Vinculo Completo Parte 2: agora ou Nunca escrita por Fernanda Melo


Capítulo 8
Capítulo 7 - A adotada




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            - Só falta uma semana para meu aniversário.

            - Isso é um convite?

            - É, se você não se importar de dividir meu tempo com os outros.

            - Seus outros amigos? Sem problema fico lá até mais tarde nem que seja para ter cinco minutos com você. Era hora do intervalo e eu estava pegando algo para comer, quando nem sem perceber a metidinha do colégio tinha ficado perto de mim.

            - Olha a menina estranha. Eu nem dei a mínima e dei as costas. – Hei menina estava falando com você. Eu continuei fingindo não ouvir, mas minha vontade era de virar e dar um tapa naquela garota. – Só podia ser adotada mesma. Naquele momento senti minha cabeça esquentar, meu sangue estava fervendo e por impulso fiz o que minha cabeça mandava, sem pensar e nem ver dei um tapa na cara da Charllotte.

            - Pelo menos meus pais me deram educação. Eu gritei com ela, a cantina inteira estava olhando para nós e antes que o diretor chegasse para nos ferrar eu sai correndo sem olhar para mesa onde estava minha família e Luka, senti lágrimas escorrendo pelo meu rosto enquanto eu atravessava o estacionamento e ia para a reserva perto do colégio. Fiquei escondida debaixo de uma árvore, com meus braços em volta das minhas pernas e com a cabeça baixa. Eu ouvia a voz do Luka e dos meus pais gritarem pelo meu nome, estava começando a chover e eu coloquei meu capuz, ouvi paços se aproximando, paços leves, os paços da minha mãe. Senti ela me abraçar fortemente e tirar meu capuz.

            - Vamos sair dessa chuva, não quero te ver no hospital de novo e muito menos na semana do seu aniversário. Ela disse me ajudando a levantar, nós íamos à direção de Luka e do meu pai. Meu pai veio em minha direção e colocou suas mãos frias em meu rosto e logo após me abraçou tentando me acalmar com seu poder.

            - O que ela te fez? Eu ainda chorando não respondi, estava com medo do que ainda vinha pela frente, sala da direção, meu avós na escola e talvez uma suspensão. - O diretor está te procurando. Meu pai disse olhando para mim com cara de preocupação.

            - Vou tomar suspensão não vou? Perguntei baixo para minha mãe, ela apenas confirmou com a cabeça, Luka estava logo atrás, me afastei dos meus pais e fui para o lado dele, ele me deu um abraço confortante, minha mãe foi comigo para a sala da direção, eu já sabia que estava enquencrada então decidi entrar calada e sair muda da sala da direção. O diretor já estava a mil, como se fosse um dragão soltando fogo pela boca, ele me chamava a atenção como se eu tivesse dado um tiro no meio da testa da Charllotte em praça pública. Ele gritava, pedia explicações, perguntava o que havia em nossas cabeças e por fim como ele viu que eu não estava dando a mínima e que Charllotte estava histérica nos deu três dias de suspensão, ótimo, porque não deu pro resto da semana, seria um ótimo presente de aniversário, ainda no final ele disse que queria ver nossos pais aqui amanhã com nós duas e tem como minha semana ficar pior?

            - Isso não vai ficar assim. Charllotte disse para mim, eu simplesmente ignorei, mas minha vontade era de pular em cima do pescoço dela.

            - Pelo visto essa menina ainda vai arrumar encrenca pra você. Minha mãe disse passando a mão em meus cabelos. Eu olhei para o rosto dela cheio de preocupações. – Eu vou te levar para casa.

            - Você vai voltar?

            - Não, vou ficar junto com a minha filhota querida. Ela disse baixinho, me fazendo rir um pouco. Fomos ate a sala do papai, mamãe foi dizer que iria me levar em casa e ficar por lá. Nós fomos embora, eu estava sentada no banco da frente com a cabeça virada para a janela, eu estava com vergonha de olhar até para a cara da minha mãe. Chegamos em casa e minha avó desceu as escadas correndo e não entendendo o que estava acontecendo.

            - Aconteceu alguma coisa? Ela disse olhando para meu rosto, eu devia estar praticamente horrível, meus olhos inchados e vermelhos, meu rosto molhado por causa das lágrimas, eu não agüentava ficar ali olhando para a cara de ninguém, então subi as escadas correndo. Adotada, aquela palavra não saia da minha cabeça e era aquilo que mais me fazia sofrer, não estava magoada do tapa que dei na Challotte, ela sempre mereceu um tapa daqueles e se não fosse por mim seria por um monte de gente. Meus pensamentos eram gerados pela aquela palavra, eu não tinha família, era sozinha no mundo, não conheço ninguém, a pobre criança da qual seus pais sofreram um grave “acidente” e morreram, eu poderia dizer isso se eu não tivesse minha família por perto, que apesar de não ser a verdadeira é a que eu amo. Fui tomar um banho antes de me trancar em meu quarto, o banho foi necessário para mim, me relaxou bastante, logo após me joguei em minha cama, me abracei a um travesseiro e decidir dar um tempo para minha mente.

