— As férias de final de ano haviam chegado na Inglaterra, no ano de 1816. Muitas famílias haviam viajado em busca de um lugar mais confortável e quente. Afinal, nevava muito naquele mês, principalmente lá. Distantes da correria da cidade grande, uma família se destacava, pois era a única família no local vazio e sem vida. Eles moravam numa fazenda, a única do local.

Naquele dia, tudo mudaria na vida de Lara, a garota de cabelos curtos que estava encharcada da cabeça aos pés e que corria sem parar, tentando alcançar o seu mascote, Teddy, um cão de porte pequeno de pelagem branca, com pequenas manchas amarronzadas.

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No centro da fazenda, existia a casa, em que a família vivia. Era separada dos animais e das árvores, que forneciam frutos. Era uma casa simples, como qualquer outra. Possuia uma chaminé, um item bastante raro na época, pois era feito da madeira de melhor qualidade, e eles eram uma família muito pobre.

– Fred, chame sua irmã. Está na hora de almoçar. - Disse uma mulher de cabelos longos e uma pele bastante branca. Ela sorria. Sua pele era bastante seca, já que estava bastante cansada de tanto trabalhar para sustentar a família. Era Diana, a mãe de Fred e Lara.

– Sim, mamãe. Ela deve estabrincando com o Teddy. - Disse o garoto, com um pequeno sorriso no rosto. Era Fred, o irmão de Lara. Ele parecia bastante com sua mãe. Possuia a mesma pele clara, e os mesmos cabelos castanhos, só que curtos. Usava óculos bastante grandes.

– Cuidado. - E antes que Fred saisse, completou. - Não ande descalço por aí.

– Tudo bem. - Respondeu, e colocou seu chinelo bastante gasto, saindo de casa.

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– Lara! - gritou o irmão, colocando as mãos na boca, como se quisesse aumentar a potência de sua voz. - A mamãe está nos chamado para comer.

Lara, que estava encharcada de água, retirou uns fios de cabelo do rosto, e respondeu de volta:

– Eu já estou indo!

Satisfeito com a resposta, Fred desapareceu por dentro de casa. Com Teddy nos braços, Lara colocou a coleira, que tinha saído do pescoço do pequeno animal, e certificou se ele estava bem.

– Você me deu um problemão hoje. - e suspirou, cansada de tanto correr. - Daqui a pouco eu boto o seu almoço.

Já esperando receber uma reclamação da mãe por estar toda molhada, entrou em casa.

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A mãe estava colocando os pratos sobre a mesa, quando viu Lara chegar toda ensopada. Sua reação foi de espanto.

– O que diabos foi isso? - ela parecia ter esquecido que estava colocando o almoço, e correu para checar o que tinha acontecido com a menina. - Você está toda molhada! Explique-se. Mas só depois de trocar de roupa.

Como Lara sabia, discutir com a mãe só traria problema. Assim que terminou de se trocar, explicou que a coleira do cachorro tinha arrebentado, e ela correu atrás, tentando capturá-lo. Depois de um sermão, todos foram comer, e a mãe reclamava que a comida ia esfriar.

Depois do almoço, que não foi muito bom, já que eles não tinham muito dinheiro para comprar comida, as duas crianças foram brincar, sem o cachorro, que estava se secando, dentro de casa.

– Quando que aquele menino vem para cá? - perguntou Lara, se referindo a um amigo.

– Eu acho que daqui a quarenta minutos. - respondeu seu irmão. - É melhor pensarmos em alguma coisa para brincar enquanto ele não vem.

Mesmo nevando, o sol estava se abrindo ali. Um pequeno sol, mais já era o bastante pra esquenta um pouco os garotos, haviam se passado uns trinta minutos e os garotos já tinha resolvido de que brincar, esconde-esconde, pega-pega, pular corda entre outras brincadeiras. Lara e Fred já estavam na entrada da fazenda, esperando o tal garoto amigo de Fred.

– Ele já deve ta chegando. – Comentou Fred. – E bom que ele não demore, eu até disse que ele poderia chegar mais cedo.

