Skip Beat - a Revolta do Príncipe escrita por Mirytie


Capítulo 20
Capítulo 20 - Especial: James e Kanae parte I


Notas iniciais do capítulo

Estou a ser mazinha por demorar bastante tempo a passar para a história principal? XD
Enjoy ^^



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James tinha crescido e vivido num bairro velho e sujo de Brooklyn. Tinha passado o seu tempo lá com um pai violento e uma mãe bêbada que drogava-se ocasionalmente. Gangues percorriam as ruas à noite, com os carros barulhentos e as colunas aos berros. Já ninguém achava estranho ouvir sirenes da polícia nem disparos.

Aquela também era a vida a que James se tinha habituado. Quando era pequeno, um assistente destacado para ajudar crianças de famílias problemáticas foi a casa dele e, apesar de não ter conseguido tirá-lo dali, levou-o a um psicólogo que disse que a criança estava preste a entrar em depressão.

Francamente, aquela conversa toda de “Se não fizermos nada um dia podes acabar com mais do que nódoas negras” não o tinha assustado nada. A que é que ele se estava a referir? A uma corda no pescoço? Tinha medo que ele se suicidasse? Bem, James, não se importava. Sempre era melhor do que viver a vida que vivia.

Roubar e enganar era no que ele era bom. Se não o obrigassem a ir à escola já teria até um apartamento só seu. O psicólogo tinha-o aconselhado a ter hobbies e fora assim que, aos dez anos, tinha-se inscrito nas aulas de música com a supervisão do assistente social.

Surpreendentemente, tinha gostado daquela treta e podia dizer-se que até era bom naquilo. Tinha começado com a guitarra mas depressa conseguiu evoluir e o professor decidiu testá-lo com algo mais difícil. Assim, tinha começado a ter aulas de piado. Dois anos depois já tinha começado a trabalhar no violino e no saxofone.

Depois de terem substituído o professor que achava que ele era só um pirralho mal-educado que não merecia estar ali nem ter tal talento, uma professora simpática substituiu-o.

James começou a ter aulas com mais frequência, algumas até privadas. Quando chegou a altura, a professora disse-lhe que o tinha inscrito em Juiliard e que ele tinha entrado. James recusou imediatamente mesmo quando ela lhe tinha dito que eles lhe davam bolsa completa.

Desistiu das aulas e, apesar de continuar a tocar aqui e ali, desistiu da música. Apesar de a mãe ser violentamente agredida pelo pai, eles continuavam juntos e fora assim que James passara pela adolescência e entrara na vida adulta.

É claro que tinha pensado em mudar-se para um apartamento onde pudesse viver sozinho mas, sempre que tentava trabalhar para juntar dinheiro, o pai espancava-o e dizia que não o tinha criado para ele ser um pirralho mal-agradecido.

Muitas vezes, quando estava em casa sozinho, sentava-se na cozinha e fitava o conjunto de facas perguntando-se o que aconteceria se usasse uma daquelas para derramar o seu próprio sangue. O sofrimento acabaria?

Num desses dias, teve coragem para se levantar e tirar uma das facas reluzentes do suporte. Tinha acabado de levar uma valente surra do pai no dia anterior, pensando mesmo que era daquela vez que ele o ia matar. Infelizmente, isso não tinha acontecido mas, tinha deixado cicatrizes que nunca sairiam, física e emocionalmente.

Fugir de casa era impossível. Tinha medo que o pai o encontrasse e arrepiava-se só de pensar no que aconteceria depois.

Viu o seu reflexo na faca e, com uma expressão vazia na cara, virou a lâmina e pressionou-a contra o seu pulso. Fechou os olhos ao sentir o ardor e o sangue começou-lhe a escorrer pela pele.

Perfeito, pensou ele. Se sangrasse assim quando cortasse a garganta estaria tudo acabado num piscar de olhos. Suspirou e sorriu dolorosamente, enquanto levantava a mão para posicionar a faca em frente ao pescoço.

Tremeu quando ouviu alguém a tocar à porta e pensou se haveria de atender ou não. Aquela podia ser a sua única oportunidade para acabar com a sua vida. Suspirou e pousou a faca.

Ainda tinha algum tempo antes de os pais chegarem. Podia atender quem quer que fosse e voltar ao que estava a fazer. Enrolou um pano em volta ao pulso ferido, baixou a manga da camisola e dirigiu-se à porta. Quando a abriu deu imediatamente um passo atrás ao ver dois homens vestido com fatos negros e óculos escuros nos olhos.

Segurando o puxador da porta com força, forçou-se para não fechar e correr na outra direção. Afinal, já tinha 21 anos. Não podia simplesmente agir como um miúdo assustado.

- Posso ajuda-los? – perguntou ele engrossando a voz.

Os dois homens olharam para os lados, comunicaram algo pelos telecomunicadores e afastaram-se revelando um Mercedes preto encostado à frente de sua casa. A primeira coisa que James pensou foi que ia ser raptado.

- Senhor Davies? – começou um deles – Foi convocado para uma audição.

- O quê? – confuso, James olhou para o homem – Esperem. Como é que sabem o meu nome?

