–Tchau Josh –disse e entrei em casa.

Subi as escadas e,fui até o meu quarto,deixando minha mochila no tapete e indo até a sacada.Fechei a porta de acesso a sacada e cobri-a com a cortina.Fui até meu banheiro e tomei um rápido banho morno,vesti uma T-Shirt,um short jeans e calcei uma sandália.

Desci as escadas e fui até a cozinha.

Estava com fome.

Abri a geladeira.Vazia,como sempre.Minha mãe não é o tipo de mãe cuidadosa,na verdade,ela nem se importa comigo,ela é uma alcoólatra e só vive em festas.

Nós sobrevivemos da pensão do meu pai.Ele se separou da minha mãe com poucos meses de casamento,eu ainda não havia nascido na época,mas minha mãe estava grávida.Ele descobriu sobre mim pouco depois de meu nascimento,mas nunca quis me conhecer,só comunicou a minha mãe que iria pagar a pensão e que não queira me ver.

Ao menos foi o que minha mãe contou,mas ela não é muito confiável.

Não sei se quer saber o meu nome,isso não é de muita importância,mas,vou me apresentar,mas só o básico sobre mim.Me chamo Amber Loredan,tenho dezessete anos,Josh é meu melhor amigo,na verdade o único,não sou o tipo de pessoa sociável,muito menos ele.Sou filha de Hilary Loredan,uma alcoólatra a quem não gostaria de chamar de mãe.Meu pai,não conheço ele.Acho que é isso que precisa saber sobre mim.

Como não tinha nada pra comer e nem dever de casa,fui pra sala assistir televisão,passei a tarde toda assistindo TV,quando estava assistindo uma gravação de um episódio que eu gostei muito de CSI,meu estomago começou a roncar,fui ate a dispensa e encontrei pacotes de pipoca para microondas,fiz um pacote e comi assistindo CSI.Logo caí no sono.

Fui acordada com o grito furioso da minha mãe:

–Acorda menina preguiçosa.Você é uma inútil mesmo.Não faz nada.Olha só a casa.Ta um horror.

–Mas mãe.Eu limpei a casa ontem.

–E essa vasilha suja aqui no sofá.Ai meu Deus.Essa menina só sabe sujar as coisas –ela alterou o tom de voz ao falar: – Por que você não lavou essa vasilha que estava com a pipoca?Comer é bom,mas lavar você não pode.

–Mãe.Desculpa.Eu adormeci,pode deixar que eu lavo –disse me levantando.

–Agora você quer lavar.Agora que eu vou ter que lavar você inventa de ir fazer alguma coisa.Eu perdi o emprego e tenho que ficar lavando vasilha de uma menina preguiçosa.Eu te odeio sua inútil.Deveria ter feito aborto ao invés de ficar com você.Você foi a pior coisa que me aconteceu,você e o seu pai.Você podia morrer sua menina idiota –minha mãe disse e me deu um tapa no rosto e,depois desse recebi seguidos tapas no braço e na perna.

Quando ela parou de me bater,examinei meu corpo.Estava com diversas marcas vermelhas espalhadas.Meus olhos estavam embaçados de tanto chorar.

Subi as escadas correndo,com medo de meu injusto castigo não ter acabado ainda.Fui até a sacada e vi Josh no quarto dele.Peguei um pedaço de papel e escrevi nele:Posso ir pra sua casa?Quero falar com você.É urgente.Amassei o papel e o joguei.O papel caiu perto do pé dele.Ele se virou e me viu.Olhou para o meu rosto banhado de lagrimas e se apressou em pegar o papel.Leu-o rapidamente e,pegou um lápis em cima da sua escrivaninha.Escreveu na beirada do papel e jogou-o para mim.

No papel estava escrito:O que aconteceu?Estou te esperando.Te amo.

Desci as escadas, e saí, nem me preocupei em avisar minha mãe, ela nunca se importava mesmo.

Bati na porta da casa de Josh, ele atendeu, pelo visto, estava sozinho em casa.

–Oi Amb. Entra - Josh disse e abriu a porta para que eu pudesse passar.

–Oi Josh - respondi e entrei. Ele fechou a porta atrás de mim.

Josh começou a subir as escadas e falou para eu acompanhá-lo.Fomos até o quarto dele.Ele se sentou na cama e eu fiz o mesmo.

–Vai Amb. Conta-me. O que foi que a sua mãe fez dessa vez?

