Guerra do Sofrimento. escrita por Anny Andrade


Capítulo 1
Guerra do Sofrimento (Heartbreak Warfare)




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Relâmpagos

Dentro do meu peito para me manter acordado à noite

Sonho com meios

De fazer você entender minha dor

Ele estava deitado no sofá e olhava pela janela, o tempo parecia entender o que se passava em seu coração. Os relâmpagos iluminavam o mundo lá fora do mesmo jeito que pareciam acontecer dentro de seu coração não permitindo que ele dormisse nem sequer um minuto. Não que ele quisesse dormir. Não adiantava, pois mesmo quando o sono o vencia, ela estava presente em sua mente. Como tinha sido possível tudo aquilo acontecer? E ele ainda sonhava com palavras não ditas e beijos impossíveis de acontecer.

A chuva caia forte diante de seus olhos. Olhos mel tinham a combinação perfeita dos olhos dos pais. O azul intenso e o castanho inigualável. Ele era com toda a certeza a mistura certa das duas pessoas que mais o entendiam. Parecia que o tempo estava contemplando da mesma dor que ele sentia. Quem poderia imaginar que coisas assim se encaixam perfeitamente. O tempo, os sentimentos todos levando a mesma pessoa.

Ela era exatamente como uma tempestade. Intensa, chegando sempre sem avisar e tomando conta de tudo e de todos com o jeito alegre e extrovertido, alguns diziam até maluco de ser. Os cabelos tão ruivos, os olhos castanhos, a boca rosada sempre intensamente, o sorriso solto e aberto, o jeito de passar a mão pelos fios do cabelo sempre que se sente nervosa, e a fala apressada e enrolada. O corpo de curvas, o jeito de dançar e enlouquecer. O jeito de sempre ganhar nas apostas e sempre irritá-lo intensamente.

Ela era uma tempestade, sempre fora. E ele apenas uma arvore sendo atingida por seus raios, sem aviso e sem piedade. E mesmo negando sempre fora apaixonado por essa intensidade.

Nuvens de enxofre no ar

Bombas caindo em todo lugar

É uma guerra do sofrimento

A TV ligada mostra um filme antigo, é possível ver o sofrimento daqueles homens  que participam da guerra, ele quase pode se lembrar dos olhos dos pais cheios de lágrimas ao se lembrarem da própria guerra que tiveram que vivenciar. Ele sabia que estaria longe de ser a mesma coisa, mas se sentiu como se vivenciasse uma guerra.

O amor era capaz de passar por tantas batalhas, era uma guerra diária de sentimentos, de sofrimento, de sonhos e ilusões desfeitas. E essa guerra ele conhecia tão bem, passava por ela há alguns anos, desde momento que percebeu o que sentia e por quem sentia.

Ele conseguia sentir o cheiro das nuvens de enxofre espalhadas por sua casa, ele conseguia ouvir as bombas caindo em seu sofá, em seu corpo, em sua alma. Ele sentia todo o sofrimento que está longe dela lhe proporcionava. Estava certo. Era uma guerra de sofrimento, e ele era o único soldado disposto a tudo.

Lembrava-se de todos os momentos. Como ela estava linda no baile de inverno, foram juntos, nenhum havia conseguido par ou era a mentira que tinham contado. Eles queriam ir juntos, mas não assumiriam isso a ninguém, pelo menos pensavam assim. Não demorou muito e os sinais eram tão nítidos que foi impossível esconder até deles mesmos.

            Mas ele adorava a cena dela descendo pelas escadas, o vestido tomara que caia vinho, e os cabelos com as pontas cheias de cachos, uma linda tiara, sempre acreditava ser a princesa da família, e quem era capaz de negar isso? Não ele. Ele a via como a princesa que sua mãe descrevia nas histórias trouxas, ele sabia que não era o príncipe encantado, mas por aquele momento tudo se encaixava na história. Só faltava o felizes para sempre.