[Alice]

            - Aconteceu alguma coisa? Esme perguntou olhando para Kris, ela havia se assustado em ver alguém chegando em casa a esta hora, Kris não ficou nem um minuto na sala e subiu as escadas rapidamente como se não quisesse falar com ninguém, eu me sentei no sofá e coloquei meu rosto entre minhas mãos. – O que houve Alice?

            - Uma menina a chamou de adotada e ela bateu na garota, ela está suspensa no colégio durante três dias. Eu disse olhando para Esme que estava em seu rosto uma expressão de assustada. – O que eu faço Esme? Agora eu aposto que ela foi se trancar no quarto dela e não vai querer falar com ninguém. Esme me abraçou, meu rosto estava em uma expressão de choro, um choro seco. – Ela acabou saindo de dentro do colégio, e foi se esconder na reserva, Jasper me disse que os sentimentos delas estão rodeados de culpa, arrependimento e raiva dela mesma.

            - Ela irá ficar bem Alice, fique calma filha vai ficar tudo bem. Eu estava aflita e Esme tentava me acalmar com suas palavras, ela me ouvia atentamente e também estava preocupada. – Porque você não sobe e vai falar com ela, enquanto isso vou arrumar um chá pra ela. Esme me deu um beijo na testa e foi rapidamente para a cozinha, eu subi as escadas abri a porta do quarto da Kris, ela estava deitada na cama encolhida como se estivesse com frio e com marcas de lágrimas em seu rosto, seus olhos estavam fechados, mas ela estava acordada.

            - Kris?! Eu disse baixinho, ela abriu seus lindos olhos azuis e olhou para mim, ela parecia estar confusa, enxugou suas lágrimas e desviou seu olhar para a janela enquanto eu me sentava ao seu lado. – O que foi meu anjo?! Não fique se culpando isso só vai te deixar mais confusa. Eu disse passando a mão em seus lindos cabelos.

            - Eu não consigo fazer isso, eu bati em uma garota, já pensou eu sair batendo em todo mundo porque eles dizem uma verdade na minha cara?! Ela disse com uma voz chorosa.

            - Isso não é verdade, ela não estava te dizendo uma verdade, Kris olha pra mim, ela queria te machucar por isso ela disse isso. Ela olhava para mim com seus olhos vermelhos de tanto chorar, tentar consolar minha filha e tentar fazê-la entender que o que já está feito está feito era mais difícil do que eu pensava, me senti uma completa idiota que não dava conta de cuidar da minha própria filha, eu simplesmente à abracei bem forte. Era um modo de consolo bem confortante e era o único que me vinha na cabeça, pois minhas palavras não valiam mais. Esme entrou no quarto e deixou a xícara com o chá, pedi para que Kris bebesse nem que fosse um pouco e por muito custo consegui.

            - Mãe me desculpa, eu não devia ter feito isso. Ela se lamentou mais uma vez.

            - Está tudo bem meu anjo, não tem o porquê você me pedir desculpas. Eu passava a mão em seus cabelos, eu havia deitado com ela, estávamos abraçadas e eu acariciava seus lindos cabelos negros, lentamente ela fechava seus olhos e depois de algum tempo ela pegou no sono, algumas horas se passaram e eu ouvi os outros chegando foi só aí que eu saí do lado da minha filha, peguei a coberta e a cobri, fechei a cortina para que a claridade não a incomodasse e desci até a sala.

            - E como está nossa pequena? Perguntou Jasper me abraçando e me cobrindo de bons sentimentos.

            - Ela está se culpando e pedindo desculpas o tempo todo, foi a poucas horas que eu consegui fazer com que ela pegasse no sono. Eu disse com uma voz preocupada.

            - Fica tranqüila meu amor, não vai adiantar nada você ficar nervosa, ela precisa de você tranqüila e sorridente como você sempre é. Jasper tinha razão, se eu queria ver minha filha tranqüila primeiramente eu deveria ficar tranqüila. Ficamos conversando, eu e Jasper estávamos no sofá, passaram-se horas e Kris não dava nem um sinal de vida, Jasper tentava controlar minha ansiedade de ir vê-la em seu quarto. Algumas horas depois ouço passos leves vindo da direção da escada, sem demonstrar muita ansiedade eu olhei na direção onde ouvia os passos, Kris descia as escadas lentamente.   