–Ah cara. Ela me culpou por não ter limpado a casa, sendo que fiz isso ontem. Brigou comigo sem motivo algum. E depois me bateu, me culpando por tudo isso e descontando o fato de ela ter perco o emprego, Sabe Josh, eu já não sei mais o que fazer, não agüento mais viver com ela –escorei-me no ombro dele, já derramando as malditas lágrimas– A cada dia que passa ela me bate mais, grita mais, e ando sem comer direito –Deitei no colo dele e,ele acariciou meus cabelos e secou minhas lagrimas com o polegar direito – Eu estou pensando em fugir sabe.Estou pensando em ir pra casa do meu pai.

–Eu estou querendo o mesmo - Josh falou e secou minhas lagrimas, mas estas não pararam de cair.

–Também pretende fugir? –perguntei confusa.

–Sim - respondeu ele calmo.

–Por que. Seu pai te fez alguma coisa? –perguntei preocupada me levantando do colo dele. Sentei-me na cama e ele, deitou em meu colo, comecei a acariciar seus cabelos negros.

–Ele anda me batendo, hoje mesmo ele quebrou uma garrafa de cerveja nas minhas costas, coloquei um pano pra parar o sangramento, acho que já ta melhor.

–Ai meu Deus. Deixa-me ver.

Josh se levantou, retirou a camisa e se virou.

Suas costas estavam com um enorme cortado e o local tinha alguns pequenos cacos de vidro.

–Nossa - coloquei a mão na minha boca e voltei a derramar as lagrimas que haviam parado de cair a pouco tempo. – O ferimento ta horrível. Pega algodão e um kit de primeiros socorros pra mim. Vou dar uma limpada no machucado. O cortado é enorme.

–Eu sei - ele disse e saiu e, logo voltou com um kit de primeiros socorros.

Peguei um remédio para passar no machucado e limpá-lo. Passei o remédio no algodão e fui limpando o machucado. Tirei os cacos de vidros que ainda restavam com uma pinça e depois coloquei uma gaze no local em que havia cortado mais e ficara um pouco fundo, expondo a carne.

–Pronto - disse e entreguei o kit a ele.

–Valeu Amb. Não sei o que eu seria sem você - Josh agradeceu e me abraçou.

Ele pegou a camiseta em cima da cama e vestiu-a. Saiu do quarto pra guardar o kit e logo voltou.

–E aí? –ele perguntou.

–E aí o que? –perguntei confusa.

–Como a gente vai fazer pra fugir. E pra onde nós vamos?

–Vamos ter que sair de madrugada. Pretendo ir pra casa do meu pai. Acho que é a nossa única opção.

–Então é pra lá que nós vamos - Josh disse e me deu um beijo na testa - Fica calma Amb. Tudo vai ficar bem – me deu um beijo na bochecha e passou o polegar sobre minhas lagrimas já secas. –Eu prometo

–Eu confio em você - respondi a ele, que sorriu.

–Fica calma!Nós vamos conseguir. Não se preocupa. Eu te protejo.

–Bom, acho que vou embora, temos que arrumar o que vamos levar - avisei a ele.

–Leve apenas o básico Amb –Josh me avisou – Tente levar o menos possível. Se nossas mochilas ficarem muito pesadas vai ficar difícil de andar.

–Está bem. Vou tentar me lembrar disso - me levantei enquanto falava –Bom,acho que já vou indo.Você me acompanha até lá embaixo?

–Claro - ele disse e me envolveu com o braço esquerdo, o direito segurava algo. Uma caixa prateada bem pequena.

 –O que é isso? –perguntei me referindo a caixinha.

–Te mostro mais tarde.

Ouvimos a porta abrir.

–Oi. Tudo bem com você docinho? –o pai de Josh disse e apertou meu bumbum.

Tirei a mão do pai do Josh com um tapa.

–PARA AGORA - Josh gritou com o pai.

–QUEM É VOCÊ PRA GRITAR COMIGO?

–EU EXIGO RESPEITO COM ELA –Josh bradou com o pai –Vem Amber, Vou te levar pra casa. Deixa esse idiota aí - pegou em minha mão e me encaminhou para a porta da casa - Agora ta tudo bem Amber. Desculpe-me. Eu não posso controlar o meu pai - Josh falou envergonhado e tremendo de tanta raiva.

