~ POV Jacob

Quando abri os olhos na sexta-feira de manhã, sabia que alguma coisa tinha dado errado. Mas levei um bom tempo para juntar as peças e lembrar o desastre da noite anterior. Lembrei que beijara Renesmee.
Sorri e bati minha cabeça de leve na parede acima da cabeceira de minha cama. Experimentei um frio na barriga ao perceber que tinha quebrado a principal regra de uma amizade platônica. Agora Nessie me odiava e eu não podia fazer nada sobre isso.
Fiquei relembrando várias vezes o acontecido. O que será que me tinha feito beijá-la? Teriam sido as brincadeiras na neve? A lareira? Balancei a cabeça. Os motivos já não importavam muito (além de dolorosos, eram irrelevantes). Eu tinha estragado completamente uma coisa legal e nenhuma racionalização podia mudar esse fato.
E ainda tinha a questão de Jane. Falando friamente, eu a tinha enganado. Mesmo considerando que o beijo em Nessie acontecera durante um momento de insanidade temporária, não havia como negar que tinha acontecido, ainda que Jane nunca viesse a descobrir.
Outra questão me perturbava. Se Jane descobrisse sobre o beijo, o que ela faria? Certamente seria ferida em seu orgulho. Mas ficaria mesmo magoada, ou apenas aborrecida? Ela dissera que telefonaria, mas até aquele momento não tinha dado notícia. Teria ido visitar seu antigo namorado?
O pensamento de que ela estivesse beijando um outro cara me pareceu estranhamente confortador. Embora a imagem da minha namorada nos braços de outro não fosse das melhores, a imagem aliviava minha sensação de culpa. Jane e eu éramos jovens e era compreensível que nós dois cometêssemos erros. Certo? Certo!
Resolvida esta questão, meus pensamentos passaram de Jane para Nessie. Mas antes mesmo que pudesse construir uma desculpa decente, mamãe bateu a porta.
- Jacob? Está acordado? - ela perguntou, abrindo a porta só um tantinho.
- Estou, infelizmente. - rolei na cama e me deitei de bruços, esperando que ela percebesse que não estava a fim de papo.

- Renesmee está lá embaixo, querido.

- Está? - Sentei na cama rapidinho e empurrei meu edredom para o pé da cama. - Me dê dois minutinhos, mãe e depois diga para ela subir.
Pulei em um só pé pelo quarto, tentando vestir a calça e pentear o cabelo ao mesmo tempo. A porta se abriu enquanto estava abotoando a camisa, e Nessie enfiou a cabeça para dentro do quarto.
- Será que você teria tempo para a sua antiga melhor amiga?
Na hora, a sensação ruim que experimentava desde que tinha acordado desapareceu. A voz de Nessie soara amistosa, e tudo ia ficar bem.
- Só se você retirar o "antiga" da pergunta. - respondi, abrindo toda a porta.
- Trouxe uma oferta de paz. - declarou Renesmee, entrando no quarto. Ela me deu um caixa de rosquinhas e sentou-se em uma velha poltrona que tenho no quarto.
- Sabe Nessie, acordei essa manhã, louco para comer umas rosquinhas. E então você apareceu com elas.

- Conheço você muito bem, Jake.
Nessie colocou as pernas no braço da poltrona e apoiou a cabeça na mão.
- Não consegui dormir direito ontem à noite.

- Também não. Senti-me péssimo.
Peguei uma rosquinha e passei a caixa a Renesmee. Ela se serviu de uma e mordeu metade de uma vez só.
- Não podemos deixar isso estragar nossa amizade. Nossas reações foram exageradas.

- Concordo plenamente.
Pensando bem, a coisa toda não parecia tão grave. Nós nos beijamos. Um beijo não é o fim do mundo. Além disso, somos jovens normais e ativos. Jovens se beijam o tempo todo. Não era como se tivéssemos cometido um assassinato ou coisa assim.
Nessie mastigou pensativa por um instante.
- Quero dizer, se a gente chegou a gostar realmente do beijo, então acho que temos mesmo um problema.
Concordei, imaginando aonde ela queria chegar com esse raciocínio. Sempre podia perceber quando Renesmee estava armando uma de suas teorias.

