Caminhava pelas ruas de Tomoeda, com o passo rápido. Na minha mão direita um papel amarelado amassado e espremido entre meus dedos que tremiam de tão nervoso que estava meu estômago chegava a revirar e aquilo realmente não era bom. Tentava decorar o que estava escrito naquele papel, trabalho que achava que já estava feito. Eu sabia tudo de cor, mas e se me der um branco quando chegar a casa? O que eu vou fazer na frente dela?

- Simplesmente aja naturalmente, - dizia a mim mesmo. – isso não é o fim do mundo Syaoran, vamos você é homem aja como tal.

Estava a dez passos da casa amarela, de repente o mundo começou a girar... Eu estava a ponto de desmaiar de tanto nervosismo e se chegasse neste estado naquela casa à única coisa que causaria seria uma preocupação inútil para Sakura e eu odeio vê-la preocupada.

Na manhã do dia seguinte.

Hoje eu tenho um presente e falas decoradas para que seja perfeito. Sei sua rotina e tudo mais. Quer dizer... Eu a convidei para sair, assim eu posso imaginar que sei sua rotina. Caminhei devagar até o parque Rei pinguim, sabia que como sempre ela chegaria atrasada. Mas eu me enganei, lá estava ela sentada em um balanço, olhando para o chão e eu me sentindo um idiota por achar que ela chegaria atrasada.

- Sakura! – gritei; ela levantou a cabeça e encarando-me despreocupada.

- Syaoran, achei que não viria. Logo hoje que eu cheguei no horário... - ela falou tristonha.

- Desculpa Sakura é que como você sempre chega atrasada eu vim devagar. Realmente, me desculpe.

- Tudo bem, Syaoran. Eu entendo... Mas o que nós podemos fazer hoje? - diante daquele sorriso entrei em transe. A felicidade que ela emanava era tão pura e inocente que simplesmente contagiava o ambiente por mais triste que fosse.

- Ah, é... Já ia me esquecendo. - falei sem jeito. - Isso é pra você! - estiquei meus braços com uma caixa grande nas mãos cheia de furos. Abaixei a cabeça e esperei que ela pegasse.

- O que tem aqui dentro, Syaoran? - ela olhou curiosa para a caixa cutucando-a levemente.

- Cuidado! - ela parou no mesmo instante. - Apenas pegue e abre. - suspirei e logo falei. - Se não gostar, apenas me devolva. Não ficarei ofendido muito menos chateado. - ela colocou a caixa no chão e a abriu. Vi seus olhos se arregalarem e depois encararem aquele monte de pelos ternamente.

- Li Syaoran, como passou pela sua cabeça que eu não iria aceitar essa coisinha linda?

- É que... Sakura? - ela me olhou com o cachorrinho nos braços.

- Que Syaoran? - disse ela fazendo carinho na barriga do seu novo amigo.

- Qual vai ser o nome dele? - ela me olhou confusa olhou para o cachorro e logo sorriu.

- Âmbar! - o cachorro latiu. - Oh viu, confirmou. - ela riu um pouco.

- Âmbar, Sakura? – indaguei meio incerto.

- Sim, Âmbar. - olhei confuso e ela logo tratou de explicar. – Ele tem olhos parecidos com os seus quase tão bonitos. – ela disse inocentemente e então soltei um “a”. Oh, lembro-me da Sakura ter dito uma vez que meus olhos pareciam dois pares de âmbar ou algo assim.

Eu desisti neste momento, mas foi tarde demais. Ela pegou o meu bilhete e achou a caixinha. Então ela deixou de lado a caixinha e começou a ler devagar e baixinho o bilhete, mas dava para ouvir.

- "Querida Sakura, este cachorrinho é para você. Lembro-me quando dizia, "Eu um dia vou ter um cachorro e em homenagem ao Kerberus vou colocar o nome de Kero." Você sempre brincava com isso, pois, ele sempre parecia um cachorro bravo. Agora que ele saiu em para viajar com o Spinel Sun e o Eriol, resolvi lhe dar um cachorro. Espero que o trate como se ele fosse o Kerberus ou ainda melhor. Só não o deixe comer tanto doce. Agora olhe para mim, para eu ter certeza que leu este bilhete." - ela me olhou, eu hesitei por um momento, mas cedi, afinal era esta minha chance.

 - Sakura, eu... - respirei fundo, não era a coisa mais difícil no mundo. - gosto muito de você! - fiquei esperando a reação dela e desta veio um sorriso.

- Eu também, Syaoran. – ela sorriu novamente e voltou-se ao cachorro dando carinho nele, acho que ela não entendeu. Soltei um suspiro profundo e tomei coragem.

- Não é como amiga Sakura. - quando disse isso ela colocou o Âmbar no chão e me olhou confusa. - Sakura, eu te amo. Você é a pessoa mais importante para mim. - ela é a garota que me ensinou o que é amar.

