Futuro Corrompido escrita por Chibieska


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Nota 1: A história se passa na saga do futuro, me inspirei em algumas cenas e acontecimentos para escrever as coisas do ponto de vista da Haru (Hahi!). A parte em questão acontece antes da invasão à base Melone.
Nota 2: essa fanfic é parte adaptada e editada de uma antiga fic minha chamada Retalhos. Era uma fic bastante longa que contava os acontecimentos da Saga do Futuro do ponto de vista da Haru. Como não mexia nela fazia mais de um ano e nem tinha pretensões de voltar a escrever nela, destaquei meu trecho favorito e que me deu a ideia da fic original e fiz dela uma oneshot. Espero que gostem.



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FUTURO CORROMPIDO

Haru dava passos apressados pelo corredor das instalações Vongola e chamava por Lambo intermitentemente. O garoto vaca ficara sob sua responsabilidade, mas como sempre dera um jeito de escapulir. Precisava encontrá-lo logo, antes que trouxesse mais problemas para ela.

A porta da sala de estar estava aberta, e a jovem decidiu dar uma espiada. Lá estava o fedelho, junto a Tsuna. Não estava causando problemas afinal.

- Ah, ai está você Lambo. – disse contente, entrando no cômodo e pegando a criança no colo. Só então percebeu que ele chorava. Ele tremia ligeiramente, parecia realmente assustado, mas com o quê, se só Tsuna estava na sala?

- Haru, você não prometeu que iria cuidar do Lambo? – perguntou Tsuna.

Era impressão sua ou o clima estava carregado. Olhou para o jovem Vongola e viu que a barra da sua calça estava rabiscada. Lambo passara o dia todo brincando de desenhar. Riscando as paredes e móveis. Aparentemente ele tentara desenhar em Tsuna que não tinha gostado nada da brincadeira.

- Lambo está entediado, porque não pode sair para brincar. Mas ele não faz só coisas erradas, ele ajuda nos afazeres domésticos também. Tsuna não sabe de nada...

- É você quem não sabe de nada! – gritou, furioso.

Haru encarou Tsuna, nunca o vira tão alterado. Aquele não era o garoto que ela conhecera, por quem ela se apaixonara. A garota abraçou Lambo com força.

- Me desculpe. – disse, com um sorriso. Levantou-se e com uma pequena reverência retirou-se da sala, levando Lambo consigo. Não saberia dizer porquê sorriu naquele instante. Não fora forçado, mas o sentira amargo, mentiroso, não como se quisesse esconder algo de Tsuna, mas sim de si mesma. Como se aquele sorriso consumisse algo dentro de si.

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Sentada na cama, em seu quarto, tentava acalmar Lambo que chorava, descontroladamente.

- Tsuna é ruim! – disse, assoando o nariz nos lençóis de Haru.

- Tsuna não é ruim Lambo, ele só está cansado. – disse, enquanto acariciava os cabelos de brócolis da criança.

- Tsuna brigou com Lambo. Tsuna bobo. – dizia a criança, irritada.

- Lambo... Tsuna está sob muita pressão. – disse, puxando o garoto para o colo. A quem ela queria enganar? Nem mesmo ela acreditava em suas palavras. Tsuna estava cansado e sob pressão, mas qual deles não estava? Quem ali não estava preocupado ou com medo.

Aos poucos Lambo se acalmou, até adormecer. Queria ela poder ser como as crianças. Elas ficam tristes, mas depois esquecem. Haru não dormiu, sequer conseguiu se acalmar. Havia vários sentimentos ali, conflitantes, fazendo-a sentir-se culpa e odiar o jovem Sawada na mesma intensidade. Deveria ter cuidado melhor de Lambo, sabia disso. Mas não merecera ser tão rigorosamente repreendida, ser taxada de ignorante, se sentir diminuída e enganada.  Se ela não sabia de nada, é porque havia algo a saber, algo que ela sabia estar escondido em cada palavra de incentivo de Tsuna, em cada desvio de assunto de Yamamoto, em cada olhar irritado de Gokudera. Eles claramente mentiam e escondiam algo, mas se ela não sabia de nada não era por culpa deles?

