Hoje eu não estou a fim de acordar mesmo. Quem acorda cedo em pleno sábado?

Ontem teve festa aqui em casa. Tinha muita gente, não me lembro que hora fui dormir. Depois a Lisa foi buscar as crianças na mãe dela. Na verdade ela foi hoje cedo.

  Mesmo não concordando, me levantei quase caindo novamente, fui até o banheiro fiz a higiene matinal e depois desci para a cozinha. Olivia estava lá.

- Bom dia pai! – A peguei no colo e ela me deu um beijo. – A vovó me ensinou a escrever o alfabeto todo. – Minha mãe... Não tem igual.

- Legal, muito bom. – Me sentei à mesa. – Vou tomar café agora. Quer tomar junto comigo?

- Já tomei. Vou subir agora. Jean disse que tem uma coisa nova para me mostrar.

- Tudo bem, pode ir.

  É, eu tenho dois filhos. DOIS!

A Olivia tem quatro anos e Jean tem seis. Os dois se dão bem na maior parte do tempo.

  Tomei meu café sem o menor ânimo visível e fui tomar banho. Primeiro escolhi uma roupa para usar, peguei: Toalha, xampu, condicionador, saída de banho, e fui...

  Como as pessoas gostam de me encher o saco! Eu demoro sim mais de trinta minutos no banho, e não é porque eu sou algum tipo de pervertido ou o que. Não sou metrossexual nem nada do gênero. Deixo isso para o Bill.

- Georg, saí desse banheiro. Chega de banho, não é só você que existe no mundo. – Essa era Lisa no seu momento mais normal. Ela sempre faz isso!

- Calma, já vou. – Desliguei o chuveiro, peguei a toalha, enrolei no cabelo, enrolei a outra na cintura e saí do banheiro.

- Que coisa Ge, você é pior que eu!

-  Não reclama que você gosta. – A abracei pela cintura.

- Georg! Você está todo molhado, que coisa! – Se desvencilhou.

- Boba.

- Vai se arrumar vai.

  Vesti a roupa que tinha separado para sair. Lisa tinha entrado para o banho, as crianças estavam nos seus respectivos quartos fazendo algo que eu não sei o que é. Escovei meus cabelos, mas não sairia com eles assim somente. Abri o guarda- roupa para pegar a prancha de alisar, mas na gaveta não estava.

  Entrei no banheiro e revirei os armários, não estava lá também.

- Lisa, você viu a minha chapinha?

- Não Georg, você usou ela ontem.

- Sim, mas eu não acho em lugar algum!

- Vê se não está no andar de baixo, ou no sótão sei lá. – Nossa, o que minha filha querida, perfeita, amada, faria lá?

  Aquela chapinha custou caro. Muito caro! Ainda mais por que tem o “G” de Georg gravado em ouro no cabo. É única para mim! De vez em quando eu deixo a Lisa usar, mas eu dei uma para ela. As crianças não precisam e nem gostam disso. Acho que nem sabem o que é uma chapinha.

- Olivia? – Entrei no quarto da pequena.

- Sim.

- Você viu a chapinha do pai?

- O que é isso? – Largou as bonecas.

- É uma coisa preta que eu usa ligada na tomada para deixar meu cabelo liso. Mais liso sabe.

- Ah! Não sei o que é. Mas me empresta depois? Quero alisar os cabelos da minha Barbie. – Crianças.

- Negativo. Barbies tem cabelos de plástico como qualquer boneca. E a chapinha que eu perdi não se usa para brincar. Se ver ela por ai me avise, ouviu?

- Claro.

   Saí de lá e fui para o quarto Jean, só que lá ele não estava. Fui para o jardim e o encontrei comendo nos balanços.

- Pai! Olha só, consegui fazer waffles. – Me mostrou.

- Nossa, ficou perfeita. Quem te ajudou?

- Eu fiz sozinho.

- Humn... Ficou melhor que as minhas. Escuta filho, você viu minha chapinha?

- O que é isso, realmente.

-Aquela coisa preta que eu sempre uso, para deixar meus cabelos mais lisos. Que se liga na tomada e tudo mais. Que tem a inicial do meu nome nele. Sabe?

- Acho que... Não.

- Ai meu deus. – Cadê minha chapinha?! – Obrigado, filho.

- Tudo bem.

  Agora começou a me bater um desespero. Cadê minha chapinha!? Quem roubou a minha chapinha!? Isso não se faz!

- Lisa!!! – Gritei entrando no quarto bravo.

- que foi Georg?

- Não a acho! Não a encontro!

- Compre outra.

- Mas aquela era especial, por favor, me ajuda a achar! – Ok, eu pareço uma criança as vezes.

- Liga para os meninos, ou para algumas pessoas da festa e pergunta se ninguém pegou emprestado.

- Boa!

  Liguei para todos, sem exceção. Bill, Tom, Gustav, David, Nathalie, Christopher, Haner, Luis, Tânia, ect… E nada! Uma coisa daquelas não some do nada. Isso não é justo!

  Passei a tarde inteira procurando. A Tarde inteira procurando algo que não encontrei! Quando fez quatro horas da tarde, Lisa fez o café e eu e as crianças fomos tomar café na mesa da cozinha. Meu cabelo estava horrível. Uma palha! Não consigo nem me olhar no espelho. A Lisa disse para que eu usasse a dela, mas não é a mesma coisa! Tom ainda fez graça no telefone: “Passa o Ferro de passar roupa no cabelo.” Eu não achei engraçado!

- Mãe! Deixa eu fazer Waffles para o café? Eu tenho um dom. Sai bem lisinho!

- Pode fazer, mas cuidado para não se queimar. A torradeira está no armário.

- Não, eu tenho a minha. – Não creio que a minha mãe deu uma torradeira  para o Jean. Ela era a dona de dar bobagens. Mas uma torradeira!?

- Vovó te deu uma torradeira? – Perguntou Olivia.

- Não. – Desceu da cadeira. – Espera, vou pegar. – Subiu correndo até o terceiro andar. Voltou alguns segundos depois com algo na mão.

- Nossa, a sua é bem menor que a da mamãe. – Olivia se levantou e foi ver o que era.

- Jean! Isso não é uma torradeira. – Ouvi Lisa o repreender. Virei-me para saber então o que ele havia ganhado. Levei uma pontada no coração com o susto.

- Jean Luxus Hagen Listing!  - É bom esse moleque correr.