“Ele foi devagar. Devagarinho. Lentamente para não assustar. Docemente.

Começou por deixar de torcer o nariz quando eu passava. Eu nem reparei. Como haveria de reparar se nem lhe ligava?

Depois foram os olhos. O brilho do ódio e desprezo foi desaparecendo. Desvanecendo-se por entre o prateado do seu olhar. Mas se eu continuava a ver aquela careta, como notaria?

A seguir, os cantos da boca deixaram de descer naquela careta de aversão e desdém que me provocava tristeza. Foi aí que comecei a estranhar.

E todo aquele ódio e desprezo deu lugar a um tímido e fugaz sorriso de vez em quando. Ao longe.

Os olhos cinzentos dele aqueceram. Ao fitá-lo, estes já não eram agressivos. Eram doces, meigos até.

Sorrisos, sempre que me via. Chegava a ajudar-me em Poções, livrando-me do Professor Snape. Vais conhecê-lo. É um homem misterioso.

No entanto, do golpe final, lembro-me como se fosse ontem: tinha-me levantado bastante cedo. Quando cheguei ao Salão Principal, apenas a Professora MacGonagall , o Professor Snape e alguns alunos lá estavam. Sentada de costas, não reparei nele quando se aproximou. Sentando-se a meu lado, entregou-me uma rosa azul e disse:

«-Bom dia, Granger. Tudo bem?»

Aí percebi que ele me tinha apanhado… E já era tarde demais para resistir…”

-Com quem estás a falar, meu amor? - Draco entrou no quarto, observando a esposa sentada numa poltrona.

-Com o bebé, Draco. Estava a contar-lhe a história de como conseguiste conquistar a mamã dele.

O loiro sorriu, acariciando a barriga de oito meses de Hermione.

-Resumindo e concluindo, Scorpius: a história de como a tua mamã e amor da minha vida foi apanhada…