–Fica calmo Josh. Não faz nenhuma besteira. Vamos subir de novo. Eu te ajudo a arrumar a sua mala e vamos pra minha casa e arrumamos a minha. Depois jogamos nossas mochilas no jardim, lá de cima e, depois falamos que vamos sair e fugimos.

–Parece um bom plano - Josh disse e sorriu

–Você não se cansa de sorrir não - disse e sorri.

–Às vezes, sim. Eu só não me canso de te ver sorrindo.

Fiquei sem palavras e muito menos reação. Eu só consegui sorrir.

–Nossa. Que lindo.

–Ta bom. Vamos Amb.

–Ok - disse e abracei-o de lado, ele me abraçou também e assim fomos de volta a sua casa.

Entramos na casa. O pai de Josh não estava. Pelo visto, havia subido se arrumando, para sair de novo.

Subimos as escadas de mãos dadas, como se quisemos apoiar um ao outro. Entramos no quarto dele, ele foi direto pro closet, enquanto eu me joguei na cama dele.

–Ei, que folga é essa, pode tratar de se levantar daí menina, pode vir me ajudar, ta achando que você veio pra dormir é? –Josh disse e saiu do closet dando risadas.

–Isso mesmo - disse rindo e me virei na cama, ficando de bruços.

–Espera aí que eu vou dar um jeito em você mulher - Josh disse

Fiquei de bruços na cama rindo e tapei os olhos com as mãos.

–Pode se preparar para a minha fúria. 

–Oh. Quem poderá me salvar? –disse fingindo pavor.

–Ninguém - Josh disse e ouvi os barulhos de seus passos em minha direção.

Os passos chegaram até bem perto e pararam, ele colocou as mãos em minha cintura e me puxou,me abraçando por trás.

Ele deu um beijo no meu pescoço e sussurrou perto da minha orelha: - Ganhei.

–Não valeu. Você roubou. Eu exijo revanche.

–Depois Amb. Temos que arrumar as nossas mochilas.Me ajuda?

–Claro - disse e me soltei dos braços dele.

Pegamos o necessário, ele pegou um casaco fizesse frio, poucas pecas de roupa, e colocou algumas coisas para comermos. Depois foi até ele pegou a carteira e colocou-a na mochila também, havia 600 dólares nela, do salário que ele recebeu por trabalhar três meses em uma biblioteca.

–Pronto –Josh disse –Agora vamos arrumar a sua.

–EU vou arrumar a minha você quer dizer.

–Tanto faz. Vamos - Josh disse me puxando pela mão.

O pai de Josh já havia saído ótimo, deixou as coisas mais fáceis. Fomos à minha casa, minha mãe havia saído também, mais fácil ainda, parecia que tudo estava a nosso favor, mais só parecia, as coisas depois se revelaram bem mais difíceis do que imaginávamos.

Entramos no meu quarto, eu fui pro meu closet e tranquei a porta, comecei a pegar as coisas que achei que precisava. Peguei um casaco caso ficasse frio, algumas pecas de roupa, peguei alguns salgadinhos que estavam no meu closet fazendo não sei o que lá e mais outras coisas para comermos, coloquei uma lanterna e pilhas para a lanterna.

Saí do meu closet com a mochila nas mãos e coloquei-a cuidadosamente na escrivaninha, tentando ao máximo não fazer barulho, pois Josh estava dormindo. Fui até a escrivaninha e peguei minha carteira. Eu tinha 500 dólares. Guardei minha carteira na mochila.

Josh estava deitado na minha cama, cochilando. Seu rosto tão calmo, até parecia que nós não íamos fugir. Sentei-me ao lado dele e passei a mão nos cabelos negros e macios dele.

–Acorda Josh - disse e dei um beijo da bochecha dele - Eu já terminei de arrumar minha mochila.

–Já? –ele disse se levantando e espreguiçando.

–Acho melhor irmos agora - Josh disse.

–Não. Espera. Eu preciso saber onde é a casa do meu pai.

–Já sei –Josh indagou –É só pegar a correspondência que ele manda com a pensão.

–Isso. Você é um gênio. É por isso que eu te amo - disse e saí correndo para o quarto da minha mãe.

Voltei com a correspondência da pensão, dentro já não havia mais o dinheiro, mas possuía uma carta. Eu a leria depois. Guardei a correspondência e a carta na minha mochila.

–Bom, é melhor nos apressarmos. Temos que sair pelo menos da cidade hoje.

Josh e eu saímos da minha casa e começamos a andar. Ainda havia muita estrada até a casa do meu pai em Nova York