No final da tarde Lambo acordou, faminto. A menina o acompanhou até a cozinha, torcendo para que Tsuna não estivesse lá.

Encontrou apenas Kyoko e I-pin, que preparavam o jantar.

- Haru! – disse Kyoko, ao vê-la entrar na cozinha.

- Lambo com fome! – anunciou o menino vaca, indo em direção ao fogão.

- Lambo ainda não está pronto. – disse Kyoko, pegando-o no colo e colocando sobre a pia, ao lado de I-Pin. – Dormiram bem? – perguntou, extrovertida se voltando para Haru.

- Ah...

- Lambo dormiu bastante e sonhou com uma omelete gigante. – disse, exibindo-se. – Lambo quer omelete. Omelete!

- Então vamos fazer omelete. – disse Kyoko com um doce sorriso.

Haru ainda estava alienada, olhava a cena como se não estivesse ali. Kyoko estava doce e sorridente como sempre, assim como I-Pin ainda era a jovem chinesa inteligente e eficiente. E Lambo, bem... ainda era o Lambo. E ela, o que havia sobrado? Uma mulher estúpida, isso é o que ela era

 “Você é que não entende nada”.

- Haru? –Kyoko chamava sua atenção.

A menina acordou de seu devaneio, e foi até a pia ajudar Kyoko. Terminaram de preparar o jantar e esperaram pelos meninos. Passado muito a hora do jantar, Bianchi apareceu dizendo que os meninos estenderiam os treinamentos e que elas poderiam se retirar. Kyoko pareceu bem triste, mas Haru respirou aliviada. Sabia que seu encontro com Tsuna aconteceria mais cedo ou mais tarde, mas enquanto pudesse adiá-lo se sentiria melhor.

Deveria ser altas horas da madrugada, mas Haru não queria olhar no relógio. Estava na mesma posição em que havia se deitado, os lençóis molhados de tanto chorar. Tentava não fazer barulho para não atrair atenção de Kyoko.

Esse era um dos lados ruins de estar ali. Nunca tinha um espaço só para ela. Sempre tinha que dividir o espaço com alguém, fosse na cozinha, no escritório, em seu próprio quarto. Não gostava de estar ali. Queria seu quarto de volta, suas coisas, sua vida.

Encolheu-se ainda mais na cama, Tsuna fora tão duro com ela. Gritara com ela como se fosse uma mulher estúpida. Talvez Gokudera tivesse razão, talvez ela realmente fosse uma mulher estúpida. O que acontecera com Tsuna? Onde fora parar o garoto doce e meigo que ela conhecera? O garoto sempre preocupado e gentil?  Aquele não era o Tsuna por quem ela se apaixonara. O Tsuna que ela amava estava em Namimori, dez anos no passado.

Aquele olhar frio e sombrio. Aqueles olhos não eram os que iluminavam seus sonhos.

- Tsuna-san... – as lágrimas caíram incessantemente, até finalmente adormecer.

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Era de manhã, elas sabiam pelo apenas pelos ponteiros do relógio. Haru dobrava as roupas que tinham lavado, sem muito entusiasmo. Dormira mal, acordara com dor de cabeça e ainda sentia um nó na garganta, um peso no peito por causa da pequena discussão com Tsuna no dia anterior. Olhou de esguelha para Kyoko, que dobrava as roupas de forma eficiente. Kyoko era tão prendada, doce e delicada. Era uma excelente cozinheira, tinha jeito com as crianças, cuidava bem da horta e sempre tinha uma palavra de consolo e apoio para Tsuna e os outros. Era uma boa amiga, mas de certa forma a invejava. O que ela, Haru, sabia fazer de bom?