- Syaoran... - ela me encarava com os olhos cheios de lágrimas. Aproximei-me dela e passei o dedo em sua face secando algumas lágrimas que caiam. - Quando você foi embora, eu te esperei. Eu sofria a cada minuto pensando o quanto fui tola por não ter te dito nada quando você se declarou na outra vez. Eu chorei por você, meu coração parecia não bater nos últimos dois anos, mas ai você voltou. Só que como amigo, mas eu não me importei. Eu realmente queria... Não! Eu realmente quero que você não seja mais meu amigo. - eu simplesmente deixei minha mão cair com aquela declaração, me virei e comecei a caminhar devagar. Aquilo fora uma facada no meu coração, nunca pensei que levar um fora da Sakura pudesse doer tanto, nunca pensei que ser rejeitado pela garota que você ama fosse tão doloroso.

- Desculpa Sakura. Eu realmente queria que tivesse sido de outra maneira. Mas se é assim que você quer não posso fazer nada, eu vou embora. Até Sakura-chan... E finja que isso nunca aconteceu, por favor. - abaixei a cabeça e comecei a caminhar um pouco mais rápido. Senti mãos puxando minha camiseta e me puxando.

- Syaoran espera você entendeu errado! - Sakura gritava, chorava. Ela estava desesperada. - Eu te amo! - foi seu último e grande apelo. Espera... Ela disse que me ama? Uma felicidade percorreu meu corpo e minha mente. Tive a leve impressão que meus olhos brilharam iguais a personagens de anime. - Você é a pessoa mais importante para mim, Syaoran! - ela gritava, estou com a impressão que ela queria que todos de Tomoeda ouvissem isso.

De repente ela me puxou com mais força, me colocando um passo atrás dela. Ela se virou para mim e me abraçou. Eu a apertei contra meu corpo mais ainda, sentindo seu perfume. Ela se distanciou um pouco e ficamos nos fitando, vendo a felicidade um do outro refletida em nossos olhos. Fui me aproximando dela, ela se assustou, mas veio ao meu encontro. Nossos lábios se tocaram de forma suave e gentil, ela entreabriu os lábios dando passagem para que eu explorasse sua boca. Separamo-nos por falta de fôlego porque por nós este momento duraria para sempre.

Fui a soltando levemente, ela pegou o Âmbar e veio ao meu encontro indo até a caixa novamente e abriu a caixa que havia um coração escrito “From Sakura”.

- Esse foi o melhor presente que eu recebi até hoje, Syaoran! – falou alegremente colocando novamente o coração na caixinha ainda com lágrimas nos olhos, mas dessa vez de alegria, peguei sua mão, ela hesitou por um momento, mas enlaçou seus dedos aos meus. – Você é o meu maior presente Syaoran.

- Sakura, tem mais um presente. Eu não sabia o que iria dizer, mas érr... De qualquer maneira. - Peguei um objeto delicado do meu bolso e apressei dois passos na frente dela e peguei sua mão novamente. Beijei-a e coloquei o delicado anel em seu dedo. Ela olhou admirada para a mão e para mim com aquele ato. - Quer érr...-

- SIM! - ela berrou rapidamente. - Eu quero e que disso venha muito mais. Eu te amo Li Syaoran!

- Eu também te amo Kinomoto Sakura!

Enlaçou seus braços no meu pescoço e me beijou. Segurei-a pela cintura, trazendo-a mais para perto de mim, querendo não largá-la mais. Quando nos afastamos e eu a soltei, ela pegou uma chave dela e correu para nossa cerejeira favorita. E lá escreveu: "KS & LS" Cada palavra uma em baixo da outra e fez um coração em volta, depois escreveu: "4EVER" do lado das palavras dentro do coração.

- Serei para sempre seu Sakura. - sorri chegando mais perto dela.

- Você será para sempre meu Syaoran e eu eternamente sua! - Passei meu braço pela cintura dela e fiquei contemplando aquela beleza que só ela tinha. - SYAORAN, O ÂMBAR! - bom nada pode ser para sempre. Saímos correndo atrás do cachorro. Que quando chegávamos perto dele mais ele corria.

- Âmbar, eu vou te pegar. Vira-lata! - gritei, com raiva por ter desfeito aquele momento.

Sakura começou a rir correndo atrás não do cachorro atrás de mim que estava correndo atrás do cachorro. Logo tudo aquilo começou a ser uma brincadeira. Olhei para trás por uns segundos.

- Syaoran, cuidado. - de repente eu senti o chão faltar e meu corpo cair.

- Perfeito, estou molhado. - praguejei. - Merda. E tudo por causa de um certo cachorro. - sai do lago e corri o mais rápido que podia para matar aquele animalzinho.

- Syaoran não maltrata ele. Voltem aqui. - Então novamente a Sakura começou a correr atrás de mim e eu do Âmbar. Pelo jeito esse cachorrinho vai me dar trabalho. Senti um leve arrependimento por ter dado aquele cachorro para Sakura, mas logo soltei um sorriso vendo o quão Sakura estava feliz.

- Sakura? – gritei ainda correndo atrás do cachorro.

- O quê?

- Meu coração é seu e nele está escrito “From Sakura”. – ela riu.

- Então no meu está escrito “From Syaoran”. – me distraí rapidamente novamente e lembrei-me de um certo animal peludo que ainda corria pelo parque.

- Âmbar, vem aqui vira-lata. Vem aqui porque eu vou te sufocar com meu abraço de urso. – gritei correndo atrás do cachorro ouvindo a gargalhada que Sakura soltava atrás de mim.