- Isso é irrelevante. – respondeu o outro começando a puxá-lo para o carro – Desculpe, mas não podemos ficar aqui durante muito tempo.

Nisso James concordava. Alguns membros de gangues já se juntavam ali e acolá para verem o carro. Mas porque é que se estava a deixar levar?

O homem ao lado dele abriu a porta do carro e empurrou-o para lá para dentro. Depois de se habituar à escuridão do interior do carro reparou num homem não muito mais velho do que ele, sentado ao seu lado.

- Bom dia, James. – disse ele com um sotaque estranho – O meu nome é Tora e eu gostava de conversar contigo.

Era o que ele lhe tinha dito, mas não tinha havido conversas durante a viagem o que foi deixando James irritado. Quando pararam num beco escuro, James estava prestes a gritar quando viu a sua antiga professora de música à beira de um jipe que devia ter custado mais do que a sua casa. Saiu espantado do carro e dirigiu-se lentamente para a professora que sorria alegremente.

- O que é que se passa aqui? – perguntou James olhando de revés para o jipe com vidros pretos. Parecia que já tinha perguntado aquilo mais de dez vezes – Eles…

- Eu sei. – a professora abraçou-o inesperadamente, deixando-o vermelho – Disseram-me que estavam a precisar de músicos, por isso pedi um favor aqui e ali e consegui-te uma audição. Não é bom?

- Uma audição? – perguntou James quando ela se afastou – Eu disse que não queria ir para Juili…

- Não digas mais nada e vai com eles, James! Faz isto por mim. – pediu ela com as lágrimas nos olhos pegando no pulso que ele tinha ferido. Só então é que ele reparou que o sangue tinha manchado a camisola – Eu sei pelo que é que passas em casa.

- Os meus pais…

- Eles não te encontrarão. – uma lágrima escapou-lhe e escorreu pela face, enquanto abria a porta do jipe – Eu tratarei disso. Mas agora, vai.

Sem poder negar alguma coisa àquela cara, entrou e ficou a olhar pela janela enquanto o jipe arrancava e a professora acenava ao longe. James ainda não percebia muito bem se estava a ser raptado ou não mas agora já era demasiado tarde para voltar atrás.

Demasiado envolvido nos seus pensamentos, só percebeu que tinha companhia quando olhou para o lado. Viu uma rapariga com os cabelos a olhar para ele com um sorriso um pouco forçado e com uma veia saliente na testa, irritada por ele só a ter visto agora.

- Prazer. – cumprimentou ela esticando a mão, apertando mais do que o habitual – Eu chamo-me Kanae.

- Está a dizer que quer que eu vá em digressão com quem? – perguntou James achando que aquilo era algum tipo de ilusão.

- A atriz, Kyoko. – explicou Kanae, vendo-o franzir as sobrancelhas – Ela é minha amiga e pediu-me para te vir buscar.

- Espere, ela é uma atriz? – que tipo de digressão é que uma atriz fazia – Não compreendo.

Sem paciência para explicar mais alguma coisa, Kanae pegou num leitor de DVD portátil e mostrou-lhe um Ao Vivo onde Kyoko cantava Until You’re Mine.

- Alguns músicos não conseguiram continuar, por isso ela está à procura de mais alguns. – Kanae pousou o leitor ao seu lado e olhou para ele – Vais ter que fazer uma audição por isso ainda não é nada garantido. É ela e um dos guitarristas chamado Brian que escolhem os músicos por isso espero que estejas preparado para uma audição privada.

James queria perguntar mais coisas mas já não teve tempo antes de o carro parar em frente ao estádio onde ia ser o próximo concerto de Kyoko.

- E tens que estar pronto para tocar esta noite se fores escolhido. – e depois acrescentou antes de sair do carro – Tens três horas para estudares as músicas dela e uma hora para ensaiar com ela e com o resto dos músicos.

James saiu também, entrou no estádio com Kanae e abriu a boca quando viu o enorme palco e o ecrã gigante atrás dele. As colunas eram apenas um pouco mais pequenas que o ecrã e parecia haver centenas de cadeiras espalhadas pelo recinto para não falar no grande espaço em frente ao palco onde as pessoas, que não estavam com disposição de estar sentadas, podiam dançar.

James imaginou se haveria assim tantas pessoas dispostas a ver a cantora principiante. Mas não disse nada e continuou a seguir Kanae, enquanto entravam para os bastidores e depois para a zona VIP.

Parou imediatamente quando Kanae esticou uma mão, mesmo antes de uma porta aberta. Alguém se ria, enquanto outra tocava notas ao acaso.

- Ok, vamos tentar outra vez? – James ouviu um homem perguntar.

- Está bem, mas não prometo nada. – disse a outra, que pelos vistos era uma mulher.

Kanae olhou para ele, agora com uma expressão mais calma e um sorriso doce na cara. – Ouve. O guitarrista principal vai tocar.