Uma vez que você quer que comece

Ninguém nunca ganha realmente

Numa guerra do sofrimento

            Ele sorriu se esquecendo da televisão, da chuva, no momento sua mente trabalhava lentamente em cada lembrança dela. Ele sabia que quando se começa a participar de um jogo como esse não existe volta. Mas como poderia resistir? Os sentimentos falam mais alto que a razão, e diziam que ele havia puxado exatamente ao seu pai. Sempre agia por impulso, e nunca conseguia raciocinar calmamente, como o amor tudo piora. Ele não sabia como se expressar e demonstrar tudo o que sentia. Afinal ela era intocável, uma verdadeira princesa no alto de uma torre. Muitos tentavam resgatá-la, mas ela parecia esperar a pessoa certa.

            Ele queria acreditar que era essa pessoa, e como tudo pareceu certo naquele momento, naquela sala com a luz fraca, com as lágrimas dela o incomodando, com aquele jeito desprotegido e pedindo por socorro.

            Deveria ter adivinhado. Ninguém nunca ganha. Ele sabia. Entendia sobre jogos, qual o jogo mais complexo que o xadrez? Ele era impecável em destruir as peças dos outros, e sempre ganhava muitos doces com o jogo que seu pai lhe ensinará tão bem. Mal podia acreditar quando descobriu que o amor era o jogo mais difícil, e que nesse jogo ele não tinha chances nenhuma de ser o vencedor, ele era apenas um viciado que não conseguir largar. Largá-la era impossível, ele parecia ser obrigado a permanecer sempre por perto, sempre presente. Ninguém nunca ganha. Ele descobriu isso.

            Todos os livros que sua irmã lia tinha razão. Nada mais difícil que um amor. Ele percebeu o tipo de guerra absurda que traçava com ela, com os outros e com ele mesmo. Afinal é tão nítido. Ninguém ganha em uma guerra do sofrimento. Mesmo que seu sofrimento pareça não ter fim e ser maior que tudo, que o mundo.

Se você quer mais amor, por que não diz logo?

Se você quer mais amor, por que não diz logo?

            As lagrimas dela não eram culpa dele. Não daquela vez. Lembrar disso fazia seu coração ser perfurado por facas invisíveis, lembrar dos olhos dela cheios de lágrimas, de sua boca seca de tanto dizer que sofria, e ele apenas querendo abraçá-la e dizer o quanto sentia vontade de fazer a dor desaparecer definitivamente. Por que se lembrar disso justamente agora? Ele era um masoquista incurável, sua irmã estava certa, sempre sofrendo e voltando a sofrer, escolhendo sofrer.

            Deveria ter perguntado, deveria tela beijando naquele instante em que seus olhos traçaram o mesmo percurso, um se afogando no outro. Se você quer mais amor, por que não diz logo? Ele poderia dar todo o amor que ela precisava, era tão nítido que o idiota não tinha um terço do poder que ele tinha de fazê-la sorrir, de fazê-la se irritar, de fazê-la ser a garota que era. Uma garota intensa, uma garota real, uma garota que não era mais garota, e sim mulher.

            Ele sentiu uma imensa vontade de gritar. A casa estava na penumbra e ninguém se importaria. Estava sozinho como sempre. Ouvindo as gotas da chuva caindo no telhado, as vendo escorrendo pelo vidro gelado da janela que lhe mostrava o nada da rua vazia, deserta como sua vida. Ele precisava dela, e as lembranças faziam esse desejo apenas aumentar com o passar dos dias.

Pegue o nome dele

Empurre e torça a faca novamente

Olhe para meu rosto

Enquanto eu finjo não sentir dor

            De todas aquelas lembranças a que se seguiu era a que ele mais gostava. Depois de tanto choro, depois de tanta raiva, o sorriso dela chegou a iluminar o lugar inteiro. Ele sabia que conseguiria fazê-la rir. Era só usar seu jeito de ser, ela havia nascido para sorrir e não para derramar lágrimas.

