Visita Inesperada escrita por Kori Hime


Capítulo 1
Capitulo Unico


Notas iniciais do capítulo

Saudades da série. De ver o Link e a Gretchen se odiando mas no fundo relando aquela tensão sexual no ar ;D
hehe



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/132599/chapter/1

Pelo alto falante, a mulher avisava uma visita para Morgan.

Gretchen estava deitada na parte debaixo da beliche. Mal conseguiu se mexer na primeira chamada, seu corpo estava muito dolorido. Algumas costelas quebradas e o queixo que fora deslocado. Mas ela respirou fundo, e deixando os cabelos negros, lisos cairem para trás, levantou-se e caminhou a passos lentos até a carcereira que a aguardava com um sorriso sádico nos lábios.

— Esta com dor? Bonitinha. – a mulher gargalhou, observando-a mancar.

Depois da tentativa de fuga fracassada, ela sabia que retornar para a cela seria a mesma coisa que ir ao inferno. Gretchen não só apanhou das guardas, como também das detentas. Esse era o preço a ser pago. Mas, ela não deixava por menos. Mandou muita gente nas últimas semanas para a enfermaria, outra até para o caixão. Ela só tinha uma opção, sobreviver aquele inferno.

E mesmo que passasse o resto da vida com as costelas quebradas e hematomas por todo o corpo, ela não iria nunca se entregar facilmente.

Acreditou que a visita fosse do advogado de defensoria pública. Um desses jovens recém-saídos da faculdade, que são jogados para cuidar desses casos. Sua irmã, obviamente não iria pagar um advogado bom. Eles, além de serem caros, poderiam prejudicar ainda mais a vida de sua filha, quer dizer, sua sobrinha.

Ela baixou a cabeça, num pensamento nostálgico. Será que Sara havia entregado o presente que ela fizera para a menina?

— Aqui, Morgan. Tem dez minutos. – A diretora do presídio falou, dando espaço para a morena entrar. Era uma surpresa aquela visita. Por isso, ela fez questão de acompanhar a conversa dos dois. Porque, mesmo que não tivesse nada que os incriminasse com a fuga ocorrida há uns meses, ainda assim eles eram suspeitos.

Gretchen parou ao lado da porta, quando ela foi fechada e não acreditou muito em quem estava sorrindo para ela, sentado na cadeira do outro lado da mesa.

— Sente-se. – Ele pediu, com educação. Como se nada tivesse acontecido. Como se eles fossem bons amigos. Como se ela não fosse pular em cima de seu pescoço e socá-lo à exaustão.

— O que você está fazendo aqui?

— Vim te visitar.

Lincoln estendeu a mão, convidando ela novamente para se sentar.

— Eu realmente não acredito no que estou vendo. – Morgan sentou-se, estreitando os olhos para aquele homem. – Você veio aqui matar a saudade? – Ela sorriu, como há muito tempo não fazia.

— Vim ter certeza de que estão te mantendo bem presa aqui. – Retribuiu o sorriso, mas sem muito humor. Divertindo-se com a fúria que crescia nos olhos azuis. – Parece que sim.

— Seu idiota! O que veio fazer aqui? Rir de mim? – Ela se levantou, batendo as mãos algemadas na mesa. Rapidamente a guarda que a acompanhava se aproximou, mas Link moveu a mão num gesto para deixá-la.

— Eu vim dizer que o presente foi entregue.

Gretchen calou-se, e sentou na cadeira lentamente, com o olhar perdido na sala.

Do outro lado do vidro escuro, a Diretora tentava entender do que eles estavam falando. O que era aquele tal presente? Será que Sara tinha algo a ver com isso?

— E... E ela gostou? – Os olhos azuis pareciam ter ganhado um novo brilho. Lincoln até ficou surpreso, porque aquele olhar era quase maternal. Algo que ele nunca vira antes na mulher sem coração que era Susan. Ou Gretchen. Não importa.

— Na verdade... – ele tirou do bolso da camisa uma fotografia e estendeu para ela. A guarda estava ao lado de Gretchen, observando atentamente os movimentos dos dois. Tudo poderia ser suspeito. – Eu não tive oportunidade de me aproximar dela. Sua irmã não deixou. Mas o Alex tirou essa fotografia, quando ela saía da escola.

