Entre Heróis e Monstros escrita por LadyChase


Capítulo 58
Só me deixe ir


Notas iniciais do capítulo

O capitulo é pequeno, mas é o que eu posso dar pra vocês hoje, vou tentar postar de uma vez semana que vem, mas hoje vai ter que ser só isso mesmo
É um capitulo bem sentimental, meio parecido com o final do outro. Estes vão ser os últimos capítulos assim mesmo, nos próximos vou voltar com a história



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Pov Percy

O Luto pairava sobre todos.

Não haviam mais risadas, não haviam mais sorrisos, não havia mais alegria.

O mundo parecia mais triste.

Como se a luz tivesse sido banida dele.

E todo o tempo parou.

Annabeth e eu estávamos estavam na sala da casa, os colchões tinham sido retirados, Eurition encontrou um lugar para todos os meio-sangues, ele nos compreendia, e mandou que construísse alojamentos para todos nós, não eram grande coisa, eram apenas para caber todos os campistas, separados por deuses, como alguns de nós somos os únicos filhos de determinados deuses, dividimos os chalés, como Nico, Pollux filho de dionisio, e eu. Ficamos todos nos mesmos alojamentos.

Meu transtorno de déficit de atenção estava me enlouquecendo, minha pressão estava baixa, estava realmente tentando a me prender aos detalhes, um de cada vez eles entravam em foco, mas depois tudo me deixava tonto e perturbado, e o mundo girava a minha volta e eu não conseguia parar de pensar no luto. Você não percebe o quanto gosta de uma pessoa até perde-la.

Além de Tyson, nunca tive irmãos, de uma mesma mãe ou olimpiano. Não que eles se apresentassem pra mim, claro que existem algumas pancadas de imortais ou monstros por ai filhos de Poseidon, mas não os considero família.

Agora Alice, essa sim, era minha pequena irmãzinha.

Não sei o que fez me prender tão facilmente a essa menina, talvez fosse algo nela que me lembrava de mim. Algo que todos percebiam mas eu nunca dei muita atenção. Já salvei tantas crianças semideusas, essas passavam por mim todos os dias, mas nunca prenderam minha atenção, nunca tive amizade com elas. Alice e as meninas simplesmente surgiram, e se tornaram parte da gente. Elas não se esforçavam para ficar perto como vários tentavam, elas só estavam lá.

Não sei quando Alice se tornou de fato uma irmã pra mim. Mas perde-la foi como um mergulho em águas que eu não podia respirar.

Então agora eu me prendia a única pessoa que me prendia a terra e fazia meu déficit de atenção parecer só desprendimento rápido da mente. Me concentrava no cheiro de shampoo de limão do cabelo dela, e do barulho que ela fazia enquanto fungava e soluçava, tentando parar o choro.

Annabeth nunca chorou assim. A menina forte, a criança de Atena que sempre se mostrou tão segura e controlada, estava soluçando precariamente, como se as forças para parar o choro tivessem sumido junto com toda sua camada de resistência.

Ela estava deitada no meu colo, com a cabeça enterrada no meu peito e chorando muito.

Eu não estava livre dessa também, chorava silenciosamente enquanto alisava os cabelos de Annabeth.

Miranda ainda estava tendo um ataque histérico, chorava e soluçava alto. Consolada por Diego.

Thalia esperava por suas caçadoras, elas viriam para cá, mas ela também chorava. Sentada na janela.

Ninguém, sem nenhuma exceção, estava chorando.

Todos os semi-deuses apareciam na sala, para dar os pêsames aos amigos mais próximos de Alice.

Mas o curioso, é que eles ficavam mais tempo era falando com Nico, nem olhavam na cara de Nick.

Dava para perceber o amor que Nico sentia pela Alice, dava para perceber que ele sofria muito mais que Nick. Eu sempre estive consciente do olhar de Nico para Alice.

Antes disso ele era tão fechado, sempre mau humorado. Evitava olhar nos olhos das pessoas, as olheiras eram fundas em seus olhos, como se nunca tivesse dormido antes, ele era arrogante e bravo. Se irritava com o contato dos outros.

Então ele apareceu na janela do meu quarto em uma tarde comum, lembro-me dele parecer alguém de verdade naquele dia, como se uma centelha minúscula tivesse se acendido nele. Algo que eu nem sequer notei, não pareceu importante.

Foi o dia que ele viu Alice pela primeira vez.

Também foi a primeira vez que o vi rir, parecer um garoto normal, um garoto que ele deveria sempre ter sido. E ele se aproximou de todos, falava comigo agora, coisa que ele nunca fazia antigamente, sempre me afastando, como se ódio por mim fosse durar pela eternidade.

Agora que Alice se foi, o que vai ser do Nico? O que vai ser do Nico que ela criou mesmo sem saber?

–Eu preciso avisar a alguém. – disse Miranda limpando as lagrimas, que teimavam em continuar a escapar.

–Quem? Esta todo mundo aqui. – disse.

–Alice gostaria que ela soubesse...

–Você esta falando da... – começou Annabeth.

–Elizabeth. Ela ainda não sabe que Alice morreu.

Pov Miranda

Eu daria um jeito de falar com Elizabeth,

Ela precisava saber de Alice...

Alice... Só pensar nela doía.

Nada podia me consolar, nada.

E o mais frustrante, é que não sabíamos onde estava seu corpo.

Mas todos nós sentimos. Ela estava realmente morta.

Eu só fui parar para pensar no tamanho das conseqüência bastante tempo depois.

O que seria de nós sem ela?

Quem lutaria contra Morgana?