            - Pegue o nome dele. – Ele sorriu vendo os olhos dela se arregalando.

            - O que? – Ela questionou com um meio sorriso no rosto, sabia que viria algo.

            - Pegue o nome dele. Empurre e torça a faca novamente. – Ele sorriu. Tinha escutado essa música quando resolveram sair pelas ruas trouxas em uma das férias de natal.

            - Quer me transformar em uma assassina? – Ela riu. Era gostoso escutar a risada sem amarras que ela tinha, era uma risada cheia de vida.

            - Olhe para o meu rosto. – Ele continuou. Ela parou de rir e prestou atenção.

            - É fácil te olhar. – Ela sorriu. – Como não olhar um palhacinho como você. – Ela passou a mão pela face dele, ele fechou os olhos.

            - Olhe para o meu rosto. Enquanto eu finjo não sentir dor. – Ele disse encarando-a como dificilmente faria. Sua coragem parecia ter se intensificado depois de secar todas as lagrimas que outro tinha a feito derramar.

            - O que quer dizer? – Ela perguntou sentindo seu coração disparar, e seu estomago revirar. Seria um sonho? Daqueles que tinha todas as noites e fingia não existir e não ser com ela?

            - Lily... – Ele falou e suas mãos brincaram pelo rosto da ruiva. Ele precisava disso, ela precisava. Ambos ansiavam.

            - Hugo... – Ela sussurrou antes de sentir seus lábios em contato com os do primo. Como ela tinha tentado fugir disso. Mas como conseguir resistir quando sentia as mãos deles a puxando contra si.

            Ele tentou tanto resistir, mas como parar quando a língua dela brinca com a dele de um jeito nunca antes sentido. O perfume dela parecia invadir cada pedaço do corpo dele, fazendo co que o beijo se prolongasse por segundos, por minutos, quisera eles que fosse por horas.

            Quando se separaram ela correu. Não sabia o que fazer. Ele mesmo estava perdido e confuso. Embriagado com o perfume dela, com o gosto, com tudo que vinha dela. O momento perfeito.

           

Nuvens de enxofre no ar

Bombas caindo em todo lugar

É uma guerra de coração partido

Uma vez que você quer começar

Ninguém nunca ganha realmente

Numa guerra de coração partido

           

Abre os olhos. E lá está ele deitado no sofá, como sempre apenas a lembrança do beijo perfeito. Como gostaria de sentir novamente o gosto dela, como gostaria de ter a chance de dizer tudo que realmente sentia. Perdeu tudo. Ele podia sentir tudo novamente. As nuvens de enxofre, as bombas, a dor...

Se participasse de uma guerra de corações partidos, ele seria o campeão. Quem poderia dizer que sofreu mais que ele? O amor faz as pessoas egoístas, e ele se sentia o pior dos sofredores, o pior dos perdedores.

A chuva continuava intensa. Mas algo diferente chamou sua atenção. Não foram as lembranças, não foi o filme na televisão que já havia saído do ar. A campanhinha soou alto na casa vazia e silenciosa.

- Hugo? – A voz. Ele se assustou, a voz dela. Estaria sonhando? Ou seus pensamentos foram tão intensos que a trouxeram até ele. – Hugo? Pelo amor de Deus. Está chovendo.

- Lily? O que faz aqui? – Ele perguntou sem entender. Não era sonho, a Lily era mais gentil nos sonhos. Aquela era ela em pessoa.

- O que faço aqui? Vim buscar você... – Ela disse entrando e deixando o guarda chuva aberto. – O pessoal na toca está sentindo a falta do “melhor jogador de xadrez”. – Ela sorriu.

- Não estou a fim de festas. – Hugo disse.

- Acha mesmo que vim até aqui atoa? – Lily disse. – Eu também queria fugir de lá.