- Mas, analisando tudo que aconteceu racionalmente aquele nosso beijo foi quase uma coisa boa.
Ela parou por um momento, esperando minha reação. Como não disse nada, continuou.
- Aqui estamos nós, dois amigos de sexos opostos. É natural que experimentemos uma certa dose de...ahh, curiosidade um pelo outro.

- Curiosidade. - repeti, apenas para que ela soubesse que estava prestando atenção.
- Sim. E agora que já colocamos o nosso beijo fora do caminho, podemos deixar essa história toda desaparecer no passado. Sabemos que nunca mais queremos nos beijar e não vamos fazê-lo. Ponto final.
Estava um pouco aborrecido por ela ter se desfeito de meu beijo assim tão fácil. Para mim, a experiência tinha sido como ser mandado para o espaço montado no lombo de um foguete. Quando finalmente me dera conta do que tinha se passado, levara uns dez segundos para sentir os pés no chão novamente. Não poderia negar que ela me excitava, a um nível perigoso.
Mas não estava disposto a discutir com Nessie. Naquela altura da conversa concordaria até se ela dissesse que a Terra era quadrada. Só queria que voltássemos a nossa amizade e prosseguir dali.
- Ponto final. - concordei.
Nessie estendeu a mão e a apertei com firmeza.
- Bem, estou contente de que tenhamos resolvido isso.
Observou ela, como se a discussão fosse sobre quem lavaria os pratos do jantar.
Sorri para ela.
- Eu também, Renesmee. Estou certo de que vamos dormir bem melhor esta noite.

- Claro. Com certeza.

- Com certeza.
Inclinei-me sobre meu travesseiro e me senti como se tivesse renascido. Afinal de contas, meu mundo não tinha desmoronado e eu podia estar muito mais agradecido.

Sentia meu estômago revirando enquanto dirigia para a casa de Jane no domingo à tarde. Ela me telefonara assim que tinha chegado de viagem naquela tarde e agora eu estava apenas a alguns minutos de rever aquele rostinho lindo. Queria ouvir sua voz, especialmente porque sentia como se fossemos ter um novo começo. Desde o beijo em Renesmee tinha percebido que talvez não estivesse dando tanta atenção a Jane quanto ela merecia. Claro que devia ter projetado esses sentimentos em Nessie, que por sua vez devia ter projetado os sentimentos dela por Chace em mim e no final dera no que dera.
Domingo a temperatura ainda estava abaixo de zero. Então, quando Jane dissera que queria ir patinar no gelo no parque, achei uma boa idéia. Já imaginávamos nós dois de mãos dadas patinando em círculos no lago. Com exceção de algumas crianças pelo gelo, estaríamos em nosso mundinho particular. Depois iríamos para a casa dela , chocolate quente (na verdade um chá quente seria melhor) e ficar nos beijando até tarde da noite. Mal podia esperar por aquilo.
Quando cheguei, Jane abriu a porta. Antes que eu pudesse dar um beijo ou um alô, ela se virou, ainda na entrada da casa.
- Olha! O que você acha da minha roupa nova para patinar?

- Uau!
Não pude pensar em nada melhor como resposta.
Jane vestia uma roupa vermelha para patinação. O material devia ser cem por cento malha elástica, porque estava colado ao corpo como uma segunda pele e segurava os patins imaculadamente brancos na mão direita. Para ser honesto, todo mundo que conheço patina de jeans e blusa de lã e nunca me ocorrera que Jane se vestiria como uma bailarina de patinação no gelo. Mas não seria eu quem iria reclamar. Ela parecia uma atleta olímpica transformada em supermodelo.
- Vamos. Todo mundo vai estar lá. - ela apanhou o casaco e fomos embora.
Não entendi o que ela quisera dizer com "todo mundo", mas ainda estava meio sem fala pelo efeito de sua roupa. Se tentasse falar, provavelmente minha voz sairia estridente.

