Disciplina, ordem, reconstrução.

O nipônico tinha conhecimento de que não estava sozinho, tinha mãos estendidas a si querendo lhe ajudar. Mas, apesar do saber, não era a amizade, o amor, a compaixão... Não era nada disso que via. Estava de frente para si mesmo, o seu reflexo outrora tão distorcido, agora tão claro como cristal, nítido e sólido. Encarava-o com um sorriso maldoso nos lábios, um sorriso que era seu e ao mesmo tempo não era.

“É por você ser fraco”, a voz lhe sussurrava agora ao pé do ouvido, enquanto as mãos passeavam por seus cabelos negros de modo lento e lascivo. “A culpa é sua”, dava o ultimato.

– Não, não, não – afastou-se, a voz soando mais alterada do que pretendia. – Você está errado! – Replicou.

“Que feio. Querendo fugir das suas falhas”, triplicou, tomando os pulsos quando as mãos fizeram menção de ocultar a face. Aproximou-a da dele, encarando fundo dentro dos olhos sem brilho. Egoísmo, agonia, desespero – a loucura manifestada em sua própria imagem vestida de negro. Uma sombra sempre bem oculta que agora se manifestara.

Agora, ela ressurgia à sua frente, tentado roubar-lhe a sanidade com um beijo. Não, não e não! Não iria acontecer, não podia deixar que acontecesse. Tinha de ser forte, forte, muito forte! Já não era um império, mas o sol sempre voltaria a brilhar na Terra do Sol Nascente. Sim, ele voltaria sempre a se mostrar com seu esplendor e dissiparia todas as sombras, toda a loucura.