- E veio justo para minha casa? Cadê o maravilhoso namorado perfeito, aquele que não é seu primo e que todos vão aceitar com alegria? – Hugo disse com ironia.

- Ele estava muito ocupado enfiando a língua na garganta de outra garota. – Lily disse sentando-se no sofá.

- Lily? Por que não arruma namorados melhores? Isso facilitaria a minha vida. – Hugo disse sentando-se ao lado dela.

- Hugo... – Lily disse sentindo as lágrimas escorrendo.

- Chorar? Isso não é justo. – Hugo disse a abraçando.

- Você é o único que entendo o que eu preciso.

- E o que precisa? – Hugo disse.

- Preciso ser eu mesma. – Lily disse erguendo os olhos e os encaixando com os olhos do primo.

Se você quer mais amor, por que não diz logo?

Se você quer mais amor, por que não diz logo?

Apenas diga

- Lily... – Hugo disse sorrindo. Ele sabia o que ela precisava, e estava disposto a dar mesmo que fosse por aquele momento e depois tudo voltasse ao normal.

- Preciso ser a Lily que sou somente quando estou com você. – Ela disse.

- Se você quer mais amor, por que não diz logo? – Hugo sorriu.

- Por que sempre essa música? – Lily disse sorrindo também. – Ela nos persegue?

- Se você quer mais amor, por que não diz logo? – Hugo repetiu. Encarava-a como no dia do primeiro beijo deles. Era delicioso olhar tão fundo nos olhos dela, quase conseguia decifrar sua alma. – Apenas diga...

- Hugo... – Ela disse, e os olhares de desconectaram.

Sua mão pousou no rosto dele fazendo com que seus olhares voltassem a se apenas um. Ela queria aquilo, como ela queria. Sempre quis, sempre soube que seria assim, eles eram almas separadas que mal podiam se olhar que queriam voltar a ser apenas uma.

- Eu quero mais amor... – Lily disse. – Eu preciso de mais amor. Um amor que somente uma pessoa pode me dar, pois é o único amor que preciso.

Como a única maneira de saber o quão alto você me alcança

É ver quão longe eu caio

Só Deus sabe o quanto te amaria se você deixasse

Mas eu não posso alcançar tudo.

É só sofrimento

- Lily? – Hugo perguntou. Não parecia real aquilo que ela acabará de dizer. Ele sempre esperou por aquelas palavras. Cada vez que tinha que consolará, cada vez que tinha que secar as lágrimas provocadas por outros. Sempre sonhará em ouvir aquilo quando os beijos chegavam ao fim, e ela sempre fugia, e no outro dia fingia que nada havia acontecido.

- Hugo... – Lily disse pegando no rosto do ruivo. – Eu tento fingir que nada acontece, mas sempre que saiu correndo parece que algo está errado, porque no fundo eu quero ficar.

- Só Deus sabe o quanto te amaria se você deixasse. – Hugo disse. Ele sabia que aquela música era deles, nenhum casal entenderia o que ela dizia.

- Só Deus sabe o quanto eu queria deixar. – Lily disse. – Seus beijos me incendeiam como nenhum outro beijo, seu perfume está em cada lembrança minha, e mesmo que eu tente as lembranças ficam presentes em todos os momentos.

- Como vou saber que você não vai fugir como sempre? – Hugo disse. – Não será a mesma história? Somos primos, os Weasleys vão morrer do coração, e que seu pai vai me matar?

- Não posso alcançar tudo. – Lily sorriu. – Mas eu não preciso de tudo, só preciso alcançar você.

- E no fim será só sofrimento? – Hugo disse.

- Não... É só sofrimento quando eu fujo, quando eu finjo, quando eu quero te beijar na frente de todos e não posso, quando eu quero te sentir dentro de mim e não devo, quando eu quero ser a Lily e sou apenas a garota apaixonada pelo cara errado. – Lily disse o puxando contra si. – É só sofrimento quando sonho com isso, e não realizo.