Dentro do carro, puxei Jane para mais perto. Beijá-la apagaria a horrível noite do incidente com Nessie. Assim que meus lábios tocassem os dela, o dia do feriado seria apenas um sonho ruim. Pelo menos era o que eu esperava.
Senti Jane viva e aconchegante em meus braços e o tecido macio da sua roupa parecia seda. Beijei seus lábios, seu rosto e sua testa. Não me senti voando pelo espaço, mas isso me excitava.
Beijei mais forte ainda, tentando esquecer o beijo em Nessie. Depois de uns minutos sem fôlego, decidi que a explosão que experimentara com Nessie deveria ter sido porque sentia falta da minha namorada e ficara preocupado de que ela estivesse com outro cara. Estava apenas liberando as emoções que surgiram. Existem muitas explicações psicológicas. A mente é muito poderosa... Não é o que todo mundo vive dizendo?
Jane ajeitou meu cabelo, sorrindo.
- Estivemos só quatro dias separados e você parece um cara que atravessou um deserto todo sem um canil de água.
Beijei-a de novo.
- É assim que me sinto.

- Bem, fico feliz de saber que você gosta de mim. Não é toda garota que revê seu ex-namorado e resiste a toda a conversa para voltar a ficar junto.
Dei uma olhadela em Jane, maravilhado pela capacidade que as mulheres têm de dizer a coisa exata para que um cara se sinta um completo idiota. Fiquei contente de que o sol estivesse desaparecendo rápido, porque tinha certeza de que a culpa me faria ficar com o rosto vermelho.
- Melhor a gente ir.

O estacionamento do parque já estava com metade da lotação e reconheci alguns dos carros. De repente captei o que Jane quisera dizer com "todo mundo".
- A turma está toda aqui. - ela exclamou contente, enquanto andávamos pelo meio do pessoal que circulava pelo lago.
- Você não me disse que quase o colégio inteiro estaria patinando aqui está noite. - Falei, um pouco mais duro do que pretendia.
- E não é legal? Estou tão feliz em ver todo mundo.
Ela correu na minha frente, desaparecendo atrás da barraca de aluguel de patins.
Poucos segundos depois ouvi os gritinhos de Jane. Quando pude vê-la estava abraçando Alisson como se a garota fosse sua irmã que não via há muito tempo. Achei uma palhaçada. Mesmo Jane gostando das líderes de torcida, Alisson e Demi, penso que elas são superficiais e burrinhas, na melhor das hipóteses, e caluniadoras e manipuladoras, na pior delas. São do tipo de garotas que oferecem o rosto para os beijinhos de cumprimento, mas são muito impacientes para esperar serem beijadas e nos fazem acabar beijando apenas o ar.
Confiante, Alisson veio para o meu lado.
- Você não vai me dar um beijinho, Jacob? - Perguntou, chegando mais perto.
Preparei os lábios e me curvei. Como esperava, dei um beijo gostoso bem onde a bochecha deveria estar, mas foi inútil, pois beijei só o ar.
Jane me arrastou pelo lago, enquanto eu tirava meus patins de dentro da mochila. Vi Nahuel, Johan e Demitri e meus sonhos de uma tarde romântica se evaporaram. Minhas opiniões sobre Nahuel não melhoraram desde a noite da festa que ele dera, quando vi Nessie agarrada de um jeito quase indecente com Chace. E odiava Demitri.

Demitri sentira uma quedinha por Nessie durante o segundo ano. Ela saiu com ele uma vez, detestou e nunca mais falou com ele de novo. O cara é um troglodita. Demitri então começou a fazer crueldades contra Nessie na escola. Como ela não entrou na dele. Pichou as paredes do banheiro masculino com frases pouco agradáveis.
Um dia eu o vi fazendo isso e saímos no braço, a única vez em que fiz isso na vida. Depois que o treinador veio nos separar jurei que nunca mais socaria ninguém. No ano seguinte ele trocou de escola porque os pais mudaram para outro bairro e eu não o tinha mais visto. (A propósito, Renesmee nunca soube dessa briga).
Amarrei meus patins rapidamente, dizendo a mim mesmo que, depois de um ano e meio, provavelmente Demitri teria melhorado seu comportamento. Portanto, se fosse gentil com ele, não haveria motivo para cena.
Peguei Jane pela mão e circulamos pelo lago. Ignorando a presença de Demitri, realmente estava começando a me divertir.
- Isso é tão romântico. - disse Jane, olhando para o céu estrelado e a lua cheia.
- É porque você está aqui. - respondi, pegando suas duas mãos e girando em círculos.
Fiz uma parada rápida, ao ver pelo canto de olho que Demitri vinha em nossa direção. Ele tinha uma expressão de gozação no rosto e me esforcei para ficar relaxado e me mostrar amistoso.
- Oi Demitri. Conhece Jane Volturi?
Ele a olhou de cima a baixo e deu um sorriso seboso.
- Só ouvi falar, até agora. Prazer em conhecê-la Jane.
Ela olhou para ele e sorriu, flertando.
- Como não vi você por aqui antes?

