Preguiça, Gula e Vaidade escrita por Diego Lobo


Capítulo 2
Capitulo 1 – Alphonse


Notas iniciais do capítulo

De inicio os capítulos são pequenos e modestos, mas depois vcs ja sabem como fica rsrs espero que gostem ^^
(Perséfone) Capitulo betado *.~



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Alphonse Asmodeus já estava desperto antes mesmo das criadas baterem em sua porta, zanzava pelo seu enorme quarto aflito mordendo o seu dedo sem parar.

— Sim? — perguntou zangado. As jovens que usavam o uniforme habitual do castelo se desculparam.

— Queira nos perdoar senhor, mas o seu banho matinal já esta pronto. O senhor deseja nos acompanhar agora ou mais tarde?

O rapaz suspirou, estava preocupado demais com aquele dia e se todos os preparativos que havia feito estavam prontos. Era o simples fato de que Cherry White, a garota que roubava suas noites de sono, iria agora moram em seu castelo.

— Podem ir primeiro, eu já vou, obrigado — as jovens entreolharam-se e soltaram uma risadinha, mas antes que pudessem sair pela enorme porte ele lembrou de algo — Esperem!

Elas tomaram um grande susto.

— Enviaram o meu recado a Julius?

— Sim meu senhor, ele esta tomando o café da manhã no jardim lateral e pediu para informá-lo que assim que terminar virá de encontro ao senhor o mais rápido possível!

Alphonse parecia satisfeito e mandou as garotas irem embora, esperava que Julius viesse o mais rápido possível mesmo, ele se certificou na carta enviada de que se tratava de um assunto da mais alta urgência. Com sua frustração, as luzes do castelo inteiro piscavam sem parar com períodos mais longos e outros mais curtos, os funcionários pareciam perdidos em meio aquele “pisca-pisca”

Seu quarto era bastante extenso, e possuía uma “ala” em que as paredes eram todas espelhadas, lembrando um estúdio de dança. Ele caminhava impaciente fitando seu reflexo. Pessoas comuns não produziam quedas de energia quando ficavam preocupadas, mas Alphonse não era comum, nem tinha certeza se poderia ser considerado uma pessoa.

Em seus dezessete anos de vida, Alphonse se tornara uma figura de suprema beleza. Mesmo não sendo tão alto, sua postura e modos lhe davam a estatura que quisesse. Seus cabelos negros tão únicos lhe caiam até o pescoço, tão lustrosos como se fossem a noite banhada pela lua. Os músculos sempre saltando por qualquer roupa que escolhesse, parecia um ícone a ser seguido por muitos conquistadores.

Era estranho que seus olhos fossem tão inocentes, um olhar despreocupado com tudo, a julgar pela vida que estava levando. Mas se esses eram inocentes como uma criança, seu sorriso era mais promiscuo, desafiador, sensual e convidativo. Era sua marca registrada.

A Luxúria, essa era sua verdadeira definição. Alphonse era a encarnação literal do pecado do prazer, um ser dotado de um poder sinistro que é associado com os raios do céu. Ele enxergava aquilo como uma maldição, e estava certo em pensar daquela maneira.

Minutos depois a porta de seu quarto se abriu devagar, apesar de o rapaz não ter escutado as delicadas batidas.

— Admito que fiquei bastante curioso quando uma de suas jovens criadas veio me abordar em meio ao meu café da manhã, dizendo sobre uma tal urgência sua em me ver...

A pessoa dona daquela voz lírica era também alguém que não poderia ser classificado como um ser humano comum. Mas não pelos poderes que provavelmente possuíra por ser a Vaidade em pessoa e sim pela sua assustadora beleza. Julius Lucario Fercidade III era um adolescente de aparência única, mas diferente de Alphonse ele não havia sido talhado, esculpido por qualquer divindade, para provocar admiração e o prazer e a tentação.

Não, Julius tinha um diferencial infinito. Sem possuir o físico que saltava os olhos, seu corpo era uma perfeição matemática de medidas bem distribuídas, o rosto surpreendentemente angelical com seus cabelos ondulados cor de mel, lhe cobria os ombros com a mais perfeita sutileza. Os olhos eram verdes profundos, como se possuíssem toda a experiência do mundo, mas sem perder a beleza, além disso, era bem alto e marcava presença onde quer que fosse.

Alphonse soltou um suspiro de alivio.

— Finalmente Julius! — falou apanhando a mão do jovem — Estou tão aflito!

As luzes piscavam sem parar.

— Posso ver... — disse Julius olhando para o teto — Como posso ajudá-lo meu perturbado amigo?

— Olhe, eu sei que não possuímos uma amizade, uma relação forte de amizade para que eu possa desabafar sobre certas coisas...

— Mas você o fará mesmo assim — completou Julius.

— Não tenho alternativa! — exclamou Alphonse em desespero — Eu espero que você possa me ajudar com meu problema.