Gretchen pegou a fotografia, sua menina estava com uma mochila nas costas, segurando a lancheira. Ela pôs a mão no rosto, tentando controlar as lágrimas. Link estava mesmo, muito surpreso.

— Eu posso ficar com ela? – O grandão moveu a cabeça num sim silencioso. – Obrigada.

Faltava ainda alguns poucos minutos para a visita acabar. Gretchen queria falar mais sobre sua filha. Mas pelo visto, Lincoln não saberia responder nada. E não iria perder seu tempo querendo saber como estava Sara. Soube da morte de Michael, mas pelo visto, esse era outro assunto que não poderia ser dito ali. Então, não havia mais nada para falar.

Link cruzou os braços. A camisa branca que vestia parecia apertada, devido os músculos exagerados. Gretchen virou os olhos para o outro lado da sala, onde a parede parecia mais interessante.

— Então, quando vai ser seu julgamento? – Ele tentava demonstrar que não se importava com aquilo. Mas, no fundo, lá no fundo, se importava sim.

— Logo. – os minutos pareciam ter congelado no relógio preso a parede. – Não se preocupe, se eu sair, vai ser o primeiro a ser notificado.

— Não, acho que não. – Link descolou as costas largas da cadeira, e piscou o olho para ela.

— Ah! Claro, esqueci que você mora no Panamá, com aquela mulher, como ela se chama mesmo? Soraia?

— Sofia.

— Isso, a adorável Sofia. – Ela ficou mais relaxada na cadeira, ignorando a dor latejante que sentia. Link a olhava fixamente nos olhos, ou quando ela desviava o olhar, ficava preso nos cabelos negros. Não queria saber por que o rosto dela estava inchado, ou todo roxo. Ele, mais do que ninguém sabe o que acontece com as pessoas numa prisão. E a última coisa que precisava, era uma preocupação a mais com a mulher que quase matou seu filho. – Ela sabe que você veio me ver?

— Não, ela não precisa saber.

— Está certo. Vamos manter isso em segredo. – Gretchen moveu o maxilar, que incomodava. Deveria estar horrorosa.

— Você precisa de alguma coisa? – perguntou porque seu coração bondoso estava falando mais alto. Não, ele estava mesmo começando a se preocupar com a vida daquela desgraçada.

— Sim. Analgésicos. Sabe, acho que andam me dando balinhas de menta no lugar de remédios.

— Se eu puder providenciar isso. – ele olhou para a guarda. É, pelo visto não.

— Não se preocupe querido. Eu sobreviverei. Sabe, como dizem por aí: vaso ruim não quebra.

A voz da diretora soou pela caixinha de som presa a parede ao lado da porta. – A visita terminou. Morgan.

Gretchen suspirou, cansada. Iria voltar para o inferno. Aquele pedacinho do purgatório estava começando a ficar divertido.

— Cuide-se. – ele estendeu a mão, e tocou nos dedos gelados dela. Olhou mais uma vez para os grandes olhos azuis. Ela era um demônio mesmo. Conseguia trazer à tona o pior e o melhor dele.

— Eu sou grandinha, posso me cuidar. – Ela moveu os lábios para dizer mais alguma coisa, mas não o fez, apenas deu um sorriso sem muita importância.

 

O julgamento de Morgan fora marcado. Ela recebeu a visita de outro advogado. Estranhou, já que o velho era muito bom. Bom até demais para um defensor público. Ele não deu maiores informações de quem havia lhe contratado, apenas foi claro ao dizer que só abriria a boca para falarem sobre sua sentença. O que seria de uns cinquenta anos. Mas, ele poderia conseguir reduzir para vinte e cinco anos, com uma chance de condicional em quinze anos, caso ela tivesse um bom comportamento.

Morgan sorriu. Quem quer que seja a pessoa que contratou aquele homem, deveria conhecer muito bem o seu grau de comportamento. Mas poderia se esforçar. Quem sabe, em quinze anos, o que poderia perder. Já que ela não tinha mais nada.

