam em escorrer por meu rosto, eu estava abraçando minhas perna, e como o primeiro dia disso tudo, olhando o horizonte pela janela do meu quarto. Novamente o desejo de morte tocou meu cerebro, eu estava quase voltando a estaca zero, a única coisa que me segurava naquele momento era o meu amado Frank, que continuava internado no hospital, havia me falado para ficar um pouco em casa para poder descansar e pensar. Pensar só estava piorando as coisas, todo e qualquer pensamento meu me levava para meu irmão mais novo, Mikey. Olhei para meu criado-mudo e vi uma foto de Mikey e eu quando eramos crianças, eu tinha seis anos e ele cinco. Seu rosto era marcado por um belo sorriso, caracteristico dele, ele estava montado de cavalinho em mim com os braços para cima, eu me lembrava daquele dia como se fosse ontem... Foi quando haviamos acabado de nos mudar para cá, Ray havia vindo junto com a gente, nossos pais não queriam nos separar, estavamos brincando no quintal e Ray pegou a camera e tirou essa foto. Era um pouco velha, mas era a minha foto favorita. As lagrimas voltaram aos meus olhos, era dificil tentar me recuperar daquilo e seria muito mais dificil tentar não lembrar de que Mikey se foi ao olhar para cada canto daquela casa e relembrar de tudo que haviamos passado juntos. As brincadeira, as brigas de irmãos, as vezes que ele pegou o baixo dele e eu a minha guitarra, tocavamos juntos enquanto eu cantava o mais alto que podia. Foram os melhores momentos da minha vida quando tentamos fazer uma banda e acabamos mais rindo das tentativas inuteis do que levando tudo aquilo a sério. Não conseguiria esquecer dele, do jeito bobo e brincalhão dele, tudo. Tudo na minha vida me lembrava dele, tudo naquela casa me lembrava dele, tudo naquela cidade me lembrava dele. Tomei um pouco de ar e levantei da minha cama, peguei um casaco e sai de casa, o dia estava muito frio, o vento era congelante, mas eu precisava sair um pouco de casa e andar, precisava esfriar minha cabeça sobre o que havia acontecido, precisava de um tempo para mim mesmo. Andei algumas ruas, passei por algumas avenidas, e onde eu havia ido parar? Na frente do hospital onde Frank estava, resolvi entrar, precisava ve-lo e ficar um pouco com ele, poder somente pensar nele e esfriar a minha cabeça contanto a morte do Mikey, precisava respirar e me libertar um pouco daquele momento. Entrei no quarto dele e ele estava dormindo, lindo como sempre, parecia uma criança inocente dormindo daquele jeito fofo e totalmente infantil. Joguei meu casaco no banco e me aproximei silenciosamente me sentei na única parte que faltava de sua cama e o deitei levemente no meu ombro, acariciando seus cabelos. Aquele momento era único como os outros que tivemos, ele me fazia bem, sua simples existencia na minha vida me fazia feliz, ele era o meu ponto de felicidade e a única pessoa que me segurava de uma queda que seria a pior da minha vida. Foram alguns minutos para ele acordar bem de leve e olhar para mim com seus belos olhos cor de avelã.

-Você por aqui Gee? Não te disse para ir descansar um pouco? Você precisa descansar e pensar um pouco meu amor.

-Não preciso disso Frankie, se eu parar para descansar ou pensar vou lembrar de Mikey e vou me magoar mais. Eu não quero perder as lembranças dele, só quero me acostumar com a ideia que nunca mais vou poder ve-lo. Preciso de você para poder me distrair disso tudo, você me faz feliz meu amor.

-Mas eu não te canso? Estou praticamente dependente neste hospital, é gente entrando e saindo desse quarto o tempo inteiro, é o pior lugar para se ficar. Não estou recusando sua compania, só quero você bem.

-Eu só vou ficar bem se eu ficar com você Frankie. - Eu o puxei para mais perto de mim, beijei sua testa e continuei a acariciar seus cabelos - Durma novamente você deve estar cansado.

-Não quero te deixar sozinho Gee.

-Durma, isso não é um pedido, é uma ordem. - Fiz a melhor cara de mal que pude no momento.

-Okay meu amor, mas proxima vez eu fico acordado - Ele se levantou e beijou minha buchecha, aconchegando-se mais no meu peito.

Acabei caindo no sono junto com ele, depois de alguns minutos o vendo dormir. Aquele mesmo pesadelo de antes de namorar Frankie me assombrou novamente, mas dessa vez a voz de Mikey gritava um "Não desista" para mim. Aquilo  foi horrivel, mas bom ao mesmo tempo, eu sabia que em certo lugar por ai, Mikey estava pedindo para eu continuar, para eu não desistir, para poder enfrentar esse mundo. Eu confiava naquilo, e era a partir dai que eu iria ver que era hora de correr atrás daquele que tinha estragado a vida do meu irmão e parte da minha vida. Esse assassino iria pagar.

Acordei alguns minutos depois do começo do pesadelo, ainda meio atordoado com a ideia de Frank e Mikey indo embora, Mikey já havia ido, e eu pedia com todas as forças que fosse somente um pesadelo, mas eu tinha medo de Frank, desde a primeira vez que tive esse pesadelo ele estava lá, se afastando, ficando cada vez mais longe a cada pesadelo. Eu queria saber o que aquilo significava. Olhei para o teto e fiquei imaginando todas as teorias possiveis para aquele pesadelo. Em alguns minutos cai no sono novamente, agora sem nenhum sinal de sonhos ou pesadelos...