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•ELA ABRIU OS OLHOS•
E só o gesto de ter acordado, era motivo
para pensar que no fim das contas, a vida não era tão má assim.
Mas era.

Teve a sensação de estar atrasada para a escola e sentiu um alívio enorme quando lembrou a si mesma que era sábado.

Deu uma volta pela casa e percebeu que estava sozinha ali. E então lembrou que tinha livros ainda não-lidos no quarto. Nunca estaria completamente só enquanto tivesse livros para lhe fazer companhia.

Ocorreu-lhe a idéia de pegar um, mas por fim decidiu comer alguma coisa primeiro. Enquanto dirigia-se à cozinha, ouviu o barulho da porta de entrada e virou-se à tempo de ver Max entrando.

—Ainda é cedo, porque já está de pé? –disse ele, num tom descontraído. —Você merece um descanso, pelo menos no seu aniversário.

A garota sorriu por Max ter lembrado do aniversário dela, mas limitou-se a dar de ombros:

—Acho que já descansei o bastante.

—Ótimo, aniversariante. Nesse caso já posso dar o seu presente. – Max, que estava o tempo todo com as mãos atrás das costas, levou-as para frente e mostrou algo pequeno e retangular num embrulho mal-feito de papel pardo. —Feliz aniversário.

O sorriso de Liesel era enorme agora. Não se lembrava da última vez que ganhou algo de aniversário. Pegou o embrulho das mãos de Max e apressou-se a abrir.

Era um livro – o que mais seria? – e parecia já ter tido dias melhores –a capa meio rasgada, folhas amareladas – mas isso não tirou o encantamento de Liesel. O título era “Meus dias ao seu lado”. Abraçou Max como nunca fizera antes e agradeceu sinceramente.

—Sinto muito por não poder ter comprado um novo. –disse ele. —O que pude fazer foi trocar por algumas coisas que não usava mais.

Ambos sentaram no sofá.

—Você realmente está se desculpando? –Liesel parecia indignada. —É o melhor presente que já ganhei.

Max parecia aliviado.

—Você se importaria se eu lesse com você?

Liesel fez que não. E foi assim que passaram a tarde.

É, a vida não é tão ruim assim.