Julius caminhou tranquilamente pelo quarto de Alphonse, tudo de extravagante e caro que havia ali parecia tão inferior a aquele ser divino. Ele sentou na cama redonda vermelha, onde um jovem dormia um sono pesado, e falou devagar:

— Me conte então o que te perturba. Espero que não seja algo que vá me derrubar de sono como esse coitado aqui — disse ele apontando para o adolescente dormindo.

— Isso foi só minha tentativa inútil de conversar com Stefan sobre meus problemas, mas eu sempre me esqueço que ele não consegue escutar nem cinco minutos de conversação sem cair no sono profundo.

— Não da pra esperar mais do que isso da Preguiça em pessoa — ele sorriu — Mas sem rodeios, me conte qual é o problema.

Mas antes que Alphonse finalmente pudesse desabafar, a porta de seu quarto abriu com violência.

— ALPHONSE! — berrou a voz feminina — Você quer me explicar porque diabos as luzes do castelo não param de piscar?

Era Jennipher Balzebrian, a Gula, estava enrolada em uma toalha rosa com algodões pregados entre os dedos, seu cabelo ondulado descia em uma espiral dourada dos lados, mas agora estava com um estranho volume como uma nuvem de algodão doce.

— Jenny o que houve com o seu... — começou a perguntar Alphonse.

— Meu cabelo precisa de alguns tratos matinais, ok? E com a energia faltando a toda hora fica impossível de secá-lo!

Julius soltou uma risadinha, Jenny imediatamente se ofendeu e partiu para dentro do quarto.

— Nem todo mundo tem cabelos lisos e perfeitos que não precisam de cuidados Julius!

O jovem fechou os olhos tentando não pensar na garota de cabelo em pé.

— Alphonse porque não nos diz de uma vez o que esta havendo?

Jenny cruzou os braços batendo um dos pés, impaciente, Alphonse foi até uma mesinha buscar uma cadeira, com um giro no objeto ele sentou se apoiando no encosto estofado.

— Como vocês devem saber, hoje iremos receber uma nova moradora...

— Oh, por favor, Alphonse, não me diga que se trata disso! — reclamou Julius com bastante ênfase na ultima palavra.

— Sim, Cherry vai morar conosco e eu... Bem, estou preocupado. — falou o rapaz olhando para o chão buscando uma solução.

— Preocupado com o que Al? — perguntou Jenny confusa.

— Vocês sabem que se tratando de conquistar uma garota eu sou sempre eficaz na hora do ataque. Eu consigo extrair dela o seu mais intimo desejo, sua mais preciosa fantasia...

— Ok poupe-nos, por favor, dos detalhes — pediu Julius revirando os olhos.

Alphonse continuou de maneira pensativa.

— Namorar uma única garota já foi um grande passo, e tem sido uma árdua luta manter tudo na mais perfeita... Harmonia.

— Isso se você considera namorar uma garota sem ao menos poder beijá-la uma coisa harmônica — acrescentou Julius com um sorriso.

O jovem de cabelos negros soltou um grande suspiro, sabia que não estava sendo nada fácil para os dois. Graças aos poderes incomuns de Alphonse seu cérebro tinha uma estranha reação depois de se envolver com alguém. Tratava-se de um esquecimento permanente da pessoa em questão, como se todo o seu corpo perdesse o completo interesse e buscasse por novas emoções. No caso, ele se esqueceria de Cherry para sempre assim que a beijasse.

Era um tormento, mas que os dois tinham plena consciência. Concordaram em não desistir um do outro, agarrando-se a uma possível solução para seu problema, que ainda haveria de ser descoberta.

— O fato é: Eu não sei como agir quando Cherry chegar aqui, não sei o que devo fazer... O que um casal de verdade faria.

Julius soltou uma risadinha e andou até Alphonse.

— Quem diria que Alphonse Asmodeus, o Luxúria, o conquistador! Não sabe como se portar com uma dama em casa.

— Dessa vez é diferente Julius, ela vai morar comigo... Eu sei que foi por idéia minha, mas não tenho certeza se vou saber o que fazer... Quer dizer, vão ser 24 horas de Cherry em minha vida, tão perto de mim...

— Pobre garota...

— Escute bem Al! — interrompeu Jenny — Você está fazendo uma tempestade, eu sei que você adora uma tempestade, mas isso não vem ao caso.

Alphonse piscou duas vezes sem entender.

— Cherry te adora você, não precisa de mais nada! — ela pulou da cama onde estava até o amigo, seu cabelo ganhando proporções gigantescas — Não vai ter segredo, seja você mesmo.

— Ela é tão deliciosa...

— Ok, você precisa de alguns ajustes! — falou Jenny imediatamente — Mas não serão muitos, só alguns bons modos!