- Eu estudo em outro colégio. Mas gosto de manter contato com os velhos amigos.
Demitri me olhou e pude ver pelo brilho em seus olhos que ele estava doidinho para me contar alguma coisa.
Não estava nem um pouco interessado fosse lá o que fosse que ele tivesse para me dizer. Tomei Jane pela mão de novo.

- Vamos continuar de onde paramos? - perguntei a ela, me despedindo de Demitri.
Nesse instante ele colocou a mão em meu ombro.
- Falando em velhos amigos, Nahuel me disse que a nossa queridinha Renesmee Cullen está de caso com Chace Crawford.
Percebi que Jane fechara ligeiramente os olhos e não a culpei, Demitri falou de um jeito que parecia que Renesmee e eu tínhamos alguma coisa. Mas não queria que isso ficasse estranho e então decidi explicar mais tarde.

- Sim, ela está apaixonada. - respondi, satisfeito por ver o sorriso malicioso se transformar em uma cara de preocupação.
- Bem, você poderia dar um recado para ela.

- Sobre o quê? - senti os músculos de minhas costas se contraírem, mas não deixei que ele percebesse que estava me atingindo.
- Eu vi Chace e Thais parecendo muito amiguinhos na pizzaria do Jon, numa noite dessas. Na verdade, eles estavam botando para quebrar, em uma mesa no canto. - ele sorriu para mim, e depois riu alto.
- É mentira.

- Não estou nem aí se você acredita ou não. Mas você deveria dizer a sua amiga que Chace só a está usando até colocar as mãos de novo em Thais.
Eu estava trêmulo de raiva e não pude me controlar ao dar um passo em direção a ele. Se for verdade ou não o que ele dizia, já não importava mais, queria mais era tirar aquele sorriso idiota da cara dele.
- Isso deve ser ciúme porque RENESMEE não quis sair com você, seu idiota. - falei com raiva.
- Renesmee é uma panaca. Pode perguntar a qualquer um.
Então Jane resolveu entrar na discussão.
- Ele tem razão, Jake. Todo mundo sabe que a Cullen é assim, tipo... Estranha.

- Obrigado pela sua opinião Jane, mas isso é entre esse idiota e eu.

- Quer sair no braço, Black? - provocou ele, chegando o rosto perto do meu.
- Você não vale isso.
Percebi que Nahuel e Johan tinham vindo para perto e nos observavam com curiosidade.
Quando olhei para o outro lado, Demitri aproveitou a oportunidade. Vindo do nada, seu punho me acertou bem no queixo. Caí para trás, sentado, com um gemido.
- Renesmee é a garota mais legal que conheço. Ela põe qualquer namoradinha sua no bolso.
Gritei.
Enquanto tentava me levantar, Demitri pulou sobre mim. Mas antes que ele me batesse de novo, Nahuel e Johan o agarraram. Eles o puxaram para o lado, segurando seus braços.
- Acho que essa patinação acabou.

Ele e Nahuel levaram Demitri para fora do lago.
Fiquei em pé sobre o gelo, ainda furioso.
Quando tirei os olhos dele e fitei Jane, ela estava me encarando com as mãos na cintura.
- Se você gosta tanto assim da Cullen, talvez deva sair com ela. Vocês dois merecem um ao outro.
Fiquei só olhando para ela, tão espantado que não podia nem falar. Como não disse nada, ela me sorriu gelado.
- Está tudo acabado entre nós.
Olhei para ela patinando a distância e me senti como se fosse um balão que acabara de estourar. Quando ela chegou à beira do lago, desamarrou os patins e correu para o estacionamento.
- Demitri espera!
Pude ouvi-la gritando.
Então não consegui mais vê-la. Enfiei a cabeça em um monte de neve de tão cansado que me sentia. Estava magoado por Jane ter terminado comigo, mas no fundo sabia que nosso caso não tinha muito futuro. Ela sempre tivera mais coisas em comum com Alisson do que eu quisera admitir, e agora podia ver até que ponto era superficial.
Um vento frio soprou em meus ouvidos, mas fora isso a noite estava silenciosa. O feriado tinha terminado para mim e também o relacionamento com Jane Volturi.
Olhei para a lagoa, agora deserta, e balancei a cabeça negativamente.
- Acho que isso significa que perdi a aposta. - disse em voz alta.