O beijo não foi nem um pouco suave. Ele tinha a certeza da tempestade que Lily era, e o beijo foi uma descarga elétrica atingindo cada parte do corpo dele. As línguas entraram em sincronismo, ela o puxou contra si enquanto deitava sobre o sofá. As mãos dele passeavam pela a extensão do corpo dela repousando sobre a cintura, enquanto as dela puxavam levemente os cabelos dele. O beijo transmitia o quanto a necessidade brotava de ambos, o quanto fugir era perda de tempo, o quanto o corpo de um necessitava do outro. O quanto à alma de um encaixava-se na alma do outro.

Não me importo se não dormirmos nada essa noite

Vamos apenas consertar essa coisa toda agora

Juro por Deus que vamos fazer direito

Se você puser sua arma para baixo

A chuva continuava a castigar o lado de fora da casa. Os relâmpagos iluminavam os corpos de Hugo e Lily. Eles estavam sobre o carpete vermelho e dourado, afinal quem passa por Grifinória insisti em levar isso pela a vida toda. Hugo sentia Lily sobre ele e era como se tudo finalmente fizesse sentido.

O calor que emanava do corpo deles fazia com que o frio que a chuva provocava deixasse de existir no interior da casa, as roupas estavam espalhadas pelo chão, assim como os sapatos e as almofadas que tinham lugar sobre o tapete em questão. Somente o corpo nu de ambos parecia ter algum foco, pois era exatamente neles que a luz que entrava pela janela fazia questão de repousar.

O movimento que começara lento, tinha ganhado ritmo e as vozes que permaneciam mudas, ganhado voz. Lily nunca havia se sentido assim, ela tinha namorado com tantas pessoas tentando evitar exatamente o que sentia, a plenitude que aquele momento lhe proporcionava era indescritível. Senti-lo dentro dela a preenchendo como nunca havia sido antes era algo inexplicável. Ela sabia que se sentiria assim, por isso fugia, depois de saber o que era fazer amor com a única pessoa que sempre a amara e que ela sempre amou seria impossível ter forças para fugir.

Hugo havia esperado tanto por aquele momento, parecia algo irreal, apenas mais uma noite de sonhos longe de se realizar. Vê-la sorrindo enquanto se movimentava por cima dele era como sentir que a guerra chegava ao fim, e que todo o sofrimento fazia algum sentido.

Eles estavam apenas concertando a coisa toda. Estavam vivendo o que sempre buscaram viver, o amor sem condições, apenas o amor e sua plenitude completa. Não precisariam jurar que fariam direito, porque mesmo o errado naquele momento parecia se tornar certo. Eles fariam direito, haviam esperando tanto por isso e não teria como algo sair errado.

Ver Lily desarmada, sem o medo de sempre, sem os problemas. Naquele momento ela era apenas o que ela queria ser. Era apenas ela mesma. O momento dos dois parecia durar uma eternidade, e por um momento Hugo até achou que o tempo havia se congelado para assistir aquela ação tão cheia de sentimentos, aquele amor intenso. Mas o tempo continuou fazendo seu trabalho. Fazendo os momentos passarem e se tornarem lembranças eternas.

Os corpos deles naquele momento estavam encaixados, e as almas finalmente tinham se juntado em uma só, era quase possível vê-las em plena sintonia. Lily mal conseguia respirar, seus gemidos invadiam a casa vazia e cortavam a escuridão. Ela pedia para que aquilo não chegasse ao fim, ela precisava de todos os segundos que tinha desperdiçado de volta, pois percebia o quanto tinha perdido.

Hugo sorria enquanto sugava os lábios dela abafando as palavras desconectas que ela insistia em dizer, ela nunca se calava, era a mais pura intensidade, a mais pura tempestade que arrasta tudo com ela e que faz muito barulho antes de partir.