– E aquele menino ali? – perguntou Lara, se referindo ao um garoto que se aproximava.

– Não to vendo direito. – Fred disse tentando ver se realmente era ele. – Ah! E ele sim. – O garoto comentou com certeza.

Sem mais espera Fred correu até o menino, logo o cumprimentando um com aperto de mão.

– Olá Shinji, e bom te ver. – Fred disse com um grande sorriso no rosto.

– Oi Fred, também e bom te ver. – Falou Shinji, um garoto Japonês. O menino tinha um cabelo preto, bem liso. Seus olhos eram puxados, isso o destacava.

– Oi, meu nome e Lara. Sou irmã do Fred, qual e seu nome? – Perguntou a garota um tanto curiosa, ela não sabia que ele era Japonês e ficou um pouco animada.

– Oi Lara, me chamo Shinji. E um prazer conhece-la. – Ele disse esticando sua mão, para cumprimentá-la.

A garota logo fez o mesmo e retribuiu o aperto de mão, um pouco envergonhada.

– Já que você chegou, vamos sair daqui. – Fred falou esperando a resposta do amigo.

– Como quiser. – Shinji concordou.

– Enquanto isso eu vou em casa, buscar o Teddy. – Lara disse e logo saiu dali correndo.

– Quem e Teddy? – Perguntou Shinji, curioso.

– Nosso cão. – Fred disse com um meio sorriso no rosto. – Enfim, vamos? – Ele disse rumando até um lugar onde havia uns bancos de madeira.

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– Teddy! Teddy! – Lara gritava, chamando o cão. – Vem garoto, vem. – Falou fazendo um sinal com a mão.

Teddy que estava em um canto deitado foi até a garota e ela logo pegou a coleira que estava ali no canto e colocou no cachorro. Assim puxando-o para o lado de fora e indo pra onde os outros estavam.

– Oi, voltei. Esse e o Teddy, Shinji. – Lara falou, deixando o cão solto.

– Oi Teddy. – Shinji disse fazendo sinal com a mão, tentando fazer o cachorro vim até ele, mais isso não demorou muito, logo Teddy pulou em cima dele.

– Bom garoto. – Shinji disse acariciando sua cabeça.

– Vamos brincar? – Perguntou Lara, sorrindo.

– É, vamos. – Fred concordou.

– Pode ser, mais antes eu queria ver o trem que passa aqui perto. – Shinji falou se levantando.

– Trem, aqui não passa nenhum trem. – Lara falou assustada.

– E Shinji, aqui não passa trem. O único trem que passa e la longe. – Fred completou.

– Hã? Mais eu vi uns garotos falando que logo mais iam pegar o trem que passa aqui perto. – Shinji falou confuso.

– Isso e estranho, nunca ouvir falar de trem que passa por aqui. – Argumentou Lara.

– Serio? E que tal a gente investigar isso? – Shinji falou com um grande sorriso, ele gostava de mistérios.

– Por mim tudo bem, mais deixem eu levar o Teddy em casa. – Lara disse, colocando a coleira novamente no seu cão.

– Vai Logo. – Fred exclamou.

– Ok. – Lara disse saindo dali, levando teddy em seus braços.

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– Teddy! Fique aqui e me espere. – Ela disse em um tom alto.

O Cão porem abaixou sua cabeça e se deitou ali no chão de madeira, a garota logo pegou um pano e colocou sobre o cão, assim ele não ficaria com frio. Depois disso logo saiu dali, indo atrás dos meninos.

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– Então, vamos? – Lara disse olhando bem os garotos.

– Vamos! – Shinji foi o primeiro a falar, ele estava ansioso.

– Sim! Vamos. – Fred completou e logo os garotos rumaram a saída da fazenda.