James fez o que ela pediu enquanto as notas começavam a flutuar pelo ar. Notas perfeitas e suaves que ele nunca conseguira tocar e, de repente, uma voz maravilhosa que não ficava atrás dos sons da guitarra:

You say you love me

But they feel like words to me

But this just ain’t working

Stop thinking you can run over me

Drifting, settling out to a former place

If I can’t see what’s in front of me

It’s a mystery

Well, than apparently

Things just ain’t the same

And I’m ready for the change

Go on, be gone, bye, bye, so long

Can’t you see that you’re fading?

Fading, fading, fading away, away, away, away

I opened up my eyes and I finally realized

Today, today, it’s too late, you’re fading away

Put a sock in it, just stop running your mouth

Got my mind made up

I ain’t coming back again

No way, no way, no way, no way

‘Cause I’m so fed up

Boy, you got me messed up

If we’re hooking back up

Don’t press your luck today, today

I’m blowing you way

Things just ain’t the same

And I’m ready for change

Go on, be gone, ta, ta, so long

Can’t you see that you’re fading?

Fading, fading, fading away, away, away, away

I opened up my eyes and I finally realized

Today, today, it’s too late, you’re fading away

So you turn into a ghost

Right in front of my eyes

Tell me what’s a girl to do

When she’s crying inside?

I’m about to go insane

I’m jumping off this train

Whether wrong or right

I’ll be gone by night

Can’t you see that you’re fading?

Fading, fading, fading away, away, away, away

I opened up my eyes and I finally realized

Today, today, it’s too late, you’re fading away

- Isso foi tão fixe! – comentou o guitarrista enquanto a rapariga ria às gargalhadas.

- Não, isto não é o meu estilo. – concluiu a rapariga – Obrigada por a escreveres, Brian. Mas acho que a vou ter que a recusar.

- Foi libertadora? – perguntou esse tal de Brian.

Antes que tivessem tempo de falar sobre alguma coisa que James não pudesse ouvir, Kanae entrou, interrompendo-os.

- Ah, estás aqui, Moko-san. – disse Kyoko correndo para ela para abraçar a amiga. Kanae não tinha começado a digressão com ela mas, depois de ficar a saber que Ren não aparecera ao concerto, ela juntara-se a Kyoko imediatamente – Trouxeste o guitarrista?

- Mas é claro. – disse Kanae afastando-a com esforço – Podes entrar, James!

James assim o fez. A primeira coisa que lhe chamou a atenção foi a linda japonesa ao lado de Kanae, com o cabelo preto a flutuar ligeiramente acima dos ombros e os olhos cor de âmbar. O sorriso brilhante era verdadeiro e inocente, mas um pouco ferido.

O homem que se aproximou das duas mulheres, depois de pousar a guitarra, pôs um braço à volta dos ombros da cantora protectoramente.

- O meu nome é Kyoko. – apresentou-se ela fazendo uma vénia – É um prazer tê-lo aqui. – endireitou-se e sorriu para Brian – Este é o Brian. O cantor que abre os meus concertos e o meu guitarrista principal. – depois pôs uma mão no ombro de Kanae – Esta é a Moko-san. A minha melhor amiga.

- Sim. O prazer é todo meu. Eu chamo-me James. – hesitante, James fez uma pequena vénia – Não quero estar a ser intrometido mas…como é que me descobriram?

- A tua professora foi minha tradutora e professora de inglês durante algum tempo aqui na América. – explicou Kyoko – Quando precisei de músicos ela ficou a saber e contactou-me a dizer que tinha um aluno muito promissor que me podia ajudar. Ela também me disse que passaste algum tempo no Japão quando eras pequeno. Isso também ajudou na minha decisão.

O quê!? Ele nunca tinha ido ao Japão!!! O que é que a professora dele tinha em mente quando disse aquilo!? E se lhe pedissem para falar japonês?

- Vou explicar como é que funciona a audição. – começou Brian ainda com o braço em Kyoko fazendo James pensar que talvez eles fossem namorados – A primeira parte é comigo e só comigo. Vais tocar algumas notas e depois uma ou duas músicas da Kyoko. Se eu pensar que és bom o suficiente, passas para a segunda fase.

- A segunda fase é comigo. – James olhou para trás vendo um homem com um ar ameaçador entrar – O meu nome é Tora e eu sou o agente da Kyoko. A segunda fase consiste em perguntas sobre o teu passado, os planos que tens para o teu futuro e quais são as tuas intenções se entrares para a banda. Se eu achar que não és problemático, passas para a terceira fase.

- A terceira fase é comigo. – Kyoko levantou a mão e sorriu para a cara assustada de James – Na terceira fase podes descontrair. Eu só vou analisar os relatórios do Brian e do Tora, fazer-te mais uma ou duas perguntas e cantar enquanto tu tocas as duas músicas que praticaste com o Brian. Depois, digo-te se passaste ou não.

- Não vamos fazer-te nenhum favor só porque a tua professora costumava trabalhar para nós e recomendou-te. – informou Tora cruzando os braços – Não esperes facilidades.

- Já chega. – disse Brian tirando o braço de Kyoko, dirigindo-se para James – Vamos começar?


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Notas finais do capítulo

Hm...estava a pensar escrever uma fic sobre o Itachi-sama =) algo do tipo "My chance for love" ou "My love story" que acham?
Comentários ao capitulo?



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