E o Inferno Era logo Ali - EDITADA escrita por A L C Alves, Kelly S Cabrera


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Acho que a grande causa do inicio da minha escrita foi por essa música http://www.youtube.com/watch?v=o3lBF2h-Pl0 - que tem tudo haver com Eliza.Enjoy...



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Prólogo

Era o início de uma nova vida para ela. Tentou conter sua inquietação fumando um pouco, mas de nada adiantou. Não sabia o que fazer, muito menos por onde começar. Estava extasiada, totalmente eufórica.

A jovem havia passado por um estresse brutal, do qual ainda não conseguira se restaurar psicologicamente. E do qual sabia que não conseguiria totalmente. Mas ela preferia se enganar de que tudo ficaria bem, e ela viveria feliz dessa vez.

Olhou para trás, eu viu aquela Silent Hill que por tempos a sufocou.

Retornar para Ashfield... uma utopia que estava se realizando.

Certo que, muita diferença não fazia das duas cidades, sendo Ashfield ainda um fragmento desenvolvido de Silent Hill. Mas pelo menos, depois de tantos anos, ela poderia chamar algum lugar de lar. E tinha a convicção de que não seria assombrada novamente.

Em seu breve passado, ela tentou a experiência de levar uma vida mais libertina, mas virar uma prostituta não foi à melhor maneira. Logo após os acontecimentos, fora obrigada a passar por uma intensa temporada no Cedar Groove.

Foi quando a Drª Natalie Andrews achou uma única solução para o estado de Eliza.

Ela tinha uma vida feliz até brigar com sua única família. Seu irmão.

E o pouco tempo que ficou em Silent Hill, fora o suficiente para arruinar sua vida.

Os médicos não puderam suprir essas memórias, esperavam eles que, só ela poderia por si só.

Os dois irmãos moravam em Portland, alguns quilômetros de Brahms, eram tudo o que um ao outro tinham. Sua família sempre fora desequilibrada, sempre com brigas e climas carregados. Até o triste dia em que seu pai assassinou sua mãe e depois se suicidou. Sem ao menos terem uma explicação concreta para isso. Pode-se dizer que foi nesse momento, que a mente de Eliza passou a se autodestruir.

Ela e seu irmão tiveram uma grave discussão resultando na mudança de Lizzy para a pequena cidade em volta do Lago Toluca.

Devido ao seu fraco caráter, Eliza uma garota frustrada e sonhadora, achou que poderia passar a perna no destino.

Mas Mark, seu irmão, não estava satisfeito em ver a querida irmã ter uma vida feliz longe dele.

E o resultado não foi o melhor quando ele fora em sua busca em Silent Hill.

Ver a irmã como uma puta suja feriu seus sentimentos. Mas sua ignorância era tanta, que ele não tentou relevar procurando entender sua irmã.

Eliza não podia fazer mais nada, quando notou, o sangue de seu irmão não saía mais de suas mãos, por mais que ela tentasse esfregar.

Por sorte, que antes de tudo, Lizzy era já paciente da médica e também psicoterapeuta, Natalie, e como um gesto singelo, ela tentou procurar conforto para a garota no sanatório.

Sabia ela, como nada que tentasse, isso não a traria melhoras.

***

Eliza desceu do velho ônibus a uma distância considerável longa, pois o trajeto do mesmo não incluía Ashfield em seu itinerário.

Era meio da tarde naquele outono vazio. Caía um leve aguaceiro, dando um brilho limpo ao pequeno caminho. Ela lutava com seus pensamentos para continuar estável. Passou a caminhar pela estradinha asfaltada rodeada por árvores com algumas casas dispersas, reparando na beleza das gotas leves e ligeiras da chuva, que se espatifavam pelas grandes folhas das árvores mais baixas. O sol tinha sua silhueta refletida no chão, onde eram formadas pequenas poças.

Sem proteção, os cabelos castanhos e lisos escorriam viçosamente até sua cintura. A pele clara e nua de uma garota jovem estava lavada.

Um pequeno sorriso se esboçava no canto de sua boca.

“Eu vou conseguir” - Mentalizava ela.

Em sua mente, ela lutava para continuar sã, assim desde que dera o primeiro passo fora do sanatório. Ela apenas temia sabendo que teria essa luta todas as suas manhãs.

Eliza queria acreditar que estava curada e que ficaria bem, mas todos sabiam que em algum momento ela perceberia seu sufocamento e cederia a grande pressão. Na verdade, ela sabia disso, mas sua auto alienação estava forte demais.

Ela não estava curada, apenas fora liberada para seu destino, para procurar pela sua morte.

***

Ao chegar ao antigo apartamento, onde morou com seu irmão por um pequeno tempo, ficou meio triste por dar de cara com seu passado. Apesar desse pensamento não sair da sua cabeça por um segundo, mesmo assim ela decidira encarar esse problema, pensando que isso a ajudaria ficar ainda melhor. Sempre se lembrando daquele dia, seria extremamente difícil.

O sanatório lhe fora uma escola, agora ela só tinha que botar em prática o que conseguira desenvolver.

Era isso o que realmente ela precisava.

