Julia fugiu rapidamente da sala de jantar para a sala de estar. Estava completamente envergonhada, mas essa vergonha não era somente perante Damon.

Ela não conseguia entender esses impulsos incrivelmente fortes que começaram a dominá-la. Estava com vergonha de olhar para si mesma, descobrir o motivo real dessas atitudes estranhas que pioravam ao passar dos segundos.

Enquanto tentava se entender, sentou vagarosamente no sofá, mas algo em cima de uma mesinha próxima ao estofado chamou de uma maneira magnânima sua atenção.

Julia levantou-se e aproximou-se do móvel, revirando um copo de vidro que estava sobre uma bandeja de prata. Num reflexo natural despejou o líquido um tanto alaranjado em tom envelhecido da garrafa, também em cima da bandeja, no copo. E como se essa situação fosse rotineira levou a bebida à sua boca, esta desceu com uma leve ardência pela sua garganta. Nesse instante Julia sentiu uma breve sensação de alívio em seu sentimento de vergonha.

Observando a cena de fora qualquer um diria que ela estava habituada a fazer isso, mas a verdade era que não estava, pelo contrário, nunca tinha provado nenhuma bebida alcoólica antes.

Quando terminou o conteúdo do copo, em uma golada, Julia sentiu uma leve tontura devido o álcool que acabou acordando-a de uma espécie bem sinistra de transe.

- Meu Deus! Por que eu estou bebendo whisky? – Ela se perguntou abanando o copo novamente na bandeja.

Extremamente confusa, Julia, decidiu ir ao banheiro do térreo da casa para lavar seu rosto. Passando pelo extenso corredor da mansão-pensão se deparou coincidentemente com uma porta familiar. Estaria mesmo ela lá por coincidência?

Abriu a porta mais uma vez em transe, entrando no quarto gigantesco, se deparando com uma cama exageradamente grande, com cortinas negras que combinavam com a decoração sombria rebuscada da idade média. Era o quarto que a metia pavor quando era uma criança que brincava entre as paredes dessa casa.

Instintivamente direcionou-se ao banheiro da suíte. Não temia mais aquele lugar. Foi até a pia e lavou seu rosto, porém ainda não estava satisfeita.

Seu corpo estava operando no modo automático mesmo estando acordada. Ela não sabia e nem tinha noção do que estava fazendo, apenas fazia.

Com o se estivesse em sua casa abriu uma gaveta do armário e retirou uma toalha de banho, a pergunta é: como ela sabia exatamente em que gaveta estavam as toalhas? Pode ter sido sorte, eu acho.

Abriu com um pouco de dificuldade o zíper das costas de seu vestido. Pendurou-o em um cabide e a toalha em outro. Ficou debaixo do chuveiro e começou a tomar banho.

Ao terminar enxugou-se e enrolou-se com a toalha. Direcionou-se ao espelho sob a pia, pegou uma colônia masculina que estava em cima do balcão e quando ia passá-la em seu corpo se deu conta novamente de seus atos.

Assustada, Julia soltou o vidro de perfume no balcão quase o derrubando no chão.

- O que tem de errado comigo? – Ela se perguntou desesperada olhando seu reflexo no espelho.

Começou a andar para trás rapidamente e tombou suas pernas com a extremidade da banheira do aposento. Tentando não perder o equilíbrio com o impacto, Julia deu alguns passos para frente perdendo acidentalmente sua toalha que ficou presa na torneira que enche a banheira. Nesse momento ela percebeu que suas roupas estavam no cabide, rapidamente pegou-as e vestiu-se. Além do banheiro não ter porta, a do quarto estava aberta.

Depois de ter se arrumado, duplamente confusa, ela observou o interior do dormitório e percebeu que era o quarto de Damon, mas ainda parecia muito mais familiar do que isso.

Aproximou-se da cama e viu no criado-mudo um livro de capa dura, intitulado: “E o vento levou”. Sentou-se na cama e começou a folhear o romance.

- Scarlet... Incêndio... Guerra... Como eu posso saber cada palavra dessa história sendo que eu nunca li esse livro ou assisti ao filme? – Disse Julia por alto.

Damon tinha acabado de arrumar a louça e tudo mais, tinha ido a sala, mas não encontrou sua namorada. Ele passou rapidamente pelo corredor e pensou que sua visão periférica havia o enganado, acabou dando uns passos para trás se deparando com Julia sentada em sua cama e levando seu livro de cabeceira, confuso ele disse:

- Pensei que você não gostasse desse tipo de livro... – Disse adentrando o quarto.