Saíram da fazenda e deram uma ultima olhada no local, assim seguindo Shinji que sabia mais ou menos onde era o caminho que os garotos haviam falado, eles apenas seguiram em frente, até que chegaram em uma pequena trilha que ficava no lado esquerdo, onde havia somente mato e mais mato, apenas um pequeno espaço que os separavam, assim dando pra passar. Aquela passagem mudava de lado, havia também mais trilhas, assim dificultando o caminho, mais os garotos não se separam e continuaram andando até que se deram conta que estavam perdidos, ele tinha voltado pro mesmo lugar já duas vezes, isso era estranho.

– Estranho, já passamos por aqui não? – Shinji perguntou preocupado.

– Concordo. – Lara disse enquanto olhava pros lados.

– E melhor voltarmos! - Fred disse assustado.

– Sim, isso deve ser mentira daqueles garotos. Viram você passando e falaram isso. – Lara disse em um tom um pouco alto.

– Calma, olha aqui. Um trilho! – Shinji disse enquanto corria pra ver se era verdade.

Chegando ao trilho, repararam que haviam muitas pessoas por lá. Eram mulheres com crianças e homens apressados, que deveriam estar voltando para casa.

– Todo dia é assim. - disse Shinji, observando o movimento. - Sempre essa multidão de gente.

Lara estava nervosa. Nunca visitou um lugar com tanta gente assim. Quer dizer, não eram muitas pessoas, mas para uma garota daquela idade, era assustador.

– Para onde isso leva? - perguntou Fred, curioso.

– Acredita que eu não sei? - Realmente, Shinji não sabia. Todos os dias observava o trem partindo, mas nunca se perguntou para onde ele ia.

– Eu gostaria de saber, também. - disse Lara, tristemente.

– Se vocês quiserem, podemos ver. - e Shinji sorriu. - É só seguirmos o trem. Ou melhor, entrarmos dentro dele.

– Eu gostaria. - Lara era bastante curiosa, e não se importava com as consequencias. - Vamos.

E antes mesmo de os meninos terminarem, ela pulou dentro do trem. Por impulso, Fred tentou puxá-la para fora, mas não conseguiu.

– Eu vou buscá-la. - disse, tensamente.

– Eu vou com você.

Dentro do trem, Fred procurou a sua irmã, mas não achou. Eram muitas pessoas num local só. Seria dificil achar apenas olhando, então, começou a chamar por Lara.

– Aqui! - Lara respondeu, acenando para seu irmão, sentada em um dos lugares do trem.

Rapidamente, os dois garotos sentaram próximos a Lara.

– Não acredito que você fez uma besteira dessas. - Fred suspirou. - Vamos voltar.

– Não há mais tempo. - Shinji reparou que as portas do trem estavam se fechando. Era tarde demais.

Lara sorriu.

– Então, teremos que ficar aqui de todo jeito. - e suspirou. - Por que não vemos para onde esse trem vai?

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Depois de um longo caminho, o trem parou. Várias pessoas sairam do trem, inclusive os três garotos. Quer dizer, os dois garotos e Lara. Eles estavam bastante alegres. Mas sua energia positiva se esgotou assim que seus pés tocaram o lugar. Era um lugar completamente novo, nunca tinham chegado lá antes.

Resumindo, estavam perdidos.

Pela primeira vez em sua vida, Lara estava preocupada. Onde estava sua mãe? Não sabia o caminho de volta, e o trem já tinha voltado. O que faria? Isso ela não sabia.

Nunca tinha se perdido antes.

Pensou em seu cachorro, sozinho, perto da estação de trem. Será que ele a abandonaria? Não sabia disso também. Só conseguia pensar em não chorar.

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Quando um trem parte para outro lugar, fica bastante silencioso. Afinal, os sons de pessoas estressadas desaparecia por completo. Era apenas um silêncio profundo. Teddy gostava desse som. Em seus pensamentos, sabia que sua dona ia voltar, junto com aquele garoto estranho e seu irmão. Se arrumou em seu pano e continuou esperando. Esperaria até sua vida acabar. Afinal, era sua dona, certo?

Não sabia quando eles votariam, mas gostaria de estar ao seu lado quando isso acontecer. Nem que isso demorasse anos. Tinha todo o tempo do mundo, já que ainda era um filhote. Só queria estar ao seu lado, como sempre.