— Mas eu fiz aula de etiqueta, sou um cavalheiro! — retrucou ele.

— Você só é um bom predador, sabe bem como caçar de fato, mas não sabe apreciar a boa comida como se deve fazer — disse Julius calmamente falando de um jeito que Alphonse pudesse compreender.

Novamente Alphonse demonstrava não entender.

— Um verdadeiro cavalheiro não expressa seus desejos com tanta ferocidade, ele se contem para apreciar os pequenos detalhes com descrição e delicadeza.

Jenny tomou a frente de Alphonse.

— Um verdadeiro cavalheiro não elogia o “sabor” da garota e sim o sorriso, sua postura, o seu jeito — a garota parecia se perder em um sonho próprio.

— Mas é claro que cada regra se aplica diferentemente a cada garota — disse Julius.

— Meu Deus, e como saber quais se aplicam a Cherry! — Julius parecia estar apreciando cada momento daquilo, Alphonse implorando por conselhos.

— A meu ver, meu caro Alphonse, Cherry é uma garota que demonstra ser uma coisa, mas na verdade é outra. Como você já deve bem saber — ele caminhava pelo quarto — Cherry aparenta ser feroz, decidida, mas é frágil como qualquer outra garota. Cheia de sonhos e fantasias, as quais você expressou ser capaz de arrancar-lhe, ela parece ter muito conteúdo Disney injetado na cabeça, onde príncipes encantados e donzelas de beleza virginal os aguardam.

— Então eu preciso ser um príncipe encantado certo? Mas o que eu tenho de tão diferente de um príncipe?

Julius e Jenny se entreolharam.

— Você esta brincando certo? — falou Jenny.

— Alphonse — começou Julius novamente em tom educado — Olhe o seu reflexo no espelho, e me diga o que você vê...

Alphonse só precisou se virar para encarar seu reflexo nos vários espelhos.

— Vejo um príncipe sensual — respondeu abrindo um sorriso.

— Eu vejo alguém que parece ter saído da capa de um livro erótico! — Julius se referia ao visual de Alphonse, com a blusa semi-aberta e seu peitoral a amostra, sues cabelos lhe desciam de um jeito muito parecido com os homens que apareciam na maioria das capas de romances eróticos.

Jenny suspirou e foi até o amigo colocando a mão em seu ombro, seu cabelo já não se mexia mais.

— Você precisa mudar o visual... Algo mais discreto quem sabe — disse ela.

— Precisa moldar esse linguajar, aderir ao vocabulário mais antigo pode ajudar — acrescentou Julius também botando a mão no ombro.

— Mudar a postura! — exclamou Jenny lembrando-se.

— Não sorrir tanto! — corrigiu Julius.

— Prender o cabelo!

— Olhá-la nos olhos!

— A deixarela ter seu espaço de vez em quando! — aquilo viera da cama, Stevan se pronunciara, mas sem abrir os olhos.

— E acima de tudo... — disseram os dois em coral — Tem que aprende boas maneiras!

— Vocês não vão começar a cantar agora não é? — disse Alphonse revirando os olhos. Ele andou abatido até a cama e se jogou ao lado do jovem dormindo, que pulou com o impacto, mas mesmo assim não acordou.

— Vai dar certo Al, acredite — disse Jenny de braços cruzados admirando a cena com ternura — É tão fofo ver que você se preocupa em agradá-la, isso mostra como você se importa.

— Bem... — disse Julius de repente — Não posso lhe ensinar boas maneiras de um dia para outro, isso vai levar um tempo. Por hora, eu me retiro aos meus aposentos, e recomendo a Jenny fazer o mesmo, o cabelo dela precisa de primeiros socorros.

Ela lhe mostrou a língua enquanto o garoto ia embora do quarto.

— Não esquenta a cabeça com isso, Cherry é uma garota legal — ela virou-se para Stevan cochilando na cama — Você estava mesmo desesperado.

— Eu ouvi isso... — resmungou o garoto na cama, Jenny se despediu de Alphonse e também se retirou.

Ele ficou ali de pé por alguns minutos, as luzes não piscavam mais. Jogou-se na cama cruzando os braços por trás da cabeça, a idéia de Cherry em seu castelo era fantástica, não acreditava que estava deixando todos os pontos positivos de lado. Sua garganta ficou seca ao imaginar aquela criatura maravilhosa desfilando pelo castelo, como seria difícil resistir ao impulso de arrasta para algum dos vários quartos.

Ele abriu um sorriso bobo imaginando as briguinhas divertidas, o olhar nervoso de Cherry tentando evitar o seu, passou a mão nos cabelos despenteados de Stevan absorto em seus pensamentos. Prometera a garota que encontraria uma maneira de resolver o problema da memória, mas não fizera nenhum progresso, então nada mais justo do que tentar tornar a estadia dela no castelo a mais agradável possível.

— Cherry querida...


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