Quiron nos deu uma folga, ninguém tinha vontade de treinar.

Alguns, queriam voltar para o acampamento, mas nem isso é possível, pois Morgana sabe onde nos encontrar.

Alice deixou os signos para nós cuidarmos, o que não deixava as coisas melhores.

Eu tinha que dar um jeito de falar com Elizabeth, era minha obrigação dizer que a nossa Alice esta morta.

Pov Alice

Sei o que você esta pensando.

Sim. Eu estou mesmo morta.

Aquele fantasma, na verdade não era um fantasma, era um demônio.

Um demônio sugador.

Ele sugou toda a minha alma, e a trouxe para o mundo do alem.

Só assim eu poderia estar preparada pro que estava por vir.

Eu não deveria me sentir assim, mas me sinto bem.

Me sinto ótima.

Deve ser por que os vivos sofrem, e os mortos descansam.

–Minha filha! Finalmente esta comigo! – disse minha mãe, vários outros espíritos estavam ao lado dela.

–Eu estou morta? – perguntei.

–Está.

–Então a morte não é tão ruim.

–Não. Não é. – disse ela sorrindo. Ela me abraçou.

Achei aquilo anormal, ela já tinha me abraçado uma vez em sonhos, mas nada era comparado a isso.

Eu estava mesmo ali, e ela estava mesmo lá. Minha mãe tinha cheiro de chuva e dama da noite, ela era bem mais alta que eu, e os braços eram compridos e calorosos. Nunca esperei isso de uma titã, vivi no acampamento ouvindo que os deuses primordiais odiavam os deuses.

–Alice, tem alguém que quer te ver... na verdade, mas de uma pessoa. – a verdadeira voz de minha mãe ecoava de maneira diferente em meus ouvidos, era feminina e melódica, mas não era humana.

–Quem?

–Alice! Ah minha deusa! É você mesma! – gritou uma voz, que eu não ouvia a muito tempo.

–Katherine! Ah minha nossa! Katherine! – a abracei.

Era mesmo ela. O mesmo rosto, o mesmo jeito de andar e falar, ela nunca foi uma amiga muito próxima. Era melhor amiga de Elizabeth no acampamento, ela se sacrificou por nós, nos permitiu viver.

–Sua mãe me contou tudo... Como vai Elizabeth?

–Ah, alem o fato dela ser uma deusa e não estar mais no acampamento a meses, ela esta bem.

–Elizabeth é uma deusa? – ela não parecia surpresa, mas deixava claro que não fazia a menor ideia.

–É. A mãe dela é Hera.

–Os mortos não se impressionam com o que acontece de estranho lá embaixo, então isso não me assusta.

–Ai minha deusa Katherine é você mesma! Não acredito! A Eliz sentiu tanta a sua falta! – disse a abraçando de novo.

–Me conte tudo o que aconteceu depois que eu morri.

Eu ri, e o efeito me deixou zonza, até meu riso soava diferente no mundo dos mortos.

–Desculpe interromper, mas eu queria falar com a minha filha. – disse uma voz.

–Pai. – me virei para encará-lo, eu o vi ainda hoje, mas parecem anos, o tempo está ficando confuso. Corri até ele e o abracei. Eu o senti. Senti seu calor como se ele estivesse vivo, eu estava sentindo meu pai. Não havia dor que mudasse isso.

–Minha pequena Annie, é tão bom te ver de novo. Não tinha dito no nosso ultimo encontro, mas você estava maravilhosa naquele vestido... Era da minha mãe sabe, ia passar para minha irmã mas...

–Ela morreu. – disse Nix completando a frase de meu pai.

–Ela esta aqui? – perguntei.

–Não, ela reencarnou. Você teria gostado dela.

–Edmundo meu querido, acho que nossa Alice precisa de um pouco de paz. – disse Nix, um pouco mais dura que o normal. Meus pais, juntos, conversando.

Por que eu não estava achando isso estranho ?

Por que nada parecia estranho?

–Alice.

Me virei novamente para encarar uma miniatura de pessoa de cabelos negros e cacheados e bochechas rosadas. Minha criança.

–Amor da minha vida! É você! – gritei abraçando minha irmãzinha.

–Alice, nãooo, apertaaaaaa. – reclamou Belina.

–Meu sol e estrelas! Sentia a sua falta!

–Lice, olha, você é idiota.

–Muito obrigada, continua direta.

–Por que você não namorou com o Nico? Eu não gosto do Nick.

–Por que o Nico era seu namorado criatura.

–Não era de verdade, eu não tava lá. – incrível como essa menina mesmo com 7 a 9 anos ainda é mais irritante do que a de 14 e 15.

Era minha família unida, como nunca esteve antes. Eu poderia chorar agora, se estivesse viva.

Os mortos choram?

As luzes se apagaram.

As memorias que eu mantive pregadas na mente, costumavam significar algo, agora estão caindo ao chão. Fazendo barulho enquanto quebram.

Por que as luzes se apagaram.

Os ecos estão sumindo, agora elas não significam mais nada.

Mas eu ainda me lembro da dor.

Estou me livrando dessas memorias,

Mas tem alguém me prendendo.

Alguém que ainda vive. Um coração que está batendo por mim.

Está me ferindo, seu sofrimento me fere.

Por favor, não sinta pena dos mortos.

Estou com medo.

Não tem nada que você poderia dizer. Não há nada que você poderia fazer. Sinto muito, já é muito tarde.

Estou me desfazendo dessas memorias.

Por favor me deixe-as ir.

Só me deixe ir.

Não vou deixar você ir

Não me deixe ir.


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