Aprendera a cozinhar com Kyoko, ainda tinha dificuldades para controlar Lambo e não levava muito jeito com limpeza. Apenas sabia fazer suas fantasias estúpidas. Para concursos estúpidos que nessa era ela não participava mais. Mas Kyoko costurava tão bem quanto ela, não havia nada de especial em si realmente.

Era uma garota alegre e feliz, sempre de bom humor, não era? Ou era apenas uma máscara? Talvez aquilo fosse apenas para encobrir suas inseguranças. O sorriso no rosto para mascarar as lágrimas que ela não queria demonstrar. Quem ela era realmente? Tinha tanta certeza de si, e agora se sentia totalmente inútil.

Nunca vira Tsuna brigar com Kyoko, ele sempre parecia afetuoso e dedicado com ela. Talvez ele gostasse mais da Kyoko do que dela. Todos gostavam da Kyoko. Nunca vira Gokudera chamá-la de estúpida ou burra, e ninguém olhava com cara de incredulidade quando expressava suas ideias. Apertou a roupa que dobrava entre as mãos. Todos gostavam da Kyoko, ninguém gostava dela. Como nunca percebera? Ou até quando fingiria não ver a diferença que era feita entre elas.

- Haru, algum problema? – perguntou Kyoko, estudando a amiga. Ela vinha se comportando muito estranho, desde o dia anterior.

Haru encarou a amiga, precisava de uma desculpa e rápido.

- Tsuna brigou com a gente! – disse Lambo, olhando aborrecido para Kyoko. A menina olhou da criança para Haru.

- Você não me disse nada, Haru. – falou Kyoko, curiosa.

- Ah, não foi nada! – disse, dando de ombros, voltando a dobrar as roupas. Sorriu de um jeito melancólico, não queria que Kyoko ficasse triste.

As garotas continuaram a dobrar as roupas. As mãos de Haru tremiam ligeiramente.

- Ah, eu esqueci uma coisa na lavanderia, eu vou lá buscar. – disse Haru com falso sorriso.

O que estava acontecendo com ela, estava com ciúmes da Kyoko. Elas eram amigas, não eram? Por que se sentia tão insegura, triste e sozinha, mais que nos outros dias? Tsuna confiara nela para cuidar do Lambo e fracassara vergonhosamente. Como aqueles olhar severo a consumia, se culpara, o culpara e agora ficava se comparando com Kyoko, nada disso tinha sentido, mas dentro de si havia um turbilhão.

Sentou-se no chão da lavanderia, embaixo da escada e desatou a chorar. Por que tinha sido mandada para 10 anos no futuro? Sentia falta de casa, dos pais, dos amigos, da escola. Nessa era ela não podia ir a sua loja de bolos preferida, nem mesmo levar Lambo e I-Pin ao parque. Quanto tempo não via a luz do sol? Sentia-se como uma prisioneira. Tudo o que ela queria era voltar para sua casa, não precisar provas sua capacidade ou competir com ninguém, queria ter suas preocupações escolares, seus concursos de cosplay.

Ouviu um barulho e levantou os olhos para a escada, a última pessoa que queria ver, Tsuna.

- Pode ir embora? Eu quero ficar sozinha. – disse com voz chorosa. – Eu preciso disso, todos os dias.

Tsuna não respondeu, Haru chorava todos os dias? Estava tão focado em seu próprio treinamento que não vira que as meninas também sofriam. Não entendia por que elas estavam ali, mas havia prometido protegê-las e levá-las de volta para casa, e por fim só magoara Haru.

Desceu as escadas para se aproximar da menina, mas acabou escorregando e caindo. Haru foi ao seu encontro, preocupada.

- Tsuna-san, você está bem? – perguntou encarando-o. O nariz sangrava um pouco e ela ofereceu seu lenço para que ele se limpasse. Mesmo após ter gritado com ela, continuava preocupada e solicita com ele.

- Ah, eu estou bem, Haru. – disse pegando o lenço, limpando-se. – Ah... Haru, me desculpe por ontem.

