“Não, eu não quero enfrentar meu destino, nem ter que assumir quem sou.

Não, eu não quero ter que escolher o caminho que devo seguir,

Nem ter que crescer e me tornar adulta.

Tudo é tão mais fácil permanecendo no mundo da fantasia,

Apenas perseguindo o doce coelhinho branco.”

“Tão mais simples viver dentro de uma bolha.

Tão mais seguro enrolar-se no cobertor quente da ignorância.

Tão melhor não se preocupar, não amar, não ter um sonho concreto...”

“Não me mostre jornais, revistas e nem ligue a televisão.

A vida real é dolorosa demais para mim, não quero enxergar a verdade.

Só desejo esquecer os meus medos e afogar minhas mágoas de uma vez.

Traga-me a santa garrafa que me leva para longe dessas coisas

Quero esquecer, esquecer, esquecer...”

“Para que enfrentar o sofrimento de todo dia se posso ignorá-lo?

Tenho comigo um amigo chamado sono que me ajuda nessas horas.

Dormindo posso voar, viver a vida como desejo, e não como é.

Meu travesseiro e minha cama são meus refúgios quando tudo dói.”

“Quero discutir com a Lagarta sobre a brevidade da vida e como odeio o mundo.

Quero inalar os gases coloridos e viajar sem precisar sair da poltrona onde fico.

Todos estão contra mim, eu sempre sou errada, só porque quero ter meu próprio mundo.

Nada como ter à mão alguns comprimidos e um pouco de pó.

Felicidade barata e sem trabalho algum.”

Pode correr,

Se esconder,

Ignorar o que acontece,

Apagar das lembranças as dores num copo de bebida, remédios ou drogas.

Mas na manhã seguinte, meu amigo,

Tudo continua lá, no mesmo lugar.

Fugir nunca é a solução.

Ciclo sem fim que se repete a cada dia acordado, sóbrio e limpo.

Às vezes se corre tanto, se afunda tanto.

Que tudo o que vemos é o vazio profundo de nosso ser,

E a aniquilação da existência parece a derradeira saída.

Parece.

Mas nunca é.

Enfrente o problema.

Divida o sofrimento.

Compartilhe o que sente.

E perceba todos que sentiriam a sua perda, mesmo que você não admita.

Sempre temos alguém que se importa.

Só precisamos encontrá-lo.