Circulou pela sala do apartamento por um breve momento, e largou a jaqueta molhada e pesada em cima de uma mesinha, caminhou com confiança para o quarto. E este, como todo o resto de sua casa, estava intacto, como da última vez que vira.

Ela já estava acomodada e não procurava fazer nenhum tipo de acanhamento.

Então sem prolongas, tirou toda sua roupa e escolheu uma leve camisola branca estampada com flores que tinha um grande apreço. Dirigiu-se ao banheiro, onde ficou por um longo tempo em um morno banho.

Ao sair, jogou-se na cama, e observou melhor o quarto em que costumava dormir. Estava a mesma coisa, com os objetos em seus devidos lugares. A escrivaninha com suas anotações permanecia intactas.

Ela riu.

Porém, sua felicidade logo havia terminado.

Eliza, caminhou, caminhou, lutou e hoje ela descobriu sua verdadeira natureza, sua verdadeira resposta. Ela não tinha culpa de nada, mas no fim, ela merecia a morte.

Não adiantava mais suas tentativas falsas de ter uma vida feliz. A infelicidade estava ali na sua cara. Ela só precisava aceitar.

Ela caminhou até a pequena TV, e apanhou um pequeno coelho de pelúcia.

No modelo Robbie The Rabbit, ela segurou com ternura seu velho amigo.

— Ah, Sr. Coelho... como senti a sua falta! – Disse ela com profundo e triste pesar.

A velha pelúcia estava amarrotada e suja.

— Eu sei o que tenho que fazer agora. Obrigada por me mostrar o caminho e estar comigo, acho que não conseguiria sem o Senhor.

Sem noção do que estava falando ou fazendo, Lizzy abriu a última gaveta do guarda-roupa, e de dentro de uma caixa bem escondida, ela tirou um frasquinho cheio de comprimidos.

Eram calmantes pesados, costumava roubar eles de sua mãe. Uma vez tentou suicídio, mas fora abordada por Mark.

— Se eu tivesse um revólver aqui amigo, aposto que seria mais eficaz. – Disse ela se levantando e pegando todos os comprimidos do frasco. – Ah sim, é verdade. O Senhor tem razão, com álcool o efeito é melhor. Obrigada. – Concluiu ela sorrindo para o coelho.

Então e apanhou um copo d’água na cozinha e ingeriu o equivalente a quinze comprimidos daquele.

— Sabe amigo, acho que fui leviana demais, fui grosseira comigo mesma. Talvez tenha sido orgulhosa demais. E agora, você me acompanhará de volta para minha verdadeira casa. Meu verdadeiro lar.

Eliza já estava delirando em quanto ainda falava mais bobagem para um coelho de pelúcia comum.

Ela estava tentando se matar. Mas seria difícil, pois a morte é astuta, e antes de tudo, ela prefere brincar.

***

O coelho levantou-se e puxou Eliza pelos cabelos.

— O que está fazendo? Solte-me!

— Vou te levar comigo. Não foi por isso que veio aqui? – Perguntou o coelho de pelúcia com o tamanho de um homem adulto.

— Não, me solte. Está me machucando.

Ele estava diferente, sombrio, maligno.

Eliza conseguiu escapar das garras do coelho empurrando-o contra a parede do corredor. Ela correu, mas deu de frente com uma parede fria e metálica em sua frente. Não havia saída, e seu amigo agora queria matá-la.

— Não! – Gritou alto fechando os olhos.

O local era frio e fedia a ferrugem e mofo. Sentiu um liquido viscoso escorrendo de baixo dos seus pés, e quando ela abriu os olhos, o coelho gigante estava caído morto no corredor com uma estaca atravessada no peito.

Ela tentou sair dali, mas o local não possuía nenhuma passagem. Não sabia como chegara naquele lugar, mas só queria encontrar a saída.

Um ruído metálico chamou sua atenção. Ao olhar de encontro com o barulho, encontrou um homem de extrema importância em sua vida.

— Mark! – Disse ela apavorada vendo o irmão retirar a estaca do peito do coelho e vir em sua direção. Então ela correu, encontrando-se novamente contra a parede sem saída.

O rapaz vinha logo atrás e mostrava grande agilidade com a estaca de ferro que usara para matar o coelho.

Ela gritava e agonizava desesperada tentando sair dali.

Com apenas um leve suspiro, Eliza caiu morta aos pés do irmão. Estava feito. Mark havia obtido a sua vingança.

***

Eliza despertou subitamente em sua cama. Os remédios ainda não tinham feito efeito.

Porém, ela finalmente estava perdendo o controle.

Sua inquietação era como ferida exposta. Machucava-a. Se debatia de um lado para o outro na cama. Notou que a pelúcia não estava mais ali, e por precaução decidiu não procurar.

Fitou o teto por alguns segundos, atônita. Parecia que a dimensão entre sua cabeça e sua realidade havia sido despedaçada.

Lá fora, a chuva da tarde havia ganhado grandes proporções.

Num curto tempo, ela cedeu totalmente a sua loucura e atravessou a porta da sua culpa.

Com um profundo suspiro ela adormeceu. Talvez agora não despertasse mais.