Os vinte e cinco anos foram dados. Gretchen estava de pé, ouvindo do juiz sua sentença. Fechou os olhos, e assim que encarou o homem enrugado com aquela roupa típica preta, e batendo o martelo, ela apertou os lábios, massageando-os, sentindo o gosto de seu gloss de morango.

Estava feito. Gretchen foi direto para a penitenciária. Até aí nenhuma novidade. Em onze meses ela não recebeu nenhuma visita, senão uma cartão de feliz aniversário de sua filha. A menina sempre lhe mandava algo, porque elas faziam aniversário próximas uma da outra. Aquele era o único momento em que a morena sentia que havia feito algo de bom na vida. Ou que tudo o que fez para protegê-la valeu a pena. Talvez nem tenha feito muito como deveria. Mas já havia perdido, não podia se lamentar para o resto da vida com a decisão que tomara anos atrás.

Ela estava trabalhando na lavanderia, quando ouviu seu nome ser anunciado. Uma visita.

Depois de um ano sem visitas, quem teria tido um tempo a perder com ela?

Gretchen sequer estava curiosa, porque com certeza não era sua irmã lhe levando um bolo atrasado pelo seu aniversário. E quem quer que fosse, ela iria despachar em alguns segundos, porque não estava afim de dar entrevistas.

Assim que ela passou pela porta, caminhou na direção de uma das cadeiras vazias, indicada pela guarda. Sentou-se ali, e no instante seguinte a tal visita fez o mesmo.

— Oi. – A voz grave tirou-a dos devaneios.

— O que esta fazendo aqui? – Gretchen arregalou os olhos azuis, assustada com a presença do homem.

— Não dá pra fingir que está feliz em me ver? – Lincoln apertou os dedos, estalando eles na frente do corpo. Gretchen balançou a cabela, seus cabelos já estavam bem maiores que da última vez em que Link a vira.

— O que quer aqui? Veio ver se eu não estou planejando fugir? – Ela jogou os cabelos lisos para trás. Apertando os lábios.

— Eu vim ver se esta bem. Só isso. – Link cruzou os braços, a camisa que vestia apertava ainda mais no músculo dele. Gretchen revirou os olhos para a aparência do homem bronzeado.

— Como está seu filho? A salvo? Ou se meteu em alguma nova encrenca?

— Gretchen! – Ele a chamou com aquele tom de quem quer dizer para tomar cuidado com o que dizia. O filho dele estava indo muito bem, e mesmo que fosse um jovem as vezes rebelde, não era tão mal quanto ele já foi um dia. Então não dava trabalho.

— Certo, então vamos falar de que? Sua mulher?

Lincoln a olho sério, mais uma vez, e Morgan ergueu as mãos, desistindo da conversa. Eles não tinham muito tempo para falar, mas também não tinha muito o que dizer.

— Espero que se comporte nesses quinze anos. – Link descruzou os braços, deixando as mãos sobre a mesinha, erguendo uma delas até a grade que os separava. – No final você não foi a cretina que eu achei que fosse.

— Ah que romântico, porque não vem aqui no dia de São Valentim e me trás um cartão bem colorido com corações?

Link não ia discutir, porque aquela mulher era uma maluca mesmo. Mas ainda assim contratou um advogado para ela. Não ia jogar isso naquela cara abusada que Gretchen tinha, não precisava. Ela sabia.

— A hora de visitas está acabando, a gente se vê. – Ele se levantou, com os olhos fixos nos azuis intensos dela.

— Não fique pensando que eu vou te esperar por um ano que nem uma adolescente apaixonada.

— Não precisa. – Afastou a cadeira, e já estava de saída.

— Espera, Lincoln. – Gretchen se levantou também, fazendo as guardas tomarem atenção nos dois. – Você vem aqui, fala oi como se estivesse passando pela cidade pra comprar pão e vai embora?

— Sim. – Link vestiu o casaco de couro, ajeitando a gola. – Ano que vem eu venho comprar mais. – Ele deu uma piscada de olho e foi embora, deixando a morena com um sorriso meio cortado nos lábios.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Visita Inesperada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.