Os dois estremeceram enquanto as bocas permaneciam unidas, aos poucos sentiram seus corpos molhados e cansados, Lily desmontou-se sobre Hugo e com um suspiro ela falou às palavras que a atormentavam.

-  Mesmo que todos achem errado, mesmo que ninguém aceite. – Ela sussurrou. – Eu te amo.

Lily afundou seu rosto no ombro de Hugo enquanto sentia a mão dele passando em seu cabelo, e sentiu um sorriso tomando conta do rosto do ruivo, ele suspirou. Por quanto tempo estava esperando por aquelas três palavras? Como palavras tão simples poderiam ter tanta importância? Ele percebeu que não eram as palavras, mas a pessoa que as pronunciava. Ele sonhará com Lily dizendo cada letra que havia dito, sonhará com cada gemido que ela havia dado, com cada sorriso que viu se formando no rosto dela, por cada palavra sem nexo que ela havia falado, pelo momento que eles se conectaram envolvidos no mesmo sentimento, no mesmo calor, na mesma sintonia.

- Eu te amo Lily. – Ele disse ainda afagando os cabelos dela. Sentiu o sorriso dela sobre seu ombro e logo depois os beijos que percorreram a extensão até chegar em sua boca. E o beijo foi terno, foi um beijo de amor, um beijo de quem diz que aquilo é para sempre.

Vinho tinto e calmante

Você está falando merda de novo

É a guerra do sofrimento

O dia amanheceu, e a chuva continuava a cair, porém mais fina como se dissesse que agora tinha feito seu trabalho. Hugo e Lily continuavam sobre o carpete, ela com uma camiseta dele, e ele apenas com uma calça de moletom, ambos em frente a lareira que agora estava acesa afastando o frio deixado pela chuva. Hugo abraçando Lily que por sua vez tomava um calmante e tomava uma taça de vinho tinto. Em breve ela cairia em si, e começaria a se preocupar, Hugo sabia disso, e era o que mais gostava nela, o medo, o receio e a impulsividade antes de tudo isso.

- Isso foi errado. – Lily disse.

- Mas bom. – Hugo disse com malicia na voz.

- Quando meu pai souber ele vai te matar, e o tio Rony vai matar ele e conseqüentemente minha mãe mata o tio Rony. – Lily suspirou. – Isso pode virar uma guerra.

- Lily... – Hugo começou a rir.

- Hugo, não ria. Isso é sério. – Lily o encarou assustada. – Imagine... Somos primos, e isso é uma loucura.

- A loucura mais gostosa da minha vida. – Hugo disse começando a beijá-la.

- Estou falando sério. – Lily disse. – Como pude me envolver assim? Isso é culpa sua.

- Minha? – Hugo riu. – Você bateu na minha porta, e tecnicamente se jogou nos meus braços.

- Hugo Weasley. – Lily disse.

- Lily Potter. – Hugo respondeu.

- Você me seduziu, com esses olhos... – Lily disse. – E com esse corpo de jogador de quadribol, e com esse cabelo ruivo, e com esses lábios... – Hugo a beijou antes de ela terminar. – Está me seduzindo novamente.

- Pobre Lily... A donzela em perigo. – Hugo riu.

- Fui cruelmente abusada. – Lily disse.

- Eu te amo... – Hugo falou sem conseguir agüentar.

- Eu também te amo. – Lily riu. – Mas é errado.

- Você está falando merda de novo. – Hugo disse. – É a guerra do sofrimento.

- Eu te amo... – Lily o abraçou. – E amo a nossa música.

- Você sempre me amou né?

- Hugo... O que seria da vida sem um jogo? – Lily disse o envolvendo em um beijo quente, deixando a taça de vinho cair manchando o tapete, e o calor da sala voltava a aumentar.

Bom saber que é tudo um jogo

Decepção tem um nome:

É guerra do sofrimento

The End.

Continued...


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