A chuva caia lentamente, mas com grande força sobre Eliza. Estava frio e escuro. Ela estava sozinha. Olhou para os lados procurando ajuda, mas nada encontrou.

Estava com medo. Então se arqueou sobre seu corpo demonstrando o pavor. Sua camisola estava ensopada, remetendo suas lembranças de seus tempos decadentes e tortuosos no Cedar Groove.

Sabia que em um breve momento, aquilo, voltaria.

“Não era Mark”

“Não era Mark”

Repetia ela freneticamente lembrando-se da figura demoníaca em que o irmão se tornara.

Ela estava novamente sonhando. Num lugar escuro e triste.

Tirando os cabelos do rosto, continuou andando pela rua com os olhos estatelados e atentos para qualquer coisa. Seus lábios estavam entreabertos, o ar entrava rapidamente em seu organismo e seu coração pulsava como uma bomba biológica.

A forte chuva passou a inundar os pés descalços da jovem de uma forma veloz.

Ela sabia que era como um pesadelo, bizarro, mas também sabia que era real.

Não se impressionou com o que estava acontecendo, mas decidiu esperar o resultado.

O caminho por onde andava agora era uma forte correnteza, da qual Lizzy era arrastada sem piedade em direção a uma depressão no caminho.

Ela caia e caia.

Seus gritos ecoaram por um lugar vazio. Por um momento, ela pareceu flutuar na queda d’água, e quando se deu por conta, estava sendo esmagada brutalmente contra o chão.

E lá ela ficou, estirada e largada. A água caia sobre seu corpo e lavava todo seu sangue.

Tentou erguer um braço num gesto de socorro. Sua voz estava travada em sua garganta.

Pensou que aquele seria mesmo o seu momento, quando uma enorme e quente mão agarrou suas pernas e passou a arrastá-la deixando sua pele em vivo estado. Esfolando sua carne.

Ela gemia de dor e se debatia tentando se soltar. Em intervalos abria os olhos para ver quem a arrastava, e em momentos via aquela grande estrutura metálica triangular de seus pesadelos, e em outros, o rosto sereno de seu irmão.

A cena se repetiu por um longo período. Parecia que nunca ia terminar.

Repentino, ele parou.

— Por favor... – Implorou ela com dificuldade ao sentir a mão pesada em seu pescoço.

— Acabou Lizzy. Tudo ficará bem agora. – Concluiu Mark com um sorriso amoroso, esmagando o pescoço da única pessoa que realmente amou e teve o amor.

***

— Não é real! - Eliza se levantou, e reparou que estava em casa. Estava deitada no chão de sua sala. A forte tempestade ainda caía lá fora. Passou a mão pelo pescoço sentindo uma forte dor.

Não sabia como tinha parado ali.

Ela só se lembrava de estar sonhando, e infelizmente seus remédios não haviam feito efeito algum.

Ela encontrou seu coelho de pelúcia em tamanho original, mas encharcado de sangue. E sua camisola estava toda rasgada e imunda com seu sangue. Suas costas estavam ensanguentadas.

Então ela sorriu, com um suspiro profundo e feliz, ao ver a chuva entrar pelas cortinas brancas esvoaçantes.

— Mark, eu sei que você está aí. Você veio me salvar! – Disse ela jogando seu pequeno coelho num canto.

Ela caminhou com dificuldade para a sacada. Caminhou como se estivesse hipnotizada por uma força extraordinária.

Segurou as barras de ferro e escalou os quatro espaços.

Ela ainda sorria. Emocionada, suas lágrimas escorriam junto com a chuva em seu rosto.

Seu sorriso era tão vivo quanto às estrelas visíveis através da tempestade.

“Era Mark, e era real”

Terminou ela abrindo os braços, mergulhando na escuridão que a engolia para a realidade.

***

Eliza sempre almejara em sua vida ser uma pessoa feliz com um futuro brilhante. Assim como a maioria.

Mas como uma pobre imortal, sua vida possuía muitos imprevistos que a derrubavam.

O mais fatal deles fora a briga infortuna com seu amado irmão. Mark sempre foi um rapaz possessivo e egoísta. Eliza só queria ser feliz.

Depois disso, ela foi aos poucos cavando sua sepultura. Poderia ser em qualquer lugar, mas ela escolheu morrer em Silent Hill. Apenas deixou que a cidade alimentasse o demônio em sua mente, para no final devorá-la. Não importasse o lugar para onde tivesse ido se esconder.

Seu irmão sempre a iria encontrar.

E antes que sua alma esvaísse de seu corpo, ela esboçou um largo sorriso, seu corpo não era sentido mais. E a chuva era sua única companhia.

Os raios iluminavam a fachada do apartamento, onde se podia ler “St. Ange”

Lizzy finalmente havia encontrado sua saída.

FIM

Tarde de 17/03/2011, 13:12:46 - De André Luiz de Castro Alves, Para Kelly Crystina S. C. Marques.

Última Edição: 11/05/2017 – A L C Alves


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso! Espero que tenham gostado... e espero que eu tenha captado bem e conseguido passar o que se passava com Eliza! Beijos



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