- Só se você levar a Haru ao parque de diversões. – sentenciou. Era o tipo de coisa infantil a se fazer, provavelmente Kyoko nunca colocaria tal condição, mas aquela era Haru, platônica e intensa e porque não, infantil.

- Ah... – e agora essa. – Haru, eu já prometi ao Lambo levá-lo quando voltarmos para casa. – disse o garoto, ligeiramente sem graça.

- Tsuna-san fez as pazes com o Lambo-chan? – perguntou a menina dos cabelos castanhos, com um brilho diferente nos olhos.

- Ah, sim.

Haru levantou-se exaltada, exibia um largo sorriso no rosto. Chorava, mas de alegria.

- O Tsuna-san ainda é o garoto gentil que a Haru conheceu, ele é doce e ainda ajuda os amigos. A Haru também vai ajudar, ela e a Kyoko prometeram que fariam todas as atividades domésticas. Tudo direitinho, pois vocês precisam treinar e não podem se preocupar com essas bobagens, nós prometemos que seriamos o suporte.

- Suporte? – Tsuna encarou Haru pensativo por um momento. – É isso! – disse levantando-se também. – Obrigada Haru – disse subindo as escadas, correndo. – E agradeça a Kyoko por mim. – gritou, sumindo pelo corredor.

Haru ficou parada na lavanderia, olhando para o alto da escada, onde Tsuna havia desaparecido, exibia um largo sorriso no rosto. Aquele era o Tsuna que ela conhecia, o seu Tsuna.

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Haru estava sentada diante da penteadeira, o cabelo solto, escovava-os demoradamente. Exibia um largo sorriso no rosto. Um sorriso bobo, de uma garota apaixonada. E por que não? Ela estava apaixonada, mais do que antes. E não seria problema nenhum se todos soubessem.

Ela estava errada sobre Tsuna e isso a deixava aliviada, ficava contente em estar enganada. Ele ainda era o garoto doce e gentil que ela havia conhecido, que a salvara do afogamento, com quem ela brincara de guerra na neve. Ou assustara no cemitério. Gostava das lembranças que tinha ao lado de Tsuna.

Graças a Tsuna, fizera grandes amigos, Kyoko, Yamamoto, I-Pin, Lambo-chan, Bianchi, sua mestre e fonte de inspiração.  Claro, tinha o chato do Gokudera, sempre implicando com ela, mas nem tudo era perfeito não é?

- Parece feliz Haru-chan. –disse Kyoko, aproximando da penteadeira e ajeitando os cabelos com as mãos, por cima da imagem de Haru refletida no espelho.

- Sim, Haru está muito feliz. – disse com um sorriso.

- Posso saber por quê? – perguntou Kyoko, curiosa, encarando à amiga através do espelho.

- Ah... – Haru fez um grande ar de mistério e voltou-se para Kyoko. – É um grande segredo!

Kyoko encarou sem entender, deu de ombros e sorriu. Bem, mais cedo ou mais tarde Haru acabaria contando. Estendeu a mão à amiga, que deixou a escova sobre a penteadeira e deu a mão para Kyoko. As duas caminharam pelo quarto, desejaram boa noite e se encaminharam para suas respectivas camas.

- Kyoko-chan. – chamou Haru, enquanto ajeitava suas cobertas. – Tsuna-san pediu para que lhe agradecesse.

- Pelo que? – a garota encarou Haru, ainda em pé ao lado da cama.

- Ah... – disse a garota pensativa, levando um dedo a boca, como se tentasse lembrar. – Ele não disse. Achei que você soubesse.

Kyoko balançou a cabeça negativamente e sorriu. Então era por isso que Haru estava tão feliz, fizera as pazes com Tsuna. Suspirou aliviada, não queria os amigos brigados. Mas não sabia realmente pelo que Tsuna lhe agradecia.

Haru ajeitou as cobertas e se aconchegou na cama. Apagou a luz do abajur.  Essa noite Haru dormiria feliz.


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Notas finais do capítulo

Review? :3



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