Eu estava tão entediada e começando a acostumar meus olhos, começou a chover ontem à noite então hoje passaríamos o dia trancado, eu e todo o resto. Eu já havia perdido a noção do tempo em horas e dias, completamente desenformada de tudo e de todos. Pelas vezes que anoiteceu e amanheceu já estou trancada aqui uns 5 dias, se eu errar não será surpresa. A chuva ficava forte a cada minuto, ate a porta do meu quarto se abrir e uma jovem entrar. Ela não era enfermeira, estava vestindo vestes normais.

- Ola Dani, Prazer eu sou a Dr. Maria – ele entrou sorrindo com um caderno na mão, não, não um bloco de notas.

- Oi – eu estava em pé num canto de braços cruzados

- Sente-se aqui perto, eu sou sua psicóloga irei cuidar de você por um tempo – ela sentou-se na cama, puxei a cadeira e sentei perto dela – Tudo bem vamos começar me conte tudo sobre você... – ela abriu o bloco com a caneta aposto

- Pra que? Você já me conhece – eu dei de ombros

- Eu conheço a Danielle Velasque estilista e não essa Danielle Velasque que esta sentada na minha frente – ela colocou o óculos

- As duas são a mesma – ajeitei-me na cadeira

- Vamos lá, colabore é para o seu bem – ela deu um sorriso forçado e eu suspirei

- Eu tinha vida e um amor... Para ser direta tudo isso é culpa do ciúmes! – eu franzi a testa

- Ciúmes do seu namorado? E com razão não é mesmo – ela estava escrevendo

- É eu pirei quando ele se esqueceu do meu primeiro desfile e também quando soube que iria acontecer uma turnê mundial – ela continuava escrevendo, e nem piscava

- Você não confia nele? – ela me olhou

- Claro que confio – respondi rapidamente

- Será? Se você confiasse como diz não ficaria tão perturbada com o fato de ele viajar um ano direto certo? – fiquei olhando para ela e pensando

- Bom... – eu passei a mão no pescoço – Como faço? – eu perguntei

- Como faz o que? – ela virou um pouco a cabeça

- Para ter tudo de volta ao normal? – inclinei-me para frente

- Basta sua mente estar livre de tudo... – ela colocou o dedo sinalizando a cabeça – E você estar segura de si mesma – ela sorriu

Aquilo ficou martelando na minha cabeça, ela foi embora e aquelas palavras ainda ficaram retumbando de um lado para o outro, para eu ser segura de mim mesma terei que confiar nos outros. É isso! Basta aprender a confiar, como se fosse fácil sair acreditando no primeiro que aparecer. Mas isso são detalhes, não vejo a hora de sair daqui e recomeçar tudo de novo, mas dessa vez maneirar em algumas coisas e saber dizer não a outras.

A enfermeira veio me buscar para a janta, já estavam todos os internados no refeitório, fui andando e olhando todos ate achar um lugar vazio. Na verdade uma mesa inteira estava vazia havia uma mulher sentada no canto acho que ele não vai se importar, os pratos foram servidos e todos jantavam silenciosamente. Se ouvia apenas o barulho da colher raspando o prato, nem comi direito. Percebi que a mulher me encarava, ela tinha um lado do seu rosto queimado, mas o outro lado era impecavelmente perfeito seu olho era azul da cor do céu e lábios rosados. Tentei não encará-la, mas ela não parava de olhar eu estava com um pouco de medo, ela tinha um olhar bonito, mas frio.

- Não precisa ter medo de me olhar – ela falou e eu virei para olhar

- Não estou com medo... – eu relutei para falar e ela balançou a cabeça

- Se eu fosse você comeria, vai precisar de força daqui a um ano mais ou menos – a olhei suspeitamente e me perguntando do que ele estava falando

- Não estou te entendendo... – pulei um banco para ficar de frente com ela

- Você terá um bebê muito lindo! – ela estava olhando para o nada como se estivesse imaginando o que dizia.

- Estou sem fome – empurrei um pouco o prato, ela apenas me olhou pegou seu prato e se foi.

Mais uma coisa para ocupar minha mente nesse lugar, aprender a confiar e eu terei um bebê lindo àquela garota é realmente maluca ou ela é maluca Deus eu estou numa reabilitação não se da para confiar nas pessoas daqui!

Espere! Agora tudo se encaixa, mas é claro! Quando a psicóloga disse para eu ter confiança ela queria que eu aprendesse a confiar obviamente, mas como eu aprenderia isso estando aqui? Eu tenho que confiar, acreditar nas pessoas que aqui vivem há anos elas pode estar mais certas do que qualquer certo pelo mundo. Essa é uma coisa que jamais vou esquecer e quanto mais eu demonstrar melhoras cedo saio daqui.

Eu sorri sozinha no lugar onde estava, olhei para a porta e lá estava à garota ela estava me olhando, ela sorriu e sumiu. Tudo bem isso sim me deixou com medo, ainda bem que as portas aqui são bem trancadas. Para Dani!