Despertando-se de sua leitura Julia respondeu:

- Não é que eu não gosto, eu realmente não suporto!

Ela guardou o livro no criado-mudo.

- Damon, eu estou diferente. – Disse Julia. Agora ele estava frente a ela. Talvez tenha usado seus poderes para chegar tão rápido sem ser percebido.

- Eu consigo sentir... – Disse Damon acariciando a bochecha dela com os dedos e parando ao segurar o queixo entre o indicador e o polegar.

Julia nada falou, apenas sentiu o carinho quase fechando os olhos em satisfação.

- Você tomou um banho? – Perguntou Damon notando os cabelos molhados dela.

Ela assustou-se dando um passo para trás sem saber o que falar.

- Por quê? Eu não podia? – Perguntou ela.

- Não sem mim, pelo menos para assistir. – Disse ele fazendo bico descaradamente.

- Eu te esperei, mas você demorou demais! – Disse ela com um sorrisinho diferente no rosto, era sínico.

- Uau! – Disse Damon.

- O que foi? – Perguntou Julia.

- Esperava que você fosse me xingar de descarado, sem-vergonha... Realmente esperava qualquer resposta menos essa! – Disse ele.

- Diferente... – Disse ela esquecendo-se e olhando para baixo.

- Eu gostei desse diferente... – Disse Damon agora sorrindo sinicamente.

- Só você! – Disse ela emburrada.

- É tão rui assim parecer comigo? – Perguntou ele.

- Com você? – Disse Julia espantada.

- Eu pensei muito enquanto estava organizando a cozinha e me toquei que a única justificativa para a sua mudança de comportamento era o meu sangue dentro de voe! – Disse Damon convicto.

- Tá! Conta outra Damonzinho! – Disse Julia.

- Está vendo aí! – Disse ele.

- Eu nunca ouvi falar que sangue de vampiro muda personalidade! – Justificou ela.

- Bom, é uma teoria... Melhor que nada! – Disse Damon se aproximando dela e acariciando novamente seu rosto, Julia apertou seus olhos em agonia com as suas mudanças repentinas. – Eu também estou mudando... – Falou ele novamente tentando confortá-la.

- Como? – Perguntou Julia abrindo os olhos.

- Eu cozinhei o jantar de hoje escutando Backstreet Boys! – Exclamou ele.

- Idiota! – Disse ela rindo e dando um tapinha nele.

- Está vendo! Seu sorriso ainda é o mesmo... – Disse ele.

Julia ficou séria e o encarou. Segurou sua camisa preta e o puxou para si beijando-o. Depois de apenas um segundo sem reação, Damon tomou conta da situação envolvendo a cintura dela enquanto se beijavam.

Ele caminhou alguns passos até a cama guiando-a e deitou-se na cama sobre ela entre beijos ardentes. Num momento ele recobrou sua consciência e parou o beijo instantaneamente

- Me desculpe! Eu não quero te forçar a nada! – Disse Damon começando a sair de cima dela. Foi aí que ela segurou novamente a camisa dele e o puxou para um beijo.

Depois de poucos segundos beijando-a, Damon parou novamente o beijo.

- Você tem certeza disso? – Perguntou ele.

Julia nada respondeu apenas começou a desabotoar a camisa dele, que só observava estático. Quando ela terminou nem precisou puxá-lo para mais um beijo ardente, ele foi voluntariamente.

Entre beijos e carinhos eles rolaram pela cama trocando de posição. Enquanto uma mão de Damon pousava sobre a coxa direita de Julia, outra abria o zíper de seu vestido, deixando visível seu sutiã tomara-que-caia roxo, Damon sorriu maliciosamente.

- É verdade, você fica mesmo sexy de roxo! – Disse ele contemplando o corpo dela.

Julia sorriu e voltou a beijá-lo. Eles rolaram mais uma vez pela cama. Damon puxou o vestido dela até a cintura e começou a beijar barriga de Julia. (Estilo Caroline no final do episódio 2 da primeira temporada)

Ela fechou os olhos e agarrou-se ao lençol da cama enquanto desfrutava dos beijos dele. Coincidentemente Julia virou sua cabeça para o lado esquerdo da cama e abriu os olhos se deparando com uma silhueta feminina.

- Elena? – Perguntou ela surpresa.

- Katherine! – Afirmou Damon contrariado ao ver sua ex.

- Olá safadinhos! – Disse a mulher.