            [Kristin]

            Aos poucos abria meus olhos e saia do sonho que estava tendo, meu quarto estava um pouco escuro e minha mãe já não estava mais ali, fiquei olhando para o teto enquanto eu pensava no que iria fazer deixar minha mãe mais preocupada ou acabar com essa história de vez. Eu levantei da cama fui ao banheiro e lavei meu rosto e finalmente tomei coragem, cheguei até a escada vi minhas primas conversando e olhando uma revista, meus pais e tios estavam sentados no sofá, meu pai abraçava minha mãe, no momento que ela já sentiu meu cheiro ela me olhou com uma expressão mais calma que antes.

            - Eu devo estar no meu sonho ainda, vocês estão tão quietos.

            - Ficar quieto te incomoda agora? Perguntou Tio Emmett.

            - Não, mas é estranho vindo de você. Eu soltei alguns risos, Tio Emmett sorriu e meus pais também por alivio em me ver feliz, pelo menos era isso que eu demonstrava. Fui me sentar no sofá ao lado da minha mãe. Eu fiquei me perguntando por que Reneesme estaria aqui em casa, talvez para me dar uma força ou... De repente eu fiz uma careta e tampei meu rosto com as mãos.

            - Acontece alguma coisa? Nessie perguntou.

            - Eu esqueci que hoje iríamos para Forks.

            - Isso não importa vamos outro dia. Ela disse sorrindo para mim. Eu fiquei sentada no sofá com olhando fixamente para a janela aberta.

            - Kris. Disse alguma voz longe. – Hei Kris acorde.

            - O que?! Eu disse balançando um pouco a cabeça.

            - Sonhando acordada baixinha? Eu realmente odiava que me chamassem de baixinha, eu sabia o que minha mãe sentia e não era nada legal, ele me chama assim só porque eu sou mais baixa que Nessie e Mary, mas é pouca coisa.

            - Vou beber um pouco de água. Eu disse revirando os olhos. Fui até a cozinha, peguei um copo de vidro e coloquei o tanto de água que conseguiria beber. Nem eu estou entendendo minha mudança de comportamento, ai que besteira minha, eu estou esquecendo-se do poder que meu pai obtém. Do nada minha mente vai para longe, avista aquela mesma criança de sempre que eu consigo ver na mente da minha mãe, dessa vez ela está em um lugar escuro, em um quarto sozinha, com medo, fragilizada, era de dar medo aquela cena, mas continuei vendo as lembranças desta vez sem interrupções, mas algo me assustou, fazendo com que eu deixasse o como cair, foi só aí que consegui voltar em mim.

            - O que aconteceu. Minha mãe disse chegando mais perto.

            - Nada o copo apenas escorregou da minha mão. Eu disse tentando me disfarçar, ela se aproximou e começou a recolher os cacos no chão, as vezes eu odeio essas precauções obsessivas dos meus pais, ela não queria que eu me cortasse com os cacos de vidro, um dia todo mundo vai se cortar.

            - Você está escondendo algo de mim. Eu olhei com uma cara meio assustada para ela, ai mães sempre sabem das coisas, mas eu não iria contar nada para ela enquanto eu não soubesse de mais alguma coisa.

            - Não to não. Eu disse rápido, minha mãe fez cara de desconfiada. – Mãe não faz isso comigo está bem?! Eu não estou escondendo nada de importante.

            - Porque os filhos tendem a esconder coisas dos pais? Eu não entendo.

            - Pois é nem eu. Eu disse sem muito a dizer e pensando em algo para mudar de assunto. – Vamos ver um filme? Parabéns Kristin, não tinha algo melhor não? Fingi um desmaio que é melhor.

            - Está bem, já que você não quer dizer nada. Eu acho que não existe ninguém mais dramática que minha mãe, ela sempre consegui tirar algo da gente fazendo isso.

            - Ai mãe não faz isso comigo vai. Mas o que minha mãe não contava era que eu herdaria esse dom dela. Ela revirou os olhos e vindo mais perto de mim fez cócegas, eu desatei a gargalhar e logo ela parou. Ai como era difícil, saber da vida de uma pessoa tão importante para você que nem sabe nada do seu passado e ainda para ser essa pessoa especial e tão alegre ela teve que sofrer muito para ser quem é ainda dava para ver em seus olhos que aquilo a incomodava mesmo ela não sabendo de nada, aquele olhar, sorriso e felicidade de uma criança paralisada no corpo de uma jovem, não importava o que ela fosse, o que ela sentisse ela sempre será uma eterna criança.


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