~ POV Renesmee.

Quando Alice e eu fomos para a aula de redação na segunda-feira de manhã, minhas mãos estavam suadas e sentia meu estômago enjoado. Não conversava com Chace desde a noite do feriado e passara a maior parte do domingo tentando convencer a mim mesma de que haveria uma boa razão para que ele não tivesse me telefonado. Um motivo seria porque seus avós estavam na cidade. E também sabia que a Radio Hits teria uma apresentação em um colégio em breve e eles provavelmente estariam ensaiando. E até levei a nevasca da noite anterior em consideração, era bem possível que ele tivesse passado metade da sexta-feira tirando neve da calçada.
Minhas mãos ainda tremiam ao pensar em encontrá-lo. A Renesmee pessimista tinha reaparecido, mais forte do que nunca. Quase esperava que ele surgisse com uma placa dizendo: Passei o fim de semana com Thais.
- Tenho certeza de que ele só estava ocupado. Thais não é ninguém comparada com você. Ela é pura aparência, sem nenhum conteúdo.

- Oh, eu me sinto muito melhor agora. - respondi com ironia. - Todo mundo sabe que os garotos de dezoito anos preferem mil vezes o conteúdo à aparência, é claro... De que planeta você veio Alice?
Ela deu de ombros.
- Ei, pelo menos estou olhando pelo lado bom da coisa.

- Não tem lado bom nessa história. – respondi meio deprimida.
Quando Alice eu nos sentamos não havia sinal de Chace. A professora então pediu que entregássemos o exercício de escrever uma história curta. Eu abri meu caderno, mas mantinha um olho grudado na direção da porta.
- Sobre o que é a sua história? - perguntou Alice, esticando o pescoço para espiar meu caderno.
- Nada interessante. Na verdade é meio idiota.
Minha história era sobre uma garota e um garoto que eram muito amigos. Uma certa noite eles se beijam romanticamente e isso quase arruína a amizade entre eles. No fim da história eles fazem as pazes. A idéia não era muito original, mas todos dizem que escrever alivia as culpas.

Voltei-me para Alice.
- E a sua?- A minha é meio idiota também.
Dei uma espiada na história de Alice. Em letras maiúsculas ela tinha escrito no topo da página SOCORRO! TENHO UMA QUEDA PELO MELHOR AMIGO DE MINHA MELHOR AMIGA! Pelo título dava para ter uma boa idéia sobre o que era a história de Alice. Se a professora fosse apenas um pouquinho esperta certamente conseguiria perceber as semelhanças entre os personagens masculinos de nossas histórias. Suspirei. A segunda-feira não estava sendo um dia bom.
Cinco minutos depois de tocar o sinal, Chace chegou. Ele sorriu e se desculpou com a professora, sentando-se em uma classe próxima da porta. Tentei olhá-lo, mas ele estava concentrado em ler a tarefa que a professora havia colocado em sua classe.
Pelos quinze minutos que se seguiram procurei resistir a tentação de ficar olhando para onde ele estava sentado. Se ele queria me ignorar, eu é que não iria ficar de olho comprido, atravessando a sala, para o lado dele. Acabou, repetia para mim mesma, ele ainda ama Thais.
Quando Alice me deu um tapinha no ombro, quase pulei na cadeira. Ela passou um papel todo dobrado e sacudiu a cabeça na direção de Chace.
Meu coração disparou ao abrir o bilhete: "Renesmee, me encontre assim que acabarem as aulas. Amor, Chace".
Dei uma olhadela e percebi que ele estava me encarando. Fiz que sim com a cabeça e sorri, voltando a atenção para a professora. Meu coração se aliviou. Talvez tivesse mesmo uma boa razão para não ter telefonado no final de semana. Por enquanto a solução era esperar pelo melhor.